domingo, 26 de março de 2017

Jonas e o Circo Sem Lona


Por esses dias a Tina, que conheci através do Blog da Tina, me contou através das redes sociais a respeito do filme-documentário "Jonas e o Circo Sem Lona" em cartaz no Cinema São Luiz. Obviamente não me permitir perder a chance de ir e, como a experiencia foi significativa, também não me permito deixar de fazer um registro.

O documentário aborda como Jonas, um adolescente cuja família nasceu e cresceu no circo, porém decidiu deixar a lona e seguir outro rumo. Ele simplesmente não se adapta a essa vida sem circo, então, estimulado por seu desejo e apoiado pela avô, decide montar um circo no quintal de casa junto com seu grupo de amigos.


Ao longo do filme nós acompanhamos a experiencia mágica do Jonas de criar e administrar seu circo no quintal em meio ao banho de água fria do cotidiano vivenciado no subúrbio de uma grande cidade colonial.

Nos subúrbios as mães conscienciosas como a do nosso garoto sabem que crianças não podem ser entregues unicamente ao luxo de viver seus sonhos, elas precisam bem cedo encarar as realidades da vida, como por exemplo a necessidade urgente de obter o máximo de educação escolar possível. Toda a rotina vivenciada pelo menino e sua família me foi muito familiar, eu me senti em casa na verdade.


É comovente acompanhar a luta da mãe do garoto para prover sua família e manter Jonas na escola regular. Ela parece está constantemente nadando contra a maré dos desejos dela e dele, mas permanece firme na direção que considera a melhor possível para ele.


É desamparador perceber o quão infeliz o menino é na escola que não desperta nele interesse algum. A educação escolar para ele é um grande blá blá blá sem utilidade muito clara e, naturalmente, ele vira as costas para a escola. Aliás, acho compreensível uma criança/adolescente não compreender a importância da escola ou o quanto ter acesso a ela é um direito duramente conquistado e não uma imposição difícil de suportar. Porém, é muito irritante ver educadores não compreenderem a importância de crianças como Jonas para a escola e simplesmente optarem por carimbar ele com um "não é exemplo para ser seguido".

É muito forte o momento no qual uma das educadoras da escola convida a cineasta para ter uma conversa sobre o Jonas. É triste como o menino por não ter interesse pelos conteúdos escolares é desqualificado por ela. Também acho pesado sobrecarregar adolescente ou crianças com bom desempenho escolar como "exemplos a serem seguidos".

Sempre penso que a crianças e adolescentes deviam ter liberdade para SER e PONTO. Unicamente SER já devia bastar e Jonas É. Só isso já faz dele um personagem e tanto.

O filme está em cartaz até 29 de março nas principais capitais!


quinta-feira, 16 de março de 2017

Pequeno dialogo...


Hoje, sentada nos bancos de pedra do espaço próximo a piscina onde venho praticando natação, olhei para minha companheira de aula e disse:

"Sinto que a melhor parte da minha rotina atualmente é sentar aqui depois da aula nesse vento com essas árvores."

 Ela respondeu:

"É a melhor parte da minha também."


Só queria registrar isso mesmo...

quinta-feira, 9 de março de 2017

A copa das árvores: uma nota sobre gratidão


Estou apaixonada pela experiência de sentar em um banco de pedra, olhar para cima e observar a copa das árvores e o azul do céu além delas.

Quando o vento ou a briza passa e bate em mim, nas folhas, nos galhos e em tudo o mais sinto uma gratidão por tudo e por nada.


Nesses momentos sinto uma alegria tranquila por existir, uma sensação de equilíbrio no meio do meu desiquilíbrio cotidiano.

Estando assim, nesse animo sereno, um pé dentro e outro fora do devaneio, é muito fácil acreditar na probabilidade do milagre, da magia ou até evolução humana. Quem sabe o que raios esses ventos carregam ou quais segredos as árvores sussurram através de suas folhas?!?!?

domingo, 5 de março de 2017

"Onde cantam os pássaros" de Evie Wyld


Ler "Onde contam os pássaros" da Evie Wyld é experiencia inusitada tanto por não ser narrado de forma linear como por contar uma história cheia de violências sem apelar para o drama. As armas que a Wyld usa para conta a história de uma criadora de ovelhas mistérios foi cheia de lirismo suave diluído em texto que mesmo não linear se mostrou de fácil compreensão.

quinta-feira, 2 de março de 2017

Agreste...


Reza o dicionário que Agreste é uma palavra que vem do latim agrēstis podendo ser utilizada como um adjetivo de dois gêneros e também um substantivo masculino. O adjetivo se refere aos campos; silvestre, selvagens ou o que contraria convenções citadinas; não cultivado, rústico, caracterizado pela aspereza, rigor, grosseria. Já o substantivo masculino se trata de uma zona fitogeográfica do Nordeste do Brasil, próxima ao litoral, entre a mata e a caatinga, de solo pedregoso e vegetação xerófila.

Nesses dias de Carnaval a Região fitogeográfica Agreste situada no estado de Pernambuco foi meu destino e pelo muito que amo essas terras de campos áridos, rústicos, ásperos e rigorosos sempre fico tentada a não deixar esses momentos passarem sem um registro.


Não é que eu não ame Recife, eu amo, mas além do litoral, longe da influência do mar tudo é tão diferente... Da forma como o sol esquenta nossas cabeças ao chão no qual pisamos, tudo é outro mundo. Um mundo mais solido no qual a areia da lugar a rocha e as pessoas parecer ser mais fortes e mais resilientes feitas de uma fibra mais difícil de ser romper, uma fibra agreste.


É difícil até escolher palavras para falar das pessoas do Agreste e do Sertão, pois vivendo no limite entre o muito pouco e o quase nada elas conseguem receber quem chega com uma generosidade difícil de acreditar.


Atualmente o interior do Nordeste enfrenta talvez a maior seca dos últimos cinquenta anos... É uma situação terrível, não só as plantações minguam como o gado seca ao sol. Ao longo das estradas não é raro encontrar carcaças de bois e bezerros secando a míngua. Qualquer que seja a crise que os habitantes da cidade passem nos últimos tempos me parece que lá é pior e mais difícil, mas incapaz de tirar a capacidade dessas pessoas de acolher quem chega com sorrisos, abraços e histórias.


Vez ou outra Claudineia me arrasta para visitar o povo dela e invariavelmente me emociona a forma como sou recebida, acolhida e respeitada. Nunca deixo de me impressionar como, mesmo envolvidas em um tecido de dramas, dificuldades e escassez, as pessoas não esquecem de serem gentis, acolhedoras e honestas em seus afetos.

Mais uma vez minhas andanças por esse mundo do Agreste beirando o Sertão foi repleta de aprendizados, abraços, sorrisos e bons momentos... Só agora mesmo, repassando as lembranças das nossas aventuras, analisando os momentos, não encontrando palavras adequadas para descrever as coisas e me perguntando o quanto esse post vai ficar sem um sentido claro, me bate vontade de chorar...


O Agreste, com sua natureza árida e pessoas fortes, consegue ser didático e lúdico ao mesmo tempo. São das coisas que abraçam enquanto ensinam sobre a importância de não cair e desmontar ou sobre como vez ou outras nós precisamos inventar truques para enganar a dor enquanto esperamos a próxima chuva no meio da maior seca de nossa história.