domingo, 9 de janeiro de 2011

Na casa da Vovó, no meu caso: na Casa de Voinha!

A Elaine, do Casinha de Taipa, me presenteou com um selo vindo diretamente do: Na casa da vovó, um selo que foi um grande presente porque conhecendo este novo espaço eu acabei tendo a oportunidade de relembrar as minhas experiências com minhas avós e as histórias de vida delas. Voinha, que é como eu chamava a mãe do meu pai foi uma pessoa ímpar, Mãe, que é como eu chamo a mãe de minha mãe, não perde mesmo, com elas eu aprendi algo assim crucial em minha personalidade e é o tal de senso de RESPONSABILIDADE.



E vê alguém falando de avós me fez sentir uma enorme saudades de voinha,  Dona Rita, teve uma história e tanto, digna de uma novela, livro ou mesmo da pessoa que ela foi... Ficou órfã aos 12 anos, irmã mais velha  assumiu a casa e olha que o pai dela, o velho Rafael, não era um homem de brincadeira não, ele é uma lenda familiar, todos os filhos de voinha carregam o nome dele, meu irmão se chama Rafael, minha irmã Rafaela, vários dos meus primos também carregam esse nome no sobrenome e a maioria deles prefere ser chamado de Rafael.

E a nega herdou todo potencial do homem para virar mito, casou muito cedo, mas escolheu o marido pessoalmente e senta que tem história: Voinho namorava a irmã dela, Tia Maria, mas Tia Maria traiu ele, para se vingar ele quis namorar Voinha, o Velho Rafael não quis, ameaçou, mas Voinha bateu o pé e disse: "Eu vou namorar ele sim!".

Minha opinião pessoal: antes tivesse ouvido o pai, eu amo Voinho, amo mesmo, ele é um bom avó, sobretudo para as netas, tem olhos azuis lindos e  um sorriso afetuoso, mas nunca, nunca mesmo chegou a amar Dona Rita, todo mundo sabe disso, as Rafael até entendem, mas os Rafael são incapazes de perdoar isso, Freud explica, e como explica... E se Dona Rita tivesse ouvido o pai ela não seria quem ela era, logo minha opinião é insignificante, o importante é que voinho quis pregar uma peça em Tia Maria e quem foi enredado na peça foi ele, pouco tempo depois ele se casou em Serraria com Rita. Ah, Tia Maria e Voinha foram amigas a vida toda, e as negas tinha uma queda por olhos claros, Voinho tem olhos azuis e o marido de Tia Maria verde...

Ah[2], só para constar, esse história toda se deu no interior da Paraíba, lá onde judas perdeu as botas, as histórias dizem que depois que eles se casaram  voinho sempre que podia fazia as malas e viajava e ela segurava a barra sozinha... Orgulhosa como só ela, levava os filhos para a roça, cavava um buraco debaixo de uma árvore, cobria com um pano e colocava os filhos pequenos dentro com um pano na cabeça para poder trabalhar. Diga ai se a velha não era casca grossa?

Na primeira oportunidade que teve pegou os filhos e venho para Recife atrás de Voinho e cáh estamos nós... Eu convivi muito com ela, presenciei muitos dos seus eternos perrengues com voinho... Sua ranzizisse eterna, seu orgulho e seu cuidado com seu clã, sua forma de amar controlando os filhos de perto ate enlouquecer eles, a forma dos filhos serem grudados a ela até a exaustão... Foi duro para todos nós aprender a viver sem Voinha, até hoje sinto falta dela até as lágrimas.

E tem uma coisa engraçada, um dos filhos dela nunca casou, quando ela era viva ele vivia dizendo que ia sair de casa, iria morar sozinho e isso e aquilo, mas depois que ela morreu ele nem fala mais em sair de casa e casa dela continua exactamente igual ao que era quando ela estava viva... Nada mudou por lá, quando você chega lá parece que voinha vai aparecer a qualquer momento em algum lugar, moveis, cozinha, mesa... geladeira, tudo igual só falta ela... Eu não sei como ele aguenta viver ali, eu fico angustiada de tanta vontade de chorar, painho não entra também, ele não aguenta.

Hoje a Casa de Voinha é um tipo de museu, mas já foi um lugar alegre com uma avó dominadora, mas bastante afetuosa, engraçada em sua ranzizice e que sempre me inspirou de muitas formas... Ah, sem contar que a voz de Voinha sempre teve peso entre o meu pai José Rafael e eu, o que ela falava era Lei e sempre que queria algo ela advogava minha causa. Sinto saudades e discutia menos com painho também!

Ah[3], voltando ao selo, deixo ele para todos que se sentirem instigados a relembrar suas avós, se puder passe na Ana Bela e confira a história que ela conta, eu gostei muito, especialmente por ter me feito lembrar do quanto foi bom ter voinha e do quanto ela foi especial para todos nós.

8 comentários:

  1. História bonita! Eu queria ter conhecidos qualquer um dos meus avós...

    Beijocas

    ResponderExcluir
  2. Parabéns pelo brinde e aplausos pela bela história.
    Voinho e voinha são maneiríssimos.

    Bjs.

    ResponderExcluir
  3. História fofinha! é tão bom lembrar da infância perto da vovó... Não conheci o meu avô, mas a minha avó se encarregou de nos dar carinho em dobro!

    PARABÉNS pelo selinho! bjoxxxxxxxxxx no coração!

    ResponderExcluir
  4. Só cheguei a conhecer o meus avós paternos, mas de tão triste memória para mim que nem sei se vale a pena contar alguma coisa. Seria um texto mais de lamentos, eu é que ia parecer ranzinza. Abraços. Paz e bem.

    ResponderExcluir
  5. Também tive um voinho(alto, loiro e de olhos azuis, certamente herança holandesa, rs) e uma voinha baixinha, morena e de cabelo preto, brava como uma peste...ambos do sertão,que saudades!
    bjs
    Jussara

    ResponderExcluir
  6. Acho legal histórias de pessoas que conviveram pacificamente com seus avôs e avós... não vou deixaraqui o meu relato porque não quero assustar ninguém. rs

    BeijoZzz

    ResponderExcluir
  7. Jussara pois não é que você descreveu perfeitamente meu avô e minha avó, a única diferença é que ele não é loiro \o/

    ResponderExcluir
  8. Que história master ...
    Fiz uma viagem ...aqui sentadinha onde estou ...
    Imaginando cenas ...
    Obrigada !

    ResponderExcluir