sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

"O mal-estar na cultura" & "Coisas Frágeis"

Comecei a me interessar de forma definitiva pela obra de Sigmund Freud por causa de um amigo, coincidentemente, algo parecido aconteceu com Neil Gaiman. Também foi um amigo, dessa vez  da faculdade, a me fazer ter interesse pelo autor, aliás ele até mesmo me emprestou "Stardust". O tempo passou e hoje leio tanto Freud quanto Gaiman por gosto, curiosidade e talvez até por paixão.

Ambos são autores de sinceridade incomum, sempre tenho a impressão de a titulo de desvendar a psique humana para um e contar histórias para outro, eles desvendam a si mesmo e se desnudam. Ambos possuem a coragem para expor seus ideais e isso de muitas formas me cativa como leitora e ser humano.

Nesse dia de Natal decidi escrever sobre esses dois autores, ou melhor, sobre livros desse autores porque nessa manhã acabei de ler os volumes 1 e 2 do livro "Coisas Frágeis" do Neil Gaiman e ao longo de toda leitura desse livro pensei muito em "O mal-estar na cultura", um livro de Freud cujo tema tem me inquietado nos últimos tempos.

domingo, 13 de dezembro de 2015

Exposição Fernando Pessoa - Uma Coleção


Fernando Pessoa é um dos meus amores literários mais antigos. Desde a adolescência sua poesia faz parte de minha vida de uma forma intensa e profunda, elas são parte do que sou. Ele é daqueles autores que colaboraram de forma muito definitiva com a minha forma de observar, absorver e interpretar o mundo.


Quando eu soube da "Exposição Fernando  Pessoa - Uma coleção" em cartaz no Museu do Estado de Pernambuco simplesmente sentir uma profunda necessidade existencial de ir lá viver a experiencia unica de está entre as coisas dele.

Nunca subi escadaria com tanto animo! o/

Realmente a exposição é muito completa! Contempla a vida do Fernando, com uma linha do tempo linda com fotos da infância, dos locais onde estudou, do seu pai, mãe, irmãos e irmãs, locais onde trabalhou. Até mesmo o primeiro poema do autor, escrito para sua mãe mãe, foi incluso nela.

Família de Fernando Pessoa, mãe, irmãs e o padrasto.
Fernando pequenino, a mãe e o pai que morreu ainda na infância dele.

A linha do tempo foi didática e inclusiva, mesmo alguém que só ouviu falar de Fernando Pessoa ali compreenderia um pouco sobre o poeta e sua tragetória. Eu me senti conversando com ela, mentalmente dizia: "Poxa, isso eu não sabia!" ou "É mesmo!" e "Foi assim!". Adorei as fotos dos parentes dele, me sentir conhecendo a família de um amigo.

Indo para a exposição de fato, devorei com os olhos as revistas, livros, poemas e objetos. Me senti uma fã xereta e enlouquecida. A exposição foi muito completa, facilmente levou fãs do autor a um verdadeiro estado de estase, a mim ao menos levou. Bateu até aquela vontade de voltar na calada da noite... tsc... tsc... tsc... kkkk

Isso é um bom motivo para aprender inglês

Várias edições do livro "Mensagem", no qual se conta episódios da história portuguesa.

Mar Português é um dos poemas mais conhecidos do Fernando Pessoa!


Me emocionou muito reler "Abdicação". Foi um dos meus primeiros grandes encontros com Fernando Pessoa e é um dos poemas mais marcantes de minha adolescência, mais copiados e recopiados em meus diários e cadernos de poesia.


"Tabacaria" é o texto da minha vida. Como descrever esse reencontro com o poema nas paginas de sua primeira publicação? Não há palavras!



Adiamento também é um daqueles poemas da vida sabe... Quem conhece a mim e o meu eterno sono pode até pensar que esses versos foram escritos pensando em mim.

"Tenho sono como o frio de um cão vadio. 
Tenho muito sono. 
Amanhã te direi as palavras, ou depois de amanhã... 
Sim, talvez só depois de amanhã...

O porvir...
Sim, o porvir..."

(Fernando Pessoa - Alvaro de Campos)

Além das publicações do autor, a exposição também contou com objetos do poeta como sua mesa de trabalho, maquina de datilografar e óculos.




Vários livros que fizeram parte da vida dele.




Isso sim é um box de luxo!

"Sonetos Escolhidos" de Bocage foi o livro que, segundo Ophélia Queiroz, único amor da vida de Pessoa, tinha no pijama ao morrer, guardado em um envelope de papel.


Por fim, a gente ainda pode se deliciar com uma galeria de vários quadros feitos em homenagem ao poeta. Quem tinha grana podia comprar eles inclusive.


Eu não fui sozinha a exposição. Rosely e Ana, duas amigas de trabalho foram comigo, acho que muitas dessas imagens foram obra da Aninha. Esse foi um ano nos qual nós três nos descobrimos, ou melhor, descobrimos o prazer de desfrutar uma da companhia da outra fora do ambiente de trabalho. Nós exploramos a cidade, visitamos museus, exposições e cinema. Eu já tinha me habituado a andar sozinha, tinha até esquecido o quanto é bom andar com amigas. Obrigada meninas por essa redescoberta!

Eu e a Ana!

Eu e Rosi admirando o box de luxo dos Lusíadas!
Eu e Roses xeretando nos livros!
Essa exposição foi um dos pontos altos do meu ano de 2015. Uma experiencia que eu peço a Deus para jamais esquecer... Uma alegria, um balsamo, um sonhos.... Gostaria de viver várias experiencia assim... Gostaria de qualquer dia desses me vê desembarcando em Lisboa e revendo muita coisa e descobrindo novas sobre Fernando Pessoa. 

sábado, 21 de novembro de 2015

Livros Infantis para quem tem entre 2 e 3 anos!

Esse texto poderia ter o título "Os 5 livros preferidos do "Grupo Infantil II" ou "Uma homenagem aos guerreiros", pois os livros aqui citados tem sido guerreiros da Educação Infantil. Ser lido, amado e compor o cotidiano de duas dezenas de filhotes de humanos entre os 2 e 3 anos não é para qualquer um. Precisa ter resiliência e esses livros abraçam essa valorosa missão.

Olhem com carinho seus semblantes cansados, dobrados, amassados, rasgados nas bordas, colados e grudados, são as marcas do valor que cada um deles tem. Esses livros aguentam ser manuseados, babados, dobrados, mordidos, servem de assento, mega fone e o mais que a imaginação infantil dita e permanecem fortes. Sem eles, e minhas amadas estagiarias, eu não passaria.

Sem mais delongas, vamos a eles:


1. "Tem bicho que sabe..." de Toni & Laíse é um livro de dimensões grandes e cores fortes. Ele é o top 1 na preferencia das crianças. Nele os autores mostram uma sucessão de diferentes animais e uma de suas habilidades. Nele as crianças são apresentadas a abelha, lontra, flamingo, morcego, camaleão, dromedário e etc. 

As ilustrações são enormes, coloridas e expressivas. A principio as crianças estranham alguns animais, mas logo elas aprendem os novos nomes e suas respectivas habilidades de cor e salteado e ainda assim não param de pedi e pedi, aliás a essa altura elas mesmas contam essa história, eu só observo.



2. "Sim" de Jez Alborough conta a história de um dia de banho do macaquinho Zezé. Depois de brincar muito com a mamãe na água, Zezé não quer ir dormir e faz uma birra danada. A mamãe simplesmente se afasta e fica observando ele... Logo chegam um lagarto e um elefante que se juntam ao Zezé. "Sim" é um daqueles livros sem conteúdo moralizante, o macaquinho esperto não recebe broncas ou coisa do gênero da mãe. Ela simplesmente se afasta e observa ele brincando com os companheiros até que ele se cansa, dorme e é posto na cama.

Eu tenho a teoria de que as crianças adoram o Zezé porque se identificam com ele. O segundo ano de vida de um filhote de gente pode vim, geralmente vem, temperado com muitas birras, as crianças testam a paciência do adulto até o limite. Quanto a mim gosto dele porque a Mãe do Zezé me inspira, manter o equilíbrio emocional não é fácil e ela mantém.


3. "Amigo de casa" de Stephen Barker é um coringa, como todos os livros desse post. Ele é daqueles livros cujas páginas abrem. O texto não ajuda muito caso você não o saiba de cor e tenha que ler para uma turma como a minha. Fora isso, as figuras de cada animal são 4 vezes maior que o livro, gato, coelho, cachorro e peixe são 4 animais comuns ao universo infantil, as crianças curtem muito. Sempre que leio ele puxo as tradicionais musicas do cancioneiro popular infantil, as crianças acompanham.


4. "Eu gosto de mim!" da Beatriz Monteiro da Cunha não é dos preferidos das crianças. #ProntoConfessei, mas é dos meus preferidos. Nele um elefantinho muito fofo mostra como gosta de si ao cuidar de si mesmo, fazer coisas divertidas, brincar com os amigos. Um daqueles livros para ajudar a criar um sentimento de boa alto-estima e o cuidado de si.


5. "Tanto, tanto!" escrito por Trish Cooke e Helen Oxenburg é daqueles livros tão lidos, mais tão lidos que eu já sei a história praticamente de trás para frente. Mas está na lista de "meus preferidos" e "preferidos das crianças". Atualmente eu só tenho um volume em sala, então ele é muito disputado, tem quase 4 anos de uso, já sofreu diversos acidentes de percurso. Há, ele conta a história de um bebê que "não estão fazendo nada, nada mesmo" e então vão chegando vários membros da família... para quem ninguém sabe... até que chega o Papai e... 




6. "Sou a maior coisa que há no mar" de Kevin Sherry conta a história de uma Lula gigante muito cheia de si e convencida. Ela se compara a vários animais marinhos e se sente a maior e melhor... até que é devorada por uma baleia... mas nem isso abala a alto-estima dela! kkkk...

Uma característica comum a esses livros é o fato de nenhum deles ter conteúdo moralizante. Apesar de terem um teor pedagógico proposital e serem propositalmente escolhidos para compor as bibliotecas escolares por isso, os autores não contam fabulas morais. Todos eles são capazes de ampliar vocabulário infantil, apresentar diferentes situações sociais, assim como diversos seres vivos em diferentes habitats (casa, savana, fundo do mar), ensinar o cuidado de si eles não fazem isso através de lições de moral ou um jogo de "fazer algo errado, se dar mal, se redimir", eles apenas contam uma história com a qual os pequenos se identificam, aprendizado vem como consequência.

Recomendo cada um deles, porém vale lembra: cada pessoa é unica e por mais que minhas crianças amem isso não garante que todas vão amar. O legal é ir testando os gostos da criança, as coisas pelas quais ela tem interesse e oferecer a ela trabalhos que dialoguem com os prazeres delas. Para a primeira infância ler tem que ser sinônimo de brincar.

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Sandman de Neil Gaiman


Não foi "Sandman" o responsável por me fazer amar Gaiman, quem fez essa magica foi "Stardust", um dos livro mais relidos por mim na face da Terra. Porém, conta-se ter sido "Sandman" o responsável por fazer do inglês Neil Gaiman um autor mundialmente conhecido ao longo da década de 1990.

Em poucas linhas, pode-se dizer que "Sandman" é uma série de história em quadrinho com nada menos que 75 números publicados entre 1989 e 1996, todos roteirizados por Neil Gaiman contando com vários outros gênios para dar os contornos de desenhos, cores e letras.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

TAG: Os miseráveis

Ao longo de 2015, eu e o Alexandre decidimo ler juntos "Os miseráveis" do francês Victor Hugo. No agarramos a edição da Cosac Naify, ele pegou a edição física, eu me agarrei a digital e seguimos por essa aventura com direito a banner e tudo.

Ao longo do caminho algumas pessoas se juntaram a nós, mas diferenças de filosofias bloguisticas, ritmo de leitura e até mesmo empatia acabaram nos separando.

Outra coisa que aconteceu no meio do caminho foi a elaboração de uma tag baseada em alguns dos personagens do tomo 1 do livro. A ideia é que a gente procure na nossa estante afetiva sete livros que lembrem sete personagens do "Tomo I: Fantine".

Como ando mal das pernas bloguisticas, demorei uma vida para reunir força espiritual para responder essa tag, mas cá estarão as minhas respostas.


1. Bienvenu, Bispo de Digne: Um livro que te abraçou quando você mais precisava.



Há algum tempo eu fiz um post para o "Blog da Elaine Gaspareto" sobre esses livros com propriedades acolhedoras. Aqui, no entanto, só se pode citar 1, então citarei "O livro das coisas perdidas". O John Connolly tem uma escrita sutil, firme, realista mesmo quando trata de fantasia e da a sua história um desfecho absolutamente redondo e firme, do tipo que te abraça e empurra para frente.

2. Jen Valjean: Um livro que precisou de uma segunda chance.


Aqui não vou citar um livro, vou citar uma autora: Cecelia Ahern. Minha primeira experiencia com ela foi morosa, lenta e frustrante, esperava uma coisa e recebi outra, não tive empatia com a protagonista. Totalmente oposta a experiencia com "A lista", não esperava nada desse livro e ele me deu tão mais do que eu esperava que já solicitei ao Alexandre o próximo livro dela.


3. Madelaine: Um livro que parece uma coisa, mas é outra.


"O começo do adeus" é tudo o que a capa não diz dele. Quem protagoniza a história é um homem, o Aaron, que perdeu a esposa em um acidente tão repentino quanto esquisito e precisa lidar com o enorme vazio deixado por ela... Precisa encontrar formas de dar adeus a uma pessoa central na vida dele. Como tudo da Anne Tyler esse livro tem uma pegada forte na psicanalise, não é nada açucarado, fala de pessoas comuns como eu e você e é muito fácil se identificar com os personagens... Em nota, a esposa do Aaron era uma médica negra NADA HAVER com a mulher da capa.

4. Fantine: Um livro cujo o fim de te fez chorar.


"Marina" do Zafón, foi um dos melhores livros do ano até aqui. Depois de Neil Gaiman Zafon foi o autor que mais divinamente vi flertar com os clássicos da literatura ocidental. Ele consegue construir uma Barcelona capaz de encher Alan Poe de orgulho, executa a arte de tornar o absurdo plausível como Kafka e se apropria da ciência para fazer o horror acontecer como Mary Shelley. Aliás, ele homenageia esses autores em seu livro... E quando eu estava totalmente embebida nessa vibe, ele simplesmente me matou de tanto chorar! Livro perfeito, redondo... lindo!

5. Tholomyès: Um livro que foi abandonado.


Eu tentei, juro que tentei, mas não consegui avançar em "História das Assembleias de Deus no Brasil". Letra pequena, linguagem apologética, aquele português difícil... Um dia quem sabe... 

6. Cosette: Um livro infantil pelo qual você tem muito carinho.


Sou apaixonada por "Alice no país das maravilhas", o livro parece uma história de terror, mas a aventura da menina no mundo além da toca do coelho continua me encantando dia após dia, ano após ano da mesma forma que encantava quando há vinte (Deus passaram-se duas décadas) anos atrás.

7. Javet: Um livro cuja leitura foi sofrível.


Não que "Eu estava aqui.... e você?" seja um livro ruiiiiiiiiiiiiiim.... É que eu não me identifiquei mesmo com a protagonista. O Neir Ilelis foi professor de português e como tal conseguiu reproduzir muito bem, embora essa talvez não fosse sua intensão, o lado b da rotina de uma escola... Acho que isso bastou para que eu antipatizasse com sua protagonista e toda sua aventura tornando a leitura sofrível.

Quem quiser responder a tag, sinta-se convidado. Se e quando fizer, deixa o link aqui para que eu possa vê!

domingo, 27 de setembro de 2015

Em pausa...

Estou tentando juntar coragem e animo para atualizar o blog...
Ultimamente está difícil.
Poderia argumentar para justificar: tempo, trabalho, dividir o computador... mas na realidade é só animo mesmo...
Escrevo para constatar o obvio e tentar voltar a escrever com regularidade...
Se a tática não funcionar já sabem.... Eu to viva, continuo olhando os blog amigos e comentando quando posso... pois realmente tenho trabalhado com constância e divido o computador com minha irmã e ainda não consigo lidar com comentar via celular.

Cheros Gente, até nosso próximo encontro...

domingo, 13 de setembro de 2015

Ensino de história, alunos, docência e fracassos pedagógicos...

Nesse momento deveria está planejando as aulas de amanhã, mas acabei de corrigir umas provas, quase tive um ataque cardíaco de tanta raiva.

Precisei parar...

Fui botar meu almoço de amanhã no fogo, porque cozinhar me relaxa e agora preciso pensar.

Penso melhor quando escrevo, então estou aqui tentando avaliar o tamanho do estrago e o que fazer com ele.

Não tenho problemas com todas as minhas turmas. Na verdade esse ano está sendo um balsamo para as feridas do ano passado. Mudei totalmente minhas estratégicas didáticas com os sextos anos e vejo dia após dia o quanto eles facilmente se envolvem no conteúdo desde os nossos primeiros momentos.

A despeito das urgências tecnológicas, tenho usado muito com meus alunos do sexto ano objetos concretos, fotos palpáveis, livros, narrativas mitológicas, mapas, rodas de conversa, contação de história. Os resultados não podiam ser melhores! Eles viajam, exploram os documentos, boa parte dos alunos fazem analises interessantes, quando não chamam atenção para detalhes que até hoje tinham passados despercebidos a mim.

Me pego e me peguei muitas vezes me aprofundando nos meus próprios estudos da Antiguidade Ocidental e explorando a Oriental devido a debates nascidos nesses sextos anos. É uma delicia trabalhar com eles, está com eles. Aliás, esse fim de semana me peguei vendo um filme indicado por uma das minhas alunas do sexto ano.

"Mr. Peabody & Sherman" é uma interessante aventura pelo passado. Não cheguei a vê no cinema, adorei ter visto. Adorei mais ainda ter visto por indicação de uma aluna.

A Educação Infantil também não tem me oferecido desafios além da conta. Na verdade, percebo cada vez mais que a "Educação Infantil" como um lugar de conforto. Apesar de exigir muita transpiração, movimento e força, cumpri sua rotina se tornou algo fluido e intuitivo. Está com as crianças é exaustivo e trabalhoso, mas também prazeroso e reconfortante. Me sinto em equilíbrio comigo mesma quando vejo mais uma tarde indo embora.

Não contém a ninguém, mas tenho pensado muito na possibilidade de uma nova graduação em pedagogia focada em estudos voltado totalmente para a educação infantil. Me digam o que vocês acham! Sejam sinceros: é uma boa ideia, ou é loucura?

Meu desafio é esse sétimo ano! Fico me perguntando o que fazer e não chego a uma resposta satisfatória. Troco a didática e piora! Queria envolve-los, o conteúdo do sétimo ano é tão bom! Mas, só para citar um exemplos, se levo um livro de arte com obras de Leonardo da Vinci para debater o Renascimento, alguém jocosamente pergunta: "Professora, quando a aula vai começa?". Vou corrigir os livros... Oh Deus, parece que eu sou a única pessoa que costuma abri-los... Tem livro com cheiro de novo em SETEMBRO! Chamo os pais e mães dos mais negligentes, eles confessam não saber o que fazer. Depois do resultado de hoje penso seriamente em dar um esporro neles amanhã! Mas, se esporro resolvesse, bem, essa avaliação não teria sido um fracasso!

Também não me conformo com o fracasso, me RECUSO! Não gastei quase uma década da minha vida aprendendo história para ser facilmente vencida.

Estou aqui respirando fundo, olhando para meus livros, as avaliações empilhadas, minha inseparável caneca de café... O tempo de cozimento da se encerrou... Acho que vou voltar aos planos de aulas!

sábado, 5 de setembro de 2015

Uma foto da infância pendurada no varal...

Escolher uma foto da infância para mim não foi um exercício fácil. Há quase 30 anos atrás a sensibilidade das mães e pais na hora de fotografar os filhos era outra. Os momentos a serem fotografados eram escolhidos com cuidado, só os momentos significativos ganhavam a honra do registro.

A foto que escolhi não é minha melhor foto de infância, talvez se minha mãe chegar a vê esse texto ela vá brigar um pouco comigo, afinal ela expõe a parte de trás do quintal da vizinha da frente (na época minha tia) e ele não está apresentável.


Essa foto foi tirada por Painho, eu tinha dois anos e três meses, nesse dia Mainha não estava em casa ela tinha ido dar a luz a Junior e eu estava sob os cuidados de Tia Neide, todas as vezes que olho essa foto tenho a sensação de voltar no tempo sabe... Eu lembro desse ocasião, de vê Painho desarmando o berço, de ver ele mexendo nas peças, de sair de casa e fazer perguntas a ele, do sentimento de ansiedade, um pouco de tensão diante da situação nova, lembro dele decidindo tirar a foto.

Não lembro de tia Neide protestar contra o vandalismo fotográfico de tirar uma foto com a menina vestindo roupas de casa e com pés descalços, mas Tia Neide diz que houve e ainda reclama quando vê essa foto, mas faz isso rindo. Também costumo me perguntar como fiquei sem sandálias tempo suficiente para a foto se  uma das lembranças mais fortes da minha infância é da grande proibição de sair de casa sem sandálias nos pés.

Acabei escolhendo essa foto porque no ultimo dia 3 de Setembro meu irmão completou 27 anos, pensei em escolher uma foto com ele, mas me ocorreu que essa foi a minha primeira foto com ele, acho que foi nesse dia que meu irmão nasceu para mim, o dia que virei irmã mais velha, umas das minhas "identidades" favoritas e mais definidoras das características gerais da minha personalidade.

Se você quiser conhecer um pedacinho de outras infâncias,

quarta-feira, 29 de julho de 2015

O que farei e o que não farei [Citação 011]

"Eu vou dizer-te o que farei e o que não farei. Não irei servir mais aqueles nos quais eu já não acredito, quer seja a minha casa, a minha pátria ou a minha igreja: e vou tentar exprimir-me nalguns modos de vida ou de arte tão livremente quanto possa e durante o tempo que puder, utilizando para minha defesa as únicas armas que me permito usar: - Silêncio, Exílio e Astúcia." (James Joyce - A Portrait of the Artist as a Young Man)

Encontrei há muito tempo essa fala do James Joyce pelos descaminhos da internet em um lugar que, hoje descobri, já não existe mais.

A parte isso, já há muito tempo adotei essa expressão do James Joyce como lema de vida e vou seguindo... Não sou muito boa em astúcia, mas exílio tem se tornado uma especialidade e espero logo aprender as artes do silêncio.

domingo, 19 de julho de 2015

Você já ouviu falar sobre a Síndrome de Möebius?

Você já ouviu falar da "Síndrome de Möebius? Não? Pois é, até conhecer a Erica Ferro eu também não tinha ouvido NADA sobre essa síndrome, mas um belo dia no Twitter eu conheci essa pessoa e descobrir com ela algumas coisas que eu não sabia.

Hoje a Erica escreveu um texto com cara de confissão no qual ela conta sobre a Síndrome de Möebius, me emocionou, fez pensar. Como disse a Erica lá no blog dela, crescemos e nos desenvolvemos ouvindo várias mentiras, tais como:
  • Existe um padrão de beleza que nos torna felizes;
  • Existe um jeito certo de ser;
  • Existe um tal de padrão de normalidade.
  • Se as pessoas não te acham bonita, então você é feia.
A gente escuta tanto essas mentiras que boa parte das pessoas acreditar nelas e vive buscando esse estilo de vida que para mim é um tipo de morte. Porém, muitos não são todos, há aqueles que descobrem as suas verdades sobre beleza, normalidade e formas diferentes de ser... Algumas dessas pessoas prefere se esconder do mundo e viver se achando um floco de neve único, especial e solitário, outros gritam ao mundo suas descobertas, pois sabem que, como diz a Bíblia, quando a gente conhece a verdade pouco a pouco ela vai nos libertando.

A Erica Ferro é esse tipo de pessoa com personalidade e capacidade de gritar ao mundo, ela explica direitinho o que é "Síndrome de Möebius". Só desejo divulgar o texto dela aqui.


Ah, só para constar: pessoas com Möebius são expressivas!

terça-feira, 14 de julho de 2015

Quando me encontrei em um livro...

Encontrar-se consigo mesmo dentro de um livro não é raro para pessoas para as quais a leitura é uma rotina. Vez ou outra estamos lá lendo aquele livro e de repente acontece... e quando acontece não é raro que a gente tenha um momento de catarse emocional.

Há alguns dias atrás, a convite do Alexandre Melo me peguei lendo "A lista" da Cecelia Ahern. Não foi meu primeiro encontro com a autora, então apesar de esperar um bom texto e uma boa história, não esperava esse tipo de encontro.

Engraçado, no meu primeiro encontro com a Cecelia espera muito dela e ela me deu bem menos, nesse segundo encontro não esperava nada e ela me deu uma pequena porção de tudo. Bem, isso me leva a pensar que quando dizemos "todos merecem uma segunda chance" é bom incluir autores nisso.

A história contada em "A lista" me pegado desde o começo, sentir empatia pela protagonista nas primeiras páginas, mas foi o encontro com a história da Eva Wu na reta final a minha grande catarse. A Cecelia me enterneceu e surpreendeu!


Não escrevo nesse blog diariamente, mas esse blog tem mini-pretensões à diário e um diário também se faz de pequenos registros... Esse post foi escrito pela minha necessidade de guardar em um lugar quente e pessoal esse acontecimento, mas se alguém desejar saber um pouco mais sobre minhas impressões a respeito desse livro pode passar lá no blog do Alexandre, fiz a resenha do livro para ele e deixo o link.



sábado, 11 de julho de 2015

Era uma vez uma turminha de crianças...


Era uma vez uma turminha de crianças de dois a três anos de idade, eles amavam livros e leitura.
Todas as tardes, mesmo quando a educadora estava indisposta, eles exigiam seus livros e suas histórias.
Essas crianças amavam tanto as histórias a ponto de serem capazes de contagiar quem estava em volta.
Eles levavam até pós-adolescentes que não leem nem pra si a se debruçar sobre livros.
Todas as tardes essa turminha renova a crença de uma certa educadora em seu trabalho.
Graças a eles todas as tardes a educadora volta a acredita em si, no seu trabalho, em suas escolhas.
Olhando eles agarrarem cada um seu livro preferido ela se sente estranhamente realizada.
As vezes ela não sabe se ri ou chora e na duvida, sendo geminiana, faz os dois.

domingo, 5 de julho de 2015

Top 10: Melhores Livros de 2015.1

Já é tradição, em Julho, seguindo o ideia do Luciano do .Livro, faço a lista dos dez melhores livros do semestre. Segundo ele mesmo disse, essa post é um ode ao "tempo que não para".

Sobre a lista, ela foi feita seguindo a ordem da conclusão de cada livro e não de preferência. Os livros citados aqui se equivalem em questão de qualidade. Como não escrevi resenha para cada um deles, optei por comentar cada um deles.


"Ratos e Homens" de John Steinbeck, o Luciano foi o responsável por colocar John Steinbeck no meu mapa afetivo. Em fins de 2014 vi a resenha desse livros no .Livro, o interesse foi imediato. Steinbeck é um observador atento e um contador de histórias consciencioso, a história de todos os personagens é contada de uma forma ou de outra e no final... no final não tem como não se emocionar. "Ratos e Homens" tem peso emocional, nele conhecemos o cotidiano de trabalhadores rurais temporários, homens que vagam de lavoura em lavoura trabalhando muito para ganhar pouco.


"Universo Desconstruído: Ficção Científica Feminista" é trata-se de uma coletânea de contos de diferentes autores e autoras com uma abordagem feminista. Quem me conhece sabe que sou feminista, consequentemente atormentada consciência de que mulheres são seres humanos plenos em possibilidades de ser e está no mundo. Navegar pelas histórias contidas nesse livro é uma experiencia deliciosa, inquietante, instigante e diferente, devo a ele uma resenha completa, sei disso. Por hora, você podemo conferir a opnião da Sybylla lá no Momentum Saga, o e-book é gratuito.


"Morte: Edição Definitiva" de Neil Gaiman. Morte dos Perpétuos tem sido minha personagem preferida do universo de "The Sandman" desde o primeiro encontro. Foi uma realização pessoal ter em mãos todas as suas histórias em um volume. E sim, a caneca da foto foi um presente do Alexandre. Como não amar pessoas que respeitam meu gosto por essa personagem conscienciosa, empática, amorosa e fiel aos seus princípios e responsabilidades?


"Mentirosos" de E. Lockhart, ganhei esse livro em um evento promovido pela Editora Seguinte aqui em Recife. De cara classifiquei ele como "drama dos muitos ricos" e rejeitei por longo tempo. Mas, um dia o livro chamou o meu nome, respondi e me deparei com uma autora surpreendente. E. Lockhart é uma mestre contadora de histórias, certeira, não desperdiça palavras, nos faz caminhar em sua história sem que sintamos o peso dos passos e então nos oferece um desfecho inacreditável do tipo "só lendo para saber".


"Kiki de Montparnasse" de Catel e Bocquet. Aaah como não amar a história da simpática Kiki de Montparnasse? Só de pensar nessa HQ me vem um sorriso ao rosto. Kiki viveu no inicio do século XX em meio a boemia francesa, foi uma mulher dona de si e de seu corpo com um coração enorme capaz de inspirar vários artistas tanto no terreno da pintura quanto no da fotografia. Ela foi uma mulher livre, viveu segundo suas normas e desfrutou da experiencia de exercer sua liberdade. A forma despretensiosa, quase zombeteira, com a qual ela sustenta a si nos quadros e fotos já me inspirava antes de conhecer sua história.


"Violent Cases" de Neil Gaiman e Dave McKean. Minha coleção de Neil Gaiman só cresce, assim como minha sensação de intimidade ao adentrar nesse mundo despretensioso, porém cativante criado por ele. Em "Violent Cases" um homem rememora um episódio de sua infância onde o osteopata de Al Capone, festas infantis e situações de violência se encontram. A proposito, o produto da soma "Gaiman + McKean" tende a ser algo levemente perturbador.


"Precisamos Falar Sobre o Kevin" de Lionel Shriver: por esses dias um rapaz entrou em uma igreja americana e matou várias pessoas. Tal fato causou comoção, o próprio presidente Obama esteve no velório das vitimas, citou cada uma delas pelo nome, entoou um cântico espiritual com os parentes e amigos das vitimas. Me arrepiou a situação, me arripa a recordação. Situações assim parecem ser dolorosamente comum nos EUA e Lional Shriver se propõe a refletir sobre como esse tipo de jovem é gestado ao contar a história de Kevin Khatchadourian, 16 anos – autor de uma chacina que liquidou sete colegas, uma professora e um servente no ginásio. Quem narra a história é a mãe dele, sempre o réu principal no tribunal social no qual são distribuídas as culpas.


"Azul é a Cor Mais Quente" de Julie Maroh. Pensando nesse livro me pergunto se houve algum momento na história do Ocidente no qual a homoafetividade fosse tão discutida e os homossexuais brigassem com tanta coragem por seus direitos. Uma das personagens de "Azul é a cor mais quente" é militante nessa batalha, mas o HQ não é sobre isso. Ele é sobre amor, solidão, dor, desamparo. Como disse o Rafael, em raro momento de lucidez: "Não é uma história de amor, é um drama!". Mas também não é só drama, é belo, humano, cálido e inesquecível. Obrigada Rafael!


"A Vida Privada das Árvores" de Alejandro Zambra. Pense em um texto no qual não sobra uma misera palavra, virgula ou adjetivo. Pensou? Pois eu também, e a minha resposta imediata foi: "A vida privada das árvores". Esse chileno escreve com lirismo, atenção ao cotidiano e economia de palavras. Em um mundo cada vez mais prolixo, onde é comum usar muitas palavras para dizer "pouco e menos ainda", ler um texto assim é um refrigério para a alma, uma lição de escrita também.


"O Príncipe dos Canalhas" de Loretta Chase, esse livro foi quase um alivio cômico em um "TOP 10" onde reinaram dramas. A Loreta Chase é divertida, tem escrita leve e um pouco fora do comum. Ri muito lendo "O príncipe dos canalhas", me apaixonei pelo Lord Belzebu, estou pedindo mais dessa autora para a minha vida. Como ela escreve bem e é humorada!



Menções Honrosas: nesse primeiro semestre de 2015 tive o prazer de reencontrar dois velhos e queridos amigos. Eles estava com roupas diferentes das usadas em nossos encontros anteriores, mas não menos honrosas. "O Amante" de Marguerite Duras veio em forma de e-book e "Stardust: O Mistério da Estrela" de Neil Gaiman em formata de livro ilustrado. Esses livros são velhos amigos, com os quais é bom reencontrar pois trazem consigo tanto novidades como histórias inesquecivelmente acolhedoras, reler é como reencontrar consigo mesmo em tempos diferentes.

Ponderações sobre as leituras a partir da lista:
  • O kobo me conquistou, possui um grande espaço em minha rotina de leituras. Metade de meu top 10 ser composto de e-books denuncia isso;
  • Neil Gaiman pode não ser meu autor preferido, mas é mais lido. É o único autor com 2 livros na lista;
  • HQs é definitivamente um dos meus gêneros textuais preferidos, dos 5 livos físicos, 4 são HQs; e
  • Nossa como teve drama nesse "TOP 10", ao menos 4 livros tiveram essa pegada, para o próximo semestre mais amor por favor!
Para conferir a lista do Luciano, clique na imagem abaixo!