Mostrando postagens com marcador Distopias. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Distopias. Mostrar todas as postagens

sábado, 24 de maio de 2014

Romance Contemporâneo [Desafio Calendário Literário]

No Calendário Literário montado pela Lu Tazinazzo a ordem do mês de Maio é um romance contemporâneo, então lindamente chutei o pal da barraca literária e resolvi mês ler apenas autores atuais ou no minimo que entraram no foco do mercado editorial nessas primeiras décadas do século XXI e foi um dos melhores meses literários dos últimos tempos.

De entrada li os três primeiros livros da série de romances históricos "Os Bridgertons", escritos pela Julia Quinn.


Alguém pode dizer que tais textos não contam como romances contemporâneos pois as histórias se passam no século XIX, no entanto, eu vou ser chata e lembrar uma vez mais que romances históricos, independente da profundidade da pesquisa feita pelo autor, falam muito mais sobre o presente do que sobre o passado e essa regra vale muito para a Julia Quinn.

A autora de “O duque e eu”, “O visconde que me amava” e  “Um perfeito cavalheiro” sabe como construir um texto engraçado, leve, com uma fluidez perfeita e um toque de sensualidade no ponto, sem ser pornográfica. Fica claro o quanto ela é fã de Jane Austen, domina bem o gênero romance histórico e é competente para crescer como autora dentro dele Me tornei fã confessa da Julia, de seus rapazes apaixonados, de suas heroínas cheias de personalidade e sensualidade e do luminoso século XIX inventado por ela.

De saída terminei de ler a trilogia "A Seleção" da Kiera Cass e comecei a ler a trilogia "Estilhaça-me" da Tareheh Mafi, nada mais atual que séries cujo final estão saindo do forno.


Eu tenho inúmeras criticas a história da Kiera Cass, ela negligenciou a distopia e tem um discurso politico extremamente e irritantemente conservador, através do qual parece reafirmar a necessidade de hierarquias sociais. Honestamente considero danosas histórias infanto juvenis carregadas de conservadorismo, esses texto tem, mesmo que não seja a intensão das autoras e autores, um caráter pedagógico para os leitores em formação. Mas, eu precisava ir até o fim com "A Seleção" pois me identifiquei com a protagonista dividida entre dois amores com a capacidade única de falar duas vezes antes de pensar.

Na idade da America passei por uma situação semelhante, a diferença é que eu tinha três pentelhos no meu pé. Pois é, eu também acho um absurdo ter sido uma adolescente de alto-estima tão fragilizada. Brinquei muito ao longo da leitura da série dizendo que, se fosse a America, chutava os Maxon e Aspen e ia lutar com aos rebeldes. É claro que ela não fez isso, algumas pessoas preferem mesmo casar aos 17 anos em vez de ir a universidade, arrumar uma profissão, viajar, escrever um blog, ter sua própria renda mensal.

Eu tenho fama de ser péssima conselheira sentimental, mas ainda assim me sinto tentada a deixar aqui três avisos para a America, e qualquer menina de 17 anos a beira de se comprometer pela vida toda com um homem:
Primeiro: O príncipe pode ser o tipo de pessoa que não lida bem com rejeição e capaz de uma crueldade impressionante;
Segundo: O carinha intoxicantemente bonito, pode se revelar uma pessoa assustadoramente sem senso de limites;
Terceiro: Aquele cara que te jurou amor eterno 5 vezes [eu contei] pode 10 anos depois oscilar entre te olhar com ódio mortal e fingir que não te conhece [ainda não acredito que ele não superou essa história, a namorada dele é muitoooo mais alta, magra e bonita que eu, só não tem tanto busto, não se pode ter tudo.].
Muito mais promissora foi a experiencia de ler "Estilhaça-me" da "Tareheh Mafi". A história desse livro se passa em um futuro no qual os recursos da Terra estão quase totalmente esgotados e há uma ditadura opressora reinando no mundo. Nesse contexto pós-apocalíptico emerge a figura de Juliet, uma moça cuja vida não foi nada fácil até o momento e começa a história presa em manicômio. Ela é aparentemente uma criatura perigosa superpoderosa, capaz de criar uma grande devastação salvar o mundo.

Tareheh Mafi, tem um senso critico penetrante, é envolvente, carismática, possui um lirismo capaz de me fazer vibrar a cada paragrafo. Em um primeiro encontro, simplesmente amei a Juliet, apesar dela ser meio maluquinha, não tenho palavras para o Adan, o seu par romântico nesse primeiro livro.

Ah, se com a America eu me identifiquei de primeira com a Juliet eu fui identificada. No meio da leitura do volume um comentei com uma das minhas estagiarias sobre o "fogo da muléstias dos cachorros" da protagonista, ela ficou curiosa e me pediu para ler o livro. Agora ela tem considerado ser a Juliet parecida comigo e ainda ler trechos do livro para comprovar. Ainda não decidi se essa comparação é boa ou ruim.

E essa foi a minha participação no "Desafio Calendário Literário", do blog "Aceita um leite".


quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Meu primeiro encontro com a Distopia [Desafio Calendário Literário]

Uma vez a Dama de Cinzas, disse: "Eu não estou concorrendo ao concurso da coerente do ano!" e eu adorei essa frase. Obviamente ela só poderia ser dita por uma geminiana e nela está contida uma sabedoria que só geminianas entendem. E, cito ela para introduzir a informação de que, depois de tudo, eu resolve abraçar uns desafios para 2014, e o escolhido foi o "Desafio Calendário Literário" proposto pela Lu Tazinazzo do "Aceita um Leite?".

O desafio do calendário literário consiste em ler um livro que corresponda a um tema, o de Janeiro é "Um livro de um gênero nunca lido antes" e para decidi qual seria o livro eleito bastou olhar na minha pilha de livros a serem lidos nas férias e ver o livro "A Seleção" da Kiera Cass.


A Mi, (amiga, minha alma gêmea e parceira no O que tem na nossa estante), me perguntou se eu leria essa trilogia, e como a resposta foi sim, enviou os dois primeiros livros da Kiera para mim em forma de empréstimo. Provavelmente ela tem um plano secreto por trás desse empréstimo #Oremos

Voltando a questão do desafio, a história da Kiera tem sido classificada como um tipo de "distopia adolescente" ou "feita visando o público adolescente" com personagens no máximo pós-adolescentes. Bem, esse é um gênero com o qual ainda não tinha tido nenhum encontro, então, aproveitando a oportunidade, adiantei a fila literária e li "A Seleção" da Kiera Cass.

Anteriormente já tinha lido livros hoje classificados como distopias, os lindos, fofos e inquietantes: "Admirável Mundo Novo" do Aldous Huxley e "1984" do George Orwell. Ambo foram livros capazes de mexer muito com minha cabeça aborrecente e deram uma significativa colaboração para a forma como a pessoa que sou hoje ler e interpreta o mundo e seus acontecimentos.

Capas das edições que li.

Vendo essa grande leva de distopias surgindo no horizonte literário do mundo me perguntei se elas não podiam ter um efeito semelhante. Mas lendo "A seleção" fiquei pensando que os autores de distopias feitas sob medida para adolescentes fazem com o futuro o mesmo que os autores de romance de banca fazem com o passado, ou seja, apenas usam como uma ilustração, uma forma de não colocar a história no presente colocando ela no presente.


Não é que eu não tenha gostado de ler "A Seleção", eu gostei bastante. O livro é bom, é leve, bem escrito, os personagens são cativantes [ao menos a mim cativaram] e o romance tem sido desenvolvido a contento. Me apaixonei pela America, aliás eu me identifiquei muito com ela, uma protagonista responsável, combativa [arengueira pra chuchu], tempestuosa, não esquece de seus irmãos, sabe ser amiga, ama seus pais e briga muito com um deles. O Maxon e o Aspen, rapazes entre os quais ela divide sua afeição me ganharam lindamente, não sei qual dos dois levaria para casa [será que dava para ficar com os dois?]. Se ela brigasse com o pai, fosse baixinha, gordinha e usasse óculos era uma replica minha na idade dela.

A Kiera foi, na minha opinião, competente no quesito construir personagens cativantes capazes de te levar a ler o livro 2 e o 3. Porém, no quesito construção de um futuro para o nosso presente ela não foi nada bem, a história tem muitos furos e é tão rasa a ponto de nas estradas do Brasil existirem poças d´água mais profunda que essa distopia.

Quando você pensa que ela vai problematizar alguma coisa em relação aquele futuro, ela simplesmente da um passo para trás e foca nos problemas românticos da America;  é uma autora quase ingenua na forma de abordar como as sociedades e culturas se constroem e se transformam ao longo do tempo, ou como as pessoas reagem a esses movimentos e transformações; e, por fim, ela nem de longe, muito longe, longe mesmo, flerta com a ficção cientifica, coisa no minimo fundamental para quem constrói uma história no futuro do nosso presente.

Eu estou aqui tentando descobrir o pior: surtar com romances históricos nos quais o passado emerge como um tipo de presente vestido com roupas velhas e sem internet ou distopias nas quais o futuro emerge vestido com roupas mais velhas ainda e também sem internet? E o que esperar do steampunk? Será que vou ter dois troços lendo steampunk? #QuestõesExistenciaisDeLeitora #EstouSendoChata

Comparado com o século XIX e a primeira metade do século XX, na minha opinião, os autores desse inicio de século XXI tem deixado muito a desejar em relação ao dialogo com o passado e o futuro, apesar de temos infinitamente mais recursos tecnológicos e possibilidades de obter informações. Sinceramente [odeio admitir isso], começo a pensar na possibilidade de meu pai está certo quando diz: "Para que carrão se um fusca resolve.". E como diria o Seu Calisto de "O cravo e a rosa": os ossos dos pais da ficção cientifica e da distopia devem está batendo em seus túmulos a cada lançamento desses.

Será que todas são iguais?
Bem, talvez eu esteja sendo precipitada no meu julgamento, talvez deva experimentar mais o gênero, mas, aparte isso, cá está minha participação no "Desafio Calendário Literário de Janeiro, abordando "Um livro de um gênero nunca lido antes" proposto pelo blog "Aceita um leite?"