sábado, 23 de agosto de 2014

Escreva [Citação 009]

"Estou pedindo que escrevam cartas, que incluam acontecimentos, coisas que tenham percebido, como a mudança das estações afeta vocês ou o cheiro das flores. Imaginem morar na Índia com um macaco. Expressem a alegria de beber uma simples limonada em um dia quente. Finjam ser estranhos em sua própria casa, onde acabaram de notar uma rachadura no teto. Seria uma passagem para um cômodo oculto? Escrevam cartas para alguém que vocês viram em um restaurante. Talvez uma pessoa famosa, viva ou morta. Ou talvez para seus personagens favoritos de um livro ou filme! Perguntem coisas sobre a vida deles, as escolhas que fizeram... Sejam curiosos e libertem a sua mente de abreviações."

(Professor Wistler, Claros Sinais de Loucura, p. 34, Karem Harrington)


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Não consegui evitar de da um pulo aqui madrugada a dentro e registrar as palavras do Professor Wistler. Também escrevo, amo escrever, gosto do que escrevo e  faço minhas as palavras dele.

"Claros sinais de loucura" da Karen Harrington, tem uma pegada de literatura infantil terna, delicada, sensível. A protagonista é a Sarah Nelson, menina de 12 anos com um passado delicado. Ela escreve diários, gosta de ler, de procurar o significado das palavras no dicionário e ocasionalmente criar seus próprios significados para as palavras, enquanto procura em si mesma sinais de loucura.

Me identifico muito com ela, aos 12 anos também costumava procurar em mim sinais de loucura. Hoje procuro sinais de sanidade, mas continuo escrevendo diários, gostando de ler, de procurar palavras no dicionário e criar meus próprios sentidos para elas.

domingo, 17 de agosto de 2014

"As crônicas do Gelo e Fogo" ou "Livros com cara de Inverno" [Desafio Calendário Literário]

Seguindo firme e forte pelo caminho do "Desafio Calendário Literário" proposto pelo blog "Aceita um Leite?", Julho foi o mês no qual a lei seria ler um livro no qual o Inverno ocupasse um lugar central. Seguindo firme e forte pelo caminho do relaxamento só agora, no meio de Agosto, eu consegui reunir forças para falar a respeito da minha leitura de de Julho, a saber os volumes 4 e 5 da celebrada e sangrenta série de George R. R. Martin "As crônicas do Gelo e Fogo".


Venho lendo essa série desde 2002, o volume 1 e 2 foram um sopro, uma leitura rápida e agitada durante a qual muitas paixões foram despertadas por meio mundo de personagens. Como  não amar os Starks de Winterfell, Tyrion Lannister, Jon Snow, Daenerys Targaryen e todos os outros? Martin conta sua história de maneira a enfatizar as forças quantos as fragilidades dos personagens, deixando um e outro entrarem e saírem de destaque, mostrando e escondendo o que há por trás dos atos de cada um deles tornando muito difícil para o leitor não se envolver afetivamente com um e com outro. Mas, com o avanço da história, pouco a pouco a parte épica das crônicas vai se perdendo em um oceano de sangue, dor, agonia e mortes horrendas.


Terminar de ler "A tormenta das espadas", vol. 3 da série, foi um tormento enorme e quase desistir do livro. Mas, quando a chuva começou a cair em Recife... Bem, sei lá. Em Recife não existe inverno, aqui é a "Terra do Sempre Verão", um lugar onde no máximo chove e o suave resfriar produzido pela chuva é chamado de frio... e em meio a esse falso inverno o barulho da chuva pareceu me fazer um convite a voltar a esse mundo no qual o Inverno pode ser, e comumente é, fatal.

Foi uma decisão acertada!

A leitura do "O festim dos corvos" se mostrou agradável, o Martim já se tornou um companheiro de caminhada cuja voz e o estilo eu conheço e tenho afeição, adquirir uma quase confiança na capacidade do velho sanguento de me oferecer uma boa história. Amo a forma como ele faz as ideias de Maquiavel, Rousseau e companhia dançarem diante de meus olhos. Gosto também de como ele trabalha com a ciência "História". Como ele prende seus personagem dentro de um limite de veracidade, mesmo quando dialoga com algo como magia, afinal nunca foi consenso que magia, milagres, deuses não existem. E quero casar e ter filhos com Martin quando ele fala sobre a escravidão, o quanto ela é lucrativa, o quanto é complicado abolir a escravidão e o quanto é absurdo esse regime de trabalho do ponto de vista humano.


As pessoas esquecem, ou fingem esquecer, mas o Brasil é um país cujas bases econômicas-sociais-politicas mais antigas foram construídos através da escravidão. O comercio sangrento fez a fortuna de muitos homens e mulheres dos dois lados do Atlântico. A Princesa Izabel perdeu sua coroa quando cedeu aos altos clamores, muito altos mesmo, da população pela Abolição. E nós ainda não nos livramos da escoria que fomentou e se alimentou desse regime de trabalho. Senadores, deputados, ricos proprietários em sua maioria são herdeiros de proprietários, comerciantes e traficantes de escravos. Passaram-se pouco mais de cem anos depois daquele 13 de outubro de 1888 e ainda temos muitos "Sábios Mestres Yunkaitas" a vencer em disputas politicas.

Amei muito e mais ainda ouvir a Dany dizer:
"Escravidão não é o mesmo que chuva. Já tomei chuva, e já fui vendida. Não é o mesmo. Nenhum homem quer ser propriedade de alguém." (George R. R. Martin, A dança dos dragões, p. 243).
Obviamente não posso negar o quanto esse malvado é prolixo. Alguns autores escrevem de forma a não deixar nem uma pobre virgula sobrando, Martin deixa o alfabeto latino, árabe, japonês e chines inteiros junto com todo os sistemas de pontuação já inventados sobrando, se espremer todas as palavras que ele deixa sobrar de cada livro da para escrever mais dois. Bem, eu sei, sou a ultima pessoa que devia criticar isso no mundo, em meus posts reina a prolixidade, mas quem resiste a uma dose de veneno?!?!? hsuausah

Eu tenho vontade de comentar a respeito dos eventos de "O festim dos Corvos" e da "A Dança dos Dragões", mas eu não sou uma mega blogueira que escreve para milhares de pessoas no mundo, metade das pessoas que leem meu blog ignoram lindamente a obra de Martin a outra acompanha apenas a série da HBO "Games of the thrones" e seria pura sacanagem dar spoilers, então vou ficando por aqui.

Só faço questão de registrar aqui meu amor por Jon Snow, Tyrion e Jayme Lannister, Daenerys Targaryen, Missandei, Brienne de Tarth, Asha Greyjoy, Verme Cinzento (#AmoEsseUm), Sor Barristan Selmy, por Dorne, pelas "Serpentes de Areia" e todo "Povo Livre".
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Esse post faz parte do "Desafio Calendário Literário",
proposto pelo blog "Aceita um leite?".

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Irmãos [Citação 008]

"Irmãos são capazes de fazer aflorar a criança de 8 anos que vive em nós." (Julia Quinn, "Os segredos de Colin Bridgerton")

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A Julia Quinn é uma autora cujos livros, do inicio ao fim, leio com um sorriso no rosto. Me divirto muito e mais ainda lendo seus textos, especialmente quando ela me faz lembrar de como a convivência entre irmãos pode até amadurecer, mas a infância sempre fica conosco.