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sábado, 18 de fevereiro de 2012

Quem é o Carnaval...

Galo da Madrugada
Ladeiras de Olinda
Recife Antigo: Marco Zero!


"Os desabrigados. Os famintos. Os silenciosos. Aqueles que tinham sido abandonados pelos homens e pelos deuses. O povo das névoas e da lama, cuja única força estava em algum lugar do outro lado da fraqueza, cujas crenças eram tão instáveis e caseiras quanto suas casas. E o povo da cidade — não os que moravam nas grandes casas brancas e iam aos bailes em belas carruagens, mas os outros. As histórias nunca eram sobre eles.

As histórias não estão, de modo geral, interessadas em guardadores de porcos que permanecem sendo guardadores de porcos com pobres sapateiros humildes cujo destino é morrer um pouco mais pobres e muito mais humildes.

Essas pessoas eram as que faziam o reino mágico funcionar, que preparavam suas refeições, varriam seu chão e carregavam suas sujeiras à noite, e eram os rostos na multidão cujos desejos e sonhos, por mais complacentes que fossem, não tinham nenhuma conseqüência. Os invisíveis."
(Terry Pratchett)
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Hoje é o dia do desfile do Gala do Madrugada, maior bloco carnavalesco do mundo... O carnaval do Recife é uma festa totalmente de rua, popular, 0800, de graça, ou seja, a prefeitura gasta milhões com ela para desespero de quem acha saúde, educação, urbanidade e derivativos algo prioritário... Mas, acreditem, o Carnaval é uma força que não poderia NUNCA ser contida... Se a prefeitura fizesse diferente... Se ela não gastasse pesado com ele, ninguém sabe o que aconteceria.

Pensando nas características do Carnaval da minha cidade lembrei dessa citação de Pratchet. tirada do livro "Quando as bruxas viajam", olho para a multidão e percebo o quanto ela é adequada, o carnaval em Recife é a festa do invisíveis.


Terry Pratchett

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Um encontro com o Carnaval!

Pois é, hoje, andando pelas ruas do centro do Recife eu topei com o Carnaval, personificado na sonoridade do frevo ele sorriu para mim largamente, mas, tragédia das tragédias, seus olhos estavam tristes.

Eu explico:

Graças a minha orientação religiosa eu não brinco o Carnaval e nem sou uma grande fã, mas moro em Recife e todo recifense sente o Carnaval de alguma forma e tem algo que marca os carnavais de sua infância  e uma opinião a respeito da festa e de seu significado: orgia, bagunça, a melhor coisa do mundo, exemplo de diversidade cultural, alegria, alienação, gasto desnecessário de dinheiro público, um feriado legal... etc... E olha, néh que para mim o Carnaval é "um frevo que sorri com olhos tristes".

Acho que tenho essa ideia por causa do meu pai que sempre escutava o Moacir Franco cantando Turbilhão desde o Natal até a Pascoa, em todas as bebedeiras dele tem obrigatoriamente que tocar,  e, por incrível que pareça, eu gosto dessa canção, escutando o frevo lembrei dela.

Turbilhão sempre me parece uma musica melancolicamente verdadeira, não fala do Carnaval, ela fala da vida... Ele coloca o Carnaval como uma metáfora da vida, por trás do barulho agitado, da correria desvairada das pessoas, das festas, alegrias, trabalhos, lutas, bagunças, dos sorrisos, da busca incessante por um sentido para tudo a gente vive apenas escondendo as muitas dores com fantasias, correndo atrás de uma Colombina que está sempre um passo a nossa frente, corremos e nos cansamos, então paramos, respiramos, pensamos em esquecer... Esquecer? Que nada! Só estamos recarregando para continuar, para recomeçar nossa caça as "colombinas azuis".

Queria dizer alguma coisa a mais, algo que lembrei enquanto caminhava ouvindo o som de Turbilhão pelos ouvidos da memória. Algo me fez ver no céu tons de lilás, mas não estou encontrando as palavras certas... Então vou terminando esse post com a letra e a canção, acho que vale a pena ouvir, meu gosto musical não é, nas palavras da minha irmã, "essa coca-cola toda", mas essa não é das piores.




Moacir Franco - Turbilhão

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Turbilhão
Moacir Franco

A nossa vida é um Carnaval
A gente brinca escondendo a dor
E a fantasia do meu ideal
É você, meu amor

Sopraram cinzas no meu coração
Tocou silêncio em todos clarins
Caiu a máscara da ilusão
Dos Pierrots e Arlequins

Vê Colombinas azuis a sorrir laiá
Vê serpentinas na luz reluzir
Vê os confetes do pranto no olhar
Desses palhaços dançando no ar

Vê multidão colorida a gritar lará
Vê turbilhão dessa vida passar
Vê os delírios dos gritos de amor
Nessa orgia de som e de dor

La lalaia lalaia lalaia