terça-feira, 31 de julho de 2012

Eu e o Gonzaga


Quando a Jaci começou a falar do Luiz Gonzaga lá no twitter eu me lembrei de imediato da minha infância, já que minha família é nordestina, sendo assim meu pai gostava, minha mãe adora e meu noivo ama o Rei do Baião!

Quando costumávamos ir à praia meu pai gostava de colocar músicas sertanejas no carro e eu as detestava. A única opção era pedir para colocar alguma do Luiz Gonzaga e assim eu ia feliz me encontrar com os pernilongos e com o sol de rachar!

No entanto, não era só nas minhas idas á praia que Luiz Gonzaga entrava na minha vida, toda festa de fim de ano eu me encontrava com ele novamente, pois antes desse forró moderno ocupar o som dos meus familiares, Luiz Gonzaga nos presenteava com sua música. Por isso, quando me perguntam se eu sei dançar forró eu digo: depende, é Luiz Gonzaga?

Dessa forma, o Rei do Baião sempre fez parte da minha vida e foi com grande alegria que eu descobri que o meu noivo também adorava o Luiz Gonzaga. Isso porque eu devo dizer que esse é o único ponto em comum que nós temos no quesito musical. E assim como noivo, eu gosto dos sucessos mais antigos: “A feira de Caruaru”, “Asa Branca”, “ABC do Sertão”, “Amor da minha vida”, “Assum-preto”, “Baião”, “De Fiá Pavi” (uma das preferidas do noivo), “Forró de Mané Vito”, entre outras.


No entanto, a minha preferida é “Riacho do Navio” e as pernas não ficam quietas quando escuto “Vem Morena” e “O Xote das meninas”.


Luiz Gonzaga, assim como Dominguinhos, marcou a minha infância e agora que o meu pai faleceu é inevitável ouvi-lo e não me lembrar dele.


Michele Lima
Notas de Rodapé
Um pouco de shoujo
____________
P.S.: Como bem lembrou a Ana, o noivo da Mi, agora é Marido, ela escreveu esse texto antes do casamento.

Enfim, como a Ana é cruel na forma como lembra das coisas rssrsrs #MeninaVelhaMáSanguinolenta

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Fora de tempo...



Uma vez um amigo meu ao saber que eu tinha um blog me deu uma receita para bombar na blogosfera, ele me disse que o bom era sempre falar no assunto do momento na hora que ocorria. No dia que ele disse isso eu soube exatamente o que eu estaria sempre evitando de falar no blog, não digo que não seda a tentação de falar sobre os assuntos que viram noticia da noite para o dia, mas evito sim isso, até porque isso é um blog e não um jornal ora...

Mas, apesar dessa determinação não posso ignorar que esse ano é o ano do centenário de Luiz Gonzaga e me deu vontade de falar sobre os fios que me unem ao Velho Lua, filho de Januário. Uma vontade nada original visto que até escola de samba falou dele esse ano e ele também foi o tema do São João de Pernambuco sendo por isso abordado por várias Quadrilhas Juninas.

Eu, como boa nordestina, também tenho tenho minhas histórias, preferencias e tudo o mais com o velho Lua, ele é quase uma unanimidade. Eu nunca vi ninguém dizer que odeia Luiz Gonzaga, mesmo entre meus colegas de Escola Bíblica Dominical encontrei fãs dele, um dos meus amigos até biografia tinha. Então, depois de considerar isso, de repente me deu vontade de contar/registrar um pouco disso nesse blog.

O plano era fazer algumas postagens sobre elem então acabei convidando a Michele Lima, uma das pessoas mais orgulhosas de sua origem nordestina que conheço, para falar sobre Luiz Gonzaga e pedi ao Tiago do 171nalata para me emprestar a postagem que ele fez a "500 anos" sobre o Velho Lua e resolvi dedicar essa semana a Luiz Gonzaga meio fora de tempo mesmo.

Espero que haja quem curta essa homenagem meio fora de tempo. Eu curti ler os textos da Michele e do Tiago assim como curto escrever o meu.



segunda-feira, 23 de julho de 2012

Da dignidade do Gato!!!

Ontem eu terminei de ler O clã dos Magos, livro que me foi enviado pelo Luciano do .Livro, ai mexendo na net vi uma foto de uma moça que colocou uma toalha em cima da cachorrinha dela e tirou uma foto junto com o mini-mago e o livro pra combinar...

Eu achei a foto e a ideia muito fofa (clique aqui para conferir) e entre mim e "mim mesma" comecei a planejar fazer o mesmo com meu lindo gato Batatinha Rafael Clemente.

Bem, ele ficaria lindo de Mago Negro, mas vamos e venhamos, é claro que isso nunca daria certo!!! Batata é qualquer coisa menos um animal dócil que se deixa apanhar para brincadeirinhas minhas néh?!?!

Mas, o legal, foi que antes mesmo que eu começasse a sequencia "caça ao Batata", Rafaela me chegou no computador com a seguinte imagem:


Desconfio que pode até existir animal tão digno quanto, porém, no entanto, todavia, mais digno que esse felino é difícil. Bem já disse Terry Pratchett:


"Nos tempos antigos os gatos eram adorados como deuses, eles não se esqueceram disso até hoje."
(Terry Pratchett)

Reza a lenda que os egípcios realmente adoravam a Bastet, a deusa gato, associando-a ao sol, a fertilidade e a gestação... Ainda segundo conta a lenda, com passar dos séculos e o crescimento do Império Romano Bastet passou a ser associada/misturada a Ártemis ficando definitivamente ligada a Lua, noite e derivativos.


Na minha época de graduanda li um livro chamado "O grande massacre dos gatos" e nele tem um capitulo que discute como a imagem do gato associada a feminilidade, a sensualidade e ao perigo foi sendo construída ao longo do tempo. Talvez por essas associações, reze outra lenda que uma bruxa sempre tem um gato preto por perto, o que me leva novamente a Terry Pratchett e suas bruxas.


Uma das bruxas desse autor é a Tia Ogg, ela tem um gato chamado Greebo, depois de Garfield, Greboo é definitivamente meu gato preferido da literatura.



"Para Tia Ogg, Greebo era o gatinho fofo que corria atrás de novelos de lã pelo chão.
Para o resto do mundo, era um gato enorme, um pacote de forças vitais incrivelmente indestrutíveis dentro de um couro que não parecia pele de animal, mas um pedaço de pão deixado num lugar úmido durante quinze dias.

Os estranhos sempre ficavam com pena dele porque suas orelhas não existiam e sua cara dava a impressão de que um urso acampara em cima dela. Não sabiam que ela era assim porque, por uma questão de orgulho felino, tentava violentar ou brigar com absolutamente qualquer coisa, incluindo uma carroça para transporte de toras puxada por quatro cavalos. Cães ferozes gemiam e se escondiam debaixo da escada quando Greebo passava pela rua. Raposas mantinham-se distantes da aldeia. Lobos davam meia-volta.

Era provavelmente o único gato que conseguia ronronar com escárnio."
(Terry Pratchett- Quando as bruxas viajam)



E claro, se estamos falando de gatos não podemos esquecer do gato de Cheshire que em Alice no País das Maravilhas é autor de uma das tiradas mais inquietantes da literatura:


"- Gatinho de Cheshire (...) Poderia me dizer, por favor, que caminho devo tomar para ir embora daqui?
- Isso depende muito de para onde quer ir - responder o Gato.
- Para mim, acho que tanto faz... - disse a menina.
- Nesse caso, qualquer caminho serve - afirmou o Gato.
- ... contanto que eu chegue a algum lugar - completou Alice, para se explicar melhor.
- Ah, mas com certeza você vai chegar, desde que caminhe bastante.
- Mas eu não quero me meter com gente louca - ressaltou Alice.
- Mas isso é impossível - disse o Gato. - Porque todo mundo é meio louco por aqui. Eu sou. Você também é.
- Como pode saber se sou louca ou não? - disse a menina.
- Mas só pode ser - explicou o Gato. - Ou não teria vindo parar aqui."
(Lewis Carroll)

Em síntese, eu não tenho coragem de fazer traquinagens com Batatinha!!!! A dignidade e o orgulho felino que atribuo a ele se confunde com o orgulho e dignidade que eu mesma procuro construir em mim.



Sem contar que eu sempre lembro de Sandman vol. 18, do Sonho de Mil Gatos e de uma Gata informando-nos que podemos mudar o mundo!



E por fim, já que para nossa alegria e pena é segunda-feira novamente, só me resta concluir esse post com o Garfiel:



sábado, 21 de julho de 2012

A Blogagem Coletiva, a pergunta e a falta de resposta!

Hoje é o dia da blogagem proposta pela Aleska, acho que depois de tanto tempo de parceria eu meio que tenho um compromisso moral de postar algo a respeito... Mas confesso que está sendo mais complicado do que eu pensei.

Eu não sou uma pessoa que dialogue muito bem com seu próprio corpo e isso não é de ontem ou de antes de ontem, é um caso antigo que inclui espelhos quebrados, anos sem olhar no espelho, impaciência crônica, dietas loucas e algumas coisitas que são mais comuns do que se pode supor olhando assim de longe.

Eu sei que não sou a única mulher do mundo que tem uma pequena grande aversão a si mesma, há quem diga que toda mulher é uma insatisfeita. Mas eu sou um tipo que leva tudo muito a sério e rumina questões como bois ruminam a grama e desde que Aleska propôs esse tema e a Vaneza com Z me fez a seguinte pergunta:


"Como você pretende falar do seu corpo se você nem gosta de si?"


Eu simplesmente não consigo organizar meus pensamentos de maneira adequada para falar sobre esse tema, estou meio que parada no tempo pensando... A pergunta da Vaneza foi um soco no estomago e tanto, não tinha parado para pensar que a falta de paciência com meu corpo é uma falta de paciência e de afeto comigo mesma...

Um dos meus primos debochados costuma dizer que eu sou muito pouco gentil comigo mesma, as palavras da Vaneza me lembraram as dele e eu continuo em curto, a pergunta da Vaneza não tem resposta e eu não tenho como desenvolver esse tema no momento.

Sei de cor que:

"Temos que nos aceitar;
O padrão de beleza é uma coisa historicamente construída;
Ninguém é obrigado a se pautar pelo padrão arbitrário da mídia;
Todos tem sua própria beleza;
Aos olhos do Pai todos somos obras primas..."

Eu repito isso para mim todos os dias, já disse isso centenas de vezes a um monte de pessoas, eu acredito nisso... Mas me olho no espelho e vacilo e um dia sim e o outro também penso que séria melhor não ter nascido, não é que eu não veja beleza na vida, eu vejo, tem a poesia, as crianças, o sol, o mar, meus amigos, mas, isso tudo existia sem mim lindamente...

Enfim, não consigo falar sobre o tema da postagem de forma decente... Aleska, minha linda, me perdoe, sei que sua proposta vai ser o sucesso e corre o risco de ajudar a quem precisa tanto agora quanto no futuro, afinal sempre tem meninas/mulheres em busca desse tipo de conteúdo na net quando elas pesquisarem vão encontrar esses textos e eu espero que com eles encontrem o apoio que precisam para ser mais elas e menos o que os outros desejam que elas sejam.

sábado, 14 de julho de 2012

Cartas e concursos...

Desde o ano passado eu e a Ana Seerig nos tornamos correspondentes, a Ana quebrou todos os muros da virtualidade e entrou na minha vida concreta, e se Deus quiser, vai ficar por muito tempo e invadir, quem sabe, a eternidade.


Essa experiencia de escrever cartas se ampliou de tal forma que me tornei correspondente de algumas pessoas queridas, nós fazemos terapia, colecionamos lembranças e bons momentos... Escrever cartas é uma experiencia maravilhosa, abrir uma carta é uma experiencia maravilhosa.


Foi a experiencia de escrever e abrir cartas que me inspirou a participar do concurso que a Elaine Gaspareto promoveu pela segunda vez em seu blog o Um pouco de mim.

Pois é, por incrível que pareça esse conto passou na seleção e vai fazer parte de um novo livro. O Um pouco de nós vai carregar consigo uma parte de minhas palavras e é impossível não ficar feliz em ser parte dessa lista.


Agora é só esperar o livro sair e descobrir o que os outros autores deixaram de si nesse livro!


sexta-feira, 13 de julho de 2012

Um pequeno grande livro: Antologia Poética de Fernando Pessoa da Jane Tutikian

Quando eu vi essa pequena "Antologia Poética de Fernando Pessoa" na livraria e fui magneticamente atraída para ela. Não resistir a cara linda do livro e abusando da liberdade que os meninos que trabalham lá me dão, sentei e comecei a folhear, pensando a cada página: "Mas que pequeno grande livro é esse?".

Tudo bem que eu sou apenas uma fã babona de Fernando Pessoa, não sou especialista, nem coisa do gênero. Altamente suspeita e nada recomendada para avaliar para o bem ou para o mal a obras, mas tenho que dizer que achei cada escolha da Jane Tutikian perfeita.

Imagino que deve ter sido terrível para ela abrir o Eu profundo e os outros Eus, respirar fundo, considerar toda obra completa do homem e escolher apenas poemas suficientes para encher 64 páginas. Imagino que o exercício de escolher esse e não aquele, aquele e não este deve ter exigido uma ginastica mental profunda.

Independente da felicidade ou infelicidade das escolas da Tutikian, sentar e apreciar Fernando Pessoa sempre foi e será uma experiencia enternecedora.


É impossível não se enternecer pensando a respeito de uma ceifeira que mesmo pobre canta:

"Ela canta, pobre ceifeira,
Julgando-se feliz talvez;
Canta, e ceifa, e a sua voz, cheia
De alegre e anônima viuvez,
Ondula como um canto de ave
No ar limpo como um limiar,
E há curvas no enredo suave
Do som que ela tem a cantar.

Ouvi-la alegra e entristece,
Na sua voz há o campo e a lida,
E canta como se tivesse
Mais razões pra cantar que a vida."

Outra impossibilidade é não amar. Como não amar o Alberto Caeiro?

"O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás..."

E como não se apaixonar pela milesima vez pelas palavras de um certo Pastor Amoroso?

"O amor é uma companhia.
Já não sei andar só pelos caminhos,
Porque já não posso andar só.
Um pensamento visível faz-me andar mais depressa
E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo.
Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo.
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar."

Como não vibrar com os versos de Álvaro de Campos?

"NÃO: Não quero nada.
Já disse que não quero nada.
Não me venham com conclusões!
A única conclusão é morrer.

Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!

Tirem-me daqui a metafísica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) —
Das ciências, das artes, da civilização moderna!

Que mal fiz eu aos deuses todos?

Se têm a verdade, guardem-na!"

Acho que nunca houve quem me inspirasse a escrita de ridículas cartas de amor...

"Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas."

E no fim ainda há aquele que foi a primeira parte do Pessoa que despertou o meu amor, o Ricardo Reis convidando sua Lídia a vim sentar e ver passar o rio...

"Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos.
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlacemos as mãos.)

Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,
Mais longe que os deuses.

Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos."

Eu não sou Lídia, mas já estou sentada olhando correr o rio e vendo que a vida realmente passa, mas meu amor por Fernando Pessoa fica, sempre firme e forte como o bramido das grandes ondas do mar ou a força das mares.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Sobre muros...


Outro dia eu tive que refazer o percurso que eu costumava fazer diariamente para ir ao trabalho e um muro me chamou minha atenção porque ele não estava lá há um ano atrás e ele cercava justamente a casa de uma das pessoas com a qual mais fiz amizade ao longo dos 5 anos que passei trabalhando na creche. Uma senhora idosa que costumava sentar na frente de sua casa na mesma hora todos os dias para aproveitar o vento, ver a paisagem e quem passava.

Com o passar do tempo nós duas percebemos que uma sempre passava e a outra sempre estava ali sentada... Então passamos nos reconhecer com um sorriso que passou a um cumprimento dando lugar com o dias, semanas, meses, anos, ao habito de papear. Nas minhas férias da faculdade nós chegamos a ver o sol se por em meio a nossa conversa e isso era muito bom.

Amor, crianças, saúde, vontade de viver eram temas recorrentes em nossas conversas. Aos poucos nós fomos contando uma a outra a nossa vida, nossos dilemas, problemas, buscas por soluções, sonhos, doenças e curas, amores bem sucedidos e mal sucedidos também.

Eu confesso que nunca conheci ninguém com mais amor a vida que essa minha amiga cujo nome eu não conto porque nunca perguntei! Cinco anos de papo e nós nunca nos preocupamos de perguntar coisas uma a outra, a conversa fluía tão naturalmente que nem ela jamais perguntou meu nome nem eu o nome dela.

Minha amiga está além dos 70 e convive com todos os males da idade, tomando medicação diariamente, seguindo uma dieta rígida sem açúcar, sem sal, sem gordura, sem nada, e ainda assim com animo, gostando de viver, achando que vale a pena o estrago. Sem se lamentar pelas dores que se foram ou pelas as que vieram, sendo ainda capaz de sentar na frente de casa para ver o tempo passar em um fim de tarde.

Sei lá, aquele muro alto cercando a casa de minha amiga me causou um certo mal estar. Me fez pensar nos  muitos muros que existem em nossa volta aos quais esse se soma pesadamente, ao menos para mim.

Acabei lembrando dos versos de Robert Frost que aprendi com um dos meus companheiros de virtualidade, o Rafael, "Alguma coisa existe que não aprecia o muro" e nessa lembrança acabo pensando que, talvez, boas cercas não façam bons vizinhos. Acho que boas cercas fazem apenas bons estranhos.

Digam o que disserem sobre segurança ou insegurança, privacidade, cães selvagens, terrores noturnos ou o inferno e suas legiões, talvez se aquele muro estivesse ali há seis anos atrás eu não tivesse conhecido uma das personagens que mais marcaram a história dos meus 20 poucos anos e seria um ser humano muito mais pobre.
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P.S.: A proposito de muros, acabei de lembrar de um texto de Neil Gaiman e Dave Mckean que li em Sinal e Ruido, para quem gosta eu deixo aqui...


Vier Mauer
Neil Gaiman e Dave Mckean

ABERTURA

"Alguma coisa existe que não aprecia muro."
Robert Frost escreveu isso, mas também
sugeriu no mesmo poema, "Muro Remendado",
que "Boas cercas fazem bons vizinhos",
então o que podemos dizer?


A PRIMEIRA PAREDE

Tento imaginar quem construiu a primeira
parede. O que ele tinha em mente. Ou ela.
Proteção? Privacidade? Ou outra coisa.

Construímos nossas civilizações com
paredes, que nos dão abrigo e fortaleza.
Mantêm distantes "os outros": as
intempéries, os animais selvagens,
as pessoas que são diferentes. Ao nos dividirem, as paredes nos definem.

As paredes separam as pessoas;
e não só as paredes que construímos.
Talvez as mais assustadoras sejam aquelas
que somos capazes de ver, mas
em cuja existência acreditamos.

A SEGUNDA PAREDE

Eu tive um sonho a respeito disso quando
era pequeno.

No meu sonho havia uma nota, uma nota
musical, um som; e quando ela era tocada todas
as paredes começavam a ruir. E todas as pessoas
de todos os lugares podiam ver...

Podiam ver umas as outras, fazendo as coisas
que as pessoas fazem entre quatro paredes,
Ninguém tinha mais onde se esconder.

Então acordei, e nunca soube se não ter nenhuma
parede era uma coisa boa ou ruim. Não ter onde
se esconder, poder ir a qualquer lugar; sem
fingimento, sem proteção, sem segredos.

A TERCEIRA PAREDE


Disseram-me que a Grande Muralha da China é a única construção
humana na superfície da Terra que pode ser vista do espaço.

Eu nunca vi a Terra do espaço. Não conheço ninguém que tenha
feito isso.

Só vi as fotografias.

Disseram-me que, daquela distância, é muito difícil diferenciar um
país do outro. Era de esperar que eles fossem coloridos, como nos
velhos mapas da escola.

Assim todos diferenciariam.

A QUARTA PAREDE


Quando ouvir dizer que o Muro de Berlim caíra, minha primeira reação foi de
alívio; mas então eu pensei: e se existisse uma jovem que passou anos - metade de
sua vida - pintando naquele muro?

Pintando uma mensagem, ou uma imagem.

Se todas as manhãs ela se levantasse bem cedo, fosse até lá e pintasse um ou
dois traços no muro. Todos os dias, na chuva, no frio, as vezes até no escuro.
Era o seu grito contra a opressão. Seu protesto contra o muro.

Ela estava quase terminando quando o muro foi demolido.
As pessoas poderiam ir e vir livremente. O muro contra o qual ela protestava
não existia mais, assim como sua criação, desfeita em pedaços, vendida a um
colecionador particular.

Tento imaginar como ela se sentiu. Espero que não tenha ficado desapontada.

Eu teria ficado.

ENCERRAMENTO


Talvez devêssemos olhar além das paredes.

Escutem: pintores, escritores, músicos, cineastas e grafiteiros que pintam
frases que brotam como flores luminosas nas laterais de construções
abandonadas - todos vocês.

Existe uma quarta parede a ser demolida.
Governos e autoridades vivem afirmando que boas cercas fazem bons
vizinhos, e aumentam a vigilancia nas fronteiras em um esforço para nos
deixar felizes da maneira como estamos.

Mas alguma coisa existe que não aprecia o muro, e seu nome é
humanidade.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Blogagem Coletiva: ESPIRITUALIDADE!


O Christian do Escritos Lisérgicos propôs essa blogagem e eu resolvi tentar falar sobre esse campo fundamental da minha vida.

Confesso que nos últimos tempos não tenho sido nem um quinto do quarto da cristã que gostaria de ser, estou muito distante do meu ideal de pratica cristã, desde abril deixei de frequentar a Escola Dominical e levando em conta que eu era a professora mais antiga em exercício daquela igreja local especifica imagine até que ponto vai a minha atual crise existencial.

Mas, minha crise existencial diz respeito a minha igreja local, a minha denominação, Assembléia de Deus, ministério de Recife sob a tutela do Pastor Aílton José Alves (cito nomes pois existem muitas Assembleias de Deus e meu problema é especifico e não genérico) e aos caminhos que vem sendo escolhidos pelo meu pastor presidente e não em relação a Deus. No entanto, como tudo isso faz parte dos caminhos da religião resolvi não omiti esse capitulo do livro "Espiritualidade da Pandora".

No mais, se a minha crise com a minha denominação igreja local é latente, em relação a minha fé confesso que dúvidas me faltam.

Sou Cristã, a Bíblia é meu livro de fé e a parte as muitas questões levantadas pela ciência penso que a fé não precisa de explicações cientificas para ser, assim como a ciência não carece de justificativas de fé para existir.


Algumas pessoas me questionam em relação ao fato de ter me graduado em História e permanecer sendo uma pessoa de fé, mas aprendi ao longo de minha formação que a ciência é o lugar da dúvida, a ciência, não se constrói com certezas, o cientista duvida de tudo e é assim que nós descobrimos coisas e construímos conhecimentos a cerca da realidade e quando esse conhecimento se transforma em certezas acabou a ciência e virou uma forma de fé.

Já a fé não, a fé se constrói baseada em certezas, em crenças firmes. O fiel não vacila, ele crer no seu livro, como cristãos, judeus e muçulmanos, ou na narrativa passada de pai para filhos, como no caso do candomblé, umbanda e etc. Não há espaço para duvidar ou você crer ou não. Quando você começa a duvidar da sua fé é sinal que você a perdeu e está no caminho de achar outra ou não achar.


E sim, eu penso que fé e conhecimento cientifico podem correr caminhos paralelos e um não precisam se justificar mutuamente ou se deixar provar em pelejas eternas a respeito de sua veracidade.

Nenhum historiador precisa me dizer que a Bíblia é verdadeira para que eu creia nela. Assim como nenhum pastor precisa me dizer que minhas fontes não contam toda a verdade sobre o passado, elas apenas me dão pistas sobre o que houve e que a ciência é falha em suas conclusões e desse jeito eu nunca vou chegar a uma Verdade, porque isso é uma obviedade.

Bem, a beleza da fé é a certeza e a beleza da ciência é a duvida. Então está Ok! que eu creia na Bíblia mesmo sem conseguir provar cientificamente que uma consciência superior forjou cada linha, até porque ciência não prova nada em caráter definitivo, no máximo ela estabelece consensos.


Assim como está ok que a ciência não vai me dar verdades através das quais eu possa viver e nem precisa. Deus me proteja de me tornar uma historiadora cheia de verdades, no máximo eu quero me tornar uma historiadora cheia de conhecimentos a cerca do passado e de dúvidas que me façam uma eterna pesquisadora sempre intrigada por conhecer novos aspectos a respeito da vida dos que viveram e morreram antes de mim e do mundo que eles nos deixaram como herança.

Para concluir, lembrei de um texto que escrevi a quase dois anos atrás chamado "Preciso falar de fé" esse texto continua exprimindo a minha verdade em relação a fé e talvez por isso, por ter fé, eu precise ressaltar para finalizar que nessa área RESPEITO com letras maiúsculas nunca é demais. Ridicularizar, fazer chacota, inferiorizar a fé alheia é um ato de violência injustificável.
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quarta-feira, 4 de julho de 2012

A escadaria, a desastrada, o guarda-chuva e o anime: sobre Another!

Como a Caixa não é um blog assim voltado para animes a Pers, também conhecida como Mi (ou Michele Lima para os não íntimos) abriu espaço para mim em seu Um pouco de shoujo, hoje estou lá falando sobre Another e quem curte anime e quiser da uma olhada é só clicar e sentir-se em casa!!!

Ah, quem não curte anime e quiser conhecer o que a escadaria, desastrices e guarda-chuva tem haver com essa história também está devidamente convidado e corre o perigo de até ri com essa história.


terça-feira, 3 de julho de 2012

Meu romantismo combina com chapéus!


Quando a Irene falou da blogagem sobre chapéus eu tive a ideia na hora de falar sobre o romantismo que os chapéus me inspiram, mas cometi o erro de não transformar a ideia em ação e perdi o dia da postagem. No entanto, mesmo passada a data eu ainda quero falar disso.

Em dez entre dez dos meus sonhos românticos quando o príncipe encantado aparece eu estou com a minha melhor cara de heroína de romance da Jane Austen com um lindo chapéu não tem jeito. Tanto que um dia desses em uma loja de conveniência uma amiga minha flagrou em um clique um desses momentos voadores.


Saca o sorriso bobo de quem ta se sentindo a Elizabeth Bennet! Pois é, a pessoa ler uma penca de romances açucarados e fica assim boba só porque colocou um chapéu rosa na cabeça!!!

Enfim, para não ficar só com minha cara de boba sonhadora mostro algumas das personagens de Jane Austen, todas com seus chapéis mostrando que meus devaneios não são tão infundados assim!


Elizabeth Bennet, de Orgulho e Preconceito!


Emma, que é mimada de doer, mas é a mais fofa das heroínas.


Anne Eliot, a minha preferida atualmente.


As irmãs Marianne e Elinor Dashwood


As irmãs Bennet no filme Orgulho e Preconceito.

Bem, esse post deveria ser parte da "Blogagem Coletiva: O Mundo dos Chapéus" proposta pela Mamyrene em comemoração aos seus três anos.

domingo, 1 de julho de 2012

Com o pé em casa!!!

Antes de começar esse post tenho que agradecer aos meus companheiros de virtualidade pela força que sempre me dão nesse processo de produção e escrita da dissertação a pós não seria a mesma sem o apoio... Sempre que compartilho uma angústia aqui recebo apoio de vocês e isso é muito bom!

Há momentos nos quais temos a faca e o queijo nas mãos, mas ainda assim nos falta um apoio para fazer o serviço ai precisamos de amigos para da aquele empurrão básico, aqui entre os mares da virtualidade eu vez em sempre encontro esse apoio básico. #Obrigada

Sim, voltando ao trabalho, a apresentação foi ótima, eu fiquei um pouco nervosa, como de praxe, mas tudo correu muito bem. As professoras que coordenavam as apresentações eram da Universidade Federal da Paraíba. Elas elogiaram meu trabalho e um grupo de alunas da UFPA que pesquisa o mesmo tema veio ver minha apresentação e nós conseguimos trocar idéias. Como é bom encontrar pessoas com as quais a gente compartilha interesses néh?!?!

Mas, o ponto alto da minha ida ao Piauí foi decididamente o encontro com a Vaneza com Z, depois de cumpri meus compromissos acadêmicos cheguei na pousada pulando, arrastei minha mala e fui embora para Parnaíba ser recebida pelo seguinte cartaz:


A parte o fato dela ter dito posteriormente que eu sou mais baixinha do que ela esperava e eu ter ouvido por trás dessa frase um "e também mais gorda!" o encontro foi ótimo.

Desvirtualizar uma amizade é uma experiência intrigante, em questão de minutos você compartimenta em um corpo quilômetros de conversas, sonhos conjuntos, compreensão mutua construída longe da concretude da vida cotidiana e próxima ao coração.

É muito bom encontrar alguém com quem você compartilha sonhos e pesadelos por tanto tempo e compartilhar com essa pessoa além da cumplicidades das confidencias trocadas por e-mail e blogs o calor de um abraço, a alegria dos sorrisos, a dor das lágrimas, a expectativa da chegada, a angústia da despedida e a promessa de um reencontro.

E sim, eu estou falando da Vaneza e não do Wolverine com o qual apareço na foto! Mas gente ele néh lindoooo!?!?!? Pessoalmente é mais eu juro!!! Deu vontade de trazer comigo na mala, mas a Vaneza não ia achar essa ideia legal, afinal ela também tem um vinculo afetivo com esse lindo!!!

Enfim, conhecer o Piauí foi ótimo! E essa Pandora voltou com para casa com a mala super cheia!

Cheia de livros, adquiridos na universidade abordando aspectos de meu interesse sobre o Piauí:


Cheia de versos sonoros que escuto agora através dos cds do Validuaté. Mesmo a Vaneza sabendo que não sou bem um animal musicalizado, assim que entrei em sua casa ela me deu esses dois cds:


Cheia de risos, como os que nasceram quando vi esse cartaz:


Gente só uma pessoa com TOC mesmo para corrigir pessoalmente o cartaz dos outros! Sim essa crase foi posta ai pela Balzaquiana com Z e eu tive que fotografar! #AnaPodeRir


Mas, talvez o que mais ocupou espaço na minha mala tenha sido os sonhos que essa Pandora compartilhou com aquela Balzaquiana enquanto caminhavam olhando o sol se por em uma praia localizada bem a esquerda do Paraíso.


"Já é tempo de sair do lugar
Já é tempo da tristeza acabar
Já é tempo de sair do lugar
Já é tempo da alegria girar
Pra ver se fica bem"