Mostrando postagens com marcador Romance Histórico. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Romance Histórico. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 30 de maio de 2018

"Ligeiramente Perigosos" de Mary Balogh


Em "Ligeiramente Perigosos" Mary Balogh concluir a séries "Os Bedwyns" com chave de ouro ao contar a história de Wulfric e de Christine. Ele, o Duque de Bewcastle, um homem que aprendeu a ser frio e preciso em suas decisões a ponto de aparentar não ter coração. Ela, uma viúva jovem, sobrevivente de um casamento psicologicamente abusivo, tem uma vivacidade interior incrível, é um pequeno sol para os que estão em volta.

De muitas formas Christine e Wulfric são pólos opostos e podem se completar e se completam. Achei apaixonante a forma como Mary Balogh contou essa história. Os personagens se equivalem, vivem um romance incrível, cheio de cenas impagáveis e muita ternura. Como não amar?

Perdi a conta de quantas vezes li esse livro desde abril de 2017 e não canso dele de jeito nenhum. Agora mesmo estou aqui me apaixonando novamente por esses dois. O livro novo da Mary está ali pronto para ser lido junto com tantos outros, mas eu só quero reviver essa história. Wulfric, Christine, toda a família, sorrisos, um pouco de drama e um final incrivelmente feliz!

O Mundo Ardendo nesses dias intempestivos, eu sentido as queimaduras, pois não estou indiferente ou fora da guerra. No entanto, para equilibrar os desmantelo emocionais, releio meus velhos romances, procuro neles uma dose de alento.

domingo, 18 de março de 2018

"O Beijo da Lua" de Nana Valenttine


Romance Histórico é aquele gênero literário que em minha vida funciona como um cobertor quentinho para noites de tempestade e um ventinho bom em dias de sol causticante. Leio por prazer e vivo tentando descobri novas autoras para não correr o risco de ficar sem nada para ler e nessas procuras acabei encontrando a Nana Valenttine e sua série "Lendas de Amor". disponíveis em e-book na loja Kindle.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Top 10: Melhores Livros de 2014 [Segundo Semestre]

Quem propõe esse Top 10 é o Luciano do .Livro, ele tem colocado só a imagem dos 10 melhores com link indicando as resenhas (confira aqui). Como não sou disciplinada a ponto de resenhar os melhores livros decidi colocar minha lista e falar sobre cada livro seguindo mais ou menos a ordem de leitura, como fiz no primeiro semestre.


Divertido e viciante tem uma das melhores protagonistas já inventadas, a Alexia consegue ser divertida, autônoma, inteligente e empoderada. O passado pela Gail para Londres tem direito a lobisomens, vampiros, fantasmas, pessoas sem alma, cientistas, diversidade sexual, intriga, diversão e muito chá. Li rapidamente o vol. 1, peguei o 2 via kobo e estou aguardando ansiosamente o vol. 3.






Quando eu vi a série "Os Hathaways" de cara não me interessei muito não violão. Mas, a Michele, minha alma gêmea me enviou "Desejo à meia-noite" pelos correios e bem... Simplesmente me apaixonei pela Lisa Klaypas. Romances de época não tem (como uma dissertação, tese ou texto acadêmico) um compromisso com a a historiografia do período no qual se passam, as autoras não tem nenhum compromisso com o possível, então vale deixar os conhecimentos acadêmicos de lado e se jogar. Eu me joguei muitooooooo na Inglaterra da Lisa, amei seus personagens. Me identifiquei muito com a Amélia, irmã mais velha dos Hathaways e amei o cigano Cam.

Cam é cigano, não é branco e nem cristão. Não tem vergonha de suas origens, das tradições de seu povo ou de ir atrás daquilo que deseja. Ele e a Amelia resolvem seus conflitos também na conversa. É um romance século XIX com cara de século XXI, mas quem se importa?



Eu não poderia simplesmente deixar "As aventuras de Sindbad, o terrestre" fora dessa lista. Simplesmente não se ler um texto escrito a mais de mil anos atrás todos os dias e quando se faz isso é preciso comemorar. O mundo árabe que emerge da escrita dess@ escrit@ anônim@ é recheado de cenas urbanas, com uma enorme diversidade étnica e cheio de mulheres empoderadas: rainhas (por direito hereditário e não por serem casadas com reis), mães sábias, guerreiras, esposas capazes de abandonar o marido quando se sentem enganadas. É lindo! E reforça meu amor sempre crescente pelo mundo árabe \o/


Como já tinha dito antes, "Claros sinais de loucura" tem uma pegada de literatura infantil terna, delicada, sensível. A protagonista é a Sarah Nelson, uma menina de 12 anos com um passado delicado. Ela escreve diários, gosta de ler, de procurar o significado das palavras no dicionário e ocasionalmente criar seus próprios significados para as palavras, enquanto procura em si mesma sinais de loucura.

Me identifiquei muito com ela, aos 12 anos também procurava em mim sinais de loucura. Hoje procuro sinais de sanidade, continuo escrevendo diários, gostando de ler, de procurar palavras no dicionário e criar meus próprios sentidos para elas. Uma lágrima, um sorriso e uma flor para esse livro perfeito.

"Fahrenheit 451" foi um livro sobre o qual muito ouvi falar antes de ler e acabei lendo para o Desafio Calendário Literária, ainda não falei sobre ele, mas pretendo fazer em um post decente. O livro é uma distopia, mas também tem uma pegada existencialista fortíssima. Ray Bradbury é reflexivo e consciente da realidade na qual vive, percebe o mundo a sua volta, se questiona e na duvida projeta um futuro...

Grande parte do futuro projetado por Bradbury tem se tornado real e as vezes parece um pesadelo. Muitas vezes acordo e penso está em uma distopia... lendo Bradbury eu quase tenho certeza... Companheiros a vida é assustadora, mas livros como Fahrenheit a medida que nos tornam conscientes do caos existencial também nos oferecem um núcleo de esperança... É estranho, sensível e quente por dentro, como um coração de um gatinho que bate em nosso colo noite a dentro.

"Dias da Meia Noite" de Neil Gaiman


Como já disse outras cem mil vezes, para mim Neil Gaiman não é apenas um dos meus autores preferidos, ele é um amigo. Um amigo com o qual posso sentar no meu canto favorito do sofá, agarrada com minha cuia de chimarrão para conversar longamente sobre histórias. "Dias da Meia Noite" é uma coletânea de histórias contadas pelo jovem Gaiman através da linguagem dos HQs, nele encontramos personagens lindos em situações nas quais é impossível não ama-los.

É muito bom está com o Gaiman, não tem como não colocar esse entre o meu top 10.




"O gato do rabino, vol. 1: Bar Mitzvah" e "O gato do rabino, vol. 2: o Malka dos Leões" de Joann Sfar


Joann Sfar é simplesmente GÊNIAL. Achei esses dois volumes no meio de uma pilha de livros a dez reais na última FLIPORTO, já tinha detonado meu bônus de R$ 150,00 Dilmas, mas não resisti a ele. Não me arrependo, aliás me arrependo sim, de não ter trazido mais deles para presentear, tenho uma lista de pessoas que iam gostar muito desse gato falante.

Ele tem o habito de observar os costumes e as formas como as pessoas se relacionam com o sagrado e relacionam o sagrado com sua vida e é capaz de nos emocionar e fazer ri quando verbaliza sobre o produto de suas observações. O judaísmo e o dialogo entre judeus e muçulmanos emerge do texto com uma grande sensibilidade, com humanidade.

"Sandman: Os Caçadores de Sonhos" de Neil Gaiman e Yoshitaka Amano


Esse livro é uma obra de arte! O dialogo entre Gaiman e Yoshitaka Amano é perfeito, um completa o outro contando uma história dramática, porém sem drama ou exageros e quando você termina simplesmente respira fundo e quase sente  uma lágrima solitária cair... Não tem um artigo ou preposição a mais no texto do Gaiman, não tem um traço a menos na arte de Yoshitaka Amano. Simplesmente uma obra de arte.

"Astronauta: Magnetar", vol. 1 Graphic MSP de Danilo Beyruth


A história do Astronauta, primeiro personagem de Mauricio de Souza foi a primeira a ser reescrita no projeto totalmente bem sucedido "Gaphic MSP". Danilo Beyruth através desse personagem uma história de amadurecimento, encontro com a humildade e reencontro com as raízes linda. Danilo brilhou, dominando o gênero ficção cientifica com maestria. Já estou me coçando para ter o volume 2 em mãos!

Por fim, a série "Guerreiras Mágicas de Rayearth Edição Especial da CLAMP". Eu li esses mangás na adolescência e acompanhei o anime episódio a episódio mais de uma vez. A leitura só me trouxe boas recordações, uma sensação de acolhimento e a alegria de ter em mãos o trabalho de pessoas tão competentes como as meninas da CLAMP. Não existe um caminho através do qual eu não ame essas guerreiras e não valorize as lições de força, coragem, amizade e afeto que aprendi com elas. Foi um lindo reencontro, ter esse manga em minha estante é a realização de um sonho!

sábado, 24 de maio de 2014

Romance Contemporâneo [Desafio Calendário Literário]

No Calendário Literário montado pela Lu Tazinazzo a ordem do mês de Maio é um romance contemporâneo, então lindamente chutei o pal da barraca literária e resolvi mês ler apenas autores atuais ou no minimo que entraram no foco do mercado editorial nessas primeiras décadas do século XXI e foi um dos melhores meses literários dos últimos tempos.

De entrada li os três primeiros livros da série de romances históricos "Os Bridgertons", escritos pela Julia Quinn.


Alguém pode dizer que tais textos não contam como romances contemporâneos pois as histórias se passam no século XIX, no entanto, eu vou ser chata e lembrar uma vez mais que romances históricos, independente da profundidade da pesquisa feita pelo autor, falam muito mais sobre o presente do que sobre o passado e essa regra vale muito para a Julia Quinn.

A autora de “O duque e eu”, “O visconde que me amava” e  “Um perfeito cavalheiro” sabe como construir um texto engraçado, leve, com uma fluidez perfeita e um toque de sensualidade no ponto, sem ser pornográfica. Fica claro o quanto ela é fã de Jane Austen, domina bem o gênero romance histórico e é competente para crescer como autora dentro dele Me tornei fã confessa da Julia, de seus rapazes apaixonados, de suas heroínas cheias de personalidade e sensualidade e do luminoso século XIX inventado por ela.

De saída terminei de ler a trilogia "A Seleção" da Kiera Cass e comecei a ler a trilogia "Estilhaça-me" da Tareheh Mafi, nada mais atual que séries cujo final estão saindo do forno.


Eu tenho inúmeras criticas a história da Kiera Cass, ela negligenciou a distopia e tem um discurso politico extremamente e irritantemente conservador, através do qual parece reafirmar a necessidade de hierarquias sociais. Honestamente considero danosas histórias infanto juvenis carregadas de conservadorismo, esses texto tem, mesmo que não seja a intensão das autoras e autores, um caráter pedagógico para os leitores em formação. Mas, eu precisava ir até o fim com "A Seleção" pois me identifiquei com a protagonista dividida entre dois amores com a capacidade única de falar duas vezes antes de pensar.

Na idade da America passei por uma situação semelhante, a diferença é que eu tinha três pentelhos no meu pé. Pois é, eu também acho um absurdo ter sido uma adolescente de alto-estima tão fragilizada. Brinquei muito ao longo da leitura da série dizendo que, se fosse a America, chutava os Maxon e Aspen e ia lutar com aos rebeldes. É claro que ela não fez isso, algumas pessoas preferem mesmo casar aos 17 anos em vez de ir a universidade, arrumar uma profissão, viajar, escrever um blog, ter sua própria renda mensal.

Eu tenho fama de ser péssima conselheira sentimental, mas ainda assim me sinto tentada a deixar aqui três avisos para a America, e qualquer menina de 17 anos a beira de se comprometer pela vida toda com um homem:
Primeiro: O príncipe pode ser o tipo de pessoa que não lida bem com rejeição e capaz de uma crueldade impressionante;
Segundo: O carinha intoxicantemente bonito, pode se revelar uma pessoa assustadoramente sem senso de limites;
Terceiro: Aquele cara que te jurou amor eterno 5 vezes [eu contei] pode 10 anos depois oscilar entre te olhar com ódio mortal e fingir que não te conhece [ainda não acredito que ele não superou essa história, a namorada dele é muitoooo mais alta, magra e bonita que eu, só não tem tanto busto, não se pode ter tudo.].
Muito mais promissora foi a experiencia de ler "Estilhaça-me" da "Tareheh Mafi". A história desse livro se passa em um futuro no qual os recursos da Terra estão quase totalmente esgotados e há uma ditadura opressora reinando no mundo. Nesse contexto pós-apocalíptico emerge a figura de Juliet, uma moça cuja vida não foi nada fácil até o momento e começa a história presa em manicômio. Ela é aparentemente uma criatura perigosa superpoderosa, capaz de criar uma grande devastação salvar o mundo.

Tareheh Mafi, tem um senso critico penetrante, é envolvente, carismática, possui um lirismo capaz de me fazer vibrar a cada paragrafo. Em um primeiro encontro, simplesmente amei a Juliet, apesar dela ser meio maluquinha, não tenho palavras para o Adan, o seu par romântico nesse primeiro livro.

Ah, se com a America eu me identifiquei de primeira com a Juliet eu fui identificada. No meio da leitura do volume um comentei com uma das minhas estagiarias sobre o "fogo da muléstias dos cachorros" da protagonista, ela ficou curiosa e me pediu para ler o livro. Agora ela tem considerado ser a Juliet parecida comigo e ainda ler trechos do livro para comprovar. Ainda não decidi se essa comparação é boa ou ruim.

E essa foi a minha participação no "Desafio Calendário Literário", do blog "Aceita um leite".


terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Romances Históricos [Desafio Calendário Literário]

Reza a lenda literária ter o gênero "Romance Histórico" nascido no século XIX e, assim como a própria ciência História, influenciado pelas forças do pensamento positivista, foi um instrumento ideológico usado amplamente para fortalecer os "Estados Nação". Através dele autores como Walter Scott e Alexandre Dumas davam a saber a população leiga certo conhecimento sobre o passado de seus países possibilitando a elas se identificar, construir empatias e até mesmo justificar situações do presente.

Tanto o Walter Scott quando o Dumas são objetos do meu amor, isso não é segredo para ninguém, várias vezes falei de um e de outro nessa caixa.

Alexandre Dumas e Walter Scott

E o romance histórico é um gênero com o qual desde sempre estou apegada, graças a uma grande sorte, um dos primeiros livro que li na vida foi o "Ivanhoé" de Sir Walter Scott [em janeiro de 2011 contei essa história aqui] e desde 2011 o Lord Dumas faz parte de minha vida [em dezembro de 2011 contei essa história aqui]. Assim, nem precisava de Teoria da História para saber o quanto um romance histórico fala mais sobre o presente do que sobre o passado.


Não por acaso o Walter Scott, do Reino Unido no qual até hoje sobrevive uma monarquia, aborda a realeza, a Idade Média e a cavalaria com grande respeito até o ponto de me fazer desejar ter nascido na Idade Média. Enquanto Dumas, em uma França pós-revoluções, republicana [uma França que degolou uma Rainha e vários nobres] tenha para com a realeza um olhar de deboche e critica sempre e constantemente reafirmados até me fazer ter vontade de voltar no tempo sentar com ele para longos papos debochados, falando mal de tudo e de todos.

Mas, vou contar a vocês, apesar de saber o quanto de presente tem no passado dos romances históricos, me dar nos nervos perceber quão pouco os autores de hoje pesquisam sobre o passado para escrever suas histórias, quão pouco se interessam por algo mais além de um romance meloso.

Misericórdia!!! Desse jeito os ossos de Scott e Dumas devem ficar se debatendo em suas tumbas com as danações feitas com o passado pelos autores do nosso presente!!!

As vezes, sabendo o quanto os autores só respondem as demandas do público, eu me pego questionando: "Jesus, será que nós somos mesmo tão fúteis assim?". Nessa horas quase chego a escutar o Todo Poderoso respondendo: "São!".

No entanto, nem toda futilidade na qual mergulha o gênero é capaz de me fazer desgostar dele. Sou louca por um bom romance histórico! Quando Fevereiro chegou e vi meu "Calendário Literário" anunciar a hora de ler o segundo volume de uma série escolhi "A Rainha Estrangulada" de Maurice Druon, volume 2 da Série "Os Reis Malditos".

A Série "Os Reis Malditos" conta alguns capítulos da história da realeza francesa a partir do reinado de Felipe, o belo, lá pelas bandas do século XIII. No fim da Idade Média, esse monarca junto com o ministro Enguerrand de Marigny conseguiu fortalecer o poder central do Rei, deslocou o papado de Roma para Avignon [de onde podia melhor controlar Papa e Cardeais], desmembrou o poder dos senhores feudais, aboliu a servidão, instituiu moeda única para todo o reino, acabou com o direito de guerra dos senhores feudais e por último, mais de crucial importância, destruiu o poder bélico e financeiro da lendária "Ordem dos Templários". Bem, daí imaginem que ele quase não fez inimigos néh?!?!

Phelipe IV, o Belo.
Quando um homem como Felipe IV morre, símbolo de todo um conjunto de políticas econômicas, sociais e culturais, a primeira coisa a ocorrer, quando ele não deixa um sucessor a altura, é um desmembramento de toda a sua obra.

E bem, seu filho, "Luís X", o Turbulento, não fez em vida outra coisa senão destruir a obra de seu pai. Em "A Rainha Estrangulada", Maurice Druon a titulo de contar a respeito das coisas ocorridas após a morte do Rei de Ferro, nos conta também como a oposição uma vez no poder minar a obrar de uma gestão anterior.

Sou apaixonada por Druon desde o lirico "O menino do dedo verde" e aqui ele não me decepcionou em nada. Como autor experiente que foi, conseguiu construir uma narrativa redonda, na qual a História e a ficção se cruzam e se completam de forma enxuta, sem enrolação e blá... blá... blá... Não há em Druon uma palavra sobrando.

Uma delícia de se ler um texto assim! Nada chato, sem heróis ou vilões, "A rainha estrangulada" nos apresenta um século XIII de homens e mulheres dos mais diversos estratos sociais e culturais, preparados ou não para a felicidade e a tragedia, vivendo e morrendo suas vidas e suas paixões. Druon conseguiu, na minha opinião, equilibrar o romantismo de Walter Scott com a ironia de Dumas e trouxe a luz uma trama deliciosa e, como se isso não fosse suficiente, ainda mostra que para ser bom um autor não precisa escrever verdadeiros calhamaços ou sopas de pedras, "A Rainha Estrangulada" não tem mais 250 páginas.

Esse post faz parte do "Desafio Calendário Literário",
proposto pelo blog "Aceita um leite".


sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Ivanhoé!

A Wikipédia tem uma definição interessante para o Ivanhoé, ela diz que: 

"Ivanhoé é um romance do escritor britânico Walter Scott, publicado em 1819. Narra a luta entre saxões e normandos e as intrigas de João sem Terra para destronar Ricardo Coração de Leão.  Primeiro romance de enredo histórico. O livro, que conta a história de  um cavaleiro da época em que João Sem-Terra havia usurpado o trono do  irmão Ricardo Coração de Leão, deu origem a um seriado de televisão, filmado em 1958 e 1959, e exibido no Brasil na década de 1960, cujo personagem principal era interpretado por Roger Moore" 

Roger Moore como Ivanhoé!
Bem, eu não tenho uma definição melhor, mas Ivanhoé é um pouco mais que isso, reza a lenda que Walter Scott foi o criador do romance histórico, esse gênero que nos encanta até hoje... Inclusive nosso igualmente clássico José de Alencar me lembra muito os escritos de Scott, e Ivanhoé é um clássico que merecia bem mais que um paragrafo na Wikipédia!

Miniaturas do Instituto Ricardo Brennand.
É um trabalho lindo, a partir dele a moderna identidade inglesa começava a ser construída discursivamente, ele narra em suas linhas mais do que as venturas e desventuras do caveleiro deserdado e sim as venturas e desventuras dos que romanticamente falando formariam o povo inglês.

Do acervo do Instituto Ricardo Brennand
Carregada de romantismo, dos ideais da época em que foi escrita e antes de falar da Idade Média dos homens e mulheres dessa época eu acho que Ivanhoé fala do século XIX e de como a Idade Média era vista nessa época. Ajuda a entender porque esse povo se sentia o último biscoito do pacote, os donos de todos os dons morais e intelectuais, prontos a levar civilização e ordem para os quatro cantos do mundo, se já eram capazes de tão grande nobreza durante os idos tempos medievais o que se diria de suas capacidade durante o glorioso século XIX?

Mas quando eu li Ivanhoé aos nove anos em uma versão adaptada cheias de ilustrações do tipo tapeçaria medieval eu nem sonhava com essas ideias e ele era meu livro favorito e eu adorava todos os personagens, o Cavaleiro Deserdado, tão nobre, o Cavaleiro Negro, Ricardo Coração de Leão, Robin dos Bosques e até aquele cavaleiro templario Brian Gilbert.

Eu imaginava a Idade Média a luz de Ivanhoé, um tempo que se lutava em nome de Deus, da  Honra e do Rei, era meu mundo ideal, o mundo dos sonhos dos meus sonhos infantis com homens e mulheres nobres vencendo o mal, ganhando as batalhas no último momento... Um mundo onde o fraco justo vence o forte injusto, onde a pelica vence o aço.

Várias armaduras do instituto Brennand!
Meu personagem favorito era a júdia Rebeca, ela era apaixonada por Ivanhoé que por sua vez morria de amores por uma loira aguada, a Lady Rowena, mas nem por isso Rebeca deixava de auxiliar Ivanhoé. Uma mulher a frente de seu tempo, nobre, justa, inteligente, destemida, reflexiva e termina solteira, voltando para Jerusalém para trabalhar como enfermeira dos cruzados feridos... Mil vezes aff... Mas, nem por isso Rebeca deixa de ser "A MELHOR!".

A judia Rebeca, minha heroína de infância.
Ah, outro personagem pelo qual eu nutria um amor meio que recalcado era Brian de Bois Guilbert, inimigo mortal de Ivanhoé, eu não achava ele muito nobre, justo, ou coisas do gênero, mas eu gostava dele porque ele reconheceu o valor de Rebeca, era apaixonado por ela, mesmo sendo um Cavaleiro Templario... Algumas vezes ele pisa na bola geral, mas ainda assim tem um chame e tanto \o/.

Brian de Bois Guilbert, com cara de garoto mau.
Foi doloroso quando meu professor de história chato, ranzinza e marxista esclareceu a todos nós que durante a Idade Média os nobres cavaleiros de nobres não tinham nada, que eles não tomavam banho, exploravam os camponeses e viviam uma vida de fartura e opulência enquanto os camponeses sofriam a amargura do frio, da penúria e da fome, morrendo de velhice antes dos 30, morando em taperas, vivendo oprimidos e que mesmo as mulheres nobres não passavam bons bocados não... Vigiadas, normalizadas, punidas, Rebecas não teriam sobrevivido ao fogo ou ao claustros. Ele acabou com minha Idade Média em três tempos e tchau para meu castelo medieval onde Brian de Bois Guilbert se redimiam e viviam felizes para sempre com Rebecas que deixavam de ser otárias.
Clio é a musa da história.
Eu lembro bem dessa aula que provalmente meu professor esqueceu na multidão de aulas que ele já deu. Nessa época fiquei com a impressão de que a História é uma dama muito cruel e que não existe compaixão no coração dela, rsrsrs... Hoje já sei que a História não é uma dama cruel, é apenas melancolica e cansada., afinal se detem na tentativa de compreender um mundo que nunca foi um lugar fácil de se viver, não existe Idade de Ouro e Gloria para a História.

Sir Walter Scott, Monumento, Edinburgh.
Mas, afinal o que é a Glória para que eu a deseje néh? Como já questionava  a minha sempre querida Rebeca de seu longínquo lugar em uma Idade Média sonhada, ou mesmo da pena de um autor sonhador do século XIX: 

"- Glória?... É ela a ferrugenta armadura pendendo sobre o esquecido e triste túmulo do guerreiro? A inscrição apagada que o monge mal sabe traduzir para o peregrino que o interroga? Serão estes os prêmios, correspondentes ao sacrifício de todas as afeições, para se viver uma vida de sofrimento, fazendo os demais sofrerem? Ou será que há tanto mérito nas toscas limas dos bardos errantes, para se porem de parte amores, afeições, paz e felicidade, para nelas se ser mencionado por menestréis vagabundos, cantando-as em tavernas para os bêbados?"
__________________________________________________________________

P.S.: As imagens do acervo do Instituto Ricardo Brennand que ilustram a postagem cada uma delas sozinha daria uma postagem e muito mais, estão aqui pq ilustram muito bem a idéia de Idade Média que eu tinha durante a adolescência, foram todas tiradas por mim durante as visitas que fiz ao Instituto.