segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Ei! Sorria... Mas não se esconda atrás desse sorriso... Uma pequena mensagem de FIM DE ANO...

Aos meus amigos, ao que não são fabulosos desconhecidos passando por esse espaço e aos que são também, essa é minha mensagem de fim de ano!!!


Pois é, todo mundo tem dias difíceis, e quando eles se tornam rotina as coisas começam a parecer piores do que realmente são... Mesmo no clima do fim de ano essa última semana tem sido bem difícil e ficar feliz mesmo com muito esforço tem sido uma tarefa bastante complicada!

Mesmo com determinação, as vezes, manter um sorriso no rosto, ficar ok... encarar a rotina dentro de casa, superar os problemas com as pessoas que vivem próximas a nós, aguentar a família, engolir os problemas com algumas relações complicadas que só a Internet consegue produzir e tudo o mais parece uma missão impossível, uma meta inalcançável, um caminho rumo a lugar nenhum.

Mesmo tentando muitoooooooo ficar otimista, alegre, fazer piada, não usar de ironia, não ser mordaz, tudo isso cansa e esse negócio de não deprimir se torna algo tão chato de se fazer... uma coisa que dá muithu trabalho (muito com th que é para dar ênfase) que se entregar a depressão acaba se tornando uma opção incrivelmente tentadora, um negócio simplesmente muitoooo mais fácil de se fazer... quem nunca se sentiu tentado a simplesmente deprimir?????? Quem nunca deprimiu por pelo menos um tempo???

E aliás, quem nunca se sentiu tentado a deprimir, mas se decidiu firmemente a não se deixar deprimir??? E dá uma de homem ou mulher forte!!! Ser forte é um troço fácil de dizer e difícil de ser, eu tenho ganas de ser fraca, mas o contexto não me permite, que saco!!!

Pois é, voltando ao ponto, ficar deprimido é mais fácil que ficar feliz, adoecer é mais fácil que ficar saudável, engorda é mais fácil que emagrecer (bem se vc acha fácil emagrecer certamente não tem um metabolismo lento como o meu), mas ainda assim amanhã cedo tem mais uma festa de fim de ano, alguns terão mesmo que comandar a festa (quem foi que disse que ser popular é legal??? Alguém que nunca foi popular com certeza!!!), amanhã cedo haverão pessoas que carecem de nosso sorriso afável, haverá uma mãe que precisa de um filho, filhos que precisam de uma mãe, um amigo que precisa de um abraço, um trabalho que precisa ser iniciado, outro que precisa ser começado e um terceiro que precisa ser concluído! Amanhã é outro dia e novamente pessoas irão está em torno com seus sorrisos e lágrimas e mesmo que a depressão ou a tristeza sejam uma opção fácil, talvez ela não seja a mais viável, ficar na cama até o fim do dia parece uma opção tentadora, mas certamente não é uma boa idéia! Ou será que é uma boa ideia, mas não é uma opção???

Talvez arrumar alguém ou algo onde se possa desabafar as magoas seja uma boa ideia e uma opção tentadora ao mesmo tempo, despejar as ideias em um diário, escrever um pouco no blog, fazer um desenho melancólico, escrever uma poesia que fale de morte, lavar uma pia de pratos enorme, ensaboar as paredes do banheiro, tomar um banho frio, dormir cedo, comer um doce, ler um romance bobo com final feliz, desses que a gente já sabe o final na hora que ler o titulo, não acho boa ideia atacar um romance trágico nesse momento, embora eu esteja com uma vontade terrível de fazer isso... dar um jeito de extravasar os males para voltar a vida cotidiana com suas tragédias e comédias é algo que tem que ser feito de toda forma, fugir não é uma coisa boa, e isso já é meio que senso comum eu acho!!!

Qualquer coisa é uma opção, mesmo que seja tão difícil ficar feliz, sou da opinião que existem momentos em que é preciso decidir ser feliz e se esforçar na realização desse projecto... Sabe, pessoa desconhecida que um dia qualquer vai passar por esse lugar obscuro da net cheio de pequenos pedaços da vida de uma pessoa estranha que vc talvez conheça e talvez não, as vezes, apenas as vezes, eu acho que ser feliz requer esforço, mas vale a pena, vale a pena fazer da felicidade uma meta pessoal e apostar as poucas fichas que a vida nos dá nesse projecto.

E sabe de uma coisa engraçada, terminando esse texto, eu percebo que escrevi uma coisa tão óbvia que é de dar dó e deprimir mais ainda quem já está deprimido, tornei a falar uma coisa que dezenas de pessoas já falaram de uma forma mais clara, mais lírica, mas incrivelmente tocante do que eu... É deprimente como os seres humanos são repetitivos... Mas hoje eu não quero me deprimir, hoje eu quero apenas desabafar, não é culpa minha que as angústias humanas sejam sempre as mesmas e que seja tão previsível o nosso pesar e a nossa alegria, como sou humana não posso fugir do previsível. Será que isso é algo para se lamentar??? Talvez seja!!! Vai saber!!! Não nos resta opção senão viver, ao menos não para mim...

Ah..., não eu não esqueci do titulo da postagem, já pensou se alguém chegou a esse blog para pegar esse texto apenas, não vou frustra essa pessoa que queria pegar o texto na integrar... Vou deixar o texto de onde tirei esse titulo na forma em que ele me foi enviado... Um texto que também é minha mensagem de fim de ano para meus amigos e amigas que vez ou outra passam por aqui:

Ei! Sorria... Mas não se esconda atrás desse sorriso...

Mostre aquilo que você é, sem medo.
Existem pessoas que sonham com o seu sorriso, assim como eu.
Viva! Tente! A vida não passa de uma tentativa.
Ei! Ame acima de tudo, ame a tudo e a todos.
Não feche os olhos para a sujeira do mundo, não ignore a fome!
Esqueça a bomba, mas antes, faça algo para combatê-la, mesmo que se sinta incapaz.
Procure o que há de bom em tudo e em todos.
Não faça dos defeitos uma distancia, e sim, uma aproximação.
Aceite! A vida, as pessoas, faça delas a sua razão de viver.
Entenda! Entenda as pessoas que pensam diferente de você, não as reprove.
Ei! Olhe... Olhe a sua volta, quantos amigos...
Você já tornou alguém feliz hoje?
Ou fez alguém sofrer com o seu egoísmo?
Ei! Não corra. Para que tanta pressa? Corra apenas para dentro de você.
Sonhe! Mas não prejudique ninguém e não transforme seu sonho em fuga.
Acredite! Espere! Sempre haverá uma saída, sempre brilhará uma estrela.
Chore! Lute! Faça aquilo que gosta, sinta o que há dentro de você.
Ei! Ouça... Escute o que as outras pessoas têm a dizer, é importante.
Suba... faça dos obstáculos degraus para aquilo que você acha supremo,
Mas não esqueça daqueles que não conseguem subir a escada da vida.
Ei! Descubra! Descubra aquilo que há de bom dentro de você.
Procure acima de tudo ser gente, eu também vou tentar.
Ei! Você... não vá embora.
Eu preciso dizer-lhe que... te adoro, simplesmente porque você existe.

Charles Chaplin



P.S.: Isso ficou com cara de texto de alto-ajuda, deixo claro que não tenho a pretensão de fazer esse serviço, a humanidade já tem pessoas empenhadas nisso, todas elas mais competentes que eu e que erram menos na grafia das palavras também, eu só estive desabafando minhas magoas, se vc detestou ou amou pode comentar ou não!!!

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Inimiga da Tristeza!!!!!

Hoje eu sou uma fervorosa inimiga da tristeza, enquanto o sol brilha e aquece a todos nós, enquanto o vento sopra, eu, eu me recuso a ficar triste por qualquer motivo, acordo ergo os braços e paro no ponto mais alto que tenho acesso, deixo o sol queimar um pouco meu rosto, abro os olhos e me permito apreciar a luminosidade do dia aceitando que o vento coloque meu cabelo em desordem e tente inutilmente erguer minha sai, faço isso literalmente e guardo a lembrança pelo dia inteiro, conservando a felicidade desse momento...

Tristeza alguma vai me alcançar, ao menos por hoje...





Vou guarda a tristeza para os dias de chuva que virão, dias de sol e vento não merecem choro, cara amuada, desalento ou medo, merecem toda a minha capacidade de ser feliz a 220, me nego a ficar em 180 ao menos enquanto o Sol, o vento e a luz estiverem tão densos que quase são palpáveis...

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Trapo: o dia deu em chuvoso...

É, não tem como, tem dias que mesmo ensolarados acabam dando em chuvoso, não importa o quanto a manhã esteja clara, enquanto o Sol brilha, tem dias que simplesmente dão em chuvoso e você se sente um pequeno trapo esfarelado, para dias assim nada melhor que uma poesia de Fernando Pessoa!




Trapo
Álvaro de Campos

O dia deu em chuvoso.
A manhã, contudo, esteve bastante azul.
O dia deu em chuvoso.
Desde manhã eu estava um pouco triste.

Antecipação! Tristeza? Coisa nenhuma?
Não sei: já ao acordar estava triste.
O dia deu em chuvoso.

Bem sei, a penumbra da chuva é elegante.
Bem sei: o sol oprime, por ser tão ordinário, um elegante.
Bem sei: ser susceptível às mudanças de luz não é elegante.
Mas quem disse ao sol ou aos outros que eu quero ser elegante?
Dêem-me o céu azul e o sol visível.
Névoa, chuvas, escuros — isso tenho eu em mim.

Hoje quero só sossego.
Até amaria o lar, desde que o não tivesse.
Chego a ter sono de vontade de ter sossego.
Não exageremos!
Tenho efetivamente sono, sem explicação.
O dia deu em chuvoso.

Carinhos? Afetos? São memórias...
É preciso ser-se criança para os ter...
Minha madrugada perdida, meu céu azul verdadeiro!
O dia deu em chuvoso.

Boca bonita da filha do caseiro,
Polpa de fruta de um coração por comer...
Quando foi isso? Não sei...
No azul da manhã...

O dia deu em chuvoso.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Vai passar como tudo nessa vida ????

Nos descaminhos e caminhos da internet, em um dos muitos espaços que freqüento pouco e mal, mas freqüento, achei uma mensagem com esse titulo: "Vai passar como tudo nessa vida!!!" e eu fiquei pensando que tem coisa que realmente passa, mas algumas parecem que não vão passar mesmo, como por exemplo a saudade enorme que um amor vivido deixa no coração, todos os dias essa saudade apenas aumenta, ela nunca, absolutamente nunca passa...







VAI PASSAR COMO TUDO NESSA VIDA.......!!!!


Vvv, vvv.


Vvv, vvv.


Vibra o telefone no bolso de trás da minha calça jeans.


Atendo.


Do lado de lá, soluços.


- Estou te ligando pra você me dizer, mais uma vez, que vai passar.

- Vai passar, vai passar. Claro que vai!

No caminhar dos ponteiros do relógio da Central, depois de três ou quatro luas cheias, no dia seguinte em que aquele filme sair em DVD, quando o seu cabelo crescer dois dedos e nascer uma flor no pé de maracujá, vai passar.



‘Mas vai passar, eu garanto. Se não for por um golpe de sorte, será por esforço e merecimento. E, se tardar, por necessidade e instinto de sobrevivência, vai passar

Se contar com a companhia de amigos com quem você possa chorar ou dar risada (a escolher) passará mais rápido. Se tiver sorvete de chocolate no congelador passará ligeiro. E se tomar com calda de caramelo passará como um raio.


Às sete da manhã, vai passar. Quando começar a fazer calor, vai passar. Depois que você chorar a última de tantas lágrimas, vai passar. Como um mantra, vai passar.


O bom de se estar vivo , é a certeza da sobrevivência pós-separação. Eu sei que agora está doendo e que é uma dor tão profunda que fica difícil acreditar que um dia ela não estará mais aí, apertando suas costelas e molhando seus travesseiros. Mas vai passar, eu garanto. Se não for por um golpe de sorte, será por esforço e merecimento. E, se tardar, por necessidade e instinto de sobrevivência, vai passar.


E toda essa tristeza vai dar lugar a um novo amor. E ele há de ser grande para preencher tanto espaço. E, acredite, você será feliz com ele. Muito feliz, insuportavelmente feliz. E vai maldizer os últimos dias com o outro, quando nem se lembrava da sensação de ter as bochechas mais coradas da festa.


Aí você vai pensar no dia de hoje como se ele pertencesse a uma vida passada, há muito tempo, lá longe. E essa lembrança virá com desdém e um pouco de mágoa. Talvez traga uma ponta de saudade - às vezes, muitas, os sentimentos não se casam. O importante - pode confiar - é que você estará tranqüila, sem o assombro nem os olhos tristes de agora.


Em nome da nossa amizade: vai passar, eu juro - beijo os dedos em xis.


Ela soluça alto do lado de lá.


- Se, por ora, estiver doendo em demasia, tome metade de um remedinho e vá para debaixo das cobertas.Não sem antes consultar um médico .


Desligo.


Enfio o celular no bolso de trás da calça jeans. Fecho os olhos, recapitulo a minha fala (a parte do "merecimento" e do "instinto" até que foi boa) e me pergunto se fui mesmo convincente.

Texto de Rossana Caiado

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Um trechinho do Canto IV da Odisseia

De todas estas Dádivas
Só quero a Taça de Ouro trabalhada a Fogo.

Facilmente, em teu reino de chão fértil,
Nascem Trigais de espigas ondulantes;
Minha terra porem não possui Campos
É Sagrada, selvagem, pedregosa
Tudo, ali, são Pastagens e rebanhos
de jumentos, de ovelhas e Cabras

Não quero chegar lá de mãos vazias.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Quem morre lentamente????????




Morre lentamente
Quem não viaja,
Quem não lê,
Quem não ouve música,
Quem não encontra graça em si mesmo

Morre lentamente
Quem destrói seu amor próprio,
Quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente
Quem se transforma em escravo do hábito
Repetindo todos os dias os mesmos trajetos,
Quem não muda de marca,
Não se arrisca a vestir uma nova cor ou
Não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente
Quem evita uma paixão e seu redemoinho de emoções, Justamente as que resgatam o brilho dos
Olhos e os corações aos tropeços.

Morre lentamente
Quem não vira a mesa quando está infeliz
Com o seu trabalho, ou amor,
Quem não arrisca o certo pelo incerto
Para ir atrás de um sonho,
Quem não se permite, pelo menos uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos...

Viva hoje !
Arrisque hoje !
Faça hoje !
Não se deixe morrer lentamente

sábado, 28 de novembro de 2009

A menina que roubava livros



Quando a Morte, ela mesma, essa que todos nós independente de raça, cor,conta bancaria, credo e filiação, vamos conhecer pessoalmente, decide contar uma história, bem, você deve parar e ouvir!!! Essa história é contada pela própria Morte, é uma história que vale muito a pena, linda, lírica, perfeita. O livro foi meu presente de 23 anos, e que presente, um dos melhores que já ganhei na vida, uma história maravilhosa.

Fruit Basket




Esse foi o último anime que eu assisti, lindíssimo, eu pelo menos amei, sei que como muita coisa na vida eu devo a esse anime uma postagem mais decente, um resumo critico dessa história, uma viajem pelo mundo do horóscopo chinês e dos personagens, mas isso vai ficar como tantas outras coisas para outro dia!!!!

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

For Fruits Basket


Enquanto você sorria para mim
Com um sorriso capaz de derreter qualquer coisa
A primavera ainda está distante
Dentro deste chão frio
Esperando pelo dia de florescer
Mesmo que o dia de hoje seja tão difícil como esse
Mesmo que ainda carregue as feridas do passado
Quero acreditar e continuar compartilhando meu coração
Eu não posso renascer e começar de novo
Mas posso viver e mudar aos poucos
Vamos ficar juntos para sempre
Sorrindo apenas para mim
Acariciando meus olhos com seus dedos
Quero ser gentil com você
Carregando seus desejos pela eternidade
Como as florestas nas montanhas
Podemos atravessar esses sonhos de dor 
Mesmo que o dia de hoje seja tão difícil como esse
Um dia se tornará uma linda lembrança
Se eu conseguir dizer tudo que eu sinto
Irei descobrir por que estou vivendo aqui
E também descobrirei o motivo destes sorrisos
Vamos ficar juntos para sempre!

sábado, 31 de outubro de 2009

Um poema de amor...

Faz muito tempo que eu não escrevo nada, acho que as teias de aranha já se acumulam pelos cantos desse meu diario virtual, não sei se falta tempo, inspiração ou mesmo determinação para escrever, aiai... talvez eu não seja determinada o suficiente para manter esse lugar no minimo usado... mas hoje rompi essa continuidade,li esse poema e deu vontade de postar...

E como vem lá vem cá eu falo de amor, a eterna inquietação humana, como isso me inquieta, como essa ausencia me inquieta... aiaiaiai...

Vá lá, li esse poema e achei muito lindo... muito intenso!!!


VOCÊ

Devagar, tímido, desajeitado, quase sem falar,
se aproximando aos poucos me fez te notar,
e sem que eu percebesse já fazia diferença,
tornou-se impossível não sentir tua presença.

Meu peito começou a vacilar, descompassado,
arritmia do coração, já tão desacostumado,
fiquei perdida em meio a sentimentos loucos,
sem entender o que me acometia aos poucos.

Então segui, fingindo indiferença, sorrindo,
tentando ignorar o óbvio, eu estava caindo...
tuas garras vinham em formato de palavras doces,
marcando território em versos encantados de amores.

Deitada e só, procuro no teto uma estrela amarela,
elas não podem entrar, meu peito insano se rebela,
enquanto dormes em tua cama quente de jasmim,
me desfaço em pensamentos de tê-lo aqui, em mim...

Da vontade não saio incólume, quero sem demora,
meu corpo implora que tomes conta de tudo agora,
preciso desesperadamente... Perturbadora ansiedade,
e tu não te demoras, conhece a minha necessidade,

Não te negas a nada, és meu, me oferece tudo,
chega até mim, e me mostra o melhor do mundo,
me entrega teu amor, toma o meu, sem pedir licença,
não importa, és meu porto, meu céu, minha crença!!

Quando se vai, deixa tudo em mim, entranhado,
teu suor, teu cheiro, o atrito do teu corpo molhado.
Leva consigo a minha alma, meu coração, o meu rosto,
a minha vida, minhas lágrimas e na tua boca o meu gosto...

A mim só resta sonhar e chorando de saudade esperar,
o dia em que te verei voltando, para sacramentar,
me mostrando teu sorriso lindo, malicioso, leviano,
olhando no fundo dos meus olhos prá dizer: eu te amo!!

Natalia Luksys

Disponivel em: http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20091030130937AA4jUdq. Acessado em 31 de outubro de 2009

Disponivel também em: http://nataliaemversoeprosa.blogspot.com/ Acessado em 31 de outubro de 2009.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Terry Pratchett é um gênio!!!!

"se você confiar em si mesma...
– Sim?
–...e acreditar nos seus sonhos...
– Sim?
– ...e seguir a sua estrela... [...]
– Sim?
–...ainda assim vai ser derrotada por pessoas que gastaram o tempo delas dando duro, aprendendo coisas e que não foram tão preguiçosas."

Se for para...

Pelos corredores da net, vagando aqui e ali, me deparei com esses versos... achei interessante, e como ultimamente venho fazendo desse espaço um tipo de diario virtual... então me dou ao direito de dizer que Se for para...


Se for para esquentar que seja o sol;
Se for para enganar que seja o estomago;
Se for para chorar que seja de felicidade;
Se for para roubar que seja um beijo;
Se for para mentir que seja a idade;
Se for para perder que seja o medo;
Se for para cair que seja na gargalhada;
Se for para ter guerra que seja de travesseiros;
Se for para ter fome que seja de amor;
Se for para ser feliz que seja para sempre!

Isabella Maria

Disponível em: . Acessado em 15 de setembro de 2009.

E a proposito, quando vc estiver em um lugar alto lembre-se do dessa passagem de um livro de Terry:

"-Tenho medo do chão.
- Queres dizer alturas.
(...)
- Eu sei o que quero dizer! O que nos mata é o chão!"
Terry Pratchett

terça-feira, 25 de agosto de 2009

O amor, afinal o que é isso??!?!?!

O amor é um tema que sem dúvida levanta muitos questionamentos, "o amor tem mil formas" já dizia o poeta, e se não todos ao menos muitos de nós buscam o amor, mas quantos de nós realmente encontra? Essa é uma pergunta difícil de responder...

As vezes as pessoas encontram e então o desperdiça, alguns de nós humanos sedentos por amar e ser amados desistem no processo e deixam de procurar por preguiça ou medo, uma amiga um dia desses me disse: "para amar não podemos ter medo ou preguiça", falo por mim quando digo que tenho preguiça, mas o medo é maior que a preguiça...

Mas essa coisa de amor, será... Essa coisa, sentimento, sonho, realidade que tantos procuram. Será que o objeto dessa busca humana não faz parte apenas do universo de sonho criado pela literatura romântica do século XIX???? Andando pelos descaminhos da História a gente vez ou outra se depara com esse debate, o amor, o que é o amor como um discurso e ai eu me pergunto: "Será que o amor romântico é só uma mera invenção burguesa?"

Uma invenção irrealizavel, inalcançável, irreal, como a Idade Média de Walter Scoot e o meu doce Evanhoé, sonho de infância (eu sei eu era uma criança estranha, quem já leu esse livro certamente vai pensar isso)... Evanhoé, os homens maravilhosos dos romances da Nova Cultura, o príncipe encantados dos contos infantis e dos filmes de Walt Disney, os homens do século XIX dos romances de Jane Austin, uma autora que amo, (um dia ainda posto algo decente sobre ela e os seus romances!), e até mesmo o galante vampiro em um volvo prata que aquece os corações de adolescentes e mesmo mulheres adultas criado por Stefany Meyer em sua série Crepúsculo...

Aliás, essa serie é um capitulo a parte, pq Meyer constroe um herói moderno voando baixo em um carro de luxo com todas as caracteristicas de um herói do século XIX, Edward parece ter saído de um romance do século XIX e pasme, as mulheres do século XXI adoram isso, ficam bobas e sim, querem isso para si... Assustador, não, apenas um indicio de alguma coisa, que eu decididamente não estou a fim de pensar a respeito...

As vezes o amor parece ser um tesouro a ser encontrado no fim do arco-íris, mas será que é possível mesmo encontrar esse tesouro, será que o arco-íris tem algo mais a oferecer que uma vista bonita, ele seria apenas um fenômeno óptico e o amor uma construção discursiva?

Hum... "mundo mundo vasto mundo se eu me chamasse Raimundo seria uma rima não uma solução" já dizia Drummond, o que tenho certeza é que o amor inspira canções, versos, textos discursivos, bobagens afins como essa que escrevo nesse espaço obscuro da net, pouco visitado e solitário que funciona muito mais como um diário do que como qualquer coisa... ai... ai... ai...

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Por que mesmo quando estamos desiludidos continuamos procurando um amor???

Vivo me perguntando isso, pq nunca desistimos, aliás, pq eu nunca desisto, eu acredito no amor, no amor em todas as suas formas, me recuso a não acreditar nele, me recuso a aceitar que o amor que une um homem a uma mulher pode não existir, nunca algum dia eu encontro por ai, vai saber!!!

No mais, encontrei essa poesia em um dos espaços da net que frequento, o Yahoo PR! Um espaço legal com pessoas legais, fabulosos desconhecidos que conhecemos cobertos por pseudônimos e que de repente se tornam nossos confidente, amigos íntimos, conselheiros amorosos, objectos de nosso amor, um belo dia vc se pega pensando nessas pessoas e chega a incrível conclusão de que também elas são suas amigas, uau!!!

Mundo louco, pós-moderno, virado pelo avesso, onde a pessoa que está a milhares de quilômetros de distancia está mais próximo emocionalmente que as pessoas geograficamente próxima...

Mas, a parte isso, esse poema chegou a mim e eu achei ele incrivelmente delicioso, um príncipe em busca de uma princesa, bem pq esses príncipes não me encontram ein??? hehehehehe... É um alivio encontrar alguém que ainda ache que esse mundo tem jeito!!!!!


"Por que eu vivo procurando um motivo de viver,
Se a vida às vezes parece de mim esquecer?
Procuro em todas, mas todas não são você.
Eu quero apenas viver, se não for para mim que seja pra você.
Mas às vezes você parece me ignorar, sem nem ao menos me olhar,
Me machucando pra valer.
Atrás dos meus sonhos eu vou correr.
Eu vou me achar, pra mais tarde em você me perder.
Se a vida dá presente pra cada um,
O meu, cadê?
Será que esse mundo tem jeito?
Esse mundo cheio de preconceito.
Quando estou só, preso na minha solidão,
Juntando pedaços de mim que caíam ao chão,
Juro que às vezes nem ao menos sei, quem sou.
Talvez eu seja um tolo,
Que acredita num sonho.
Na procura de te esquecer,
Eu fiz brotar a flor.
Para carregar junto ao peito,
E crer que esse mundo ainda tem jeito.
E como príncipe sonhador...
Sou um tolo que acredita, ainda, no amor."

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Fernando Pessoa... Trexo da Tabacaria...

Tabacaria
Álvaro Campos

(...)
Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Gênio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Blues da Piedade: vamos pedir piedade!!!!

Gosto muito das músicas do Cazuza, faço coro com os consideram ele um grande poeta. Obviamente não ignoro o estilo de vida que ele levou, um estilo estremo, facilmente criticável, mas a parte qualquer coisa, amo o que ele escreveu e devo a vida e obra de Cazuza uma pesquisa mais apurada...

Mas por hora sinto-me impelida a deixar aqui, marcado entre as coisas que gosto de ouvir, ler e pensar em meu tempo vago o incrível Blues da piedade, que foi brilhantemente cantado por ele. Me junto ao Cazuza e a todos os que pedem piedade...

Blues da Piedade
Composição: Roberto Frejat/Cazuza

Agora eu vou cantar pros miseráveis
Que vagam pelo mundo derrotados
Pra essas sementes mal plantadas
Que já nascem com cara de abortadas

Pras pessoas de alma bem pequena
Remoendo pequenos problemas
Querendo sempre aquilo que não têm

Pra quem vê a luz
Mas não ilumina suas minicertezas
Vive contando dinheiro
E não muda quando é lua cheia

Pra quem não sabe amar
Fica esperando
Alguém que caiba no seu sonho
Como varizes que vão aumentando
Como insetos em volta da lâmpada

Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem

Quero cantar só para as pessoas fracas
Que tão no mundo e perderam a viagem
Quero cantar o blues
Com o pastor e o bumbo na praça

Vamos pedir piedade
Pois há um incêndio sob a chuva rala
Somos iguais em desgraça
Vamos cantar o blues da piedade

Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem

Site consultado:

http://letras.terra.com.br/cazuza/44997/ em 03/04/2009.

Meus Encontros e Desencontros com Fernando Pessoa



O mundo as vezes nos parece muito grande, na verdade enorme, outras vezes nos parece um pequeno ovo de tão minúsculo e onde pessoas improváveis se encontram e se desencontram para novamente se encontrarem.

Falar de encontros e desencontros não me parece uma coisa fácil, e na verdade não é, nesse tema podemos falar de mil coisas diferentes, faz um mês mais ou menos que tento decidir de que falar e no limiar do momento da escrita, eu penso que não há ninguém melhor para que eu fale agora do que meu querido poeta preferido Fernando Pessoa.

Eu encontrei Fernando Pessoa em um momento de fúria adolescente no meio de uma enciclopédia:

"Não quero nada
Já disse que não quero nada
Não me venham com conclusões
A única conclusão é morrer"

Huhu... poema perfeito para uma adolescente em crise com a família, com o Estado com tudo, quem nunca teve vontade de dizer "vão para o inferno sem mim/ ou deixe-me ir sozinha para o inferno/ para que havemos de ir junto..." que me atire uma pedra.

Mas esse momento de crise passou, sempre passa, a gente não sabe aos 13 anos que passa, mas aos 22 a gente já sabe, se bem que há quem diga que ainda há muito mais para se saber, e sim eu vou descobrir.

No entanto, depois desse primeiro encontro houveram muitos outros, quando eu tive meu primeiro amor e no final das contas o menino dos meus sonhos foi embora e nem mesmo a lembrança de um beijo me deixou eu tive um reencontro com Fernando para aprender a lição que o rapaz apaixonado deu a pobre Lídia:

"Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlacemos as mãos.)

Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,
Mais longe que os deuses.

Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente
E sem desassosegos grandes.

Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz,
Nem invejas que dão movimento demais aos olhos,
Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria,
E sempre iria ter ao mar.

Amemo-nos tranquilamente, pensando que podiamos,
Se quise'ssemos, trocar beijos e abraços e carícias,
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
Ouvindo correr o rio e vendo-o.

Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as
No colo, e que o seu perfume suavize o momento -
Este momento em que sossegadamente não cremos em nada,
Pagãos inocentes da decadência.

Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-as de mim depois
Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova,
Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos
Nem fomos mais do que crianças.

E se antes do que eu levares o obolo ao barqueiro sombrio,
Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti.
Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim - à beira-rio,
Pagã triste e com flores no regaço.

Hoje penso que foi melhor assim, afinal o meu primeiro amor não me arde, não me fere e nem me move, sua lembrança me é suave a memória, e eu lembro dele assim: "pagão triste e com flores no regaço.".

Depois disso eu posso dizer que me perdi do poeta, eu me desencontrei dele no meio da confusão habitual da adolescência, foram muitas confusões, mas amigos sempre se reencontram e eu me reencontrei com Fernando novamente quando chegou o momento de me afirmar como pessoa livre e eu usei mais uma vez suas palavras para expressar meus sentimentos:

"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
à parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo."

E ainda mais que isso, no momento de declarar meu incoformismo com certas coisas que me ocorreram:

"Queriam-me casado, cotidiano, fútil e tributável?
Queriam-me o contrário disso, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!"

Até hoje eu tenho a impressão de que queriam-me o contrario de qualquer coisa, mas eu aprendi com a pessoa do Fernando que sendo assim como sou as pessoas tem que ter paciência!!!

Enfim, foram muito encontros e desencontros, O "Eu profundo e os outros eus" é ao lado da Bíblia e guardada as devidas proporções, uma vez que vejo a Bíblia como verdade absoluta e etc e tal..., ele é meu livro preferido, o que mais me toca o que leio e releio e vou fechando esse texto com uma poesia do livro Mensagem, meu último encontro com Fernando Pessoa foi através desse livro, me encontrei com ele estudando a História Ibérica, afinal Mensagem conta toda a saga portuguesa em versos, um livro encantador, que devia compor as aulas sobre o descobrimento, o mundo Ibérico e derivados e de fato vai compor as minhas aulas, afinal néh eu sou apaixonada pelo homem, de todas as poesias do livro Mensagem a que mais se adequa ao meu último encontro com o poeta, sem duvida é o poema "Mar Português".

MAR PORTUGUÊS

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!

Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.

Quem quere passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

Destaco esse poema, porque nos corredores dos meus estudos sobre história, adivinha qual é o meu objeto de estudo, não, não é a obra de Fernando Pessoa, mas as noivas que ficaram por casar e as mães que choraram o destino de seus filhos.

Enfim, sobre encontros e desencontros esse é meu texto!!! Espero que alguém goste dele!!!

terça-feira, 24 de março de 2009

AS SEM RAZÕES DO AMOR


As sem Razões do Amor
Carlos Drumond de Andrade

As sem-razões do amor
Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no elipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.


Sites Consultados:
http://haylinloveangel.nafoto.net
www.casadobruxo.com.br
__________
Recife, 06 de Maio de 2011.

Engraçado olhar essa imagem, sabendo exatamente ao que ela me remete... Saudades desse tempo, pena que não é mais tão possivel quanto era antes... Papos vem, papos vão, as relações se transformam tanto que chega a ser assustador!

domingo, 22 de março de 2009

Bertold Brecht e Se os tubarões fossem homens


Eu sou fã de Bertold Brecht, ele é ótimo em sua analise das sociedades humanas e esse esse texto dele é clássico. Não sou marxista de carteirinha, mas tenho muito simpatia por essa corrente filosófica e histórica. Gosto dos marxistas por seu comprometimento com a causa, por sua luta e por sua convicção na possibilidade de uma mudança, são pessoas que não tem medo...

Quanto a Bertold Brecht, foi um dramaturgo, poeta e encenador alemão do século XX,seus trabalhos o tornaram mundialmente conhecido, no final dos anos 1920 Brecht tornou-se marxista, vivendo o intenso período das mobilizações da República de Weimar. Brecht fez do teatro um lugar de discussões das complicadas relações humanas dentro do sistema capitalista na perspectiva de uma estética marxista.

Se os tubarões fossem homens

Se os tubarões fossem homens, perguntou a filha de sua senhoria ao senhor K., seriam eles mais amáveis para com os peixinhos?

Certamente, respondeu o Sr. K. Se os tubarões fossem homens, construiriam no mar grandes gaiolas para os peixes pequenos, com todo tipo de alimento, tanto animal quanto vegetal. Cuidariam para que as gaiolas tivessem sempre água fresca e adoptariam todas as medidas sanitárias adequadas. Se, por exemplo, um peixinho ferisse a barbatana, ser-lhe-ia imediatamente aplicado um curativo para que não morresse antes do tempo.

Para que os peixinhos não ficassem melancólicos haveria grandes festas aquáticas de vez em quando, pois os peixinhos alegres têm melhor sabor do que os tristes. Naturalmente haveria também escolas nas gaiolas. Nessas escolas os peixinhos aprenderiam como nadar alegremente em direcção à goela dos tubarões. Precisariam saber geografia, por exemplo, para localizar os grandes tubarões que vagueiam descansadamente pelo mar.

O mais importante seria, naturalmente, a formação moral dos peixinhos. Eles seriam informados de que nada existe de mais belo e mais sublime do que um peixinho que se sacrifica contente, e que todos deveriam crer nos tubarões, sobretudo quando dissessem que cuidam de sua felicidade futura. Os peixinhos saberiam que este futuro só estaria assegurado se estudassem docilmente. Acima de tudo, os peixinhos deveriam rejeitar toda tendência baixa, materialista, egoísta e marxista, e denunciar imediatamente aos tubarões aqueles que apresentassem tais tendências.

Se os tubarões fossem homens, naturalmente fariam guerras entre si, para conquistar gaiolas e peixinhos estrangeiros. Nessas guerras eles fariam lutar os seus peixinhos, e lhes ensinariam que há uma enorme diferença entre eles e os peixinhos dos outros tubarões. Os peixinhos, proclamariam, são notoriamente mudos, mas silenciam em línguas diferentes, e por isso não se podem entender entre si. Cada peixinho que matasse alguns outros na guerra, os inimigos que silenciam em outra língua, seria condecorado com uma pequena medalha de sargaço e receberia uma comenda de herói.

Se os tubarões fossem homens também haveria arte entre eles, naturalmente. Haveria belos quadros, representando os dentes dos tubarões em cores magníficas, e as suas goelas como jardins onde se brinca deliciosamente. Os teatros do fundo do mar mostrariam valorosos peixinhos a nadarem com entusiasmo rumo às gargantas dos tubarões. E a música seria tão bela que, sob os seus acordes, todos os peixinhos, como orquestra afinada, a sonhar, embalados nos pensamentos mais sublimes, precipitar-se-iam nas goelas dos tubarões.

Também não faltaria uma religião, se os tubarões fossem homens. Ela ensinaria que a verdadeira vida dos peixinhos começa no paraíso, ou seja, na barriga dos tubarões.

Se os tubarões fossem homens também acabaria a ideia de que todos os peixinhos são iguais entre si. Alguns deles se tornariam funcionários e seriam colocados acima dos outros. Aqueles ligeiramente maiores até poderiam comer os menores. Isso seria agradável para os tubarões, pois eles, mais frequentemente, teriam bocados maiores para comer. E os peixinhos maiores detentores de cargos, cuidariam da ordem interna entre os peixinhos, tornando-se professores, oficiais, polícias, construtores de gaiolas, etc.

Em suma, se os tubarões fossem homens haveria uma civilização no mar.

Sites consultados:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Bertolt_Brecht em 22 de março de 2009.
http://resistir.info/brecht/tubaroes_homens.html em 22 de março de 2009.

terça-feira, 17 de março de 2009

Desejo


“Desejo primeiro que você ame,
E que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo, pois, que não seja assim,
Mas se for, saiba ser sem desesperar.
Desejo também que tenha amigos,
Que mesmo maus e inconseqüentes,
Sejam corajosos e fiéis,
E que pelo menos num deles
Você possa confiar sem duvidar.
E porque a vida é assim,
Desejo ainda que você tenha inimigos.
Nem muitos, nem poucos,
Mas na medida exata para que, algumas vezes,
Você se interpele a respeito
De suas próprias certezas.
E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,
Para que você não se sinta demasiado seguro.
Desejo depois que você seja útil,
Mas não insubstituível.
E que nos maus momentos,
Quando não restar mais nada,
Essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.
Desejo ainda que você seja tolerante,
Não com os que erram pouco, porque isso é fácil,
Mas com os que erram muito e irremediavelmente,
E que fazendo bom uso dessa tolerância,
Você sirva de exemplo aos outros.
Desejo que você, sendo jovem,
Não amadureça depressa demais,
E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer
E que sendo velho, não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e
É preciso deixar que eles escorram por entre nós.
Desejo por sinal que você seja triste,
Não o ano todo, mas apenas um dia.
Mas que nesse dia descubra
Que o riso diário é bom,
O riso habitual é insosso e o riso constante é insano.
Desejo que você descubra ,
Com o máximo de urgência,
Acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos,
Injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.
Desejo ainda que você afague um gato,
Alimente um cuco e ouça o joão-de-barro
Erguer triunfante o seu canto matinal
Porque, assim, você se sentirá bem por nada.
Desejo também que você plante uma semente,
Por mais minúscula que seja,
E acompanhe o seu crescimento,
Para que você saiba de quantas
Muitas vidas é feita uma árvore.
Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro,
Porque é preciso ser prático.
E que pelo menos uma vez por ano
Coloque um pouco dele
Na sua frente e diga "Isso é meu",
Só para que fique bem claro quem é o dono de quem.
Desejo também que nenhum de seus afetos morra,
Por ele e por você,
Mas que se morrer, você possa chorar
Sem se lamentar e sofrer sem se culpar.
Desejo por fim que você sendo homem,
Tenha uma boa mulher,
E que sendo mulher,
Tenha um bom homem
E que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,
E quando estiverem exaustos e sorridentes,
Ainda haja amor para recomeçar.
E se tudo isso acontecer,
Não tenho mais nada a te desejar.
Victor Hugo

sexta-feira, 13 de março de 2009

Carlos Pena Filho e o Recife do século XX: um poeta e uma cidade azul...


Para começo de conversa amo a poesia dessa cabra, o Carlos Pena Filho, o poeta do azul, do azul que envolve nossas vidas sem que nós sejamos capazes de perceber... em um dos seus sonetos mais lindos, o Soneto do Desmantelo Azul, Carlos escreve:

“Então, pintei de azul os meus sapatos
por não poder de azul pintar as ruas,
depois, vesti meus gestos insensatos
e colori, as minhas mãos e as tuas.

Para extinguir em nós o azul ausente
e aprisionar no azul as coisas gratas,
enfim, nós derramamos simplesmente
azul sobre os vestidos e as gravatas.

E afogados em nós, nem nos lembramos
que no excesso que havia em nosso espaço
pudesse haver de azul também cansaço.

E perdidos de azul nos contemplamos
e vimos que entre nós nascia um sol
vertiginosamente azul. Azul.”

O azul é uma das marcas da poesia de Carlos, vai aparecer aqui e ali sempre na sua  poesia suave, elegante, parte de um universo poético cheio de ternura. Que embora seja facilmente reconhecida como sublime, não figura entre  as mais conhecidas, assim como o poeta que jaz esquecido na memória dos seus.

Carlos Pena Filho, nasceu em 1929 em Recife onde também morreu aos 31 anos no dia 1 de julho de 1960, morreu no alge de sua produção literária, no entanto, o que produziu em sua "curta" vida, já fez dele um dos mais importantes poetas pernambucanos da segunda metade do século XX. Politizado, interessado na vida política de Recife e de Pernambuco, um estudante de direito que militava no movimento estudantil engajado nas lutas de seu tempo. Um advogado que atuou em repartição do Estado e, em paralelo, trabalhou como jornalista no Diário de Pernambuco, Diário da Noite e Jornal do Comércio, onde fez reportagens, escreveu crônicas e publicou alguns de seus poemas.

Seu primeiro trabalho como poeta foi o soneto “Marinha”, foi publicado em 1947 pelo Diário de Pernambuco.

Marinha

Tu nasceste no mundo do sargaço
da gestação de búzios, nas areias.
Correm águas do mar em tuas veias,
dormem peixes de prata em teu regaço.
Descobri tua origem, teu espaço,
pelas canções marinhas que semeias.
Por isso as tuas mãos são tão alheias,
Por isso teu olhar é triste e baço.
Mas teu segredo é meu, ó, não me digas
onde é tua pousada, onde é teu porto,
e onde moram sereias tão amigas.
Quem te ouvir, ficará sem teu conforto
pois não entenderá essas cantigas
que trouxeste do fundo do mar morto.

Como todo o resto o poeta também percebe o Recife como uma cidade azul que ferve em um frenesi modernizante, com suas ruas sendo preenchidas com carros, enquanto avenidas eram construídas para suplantar as ruas estreitas do inicio do processo colonizador e arranhas céus tomavam conta dos espaços onde até então casas eram vistas

A cidade do Recife que Carlos conheceu foi uma cidade que estava se transformando em um processo de mutação de sua estrutura urbanística, mas que ainda tinha em sua vida tons de azul, azul do céu litorâneo e do mar a encher a vida das pessoas. Ele viveu em uma Recife que fervia com a critica social e que via surgir em seu horizonte um projeto de educação como o MCP (Movimento de Cultura Popular), que estava diante de João Cabral de Melo Neto e que em breve conheceria o Movimento Armorial. Um momento histórico bastante peculiar, pré-golpe militar, um momento onde as desigualdades sociais são percebidas e colocadas nos versos das poesias como acontece no poema Chope, onde ele fala:


“Na Avenida Guararapes,
o Recife vai marchando.
O bairro de Santo Antonio,
tanto se foi transformando
que, agora às cinco da tarde,
mais se assemelha a um festim.
Nas mesas do Bar Savoy, o refrão tem sido assim:
São trinta copos de chope,
são trinta homens sentados,
trezentos desejos presos,
trinta mil sonhos frustrado.”

Mas, não foi só o chope, as desigualdades sociais, os alentos e desalentos da cidade que ele mostra em sua poesia, ele também era um apaixonado por sua cidade, uma cidade que ele descreve como ilha “metade roubada ao Mar, metade ao Rio”, uma ilha onde viveu e morreu sobre a qual escreveu:
“No ponto onde o mar se extingue
E as areias se levantam
Cavaram seus alicerces
Na surda sombra da terra
E levantaram seus muros.
Do frio sono das pedras.
Depois armaram seus flancos:
Trinta bandeiras azuis plantadas no litoral.
Hoje, serena flutua, metade roubada ao mar,
Metade à imaginação,
Pois é do sonho dos homens
Que uma cidade se inventa.”

Uma cidade na qual ele percebe e canta a praia, os subúrbios, a lua, as igrejas, o Bairro do Recife, São José, o Chopp, os oradores, os Secos e Molhados, embriagado, o que sofrem com a crueldade das dificuldades diárias que ele descreve no seguinte poema:

“Recife, cruel cidade,
águia sangrenta, leão.
Ingrata para os da terra,
boa para os que não são.
Amiga dos que a maltratam
inimiga dos que não,
este é o teu retrato feito
com tintas do teu verão
e desmaiadas lembranças
do tempo em que também eras
noiva da revolução.”

Referencias Bibliográficas

PENA Filho, Carlos. Livro Geral Poemas. (Organização de Tânia Carneiro Leão) Edição da Organizadora, Recife, 1999, 2ª edição.
FILHO, Carlos Pena. Livro Geral. Recife: Ed. Póstuma, 2ª ed. 1999.

Sites Visitados:
http://br.geocities.com em 30/10/2008.
http://pt.shvoong.com/humanities em 30/10/2008.
http://culturareligare.wordpress.com em 04/11/2008.
http://poemia.wordpress.com.br em 30/10/2008.
http://palavrarocha.blogspot.com/ em 30/10/2008.

Perguntas de um operário que lê




Perguntas De Um Operário Que Lê.
Bertold Brecht

Quem construiu Tebas, a das sete portas?
Nos livros vem o nome dos reis,
Mas foram os reis que transportaram as pedras?
Babilònia, tantas vezes destruida,
Quem outras tantas a reconstruiu? Em que casas
Da Lima Dourada moravam seus obreiros?
No dia em que ficou pronta a Muralha da China para onde
Foram os seus pedreiros? A grande Roma
Está cheia de arcos de triunfo. Quem os ergueu? Sobre quem
Triunfaram os Césares? A tão cantada Bizâncio
Sò tinha palácios
Para os seus habitantes? Até a legendária Atlântida
Na noite em que o mar a engoliu
Viu afogados gritar por seus escravos.

O jovem Alexandre conquistou as Indias
Sòzinho?
César venceu os gauleses.
Nem sequer tinha um cozinheiro ao seu serviço?
Quando a sua armada se afundou Filipe de Espanha
Chorou. E ninguém mais?
Frederico II ganhou a guerra dos sete anos
Quem mais a ganhou?

Em cada página uma vitòria.
Quem cozinhava os festins?
Em cada década um grande homem.
Quem pagava as despesas?

Tantas histórias
Quantas perguntas

Bibliografia
Sites visitados:
http://www.cecac.org.br em 13/03/2009.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Dúvidas... dúvidas... dúvidas...


Decidir criar algo da noite para o dia é fácil, decidir o que se vai criar é muito difícil... eu tô começando a pensar isso agora, decidir criar um blogger foi demasiado fácil, decidir o que colocar aqui é que tem sido osso duro de roer, faz mais de ano que tento e não consigo decidir... incrível... sou a imagem da indecisão é como aquele poema de Cecília Meireles,

"Ou isto ou aquilo"

Ou se tem chuva ou não se tem sol,
ou se tem sol ou não se tem chuva!

Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!

Quem sobe nos ares não fica no chão,
Quem fica no chão não sobe nos ares.

É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo em dois lugares!

Ou guardo dinheiro e não compro doce,
ou compro doce e não guardo dinheiro.

Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo...
e vivo escolhendo o dia inteiro!

Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranquilo.

Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.

Então fiquei um ano, sem dar as caras por aqui... Se bem que isso não é tão importante uma vez que meu Blog não é o que poderíamos chamar de frequentado, mas mesmo assim... eu poderia decidir logo do que vou tratar aqui néh...

Se vou tratar de história, ou de religião, ou de filosofia, ou de animes, talvez não importe muito a escolha, uma vez que existem milhares de lugares na net onde esses assuntos são abordados até a exaustão... mas mesmo assim, decidir do que falar não é importante apenas para quem ouve, é importante também para quem fala!!!

Mesmo que fale em um português ruim e coisas não tão interessantes!!!!!!!
__________

Recife, 01 de maio de 2010.

Bem, eu não comecei a escrever em um blog pensando em fazer amigos e amigas, receitas ou algo do gênero, na verdade eu nem sei mais qual o motivo que me levou a fazer um blog, uma vez que isso já faz três anos... mas sei que com o passar do tempo o blog foi ficando uma coisa seria, divertida de se construir, descobrir no blog a possibilidade de escrever um diário novo e já fazia tanto tempo que eu não escrevia um diário... e com a net eu posso até colar figurinhas... e nem preciso usar cola rsrsrs...

E com o prazer de escrever em um blog veio o prazer de navegar entre outros blogs e em seguida os amigos blogueiros e enfim... tem sido bom navegar por esses mares e aqui!

Esse blog é um espaço que funciona mais ou menos como um diário onde eu colo tudo que gosto, uma coisa eternamente inacabada.

Sempre penso em escrever melhor e mais, só que nunca tenho tempo ou concentração e esse diário acaba assim, meio cheio de coisas incompletas, cheio de cortes e recortes de coisas que vejo, leio ou sinto!

E na verdade sempre que eu abro essa pagina tenho a nítida impressão de que todas as coisas que gosto estão por aqui: meus livros, meus desenhos, meus amigos, mesmo os que nem sonham com esse espaço... até os meus cotidianos erros de portugueses, estão por aqui!!
__________


Recife, 19 de Abril de 2011.


Já lembrei e relembrei os motivos que me fizeram e fazem manter esse espaço firme através desses anos, mas agora estou em processo de mudanças, muita coisa anda fora do lugar, muita coisa vai mudar de lugar, eu sinto medo e frio correndo por meus ossos, vou mudar a discrição de quem sou no blog mais uma vez...
 
Deixo aqui a que usei até agora:
 
É sempre difícil responder esse tipo de pergunta. "Quem sou eu?" Bem, eu não sei, talvez seja a Jaci da minha família, talvez seja uma Pandora da net, talvez seja a Tia das crianças, talvez seja a Kreide de meus amigos, talvez seja uma "metralhadora sarcástica", talvez seja a professora de meus alunos,talvez seja uma pessoa infinitamente tola,chata, uma "evangélica de subúrbio" como disse alguém ofensivamente,uma blogueira, como atesta a existência desses espaço virtual, talvez seja isso tudo e mesmo nada disso. Vai saber?!? Em diferentes momentos me aproprio dessas diferentes identidades, depende da hora, da cor e do cheiro...

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Imaginemos uma fabulazinha onde o herói seja um certo urbanóide pós-moderno: você.


Ao acordá-lo o rádio-relógio digital dispara informações sobre o tempo e o trânsito. Ligando a FM, lá está o U-2. O vibromassageador amacia-lhe a nuca, enquanto o forno microondas descongela um sanduíche natural. No seu micro Apple II, sua agenda indica:

”REUNIÃO AGÊNCIA 10h
TÊNIS CLUBE 12h
ALMOÇO
TROCAR CARTÃO MAGNÉTICO BANCO
TRABALHAR 15h
PSICOTERAPIA 18h
SHOPPING
OPÇÕES: INDIANA JONES – BLADE RUNNER, VIDEOCASSETE ROSE, SE LIGAR
SE NÃO LIGAR, OPÇÕES: LER O NOME DA ROSA (ECO) – DALLAS NA TV – DORMIR COM SONÍFEROS VITAMINADOS”.

Seu programa rolou fácil. Na rua divertiu-se paca com a manifestação feminista pró-aborto que contava com um bloco só de freiras e, a metros dali, com a escultura que refazia a Pietá (aquela do Miguelangelo) com baconzitos e cartões perfurados. Rose ligou. Você embarcou no filme Indiana Jones sentado numa poltrona estilo Menphis – uma pirâmide laranja em vinil – desfiando piadas sobre a tese dela em filosofia: Em Cena, a Decadência. A câmara adaptada ao vídeo filmou vocês enquanto faziam amor. Será o pornô que animará a próxima vez.

Ao trazê-lo de carro para casa, Rose, que esticaria até uma festa, veio tipo impacto: maquiagem teatral, brincos enormes e uma gravata prateada sobre o camisão lilás. Na cama, um sentimento de vazio e irrealidade se instala em você. Sua vida se fragmenta desordenadamente em imagens, dígitos, signos – tudo leve e sem substância como um fantasma. Nenhuma revolta. Entre a apatia e a satisfação, você dorme.

____________
P.S.: Peguei esse texto a um tempo atrás, não me lembro mais de onde e achei bastante interessante, na época estava fazendo um trabalho sobre pós-modernidade e arquitetura, estou postando agora... engraçado, passei mais de um ano sem colocar nada nesse blog... acho até que havia esquecido que ele existe e agora em um dia coloco duas postagens, não sei se isso é um bom ou um mal sinal, só sei que decididamente não quero ser como a Rose dessa história, mas confesso que cada dia que passa temo por está me assemelhando ao rapaz em alguns aspectos... Bem, ao menos já li "O nome da rosa", assistir Blade Runner e conservo a crença Moderna em um único Deus... por hora isso me livra de alguns dos males da pós-modernidade!!!!