segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Segunda-feira!!!



É, pois é, néh?!?!? Fim de férias... De volta a rotina de todo dia... Acordar cedo, dormir tarde... Ler o que eu não quero... Minha vida estava tão boa... Trabalho de meio expediente... o resto do dia livre... acorda a hora que quer...

É, mas o ano letivo começou e a primeira segunda-feira chegou com tudo... Eu gosto do meu trabalho, mas também estava gostando das minhas férias \o/


E sim, eu detesto Segunda-Feira! Pense em um dia que me da até uma angústia... 

Eu concordo com o Garfield, o ar da segunda da alergia, já acordo sufocada, angustiada, tudo de novo, as mesmas mães ignorantes, as mesmas mães que pensam que você é uma idiota, a mesma gestora insuportável, as mesmas dificuldades de estrutura, o mesmo salário triste...

Depois Rafa pergunta pq o despertador do meu celular é They Say. É tão óbvio, meu mal-humor matinal precisa desse tônico, depois eu vou no ônibus escutando Sérgio Lopes para ter paciência e Cazuza, pq... ah, pq eu gosto de escutar Cazuza.


E sim, é preciso ter muita paciência para aguentar o aperto, as cutuveladas na cara, a péssima qualidade do transporte urbano, o calor matinal, aquele congestionamento monstro de todo dia, alguém que sempre acerta o foco da dor do meu ombro...

Uma vez alguém me disse que eu devia ficar feliz, afinal "eu tenho ombro pra doer, tenho emprego, não sou apenas eu que sofro no transito, no ônibus...no aperto...".


Tudo verdade!!! Só que na segunda, jogo do contente não dá, não consigo da uma de Poliana no primeiro dia da semana... a partir da terça a coisa já melhora, mas na segunda... realmente não dá, não sou eu, é ela... Segunda não devia existir, mas já que existe devia ser feriado!


_______

Recife, 03 de Julho de 2011.

É impressionante como todo domingo e toda segunda esse post sempre é super consultado... Na verdade eu mesma morro de vontade de repostar ele toda segunda-feira....

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Um encontro com o Carnaval!

Pois é, hoje, andando pelas ruas do centro do Recife eu topei com o Carnaval, personificado na sonoridade do frevo ele sorriu para mim largamente, mas, tragédia das tragédias, seus olhos estavam tristes.

Eu explico:

Graças a minha orientação religiosa eu não brinco o Carnaval e nem sou uma grande fã, mas moro em Recife e todo recifense sente o Carnaval de alguma forma e tem algo que marca os carnavais de sua infância  e uma opinião a respeito da festa e de seu significado: orgia, bagunça, a melhor coisa do mundo, exemplo de diversidade cultural, alegria, alienação, gasto desnecessário de dinheiro público, um feriado legal... etc... E olha, néh que para mim o Carnaval é "um frevo que sorri com olhos tristes".

Acho que tenho essa ideia por causa do meu pai que sempre escutava o Moacir Franco cantando Turbilhão desde o Natal até a Pascoa, em todas as bebedeiras dele tem obrigatoriamente que tocar,  e, por incrível que pareça, eu gosto dessa canção, escutando o frevo lembrei dela.

Turbilhão sempre me parece uma musica melancolicamente verdadeira, não fala do Carnaval, ela fala da vida... Ele coloca o Carnaval como uma metáfora da vida, por trás do barulho agitado, da correria desvairada das pessoas, das festas, alegrias, trabalhos, lutas, bagunças, dos sorrisos, da busca incessante por um sentido para tudo a gente vive apenas escondendo as muitas dores com fantasias, correndo atrás de uma Colombina que está sempre um passo a nossa frente, corremos e nos cansamos, então paramos, respiramos, pensamos em esquecer... Esquecer? Que nada! Só estamos recarregando para continuar, para recomeçar nossa caça as "colombinas azuis".

Queria dizer alguma coisa a mais, algo que lembrei enquanto caminhava ouvindo o som de Turbilhão pelos ouvidos da memória. Algo me fez ver no céu tons de lilás, mas não estou encontrando as palavras certas... Então vou terminando esse post com a letra e a canção, acho que vale a pena ouvir, meu gosto musical não é, nas palavras da minha irmã, "essa coca-cola toda", mas essa não é das piores.




Moacir Franco - Turbilhão

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Turbilhão
Moacir Franco

A nossa vida é um Carnaval
A gente brinca escondendo a dor
E a fantasia do meu ideal
É você, meu amor

Sopraram cinzas no meu coração
Tocou silêncio em todos clarins
Caiu a máscara da ilusão
Dos Pierrots e Arlequins

Vê Colombinas azuis a sorrir laiá
Vê serpentinas na luz reluzir
Vê os confetes do pranto no olhar
Desses palhaços dançando no ar

Vê multidão colorida a gritar lará
Vê turbilhão dessa vida passar
Vê os delírios dos gritos de amor
Nessa orgia de som e de dor

La lalaia lalaia lalaia



"Persépolis, vol. 1" de Marjane Satrapi


Eu comprei minha edição de Persépolis há uns três anos atrás, um pouco antes de ter saído o filme francês que tratava da mesma história e eu estava tão atolada de coisas para fazer que só agora depois da faxina de Dezembro quando eu reencontrei minhas duas edições, o volume 1 e volume que tem a história completa., que tive tempo de terminar de ler tudo, tanto que ainda estou entre encantada com a história e digerindo ela.

Persépolis é um trabalho lindo, com ele Marjane Satrape brincando de contar sua história, acaba contando  uma face da história do seu povo, dos Iranianos descendentes dos antigos e poderosos Persas. E sim, quando os artistas decidem contar episódios da história de seu povo é sempre bom a gente se segurar, pq costuma sai dessa experiência coisas muito boas.

Ela coloca a gente pra fazer uma viagem que começa quando os árabes invadem a Pérsia em 642 d. C. e derrubam a dinastia dos Sassânidas, passa pelo século XII e os mongóis, caminha pelas idas e vindas dos mundo muçulmano, chega nas Guerras do século XX e cai em 1980, um ano após a Revolução islâmica e enfim chega a garotinha fofa que ela era aos 10 anos de idade.

Então a gente conhece uma menina iraniana  "normal" que vive o inicio de uma revolução com toda as suas problematicas e é isso mesmo que ela mostra com seus traços vigorosos e seu bom humor, tanto que o primeiro "capitulo" diz respeito ao uso de véu, que em 1980 passou a ser obrigatória e como as crianças encaram isso de forma super descontraída na escola sem entender o porque daquela novidade, aliás, as questões referentes ao uso do véu vão ir e voltar nessa história todo o tempo e geram de boas piadas a boas reflexões.

No mais a família de Marjane não é uma família tão comum assim, eles eram, nas palavras de Marjane, até que modernos, possuem uma posição economica consideravelmente boa, então ela tem acesso a cultura e se percebe que na vida dela desde cedo fé, politica, economia e diferentes visões da História se misturam de um jeito tão louco que sonho de infância dela era ser profeta.

Ela pensava em ser a primeira Profeta mulher e ao mesmo tempo admirava os grandes heróis socialistas da década de 80 do século XX. Tipo, Che Guevara, Fidel e Trotsk, chegando até a achar semelhanças entre Deus e Marx. Aliás, é verdade que as representações comuns de Marx são muito parecidas com as representações clássicas de Deus como homem velho e barbudo.

E essa coisa de mostrar ângulos diferentes, pessoas diferentes e junções subjectivas meio estranhas como Marx e Deus dialogando e uma menina que quer ser profeta, mas admira Fidel Castro são coisa que me fizeram amar Persépolis de cara.

Logo de cara fiquei fascinada, achei que os quadrinhos eram um ótimo recurso didático, já que trata de história de uma forma descontraída e real, mostra o macro das grandes propaganda estatais e o micro das reações das pessoas a elas, as peculiaridades da cultura persa, a forma como as pessoas reagiam a revolução, ao menos as pessoas da classe média.
Satrapi se permite falar de tudo; da revolução que tirou  o Rei do poder; das subtilezas do regime islâmico que impôs depois dele; das mulheres e dos homens em seu cotidiano; das estratégias que as pessoas tinham para conseguirem ter mais liberdade; de quando sua família assustada com bombardeios e perseguições durante a longa guerra Irã x Iraque envia ela com 14 anos para a Áustria e o que aconteceu por lá; da sua depressão pós-guerra; da bagunça que fica quando 1 milhão de pessoas são mortas, tantas outras são mutiladas e família ficam destruídas no espaço de oito anos; da vida nas universidades; da vida familiar: namoro, casamento; das relação regime x população; do processo de alienação cultural; do que choca e do que emociona.
 
Enfim, eu sou suspeita para falar porque gostei muito desse trabalho e fiquei/estou com muita vontade de ver o filme e tudo o mais e foi porque tenho como tenho  o volume completo, acabei decidindo sortear o meu volume 1, entre as pessoas que se propuserem a participar da blogagem colectiva que a Aleska e eu decidimos fazer no dia 5 de Fevereiro.

Ah, ilustrei essa postagem com algumas passagens do livro que achei interessante e que mexendo aqui e acula até cabem bem em uma possível aula de história. E sim, é só clicar em cima que aumenta. Ah [2], engraçado, sempre acho biografia um gênero textual bastante chato, no entanto misturando Quadrinhos, franqueza, notas históricas e bom humor fica até legal!!!

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Do aniversário do Blog: Xi, eu esqueci!!

Xi, eu esqueci do aniversário do blog...

Pois é, não parece, olhando assim ninguém diz, mas esse blog fez três anos ontem! Com três a crianças já é uma elegante falante da língua portuguesa, anda, corre, se alimenta sozinha e é capaz de enlouquecer qualquer tia rsrsrrsr... Já esse blog, bem... ele é capaz de receber nada menos que o carinho da Lindalva da Ilha da Lindalva, uma amiga que eu conheci meio que por engano, mas que já chegou chegando e presenteando e emocionando!

Muito OBRIGADA mesmoooo Lindalva, emocionou mesmoooo mesmoooo!!!


Adorei a citação, Fernando Pessoa é meu lindo e essa Pandora muito sexy, quem sabe uma dia eu vire uma mulher fatal assim ein???Ai eu desencalho de uma vez néh?!?!?

Fazendo o tradicional balanço de aniversário, percebo que blogar se tornou uma experiência deliciosa: escrever, ler, comentar e receber comentários são coisas impagáveis... Sempre acho engraçado encontrar prazer na experiência de ser lida e comentada, especialmente pq durante muito tempo eu me ressenti cruelmente por não saber no momento em que criei o blog que podia tornar ele visível apenas para mim, hoje agradeço aos céus por minha ignorância tecnológica... Ironias da vida...

Ah, sem contar que o blog me trouxe um tipo de alivio psicológico também... Não consigo esquecer da daquela observação directa: "O pior cego é que não quer ver, o pior escritor é o que sabe escrever e não escreve." Ninguém nunca me disse nada parecido, mas para terror do meu orgulho, depois dessa bofetada, eu passei a dar mais atenção ao blog e sim Goretti teve uma grade parcela de culpa nisso, pq ela sempre fica no pé mandando eu escrever sobre uma serie de coisas que eu penso que ninguém quer saber... 

Ah, não posso deixar de ESCREVER isso para Goretti: "Gô, cada comentário que recebo é uma homenagem a você e esse selo LINDOOOOO  também, afinal de contas é você quem fica mandando eu escrever... "Escreve sobre isso Jaci..." Eu te agradeço mesmo Gô!

E sim, tem a OUSADIA FINAL, esse ano estou propondo, ousadia das ousadias, em comemoração ao aniversário do blog, junto com a Aleska do DIÁRIOS DE BORDO uma Blogagem Colectiva, confira a ideia aqui.

 
Sim, já vou também agradecendo as pessoas que passam por aqui, que deixam comentários e que não deixam também... A todas e todos que passam por aqui deixo meu MUITO OBRIGADA, vocês enchem minhas madrugadas silenciosas com seus blogs e minhas tardes com seus comentários... Tem sido um prazer blogar, comentar, seguir, ser seguida, ser comentada... Que venham mais três anos se tiverem que vim!!!

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Literatura com gosto de África!

Eu lembro que ano passado quando eu acompanhava as transmissões da Copa do Mundo eu ouvia muito os repórteres dizendo: "Os africanos são parecidos com os brasileiros."!

Assim, néh por nada não, mas por uma questão de ordem, pensemos: o brasileiro é resultado de uma mistura, mestiçagem, de africanos, portugueses e dos povos que já viviam aqui antes da chegada dos portugueses genericamente chamados de índios. Logo por uma questão de ordem primeiro venho o africano e só depois o brasileiro de maneira que não são os africanos que são parecidos conosco, somos nós que somos parecidos com eles.

 E eu estou falando isso só pq quero comentar a minha mais recente aquisição, que demorou tanto a chegar que eu comecei a pensar que Belo Horinte deve ficar do outro lado do mundo ou que o livro era de rosca.

"Literaturas africanas e afro-brasileiras na prática pedagógica" é resultado de um curso de aperfeiçoamento em História da África e das Culturas Afro-brasileiras oferecido pela UFMG, através dele nos somos inseridos de uma forma muito didática no mundo das Literaturas Africanas de língua portuguesa e Afro-brasileira. É um trabalho introdutório a esse universo literario, as autoras começam discutindo a Lei 10.639/63 que torna obrigatório o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e História da África e dos Africanos nas escolas públicas e privadas do Brasil. "Qual a importância dessa Lei? O que ela trás de novo?" "Pq ela é importante para a nossa sociedade?" São os primeiros temas abordados pelas autoras, só depois que estamos situados, começa realmente o trabalho sobre Literaturas Africanas e Afro-brasileiras e o processo do redescobrir.

Estudar a Literatura Africana, especialmente a de língua portuguesa, tem sido uma aventura onde a redescobrimento predomina, é incrível como me descubro como herdeira de uma África que vai muita além da visão exotica que as pessoas gostam tanto de divulgar.

O universo literário africano é profundo, revoltado, quente, angustiado, guerreiro e esperançoso em relação a possibilidade de um mundo melhor para todos nós. Um universo simbólico rico ao qual estamos definitivamente ligados, como algúém me disse uma vez entre os meus caminhos e descaminhos virtuais: "A África é o berço da humanidade e no caso do Brasil, ela é o útero, o leite e a alma".

domingo, 23 de janeiro de 2011

Ponte JK, em Brasília, é interditada!

Essa semana vi essa matéria no Jornal Nacional, confesso que foi meio que sem querer, não sou o que poderíamos chamar de telespectadora, mas vi essa matéria e fiquei devidamente chocada.

Fatima Bernardes e William Bonner informaram mais ou menos isso:  

"A Ponte JK, em Brasília, interditada desde o início desta manhã, devido a um desnível no piso, foi parcialmente liberada no final da tarde para veículos leves, como carros de passeio e motos. Além disso, a velocidade permitida enquanto persistir o problema será de 40 quilômetros por hora (km/h)."

No site do Globo tem uma matéria sobre o assunto cujo texto resume muito bem o que foi dito na matéria divulgada pela televisão que seguiu o padrão do jornalismo global, aquele que não tem como prática problematizar demais certas realidades, informam daquele jeito pretensamente imparcial.

Quanto a mim estou falando sobre isso por não poder resistir a tentação, estou eu aqui escutando Lenine  na minha paz doméstica e eis caiu na canção "A PONTE", onde Lenine e Gog contam a deliciosa história dessa LINDA, UTIL E BARATA ponte, enfim, eu gosto de histórias, não resisti a tentação de registrar essa por aqui.
 

A ponte
(Lenine e Gog)

(Eu canto pro rei da levada
Na lei da imbolada, na língua da percussão)
Lenine, mestre e inspiração
Eu já atravessei a ponte do Paraguai
Um filme inspirou a ponte do rio que cai
É sucesso em campinas e na voz dos racionais
Mas a ponte da capital é demais
Projetada pra aproximar
Do centro o São Sebastião, o Lago e o Paranoá
Desafogaram o tráfego na região
Visitantes de chegada, nova opção
Fique ligado, acompanhe passo a passo
Condomínios luxuosos de todos os lados
O congresso e o planalto colados
"Aqueles barraco alí ó, vão ser retirados"
A ponte é luxo, nada é mono, só estéreo
Mil e duzentos metros, louco visual aéreo
Quem sobe só pra regular a antena
Reforça as pontes-safena
A ponte começou depois mas terminou
Bem antes que as obras do metrô
Quem mora fora do avião
Bate palma, aplaude, apoia, pede diversão
A ponte é muito, muito iluminada
O pôr-do-sol numa visão privilegiada
O povo quer passar, vê nela algo místico
A ponte virou ponto turístico
(esse lugar é uma maravilha,no horizonte, no horizonte)
A ponte é um vai e vem de doutor
Tem ambulante, tem camelô
Olha pra baixo, vê jet-ski e altos barcos
Olha pra cima, lá estão os três arcos
A ponte saiu do papel, virou realidade
Novo cartão postal da cidade
Um quer transformar ela em patrimônio mundial
Um outro num inquérito policial
Então, então, então na sua opinião, Lenine,
Tá normal ou existe crime?
Se souber o caminho de rocha, me aponte
É...a ponte simboliza união
No nosso caso, Brasília e o Sertão
(a ponte não é de concreto, não é de ferro, não é de cimento)
É do vermelho, é do azul é de cada elemento
Leva o nome de JK
Que transferiu a capital do litoral pra cá
Lenine, te peço mais um favor (diz aí)
Cante a origem deste preto que se apresentou
(nagô, nagô, na Golden Gates...)
(quem foi?)
O projeto é do arquiteto Alexandre Shan
(comprasse, pagasse?)
Todas as contas foram aprovadas pelo TCU
(me diz quanto foi)
164 milhões de reais

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Ivanhoé!

A Wikipédia tem uma definição interessante para o Ivanhoé, ela diz que: 

"Ivanhoé é um romance do escritor britânico Walter Scott, publicado em 1819. Narra a luta entre saxões e normandos e as intrigas de João sem Terra para destronar Ricardo Coração de Leão.  Primeiro romance de enredo histórico. O livro, que conta a história de  um cavaleiro da época em que João Sem-Terra havia usurpado o trono do  irmão Ricardo Coração de Leão, deu origem a um seriado de televisão, filmado em 1958 e 1959, e exibido no Brasil na década de 1960, cujo personagem principal era interpretado por Roger Moore" 

Roger Moore como Ivanhoé!
Bem, eu não tenho uma definição melhor, mas Ivanhoé é um pouco mais que isso, reza a lenda que Walter Scott foi o criador do romance histórico, esse gênero que nos encanta até hoje... Inclusive nosso igualmente clássico José de Alencar me lembra muito os escritos de Scott, e Ivanhoé é um clássico que merecia bem mais que um paragrafo na Wikipédia!

Miniaturas do Instituto Ricardo Brennand.
É um trabalho lindo, a partir dele a moderna identidade inglesa começava a ser construída discursivamente, ele narra em suas linhas mais do que as venturas e desventuras do caveleiro deserdado e sim as venturas e desventuras dos que romanticamente falando formariam o povo inglês.

Do acervo do Instituto Ricardo Brennand
Carregada de romantismo, dos ideais da época em que foi escrita e antes de falar da Idade Média dos homens e mulheres dessa época eu acho que Ivanhoé fala do século XIX e de como a Idade Média era vista nessa época. Ajuda a entender porque esse povo se sentia o último biscoito do pacote, os donos de todos os dons morais e intelectuais, prontos a levar civilização e ordem para os quatro cantos do mundo, se já eram capazes de tão grande nobreza durante os idos tempos medievais o que se diria de suas capacidade durante o glorioso século XIX?

Mas quando eu li Ivanhoé aos nove anos em uma versão adaptada cheias de ilustrações do tipo tapeçaria medieval eu nem sonhava com essas ideias e ele era meu livro favorito e eu adorava todos os personagens, o Cavaleiro Deserdado, tão nobre, o Cavaleiro Negro, Ricardo Coração de Leão, Robin dos Bosques e até aquele cavaleiro templario Brian Gilbert.

Eu imaginava a Idade Média a luz de Ivanhoé, um tempo que se lutava em nome de Deus, da  Honra e do Rei, era meu mundo ideal, o mundo dos sonhos dos meus sonhos infantis com homens e mulheres nobres vencendo o mal, ganhando as batalhas no último momento... Um mundo onde o fraco justo vence o forte injusto, onde a pelica vence o aço.

Várias armaduras do instituto Brennand!
Meu personagem favorito era a júdia Rebeca, ela era apaixonada por Ivanhoé que por sua vez morria de amores por uma loira aguada, a Lady Rowena, mas nem por isso Rebeca deixava de auxiliar Ivanhoé. Uma mulher a frente de seu tempo, nobre, justa, inteligente, destemida, reflexiva e termina solteira, voltando para Jerusalém para trabalhar como enfermeira dos cruzados feridos... Mil vezes aff... Mas, nem por isso Rebeca deixa de ser "A MELHOR!".

A judia Rebeca, minha heroína de infância.
Ah, outro personagem pelo qual eu nutria um amor meio que recalcado era Brian de Bois Guilbert, inimigo mortal de Ivanhoé, eu não achava ele muito nobre, justo, ou coisas do gênero, mas eu gostava dele porque ele reconheceu o valor de Rebeca, era apaixonado por ela, mesmo sendo um Cavaleiro Templario... Algumas vezes ele pisa na bola geral, mas ainda assim tem um chame e tanto \o/.

Brian de Bois Guilbert, com cara de garoto mau.
Foi doloroso quando meu professor de história chato, ranzinza e marxista esclareceu a todos nós que durante a Idade Média os nobres cavaleiros de nobres não tinham nada, que eles não tomavam banho, exploravam os camponeses e viviam uma vida de fartura e opulência enquanto os camponeses sofriam a amargura do frio, da penúria e da fome, morrendo de velhice antes dos 30, morando em taperas, vivendo oprimidos e que mesmo as mulheres nobres não passavam bons bocados não... Vigiadas, normalizadas, punidas, Rebecas não teriam sobrevivido ao fogo ou ao claustros. Ele acabou com minha Idade Média em três tempos e tchau para meu castelo medieval onde Brian de Bois Guilbert se redimiam e viviam felizes para sempre com Rebecas que deixavam de ser otárias.
Clio é a musa da história.
Eu lembro bem dessa aula que provalmente meu professor esqueceu na multidão de aulas que ele já deu. Nessa época fiquei com a impressão de que a História é uma dama muito cruel e que não existe compaixão no coração dela, rsrsrs... Hoje já sei que a História não é uma dama cruel, é apenas melancolica e cansada., afinal se detem na tentativa de compreender um mundo que nunca foi um lugar fácil de se viver, não existe Idade de Ouro e Gloria para a História.

Sir Walter Scott, Monumento, Edinburgh.
Mas, afinal o que é a Glória para que eu a deseje néh? Como já questionava  a minha sempre querida Rebeca de seu longínquo lugar em uma Idade Média sonhada, ou mesmo da pena de um autor sonhador do século XIX: 

"- Glória?... É ela a ferrugenta armadura pendendo sobre o esquecido e triste túmulo do guerreiro? A inscrição apagada que o monge mal sabe traduzir para o peregrino que o interroga? Serão estes os prêmios, correspondentes ao sacrifício de todas as afeições, para se viver uma vida de sofrimento, fazendo os demais sofrerem? Ou será que há tanto mérito nas toscas limas dos bardos errantes, para se porem de parte amores, afeições, paz e felicidade, para nelas se ser mencionado por menestréis vagabundos, cantando-as em tavernas para os bêbados?"
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P.S.: As imagens do acervo do Instituto Ricardo Brennand que ilustram a postagem cada uma delas sozinha daria uma postagem e muito mais, estão aqui pq ilustram muito bem a idéia de Idade Média que eu tinha durante a adolescência, foram todas tiradas por mim durante as visitas que fiz ao Instituto.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Eu falo pernambuquês e vocês???_ Até rimou!!!


Só quem é pernambucano entende

Botão de som é pitôco;
Se é muito miúdo é pixototinho;
Se for resto é cotôco;
Tudo que é bom é massa ;
Tudo que é ruim é peba;
Rir dos outros é mangar;
Já faltar aula é gazear;
Quem é franzino (pequeno e magro) é xôxo;
O bobo se chama leso;
E o medroso se chama frouxo;
Tá com raiva é invocado;
Vai sair, diz vou chegar;
"Caba" (homem), sem dinheiro é liso;
A moça nova é boyzinha;
Pernilongo é muriçoca;
Chicote se chama açoite;
Quem entra sem licença emburaca;
Sinal de espanto é "vôte";
Quem tem sorte é cagado;
Pedaço de pedra é xêxo;
Quem não paga é xexêro;
O mesquinho ou sovina é amarrado, muquirana, mão de vaca, pirangueiro;
Quem dá furo (não cumpre o prometido ou compromisso) é fulero;
Sujeira de olho é remela;
Gente insistente é pegajosa;
Meleca se chama catota;
Catinga de suor é inhaca;
Mancha de pancada é rôncha;
Briga pequena é arenga;
Performance ou atitude de palhaço é munganga;
Corrente com pingente é trancilim;
Pão bengala é tabica;
Desarrumado é malamanhado;
Pessoa triste é borocoxô, macambúzo;
"É mesmo" é "Iapôis";
Borracha de dinheiro é liga;
Correr atrás de alguém é dar uma carrera;
Fofoca é fuxico;
Estouro aqui se chama pipôco;
Confusão é rolo;
É assim que acontece, visse?
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Eu achei esse texto nos descaminhos da net, achei interessante, além de verdadeiro... Só faltou emendar que pernambucanos não mandam beijos, eles mandam chero!

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

"Minha Declaração de Amor"

A vida de uma guerreira está completando um ano e para comemorar a proposta é que se faça um Blogagem coletiva declarando o amor a alguém, algo... Sei lá... Cada um escolhe o objeto de seu amor...


Bem, quanto a mim desde o primeiro momento soube do que falaria... e a quem declararia meu amor... sobre o amor de quem faria declarações.

Minha declaração eu deixo a minhas amigas, aquelas pessoas que são tão frequentes em minha vida, que ligam para o meu celular 5 vezes seguidas porque sabem que a probabilidade de serem atendidas na primeira é vaga; que me dão aqueles presentinhos legais, tipo ursinhos de pelúcia; que lembram que eu adoro ler e me dão livros; que são constantes; que aguentam a TPM; que aguentam meu jeito bruto de dar afeto: cheiro, abraço, beijo e ocasionalmente mordo; que riem dos meus enganos; que corrigem quando escrevo quase ou quiser com z ou alma com u (isso só amiga faz); que me dão chocolate na semana dos namorados; que me dão doces em qualquer semana; que não me elogiam quando eu emagreço de repente; que perguntam se eu almocei; que pegam no pé para que eu coma direito; que mentem que eu sou bonita, mentiras sinceras me interessam; que conversam comigo no ônibus; deixam recados no orkut; sobem a escadaria para virem me visitar mesmo com a coluna doendo; sobem a escadaria para virem me visitar de qualquer jeito; levam frutas para o trabalho pq sabem que eu gosto, mas só oferecem depois que eu como pelo menos a metade do almoço (aff!!!); que entendem quando faço drama; que escutam eu falando de história, mesmo sem terem o mínimo interesse no assunto; que choram comigo; que oram comigo; que riem comigo; que fazem doação de confeito/cola/papel/qualquer coisa que eu peça para a escola dominical, mesmo sem serem cristãs; que fazem as lembrancinhas (centenas delas) comigo ou até sozinha só por amor; que me dão sobrinhos lindos; que enchem os meus dias e que me mandam poesias (até rimou)... Que passam pelo blog de vez em quando ou de vez em sempre e comentam ou não, mas vem aqui, que não olham o blog pq não curtem isso, mas ponderam minhas esquisitices... Que perdoam quando eu erro, firo, falo demais, esqueço, lembro demais, adoeço por imprudência e tudo o mais...

A essas meninas, a todas elas, deixo minha declaração de amor e minha gratidão!

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Só a titulo de registro...

Só a titulo de registro, hoje me aconteceu uma coisa inusitada. E eu contar a história a titulo de registro mesmo... pq ainda estou entre assustada e emocionada!!

Como o fim de ano trás consigo inúmeras correrias, a confraternização da Escola Bíblica Dominical ocorreu hoje (16/01), sim a despeito do que se possa pensar ao ler sobre igrejas católicas e derivativos por aqui, só  para constar: eu sou evangélica e professora da escola dominical táh! E pois é, professores reunidos, mesa posta para o almoço começa a famigerada dinâmica...

Dinâmica de crente já sabe: tem que ter Bíblia, abre Bíblia, fecha Bíblia, corre pra procurar pista, acha pista, vai prá lá, vai prá cá, eis que alguém encontra no meio da dinâmica um vasinho amarelo de flores amarelas, todo mundo acha fofo, ainda mais que as flores tem cheirinho... e todo mundo começa "é de quem? é de quem?".

E ai a irmã começa a desfilar as qualidades da herdeira do presente... a começar por "queremos homenagear nossa professora mais antiga", até ai eu estava no meio do frenesi das outras professoras doidinhas pra ganhar sabendo que não tinha chance... até que no final Lúcia emendou dizendo que a homenageada da tarde era eu.

Como assim? Eu sou a professora mais antiga da Escola Dominical de minha igreja local?

Pois é! Fizemos as contas (na verdade, eu que fiz antes de ir receber, matando Lucia de raiva!), quem foi, quem venho... desde 2004, contando, somando, subtraindo, Lúcia estava certa, eu sou a mais antiga, não a mais velha, mas a mais antiga e fui homenageada como tal. Eu sei, é simplesmente assustador! Só a titulo de registro: foi uma experiência assustadora!!! Pelo amor de Deus, o próximo almoço eu participo da organização só para assegurar que não hajam homenagens estranhas...

Ah, o templo no qual congrego é relativamente novo, não tem mais de 10 anos, ele é uma extensão do antigo onde eu congreguei desde pequerrucha, quando ele nasceu migrei e congrego nele desde o comecinho por isso alguém aos 24 é o docente mais antigo de uma escola dominical, antigo não significa nem mais velho,  nem melhor, nem mais experiente, mas ainda assim é muito estranho. E escrever sobre isso está sendo mais assustador do que viver isso, porém acho que o registro vale a pena!



sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Entre as Ciências Exactas...

Dizem que pessoas que gostam de ciências humanas, tipo História, de literatura e derivativos não são muito chegadas nas ciências exactas... Obviamente que esse dito tem lá sua razão de ser, a disputa entre os cientistas naturais e os cientistas ligados as humanidades é antiga, data de séculos atrás.

Os cientistas da natureza, físicos, químicos e derivativos em geral não gostam de admitir que um saber  não comprovado em laboratório é cientifico e os cientistas ligados as humanidades gostam de dizer que o povo das ciências exactas só entende de vidros, formulas e bombas atômicas (o que tem um fundo de verdade \o/)!!!

Birras... muitas birras... disputas... muitas disputas... Eu que o diga, afinal eu tive a honra de ainda estudante de História me apaixonar por um estudante de Química e acredite eu herdei dessa relação um ódio profundo e ilimitado pela donzela explosiva... Estou contando os dias para vê minha irmã passar no vestibular para ter o prazer de queimar em alta fogueira todo e qualquer livro de Química que resida em minha casa, e não, não vou doar a biblioteca nenhuma, preciso ter o prazer dessa queimada!

Já com Física eu não tenho problema existencial nenhum, alias se a Química para mim tem tons femininos, talvez pelas experiências sempre contento misturas, soluções, ácidos, bases e sais que remetem muito a cozinha (ou pelo meu ciúme e amor frustrados rsrsrs), a Física para mim tem um tom masculino, é a ciência da mecânica, da eletricidade, dos fenômenos naturais... grandes tecnologias são desenvolvidas nos laboratórios e tem a fabulosa fibra óptica.

Hoje eu encontrei com um amigo que estuda física, ele está na fase do mestrado e pesquisa coisas referentes ao tema Fibra Óptica, passamos uma boa hora falando unicamente nisso e nessa hora inteira ele me explicou que tudo que eu escrevo no meu pc se transforma em luz e é transmitido por quilômetros e quilômetros de fibra óptica até chegar a outro pc em qualquer parte do Brasil e do mundo.

E sim, que o mesmo acontece com nossa voz quando ligamos para nossos amigos ou parentes que moram  longe,  nossa voz vira luz e viaja na velocidade da luz até chegar aos ouvidos de nossos entes queridos que estão tão... tão... distantes, e que um fio de fibra óptica, que aliás é vidro, um fio infinitamente pequeno de vidro, é melhor condutor que muitoooo cobre junto, além de mais barato.

Pode parecer bobo, mas eu nunca tinha parado para pensar nisso. Fiquei assim chocada, ouvindo e ouvindo sobre como esse processo acontece e todos os detalhes científicos da coisa (pois é, com físicos vc não escapa dessa parte).

Ah, no final eu ganhei até um presente, uma parte do aparelho que ele estava manipulando hoje a tarde lá na Área 2 da UFPE e um convite para conhecer o laboratório.

Parece estranho, mas é assim quando você se relaciona com os cientistas da natureza, o papo deles é estranho, eles te explicam coisas que vc nunca sonhou, nem precisou saber, te falam de equações e soluções e etc..., te dão presentes estranhos e te convidam para visitar o laboratório... São tudo menos comuns!

Meu presente incomum: receptor de fibra óptica!

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Aos amigos um convite: vamos pensar a respeito de inclusão???

Assim, hoje é um dia muito especial e esplico o porque!

É que a Aleska do Diários de Bordo e eu no próximo dia 5 de Fevereiro estaremos postando em conjunto sobre a inclusão de "deficientes físicos" ou "portadores de necessidades especiais" nos mais diversos cetores da sociedade e queremos convidar nossos amigos e amigas blogueiros a postar conosco sobre esse tema!
A ideia é que vocês contassem o que pensam sobre esse tema, se acreditam que algo vem sendo feito de forma errada ou correta para a inclusão desses cidadãos, ou mesmo experiências que vocês queiram compartilhar conosco para uma reflexão conjunta, porque mesmo que muitas cabeças possam não pensar melhor certamente possibilitam uma visão mais ampla do problema e de possíveis soluções para ele.

Vocês podem comentar uma noticia de jornal, antiga ou nova tanto faz, comentar alguma lei, fazer um poema, uma denúncia, inventar uma solução ou mesmo uma teoria que você acredite que vai mudar as regras do jogo.

E sim, se vc pretende participar deixe um comentário aqui ou  no Diários de Bordo com seu nome e e-mail ou link do blog, pq nós vamos sortear entre os participantes a revista em quadrinhos  Persépolis vol 1.
 
O tema da postagem e a revista aparentemente não tem nada em comum, é que a Caixa está de aniversário e sortear esse livro faz parte de minha comemoração... Espero ter alguma idéia para mais comemorações!

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Blogagem Retro...

É, decididamente eu não resisto a uma blogagem coletiva, e com a autora da blogagem me convidando a deixar a leseira aí é que resistir fica difícil mesmo... rsrsrsrs... A Elaine do Um pouco de mim, propôs aos blogueiros e blogueira relembrarem alguma blogagem ou blogagens marcantes de 2010 e lá fui eu.

E sim, não posso deixar de dizer que 2010 foi um ano rico em blogagens, falei de tantas coisas diferentes por aqui que esse virou ainda mais um grande reflexo do meu mundo particular mesmoooo com todos os "osss" do mundo... Literatura, Literatura Infantil, Autores amados, autores não tão amados, músicas, sonhos, politica.... História, histórias, angústias... noites de insônia... animes... Escola Dominical... Escola Bíblica de Férias.... Casamento de Midiam... etc...

Foi difícil escolher o que eu ia postar novamente, mas pesando, contando e dividindo, resolvi repostar esse pensamento de Clarice Lispector, pq é perfeito e tem se tornado meu lema de vida, não quero que o amor que sinto pese a nenhum dos meus entes queridos.
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Terça-feira, 27 de julho de 2010

"Farei o possível para não amar demais as pessoas, sobretudo por causa das pessoas. Às vezes o amor que se dá pesa, quase como uma responsabilidade na pessoa que o recebe. Eu tenho essa tendência geral para exagerar, e resolvi tentar não exigir dos outros senão o mínimo. É uma forma de paz."
 
Clarice Lispector

domingo, 9 de janeiro de 2011

Na casa da Vovó, no meu caso: na Casa de Voinha!

A Elaine, do Casinha de Taipa, me presenteou com um selo vindo diretamente do: Na casa da vovó, um selo que foi um grande presente porque conhecendo este novo espaço eu acabei tendo a oportunidade de relembrar as minhas experiências com minhas avós e as histórias de vida delas. Voinha, que é como eu chamava a mãe do meu pai foi uma pessoa ímpar, Mãe, que é como eu chamo a mãe de minha mãe, não perde mesmo, com elas eu aprendi algo assim crucial em minha personalidade e é o tal de senso de RESPONSABILIDADE.



E vê alguém falando de avós me fez sentir uma enorme saudades de voinha,  Dona Rita, teve uma história e tanto, digna de uma novela, livro ou mesmo da pessoa que ela foi... Ficou órfã aos 12 anos, irmã mais velha  assumiu a casa e olha que o pai dela, o velho Rafael, não era um homem de brincadeira não, ele é uma lenda familiar, todos os filhos de voinha carregam o nome dele, meu irmão se chama Rafael, minha irmã Rafaela, vários dos meus primos também carregam esse nome no sobrenome e a maioria deles prefere ser chamado de Rafael.

E a nega herdou todo potencial do homem para virar mito, casou muito cedo, mas escolheu o marido pessoalmente e senta que tem história: Voinho namorava a irmã dela, Tia Maria, mas Tia Maria traiu ele, para se vingar ele quis namorar Voinha, o Velho Rafael não quis, ameaçou, mas Voinha bateu o pé e disse: "Eu vou namorar ele sim!".

Minha opinião pessoal: antes tivesse ouvido o pai, eu amo Voinho, amo mesmo, ele é um bom avó, sobretudo para as netas, tem olhos azuis lindos e  um sorriso afetuoso, mas nunca, nunca mesmo chegou a amar Dona Rita, todo mundo sabe disso, as Rafael até entendem, mas os Rafael são incapazes de perdoar isso, Freud explica, e como explica... E se Dona Rita tivesse ouvido o pai ela não seria quem ela era, logo minha opinião é insignificante, o importante é que voinho quis pregar uma peça em Tia Maria e quem foi enredado na peça foi ele, pouco tempo depois ele se casou em Serraria com Rita. Ah, Tia Maria e Voinha foram amigas a vida toda, e as negas tinha uma queda por olhos claros, Voinho tem olhos azuis e o marido de Tia Maria verde...

Ah[2], só para constar, esse história toda se deu no interior da Paraíba, lá onde judas perdeu as botas, as histórias dizem que depois que eles se casaram  voinho sempre que podia fazia as malas e viajava e ela segurava a barra sozinha... Orgulhosa como só ela, levava os filhos para a roça, cavava um buraco debaixo de uma árvore, cobria com um pano e colocava os filhos pequenos dentro com um pano na cabeça para poder trabalhar. Diga ai se a velha não era casca grossa?

Na primeira oportunidade que teve pegou os filhos e venho para Recife atrás de Voinho e cáh estamos nós... Eu convivi muito com ela, presenciei muitos dos seus eternos perrengues com voinho... Sua ranzizisse eterna, seu orgulho e seu cuidado com seu clã, sua forma de amar controlando os filhos de perto ate enlouquecer eles, a forma dos filhos serem grudados a ela até a exaustão... Foi duro para todos nós aprender a viver sem Voinha, até hoje sinto falta dela até as lágrimas.

E tem uma coisa engraçada, um dos filhos dela nunca casou, quando ela era viva ele vivia dizendo que ia sair de casa, iria morar sozinho e isso e aquilo, mas depois que ela morreu ele nem fala mais em sair de casa e casa dela continua exactamente igual ao que era quando ela estava viva... Nada mudou por lá, quando você chega lá parece que voinha vai aparecer a qualquer momento em algum lugar, moveis, cozinha, mesa... geladeira, tudo igual só falta ela... Eu não sei como ele aguenta viver ali, eu fico angustiada de tanta vontade de chorar, painho não entra também, ele não aguenta.

Hoje a Casa de Voinha é um tipo de museu, mas já foi um lugar alegre com uma avó dominadora, mas bastante afetuosa, engraçada em sua ranzizice e que sempre me inspirou de muitas formas... Ah, sem contar que a voz de Voinha sempre teve peso entre o meu pai José Rafael e eu, o que ela falava era Lei e sempre que queria algo ela advogava minha causa. Sinto saudades e discutia menos com painho também!

Ah[3], voltando ao selo, deixo ele para todos que se sentirem instigados a relembrar suas avós, se puder passe na Ana Bela e confira a história que ela conta, eu gostei muito, especialmente por ter me feito lembrar do quanto foi bom ter voinha e do quanto ela foi especial para todos nós.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Igreja Barroca, missa matinal e uma vontade de verdade!

Desde que ir ao centro do Recife passou a fazer parte da minha rotina visitar as igrejas antigas lentamente passou a também a ser parte de meu cotidiano...

Igreja de Santo Antônio no início do Século XX

Dessas igrjas a que mais gosto é a do Santissimo Sacramento de Santo Antônio, ou apenas a Matriz de Santo Antonio. Gosto demais dessa igreja, do seu tom do século XVIII, da sua barroquice, de seu cheiro de devoção antiga, dos seus muitos santos, de seu altar e do ar de reverencia que ela imputa a quem adentra suas portas.

Nossa Senhora da Piedade...
Sempre que entro nela viajo no tempo, penso nas pessoas que trabalharam nessa construção. Quantas pessoas se moveram para que essa igreja fosse construída? Pedreiros, arquitetos, entalhadores, pintores, marceneiros? O custo para esse tipo de construção era alto, levou décadas para que ela fosse erguida e dada por pronta com seus altares, portais, retábulo, cúpula, frontispício... mobiliários, sinos, alfaias... Um trabalho laborioso, demorado, custoso, resistente, capaz de vencer os séculos e se manter erguida e vigilante em pleno século XXI, dominando a paisagem da Praça da Independência.


Também não consigo deixar de pensar nos homens, mulheres e crianças que eram trazidos Atlântico afora pelos mercadores e traficantes de escravos para o Recife e que eram batizados em pé dentro desse templo. Fico me perguntando o que eles sentiam quando entravam por essas portas, se sentiam medo, incompreensão ou espanto... Fico pensando nos pequenos e pequenas que aparentavam ter 12 anos e já eram registrados como adultos, que recebiam um novo nome e eram inclusos no cotidiano da quente e movimentada cidade colonial do Recife.

Nossa Senhora das Dores.

Imagino os adultos de 12 anos... É talvez o padre não estivesse errado em dizer que eram adultos, afinal se sobreviveram a travessia do Atlântico com certeza deixaram sua meninice nas terras já distantes da África. Quem passaria por aquela experiência e se conservaria sua meninice, seu adolescer??? Sempre me doí pensar nesses pequenos e pequenas, perdoem-me o anacronismo, mas sempre lembro de minhas alunas de doze anos, se sentindo tão adultas, e em como seria terrível que elas fossem levadas de nós para o outro lado do mundo tornado-se um pequeno nada. Penso em como a cobiça dos olhos dos homens varreriam para longe as esperanças delas, isso me angustia profundamente.

Penso na dor daqueles adultos e crianças e contemplo as paredes, não há espaço vazios em uma obra de arte barroca e é o que está igreja é... Opressivamente barroca, construída por mãos negras expressa a angustia dessas mãos.

Cristo Morto.

Acho incrível como essas pessoas que vieram, ou foram trazidas a força, ao Brasil através do Atlântico conseguiram conservar sua cultura, suas maneiras de fazer, seus mundos simbólicos, resistindo a toda forma de violência física e simbólica. Se movendo na brecha, na falha, no visível e no invisível... Sempre penso em até que ponto o manto azul das inúmeras versões da Virgem Maria tem da igualmente benevolente Iemanjá e o quanto do dourado das paredes esconde e mostra o dourado da luxuriante Oxum, o quanto do São Jorge constantemente em guerra com seu dragão se mistura com destemido Ogum.
São Jorge de pé.

A arte barroca nas Américas é um registro da intensidade da condição desses homens e mulheres, das suas duvidas, incertezas, questionamentos. Lembrei de Carlos Fuentes agora, refletindo sobre a Espanha e o Novo Mundo ele disse que o Barroco da América "é uma arte de deslocamentos, semelhante a um espelho em que, constantemente, podemos ver a nossa identidade em mudança." uma arte criada em cima dos escombros de utopias destruídas...


Os portugueses pensaram encontrar o Éden quando aportaram nas praias de Vera Cruz e logo descobriram que o paraíso ainda estava distante do lugar encontrado, os indígenas perderam a sua paz e liberdade e os africanos que aqui chegaram tiveram até suas identidades violadas o que se dirá do resto... Não é à toa que, em Santo Antônio, Maria fica eternamente triste, dolorosa e piedosa, e o Cristo esteja eternamente prostrado em seus braços, sustentando o peso da cruz ou nela pregado.... Os artistas sentem a dor do mundo em frangalhos em que vivem e exprimem essa dor em sua arte.


E hoje pela manhã quando eu passei na Igreja do Santíssimo Sacramento de Santo Antônio estava na hora da missa e eu me permiti ficar ali, observando em pé mesmo, encostada nessa madeira de circunda os bancos... Foi uma cerimônia bonita, o padre falou sobre a necessidade que temos de falar com Jesus, mesmo que Ele já saiba todas as coisas é necessário que falemos a Ele as nossas dores... Depois se seguiu o ritual... com direito ao tinir dos sinos, ao silêncio reverente dos fieis, tão diferente do que vejo na minha igreja local, e na hora do Pai Nosso quando o padre mandou as pessoas se darem as mãos também minha mão foi tomada a principio por uma senhora e depois outra se moveu e pegou a restante e eu sei que vivi uma experiência digna dessa nota.

Eu não rezei, mas orei! Orei pedindo a Deus que me ensinasse a entender esse mundo que se mostra diante de mim, que Ele me ensinasse a entender, a descobrir, a Verdade e antes mesmo de terminar minha oração eu lembrei das palavras de Nietzsche, esse fabuloso implicante, porque quando ele inicia seu caminho em Para além do bem e do mal, ele diz "A vontade de verdade ainda nos há de arrastar para muitas aventuras..." e eu já não tenho dúvidas quanto a isso!

Se os Reis Magos fossem Rainhas???

Dia de Reis chegando, e eu não resisti... e decidi postar essa reflexão que é até filosofica de tão certeira!


Mas, também não é tão assim não... Nós não somos tão desse jeito, ou somos???


Referencia:
http://jasielbotelho.blogspot.com/2010/12/natal_7220.html; http://jasielbotelho.blogspot.com/2010/12/natal_7086.html!

sábado, 1 de janeiro de 2011

1º de Janeiro: aventuras familiares, uma pérola do meu pai e constatações óbvias.

Pois é, meu pai me venceu não pelo braço e sim pela chantagem emocional e no final das contas lá fui eu para a bendita reuniãozinha familiar de 1º de Janeiro!

Quando estava no melhor do meu sono, curtinho meu travesseiro e o ventilador novo turbo e silencioso (um item de suma importância no verão nordestino) deu a hora de partir, 4:00 da manhã e lá fomos nós ao encontro da família dos agrodontes.

E quer saber? A parte tudo o encontro foi ótimo, chegamos super cedo no sítio dos meus tios em Goiana, uma cidade que fica a 60 kilometros do Recife, o percurso foi super rápido, meu pai dirige com precisão e ainda deu a meu irmão o privilegio de dirigir o carro \o/

De Goiana nós partimos para Praia Bela, na Paraíba, ou seja, fizemos uma pequena viajem em família, todo mundo deixou os carros no sítio da minha tia e pegamos os dois ônibus dos meus primos... Ah, minha família tem muitos motoristas e todos são excelentes mecânicos também... Ah [2], só que o povo aqui não compra carro novo não táh, eles compram velhos e vão reformando aos poucos, cutucando aqui e acolá... Aff... Ah[3], o interessante do sítio do meu tio é que ele é resultado de uma assentamento do Movimento Sem Terra, meu tio integrou esse movimento, viveu anos em um acampamento e conseguiu seu pedaço de terra.

Para todos os efeitos, foi um dia ótimo, Praia Bela é linda, o mar é um pouco selvagem e atritoso, a paisagem é de encher os olhos, de emocionar quem chega. Um lugar ótimo para quem gosta de surfar eu posso garantir.

Foto do celular da minha irmã.

Reencontrei com algumas de minhas primas que não via a muito tempo e praticamente redescobri elas. As meninas são lindas, maduras, centradas, educadas, divertidas... Uma tem 16 e outra 17, mas brincam como crianças de 10 anos... Não tem as neuras que enfrento, por exemplo, com minhas adolescentes na Igreja, são velhas, experimentadas pela vida, endurecidas no osso e na carne, mas não na disposição para se divertir... Eu me divertir muito com elas, me reconheci nelas, me peguei dando gargalhadas enquanto pulavas ondas e corria atrás das meninas para depois ver elas correndo atrás de mim...

Aliás, falando em criança, tem a Pérola de painho que não poderia faltar de forma alguma nessa manhã ensolarada, pq hoje eu tive a prova final que meu pai jura que eu tenho quatro anos... Até aqui eu tinha lá minhas dúvidas, minhas suspeitas, mas, pensava eu de mim para comigo: "Não, o trabalho remunerado, a formatura na faculdade, o fato de que não peço mais dinheiro para a pipoca evidenciam que eu não tenho 4 anos! Ele sabe que não tenho quatro anos!".  

Porém os fatos comprovaram: "Para a leitura desses sinais meu pai é analfabeto!"

Lá estava eu com minhas primas curtindo as ondas e vejo eu meu pai correndo em minha direção com aquele ar apavorado, "Pronto, tem um tubarão atrás de mim!" pensei eu néh... "O que foi painho?". Ele responde: "Minha filha, esse mar tá violento, vá brincar alí naquele cantinho!"... Aquele cantinho  é justamente aquele lugar da praia onde as crianças pequenas ficam com aquelas bóias enormes e coloridas prá lá e prá cá com as mães sentadas na água olhando elas... É, está comprovado empiricamente: ele pensa que tenho quatro anos.

E sim, as constatações óbvias: não é tão ruim afinal me reunir com minha família; não da para escapar do lado chato da reunião mesmo se vc estiver de cara amarrada; o tempo passou sobre todos nós; meus tios e tias possuem cabelos brancos agora; eu não sou mais criança ou adolescente;  eu ganhei o direito de falar e ser ouvida; no frigir dos ovos eu sou tão ogrodonte quanto todos eles; as vezes magoamos uns aos outros; e sim somos uma família que compartilha da mesma carne dura e do mesmo osso sólido capaz de suportar e vencer situações difíceis e ainda assim ter bom humor suficiente para se reunir no dia 1º para uma fabulosa farofada em uma praia para turista ver.