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quinta-feira, 20 de outubro de 2022

Uma professora compreensível, ou melhor, compreensiva


Outubro é o mês no qual se comemora o dia das professoras e dos professores e no espaço de Formação de Professores foi organizado uma pequena celebração. Não, não foi a Prefeitura de Jaboatão a nobre autora de tal ato, NÃO MESMO. Foram os professores formadores os responsáveis pela organização do evento e até a compra dos brindes. Foi em uma das dinâmicas organizadas que uma das minhas colegas decência me adjetivou com a palavra "compreensível" no sentido de eu "ser uma pessoa compreensiva, capaz de receber bem as pessoas na escola, ser legal".

domingo, 25 de setembro de 2022

Aos meus queridos fantasmas...

 


Tenho tido pressentimentos e evitado sentir medo, desde que descobri no medo uma espécie de pressentimento. Aquilo que mais tememos é o que acontece.

sábado, 2 de julho de 2022

Eu, se tivesse cinquenta e três minutos para gastar...


“Eu” – pensou o Pequeno Príncipe, – “se tivesse cinqüenta e três minutos para gastar, iria caminhando calmamente em direção a uma fonte..."
Outro dia estava caminhando  na Praça da Matriz de Santo Antão e ao me deparar com a fonte ligada em um dia morno, lembrei dessa frase contida no livro "O Pequeno Príncipe". Não sou uma grande fã dessa obra, mas li ela e, apesar de achar que a Raposa roteiriza demais a amizade, considero esse um livro muito terno e doce e querido.

domingo, 17 de maio de 2020

Estação Atocha, Super Junior e o Triunfo do Irreal.


"Esforcei-me para pensar nos meus poemas, ou em qualquer poema, como maquinas de fazer eventos acontecerem, de mudar os governos, a economia, ou apenas a sua linguagem, e o conjunto das suas funções sensoriais, mas não consegui imaginar isso nem me imaginar imaginando todas essas outras coisas sobre a poesia, quando imaginava - pressentimento terrível - um mundo privado até mesmo dos pretextos mais idiotas para escrever poemas que permanecessem fiéis às possibilidades virtuais do meio, privado dos rituais absurdos como aquele do eu tinha participado naquela noite, então eu intuía uma perde inestimável, uma perda não de obras de arte, mas da própria arte, e portanto infinita, o triunfo total do real, e me dei conta de que em um mundo assim eu engoliria uma cartela inteira de comprimidos brancos." (Ben Lerner, Estação Atocha, pg. 55).

Em "Estação Atocha" a proposta é acompanhar a vida de Adan, um estudante americano vivendo em Madri com o objetivo de escrever um longo poema como forma de concluir seu curso. Adan é um daqueles personagens absurdos com os quais a pessoa leitora vez ou outra cruza. Ele é um mentiroso endêmico, apático, fortemente compromissado em não se deixar encantar por nada, capaz de consumir drogas como se elas fossem confeitos e é absolutamente franco quando narra suas não-aventuras.

terça-feira, 12 de maio de 2020

Medo

Outro dia me meti em um acidente de carro em uma noite chuvosa. Estava voltando de um encontro com uma amiga, um carro bateu em cheio na porta traseira do uber no qual eu viajava. No pequeno espaço de tempo entre o impacto da minha cabeça no vidro e ser jogada para o lado pensei: "É assim que se morre."

No longo espaço de tempo após o acidente, conferi as partes do meu corpo, encontrei meu óculos, olhei em torno, falei qualquer coisa para o motorista e pensei no quão inoportuno seria morrer numa noite assim com chuva que Deus mandava, voltando de um encontro com uma amiga, meus pais em há três cidades de distância, em um domingo... Que bom não ter morrido ali, não era um bom momento para morrer.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Houve um tempo...


Houve um tempo no qual bastava qualquer coisa acontecer para desaguar aqui. Avalanches de sentimentos, momentos, viagens, livros, sonhos, inquietações, desejos, pesares escritos dessa forma meio desajuizada, intima, mal pontuada e cheia de erros de grafia tão típicos de mim. Eu poderia culpar os corretores por meus erros, equívocos e esquecimentos, mas seria desonesto, os erros são quase característicos de meu estilo.

terça-feira, 4 de abril de 2017

Vazia...

Houve uma época na qual eu me sentia mais preenchida, então era mais fácil escrever. Agora me sinto meio vazia então é mais difícil simplesmente chegar e transformar ideias em palavras, frases, parágrafos inteiros.

As vezes também me ocorre de pensar sobre a correção das palavras, dos sinas, da pontuação, da concordância, coesão, coerência etc e isso me afasta mais ainda dos exercícios de escrita.

Sempre me embananei com pontuação, erres, esses, cedilhas e o escambau. Sempre fui de cometer erros de fazer rir e chorar, porém nunca antes minhas deficiência de escrita pesaram tanto. Nem mesmo quando eu escrevia páginas e páginas a mão nas provas imensas do curso de história.

Nessas provas era convidada a dissertar sobre isso e aquilo a luz desse e daquele autor e minha compactor 07 deslizava sobre o papel pautado com uma fúria deliciosa. Eu tinha confiança, amava aquelas provas imensas que demoravam quatro horas de relógio para serem construídas... Hoje me pergunto se seria capaz de fazer esse tipo de coisa e duvido seriosamente.

Eu também já fui amiga das cartas longas... muito longas... páginas e páginas... Nunca fui econômica com nada na vida então não via motivos para economizar palavras e escrevia e escrevia... Faz tanto tempo que não escrevo uma carta que já me causa vergonha. Faz nove meses que tento escrever uma carta para uma amiga e não consigo... escrevo uma página e jogo fora então recomeço... e recomeço... parece mentira, mas é verdade... já tive que comprar um caderno novo porque o esforço dessas reescritas levou um embora.

As vezes acho que perdi a segurança e a substancia... Ainda escrevo resenhas, mas só Deus sabe quanto trabalho cada paragrafo demanda... E o quanto olho as resenhas publicada sentindo que faltou algo e me perguntando o quanto o editor precisou intervir para o texto não ficar de dar vergonha alheia ou vergonha minha.

Eu tento me preencher das coisas aqui e ali, não perco chances de viver uma experiencia nova e quando ela surge vou lá viver... ver... andar... ler... provar... mas as vezes pareço um poço sem fundo. Nada me preenche completamente e o fluxo das palavras no papel, no blog, nos cadernos, nas cartas não anda e me sinto em divida e vazia...

Se isso for um tipo de fase, que fase difícil que é!

Digo a mim mesma "isso também passa", mas tenho dificuldades de me ouvir. Me pego, aliás, descobrindo fascinada o encanto de não ouvir minha própria voz... Uma sensação estranha para quem fala sozinha.

E sim, esse é um daqueles textos confusos que uma pessoa em sã consciência não publicaria, mas eu não mantenho um blog há tanto tempo para posar de pessoa com sã consciência.

Preciso desabafar! Estou desabafando, afinal o silêncio nunca me ajudou a tomar decisões e quebrar a banca. Sou do tipo que precisa gritar, nunca se sabe se alguém está passando pela beira do poço e de repente... sei lá o que pode ocorrer de repente... 

quinta-feira, 16 de março de 2017

Pequeno dialogo...


Hoje, sentada nos bancos de pedra do espaço próximo a piscina onde venho praticando natação, olhei para minha companheira de aula e disse:

"Sinto que a melhor parte da minha rotina atualmente é sentar aqui depois da aula nesse vento com essas árvores."

 Ela respondeu:

"É a melhor parte da minha também."


Só queria registrar isso mesmo...

quinta-feira, 9 de março de 2017

A copa das árvores: uma nota sobre gratidão


Estou apaixonada pela experiência de sentar em um banco de pedra, olhar para cima e observar a copa das árvores e o azul do céu além delas.

Quando o vento ou a briza passa e bate em mim, nas folhas, nos galhos e em tudo o mais sinto uma gratidão por tudo e por nada.


Nesses momentos sinto uma alegria tranquila por existir, uma sensação de equilíbrio no meio do meu desiquilíbrio cotidiano.

Estando assim, nesse animo sereno, um pé dentro e outro fora do devaneio, é muito fácil acreditar na probabilidade do milagre, da magia ou até evolução humana. Quem sabe o que raios esses ventos carregam ou quais segredos as árvores sussurram através de suas folhas?!?!?

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Você tem que ser o tipo de pessoa que é feliz.



"Você tem que ser o tipo de pessoa que é feliz."
Aleska Lemos

Outro dia nas minhas infindáveis conversas com as Aleska ela me soltou a frase titulo do texto. Anotei para não esquecer.

Hoje larguei cedo do trabalho e decidi fazer um caminho diferente do habitual e quando fiz a curva e comecei a descer a ladeira essa visão do por do Sol bateu em mim em cheio quase cegante. Após o susto visual, me sentir banhada pelo sol dos trópicos, me obriguei a para e clicar esse celestial girassol pois me senti feliz e quis guardar a memória desse momento de felicidade.

O entardecer tem sido o meu momento favorito do dia... o calor diminui um pouco, as pessoas parecem menos agitadas, o céu adquire aquele colorido, o sol da seu espetáculo e a vida parece ser uma coisa possível de ser vivida, até a felicidade parece alcançável.

terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Devaneios de fim de férias....


Fazia um bom tempo que eu não tinha um período de férias tão longo quando o desse ano e de muitas formas eu pude aproveitar para ler, dormir, encontrar amigos e avaliar minha vida e minhas possibilidades.

A pior parte foi avaliar minha vida e minhas possibilidades... Tendo a refletir demais sobre as coisas, pesar prós e contra, colocar tudo pelo avesso, de cabeça para baixo e amarrotar as dobras das possibilidades... Sou um saco de ser humano!

A melhor parte foi vaguear pela cidade com pessoas amadas. Lembrei muito daquela fala escrita pelo Tolkien: "Nem todos os que vagueiam estão perdidos.", embora, para ser bem honesta, na maior parte das vezes, ao longo da minha vida, eu me senti muito perdida, muito naufraga e vagante kkkk...


Eu mal aprendi a boiar nesse mar de angustia e a vida já me cobra a habilidade de nadar enquanto o meu maior desejo é aprender a voar. Ainda tenho inveja das pipas empinadas pelas crianças e adolescentes de meu bairro. Elas voam alto em meio a um céu azul enquanto eu estou aqui tendo que me virar na superfície.


Quem me dera poder trocar meus ossos por uma armação feita com aquele pauzinho finíssimo tirado da palha de coqueiro, minha carne por papel de seda colorido e fazer do meu cabelo linha de algodão sem cerol. Eu voaria pelo céu da zona norte dessa cidade estranha e ficaria acima das pessoas e das casas indo muito além da curva. Caso alguém cortasse a linha responsável por prender meu destino ao chão eu arranjaria um jeito de encontrar uma brecha no espaço e no tempo para voar até outro multiverso e nesse universo quem sabe os barcos navegassem no ar e entre as nuvens e eu poderia então voltar a ser gente de carne, osso e cabelo e desbravar os ares.

Sei que estou sonhando acordada, quase delirando para ser mais exata, mas andei olhando o céu de cima da lajem de casa e as cores do entardecer e esse exercício só da nisso... Confesso que também rolou uma visita ao Museu Cais do Sertão no centro do Recife e talvez eu tenha ficado tempo demais olhando um certo barco de metal.



Perdão por está sonhando acordada enquanto escrevo, mas é minha ultima noite antes de voltar a encarar minha profissão e suas particularidades. E em mim se misturam medo e ansiedade pelas coisas e pessoas com as quais irei cruzar. Peço proteção a Deus, respiro fundo e sigo adiante por falta de opção e obstinação pura, mas também penso e sonho com outros mundos e outras possibilidades enquanto espero pela passagem das horas.

Diferente do meu corpo que não pode se transformar em paleta, seda colorida e linha de algodão, minha mente conhece os mistérios do voo e é livre para alcar as alturas que deseja. As vezes meus dedos acompanham esse voo e precisam registrar para que todo meu sistema aguente o processo de enfrentamento da realidade cotidiana.

sábado, 20 de agosto de 2016

Boiar...


Não sei se ainda tem alguém aqui, já faz uns bons dois meses que não posto nada. Mas, preciso quebrar esse jejum para deixar registrado que o hiato entre outras coisas se deve ao fato de todos os computadores da casa terem pifado ao mesmo tempo e demorei uns dias para encontrar uma uma possibilidade viável para a compra do aparelho novo.

Muita coisa aconteceu nesse tempo sem escrita, tenho a impressão de ter vivido umas três vidas inteiras e não ser mais a mesma. Claro, pretendo escrever sobre tudo isso muito em breve. No entanto, como nem toda pretensão se concretiza nessa Terra, não ouso prometer nada nem mesmo a mim, mas acredito na possibilidade desse blog voltar a respirar.

Enquanto eu não escrevia, a vida se tornou dolorosa além daquilo que eu considerava possível. Nos termos do contrato de uso desse corpo e dessa vida não lembro de ter lido algo sobre a possibilidade da convivência com uma dor tão ruim de carregar quanto essa que habita em mim. Devia ser ilegal algo assim acontecer as pessoas. Todavia não só é perfeitamente legal como corriqueiro, cada vez que conto sobre as agulhas que me perfuram o coração as pessoas me respondem contando de uma aflição próxima, igual ou, absurdo dos absurdos, infinitamente maior que a minha.

Aprendi recentemente a boiar sobre a água e confesso que ultimamente ando aplicando esse conceito a vida. Fecho os olhos, estico o corpo, respiro fundo e permaneço na superfície da água me deixando levar pelo sabor da corrente na tentativa de recobrar as forças... Agora não, mas muito em breve vou abrir os olhos encarar o azul do céu e começar a bater braços e pernas tomando novamente o curso da minha vida.

sexta-feira, 25 de março de 2016

Eu e meu blog


Na primeira postagem escrita nesse blog usei os versos de Fernando Pessoa:

"Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada."

Escolhi esse texto pois era meu sentimento em relação aquela página em tons de marrom. Ela seria uma janela e tanto me possibilitaria olhar para o mundo externo a mim quanto mostrar o meu universo interno a quem desejasse olha-lo.

Criei o blog porque estava meio completamente atordoada com o fim de um namoro sério com o rapaz com qual pretendia casar e ter filhos... Eu já imaginava como seria meus filhos... e tudo deu errado... e me vi sozinha e enchi o saco de todos com lamurias e queria me lamuriar mais um pouco e sentia vergonha e vi Renato e Júnior criando um blog e quando eles recuaram sentir ter a minha chance.

E sim, troquei todas as  virgulas do paragrafo acima pelo conectivo "e" para dar carga dramática a confissão. #Loka hahaha

Antes de ter um blog costumava jogar online, quando fui escolher um nome para jogar não quis usar Jacilene, meu nome é muito regional, queria algo clássico... E se era clássico tinha que ser algo vindo da Grécia e se viesse da Grécia tinha que ser Pandora. Também flertei com Perséfone, mas algo me fez recuar e eu só descobrir bem depois o motivo, afinal havia outra pessoa com esse nome que iria se tornar muito central na minha vida. A parte isso, experiência de jogar online foi ótima, talvez por isso carreguei para cada canto da virtualidade esse nickname auspicioso.

Meu primeiro ano de blog, 2008, foi meio silencioso, como em tudo na vida a principio sou arredia. Lia muito, escrevia, mas não publicava. Sentia medo das pessoas lerem. Porém, numa bela noite o medo passou, abri as abas da Caixa e tenho deixado as coisas saírem de forma regular ou irregular, aos borbulhões ou as borbulhinhas, depende da hora, da cor e do cheiro.

Esse blog é um caderno de notas pessoais.
Ele é o maior reflexo do meu mundo particular.
É onde mastigo minha história e faço a digestão de minhas experiências boas e más.
É a continuação do habito infantil de escrever diários.
Ele me colocou em contato com pessoas incríveis que se tornaram centrais em minha vida.
Sou apaixonada pela experiência de escrever nele.
Gostaria de escrever com mais frequência, mas abrir os abas da Caixa nem sempre é simples para as Pandoras da vida.
Eu lamento!
Mas estou tentando!

Obrigada a todos e todas que passam por aqui, leem, escrevem algum comentário... Me escutam e falam comigo. Minha vida seria bem menos interessante sem você.

Essa postagem faz parte do "1º Concurso Cultural: Eu e Meu Blog" proposto pela Mi F. Colmán.


terça-feira, 14 de julho de 2015

Quando me encontrei em um livro...

Encontrar-se consigo mesmo dentro de um livro não é raro para pessoas para as quais a leitura é uma rotina. Vez ou outra estamos lá lendo aquele livro e de repente acontece... e quando acontece não é raro que a gente tenha um momento de catarse emocional.

Há alguns dias atrás, a convite do Alexandre Melo me peguei lendo "A lista" da Cecelia Ahern. Não foi meu primeiro encontro com a autora, então apesar de esperar um bom texto e uma boa história, não esperava esse tipo de encontro.

Engraçado, no meu primeiro encontro com a Cecelia espera muito dela e ela me deu bem menos, nesse segundo encontro não esperava nada e ela me deu uma pequena porção de tudo. Bem, isso me leva a pensar que quando dizemos "todos merecem uma segunda chance" é bom incluir autores nisso.

A história contada em "A lista" me pegado desde o começo, sentir empatia pela protagonista nas primeiras páginas, mas foi o encontro com a história da Eva Wu na reta final a minha grande catarse. A Cecelia me enterneceu e surpreendeu!


Não escrevo nesse blog diariamente, mas esse blog tem mini-pretensões à diário e um diário também se faz de pequenos registros... Esse post foi escrito pela minha necessidade de guardar em um lugar quente e pessoal esse acontecimento, mas se alguém desejar saber um pouco mais sobre minhas impressões a respeito desse livro pode passar lá no blog do Alexandre, fiz a resenha do livro para ele e deixo o link.



sábado, 4 de julho de 2015

Saudades [Blogagem Coletiva do 1º Sábado #2]


Em algum momento desse período entre os 25 e 30 [tenho 29 anos agora] ocorreu-me: viver é também acumular saudades. Não sou nem mesmo uma pessoa idosa, mas já acumulo tantas saudades.

Tenho saudades da biblioteca da escola do ensino fundamental 2 e média, mas não a de agora. Meu sentimento é por aquela versão localizada na penúltima e imensa sala do terceiro corredor. Tinha uma árvore na frente dela na sombra da qual um dia a professora Christianne decidiu dar uma aula para uma turma que não era a minha... Por dentro ela era dividida em quatro partes, arejada, com muitos basculantes e ventiladores. Silenciosa, mas permitia ouvir os barulhos de fora. Sem condicionadores de ar. Perfeita... Quando eu preciso de paz, fecho os olhos e volto para lá.

Tenho saudades da Erica, de seu sorriso cujo som lembrava o tinir de sinos... Ela tinha longos cabelos castanhos, era muito magra, alta, falava alto, era conscienciosa com a condição de moradores de ruas... Alegre... Entre os 13 e 14 anos, adorava romances de banca... Quando leio meus diários simplesmente gostaria de não ter desperdiçado o tempo brigando tanto... Eu lamento tanto cada discussão desnecessária. Nós vamos nos encontrar na Eternidade e no entanto, nesse exato momento, gostaria de poder me encontrar com ela nas redes sociais ou na esquina de qualquer rua de Recife... Me pergunto se um dia, vai doer menos encontrá-la na paginas dos diários.

Tenho saudades do meu amigo Felismino, da confiança mutua na opinião um do outro, dos encontros na igreja nas manhãs de domingo, das caminhadas para casa. Nossas conversas eram feitas de planos para o casamento dele, conflitos do meu namoro/não-namoro, experiências de escrita, coisas da docência, família... ternuras... Aquela rotina de fazer acontecer as aulas e as festas de um departamento infantil com cerca de uma centena de crianças sustentado por menos de uma dezena de adultos mal pagos, porém capazes de atitudes de desprendimento sem tamanho. Certos amigos ajudam a construir nosso caráter, são moralmente edificantes, deixam marcas na forma através da qual decidimos quais atitudes tomar diante das situações da vida. Essas amizades só podem ser interrompidas por algo definitivo. São inesquecíveis.

Tenho saudades das sombrinhas com as quais Voinha me presenteava. Sou uma pessoa área e esquecida, completo ano no penúltimo dia de Maio, Junho é tradicionalmente um mês chuvoso em Recife e por isso Voinha sempre me presenteava com sombrinhas. Sinto saudades não só das sombrinhas, sinto saudades do jeito resmungão de Voinha, de como ela comia pouco e ainda xingava a pobre comida, do seu sarcasmo, do seu cheiro, da pele dele... Meu Deus como Voinha reclamava das coisas kkk... Parece uma versão minha 50 anos mais velha... Ou eu sou uma versão dela 50 anos mais jovem? Eu me encontro com ela cada vez mais, enquanto me vejo instintivamente fazendo coisas como ela fazia, especialmente aquelas que me aborreciam profundamente... kkkk...

Me pego descobrindo várias e variadas saudades:

De quando meus tios me colocavam em cima de seus ombros e eu era um gigante;
De dormir com tia Neide;
Da terceira série;
De conviver diariamente com Aline;
Do gosto dos chocolates trazidos por meu pai para mim e meu irmão;
Dos brinquedos vindos dos interiores do Nordeste;
Das enormes barras de doce de leite da minha infância;
Dos litros de mel vindo do Sertão;
Das longas conversas com seu João lá da venda;
Da turma do ônibus dos meus dias de graduação;
Do tom de voz e da forma de se expressar da minha orientadora do mestrado;
Das visitas ao arquivo em minha época de mestrado;
De ir sozinha ao cinema depois de passar a tarde pesquisando no arquivo da Fundação Joaquim Nabuco;
De encontrar a Bella na parada do ônibus, esquecer o cinema e ficar de papo sobre tudo e nada;
Da primeira infância de algumas crianças, hoje na segunda infância;
Da segunda infância de alguns adolescentes;
Da terrível adolescência (quem diria?) de algumas mulheres e homens agora adultos...

Quanto mais me concentro, mas penso nas coisas das quais sinto saudade... Mas, vejam só, nesse esforço de memória, constato absurdada: saudade não é propriamente sinônimo de falta ou de ausência.

Todas as coisas das quais sinto saudades são coisas minhas... Experiências, pessoas amadas, conversas, realizações, fazes da vida presas no passado, mas não necessariamente perdidas...

Nossa... De repente me pergunto se essas experiencias e pessoas das quais tenho saudades não estão necessariamente perdidas, se elas não estão logo ali ao alcance da lembrança... Embora não possa mais morar com elas, posso visitá-las, cultivá-las, não deixar que se percam.

Lembrar talvez seja uma eterna forma de resgate.

Saudade talvez seja um sinal de vida; espaços preenchidos; sonhos sonhados; experiências vividas, desejos realizados...

Talvez sentir saudade não seja, como estive pensando até um momento atrás, um tipo de estranha coleção de ausências. Talvez, seja o contrário, talvez saudade seja um conjunto de inúmeras presenças.

Quem sabe saudades não é a soma das pessoas e experiências marcantes ao ponto de não poderem ser esquecidas ou ignoradas, mesmo quando fazem parte de um passado impossível de ser recuperado por qualquer caminho além do oferecido pela memória.
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Esse texto faz parte da Blogagem Coletiva promovida pela Ana Paula e pela Tina Bau Couto.
Para conferir as outras participações basta ir lá no "Lado de fora do coração".

quarta-feira, 24 de junho de 2015

TAG Neil Gaiman

Há algum tempo encontrei no .Livro a "Tag Neil Gaiman". A primeira coisa que pensei quando vi foi: "Isso é coisa da Lu!" e a segunda: "É obvio que vou responder!". Realmente era coisa da Lu, lá no "Aceita um leite?" é possível conferir as respostas dela e aqui vão as minhas.



1 - Coraline - Coraline: Aquela vez que você precisou tomar cuidado com o que desejava.

Tentei lembra um momento especifico para contar. Não consegui. Explico: acredito em um "Deus que realiza os desejos do nosso coração" e no poder das palavras (o próprio Deus criou o mundo a partir delas), para completar, sou o tipo de pessoa que leva TUDO a sério... assim... todos os dias tomo cuidado com meus desejos e tenho certo medo deles e onde me levarão.

2 - Richard Mayhew - Lugar Nenhum: Aquela vez que você se sentiu em casa longe de casa.

Em uma paráfrase descarada: Basicamente em São Paulo.

A parte isso, sempre que abro um livro de um autor querido me sinto em casa, por isso independente do destino levo a Bíblia, o Kobo e um livro físico comigo.

3 - Shadow - Deuses Americanos: Aquela vez que você se viu rodeado de pessoas incríveis.

Quando estou com os irmãos da minha mãe, eles são meus heróis de infância.

4 - Wednesday - Deuses Americanos: Aquela vez que você precisou batalhar por si mesmo.

Quando precisei conquistar uma profissão para chamar de minha. Uma coisa é desejar ser uma coisa, outra é conseguir ser, há todo um caminho a percorrer: conquistar uma vaga no pré-vestibular, conseguir a inscrição (na minha época era paga, cara e eu não queria pedir a ninguém #orgulhosa), o nome no listão, todo o processo da graduação, o emprego...

5 - Anansi - Os Filhos de Anansi: Aquela vez que o mundo foi seu parque de diversões.

Naqueles momentos no quais consigo envolver as crianças/adolescentes nas atividades propostas e a aula flui... Nesses momentos o mundo é um carrossel de parque de diversão... Eu rio alto e sinto o sabor do vento enquanto galopo no cavalo de madeira azul.

6 - Timothy Hunter - Os Livros da Magia: Aquela vez que você descobriu os próprios poderes.

Quando soube que meu nome estava no listão dos aprovados na seleção do "Pré-Acadêmico da UFRPE". Sentir a distancia entre mim e meus sonhos diminuir ali.

7 - Orquídea Negra - Orquídea Negra: Aquela vez que você precisou mostrar os seus poderes.

Abril de 2014, foi um mês tenso e houve dois momento, um para cada instituição na qual trabalho, nos quais todos os super-poderes foram revelados.

Foi assustador, empolgante e surpreendente colocar tudo para fora e nunca me senti tão exposta, frágil e forte. Foi épico! Houve quem dissesse "é mais macho que muito homem". Ganhei repeito, amores e ódios, alguns dos quais perduram até o momento.

Há bem e mal em mostrar seu modulo 100%,  mas todo mundo devia mostrar seus super poderes uma vez na vida, só pelo prazer de se sentir protagonista da história.

8 - Destiny - Sandman: Aquela vez que você percebeu que não dava para lutar contra a corrente.

Em novembro de 2013 meu mantra era: "A gente não pode consertar o mundo sozinha!", me sentia sufocada, caindo, desaparecendo, me afogando. O jeito foi me deixar levar pela corrente. No momento me sentir vencida, mas agora, nesse exato momento, isso não é uma metáfora, entendo o quanto parar de brigar com a corrente me fez ser capaz de reunir a energia necessária para a catarse de abril de 2014.

9 - Death - Sandman: Aquela vez que você precisou dar uma lição em alguém.

Se eu disser que agora mesmo tenho uma lista de pessoas com as quais vou ter uma conversa séria vocês acreditam? Sou professora e irmã mais velha de um cara "mala sem alça", é parte constitutiva da profissão dar lições.... hohohoho Por isso amo a Death, ela faz o trabalho dela porque é o trabalho dela e ainda se importa a ponto de se encontrar com a pessoa e dar lições.

10 - Dream - Sandman: Aquela vez que você aprendeu uma grande lição.

Quando eu vi Mainha cuidando do pai do meu pai - Voinho - durante a convalescença dele diariamente. Voinho foi um ótimo avó durante toda minha vida, mas nem sempre foi um ótimo sogro para minha mãe. E isso não fez diferença no julgamento dela. Ela me deu a maior lição de cristianismo.

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Descendo ao mundo...


Sempre tenho dificuldade de descer ao mundo...
Meu maior problema sempre é descer da cama...
Abrir o olho é fichinha se comparado a descer da cama...
E amanhã começa mais um ano letivo...
Ai não da para enrolar... Tenho hora fixa para descer ao mundo...
Não larguei a docência, como tive vontade.
Mas posso largar, nunca se sabe, apesar de tudo, vontade não falta...
Espero sinceramente que esse ano letivo seja melhor que 2014, embora 2014 tenha tido seus pontos bons.
Que eu e as crianças, ou as crianças e eu, saibamos enfrentar as dificuldades e percorrer da melhor forma o caminho que foi preparado para nós [tá eu preparei, mas muita coisa já estava determinada nos PCNs :p]!
Espero consegui colocar em pratica meu planejamento... e no caminho encontrar novos sonhos e desafios, continuo carente deles.

Melhor 3 que é praticamente a 1ª do ano!

domingo, 28 de dezembro de 2014

De como me tornei "O tipo de pessoa que ganha um Nietzsche de presente de Natal".


"Ninguém é obrigado a ser uma coisa só", eu sempre digo isso. Claro, nessa frase eu estou advogando em causa própria, pois definitivamente me dou o direito de ser muitas coisas sendo uma pessoa só.

Acordo de 5:50, sou uma sonambula precisando de mais uns 10 minutos para sair da cama...
Me arrasto para fora da cama as 6:30, ainda sou a indisposição em pessoa, muito prazer!
Pelo o ônibus, encontro os primeiros alunos, sou a professora de História.
Lago as 12, sou uma transeunte apresada.
Chego na creche, sou tia, Auxiliar do Desenvolvimento Infantil, Educadora Infantil...
Estou novamente em casa, sou filha.
Sento no computador, sou blogueira.
Estou livre de trabalhos, sou leitora.
Encontro pessoas no twitter, no face, na rua, no telefone, na vida, sou amiga.
Abro meu kobo, sou leitora.
Por todo o tempo sou cristã.
Quando não estou dormindo tenho sono.
Quando meu irmão sai para bebe na sexta e volta depois da meia noite e quer conversar, sou a irmã que vai dormir só depois dele dormir.
Quando me embrenho na internet por qualquer canal sou também a Pandora.
Olho para o céu noturno, sou Jaci.
Meu pai me chama, sou Ja-ci-le-ne.
Respiro, sou um ser vivo, mamífera, bípede, carnívora com culpa.

Mas, nunca pensei que em 2014, eu seria o tipo de pessoa que ganha um livro de Nietzsche de presente de Natal. Sem sombras de dúvidas, essa foi uma das grandes surpresas do ano, e talvez da vida.

Quando foi proposto aos colunistas do blog "O que tem na nossa estante", a realização de um amigo secreto no qual todos ganharíamos livros, topei na hora e corri para atualizei meu perfil no skoob. A Ju me pegou e vasculhou os 236 livros da minha lista de futuras leituras. Ela poderia ter escolhido um romance água com açúcar, o ultimo lançamento de Gaiman, um HQ qualquer como "Azul é a cor mais quente" ou "Kiki de Montparnasse", o próximo volume de Sailor Moon.... maaasss nãoooo escolheu ele!

Porque sim, uma historiadora cristã como a Ju, capaz pesquisar o Jesus Histórico e escrever poemas emotivos sobre a fé, jamais faria uma escolha corriqueira. Ela teria que irrevogavelmente aumentar minha lista de "eus" me tornando o tipo de pessoa que ganha um livro de Nietzsche de presente de Natal.

Nietzsche não é um autor de fácil leitura. Ele é difícil, o tipo que, na minha opinião, escrevia em um fluxo de ideias grande o suficiente para lhe fazer esquecer da existência de pontos finais. Além do mais, ele escreve do passado e sobre o passado.

Há quem afirme ser o pensamento dele uma coisa atemporal, mas eu não acredito em produtos culturais, como a Filosofia, dotados de atemporalidade. Então, Nietzsche emerge em minha imaginação como alguém não muito amado, vitima e produto das idiossincrasias de seu tempo. Iluminado pelo pensamento positivista e ao mesmo tempo critico dele... um ser humano angustiado e afligido pelos paradigmas de seu tempo...

Enfim, agora tenho um volume de "Além do bem e do mal" ocupando um lugar de destaque na minha estante. Sempre que olhar para ele vou lembrar dela, desse Natal e de mais esse eu....
____________________________
OBS: Estou bem atrasada com os meus registros de 2014, tive dois meses de hiato nesse blog, o qual também é meu diário, então corro o risco de fazer uma verdadeira maratona de postagens, uma em cima da outra praticamente.
Ah, sobre o post anterior, obrigada Chica, Adriana e Tio Verden... Você são um amor! Adriana, você está mais que certa! Bola para frente!

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Uma história sobre cabelo!

Era uma vez uma menina que tinha um longo cabelo, o qual passou dois anos sem se encontrar com uma tesoura! A dona desses cabelos era uma menina sem muitas vaidades, mas que adorava seu precioso cabelo...


Mas, um dia... ela viu uma campanha de doação de cabelos para confeccionar perucas para crianças que precisavam de cabelo... Essa menina também já teve problemas sérios com perda de cabelo e sonhos nos quais ela estava careca... Essa coisa de cabelo tem apelo para essa menina...


Resultado... Ela decidiu que seu cabelo ia ir para a "caixinha de doação" das crianças... com esperanças de que elas gostem tanto dele quanto ela gosta!


Agora essa menina tem um cabelinho curto... e já escutou os primeiros "Poxa...", mas tudo bem... já já ele cresce de novo e ela já sabe que vai doar de novo... :)


sábado, 4 de outubro de 2014

Pausa não intencional!

Eu não estava pretendendo dar pausa na escrita desse blog - quase diário. Amo escrever, amo a dialética viver e narrar, narrar e viver. Mas, aconteceu, já faz mais de um mês que não sento para digitar/contar nada por aqui....

E para minha surpresa, mesmo hoje, mesmo agora, a vontade de escrever não vem...

Poderia dizer que é falta de tempo, ideia, excesso de trabalho, problemas e derivativos, mas honestamente enquanto se está vivo precisa-se trabalhar e enfrentar problemas então sei que não é isso.

Enfim, sem blá... blá... blá... Só passei para registrar que desde Agosto e agora em Setembro esse blog tem vivido uma pequena pausa. Honestamente espero que não dure, afinal há os desafios da Lu sobre os quais preciso falar e talvez hajam outras coisas mais...

Abraços, beijos e cheros aos transeuntes da internet que por aqui passam e até nosso próximo encontro, aqui ou em qualquer parte!