Seguindo firme e forte pelo caminho do "Desafio Calendário Literário" proposto pelo blog "Aceita um Leite?", Julho foi o mês no qual a lei seria ler um livro no qual o Inverno ocupasse um lugar central. Seguindo firme e forte pelo caminho do relaxamento só agora, no meio de Agosto, eu consegui reunir forças para falar a respeito da minha leitura de de Julho, a saber os volumes 4 e 5 da celebrada e sangrenta série de George R. R. Martin "As crônicas do Gelo e Fogo".
Venho lendo essa série desde 2002, o volume 1 e 2 foram um sopro, uma leitura rápida e agitada durante a qual muitas paixões foram despertadas por meio mundo de personagens. Como não amar os Starks de Winterfell, Tyrion Lannister, Jon Snow, Daenerys Targaryen e todos os outros? Martin conta sua história de maneira a enfatizar as forças quantos as fragilidades dos personagens, deixando um e outro entrarem e saírem de destaque, mostrando e escondendo o que há por trás dos atos de cada um deles tornando muito difícil para o leitor não se envolver afetivamente com um e com outro. Mas, com o avanço da história, pouco a pouco a parte épica das crônicas vai se perdendo em um oceano de sangue, dor, agonia e mortes horrendas.
Terminar de ler "A tormenta das espadas", vol. 3 da série, foi um tormento enorme e quase desistir do livro. Mas, quando a chuva começou a cair em Recife... Bem, sei lá. Em Recife não existe inverno, aqui é a "Terra do Sempre Verão", um lugar onde no máximo chove e o suave resfriar produzido pela chuva é chamado de frio... e em meio a esse falso inverno o barulho da chuva pareceu me fazer um convite a voltar a esse mundo no qual o Inverno pode ser, e comumente é, fatal.
Foi uma decisão acertada!
Foi uma decisão acertada!
A leitura do "O festim dos corvos" se mostrou agradável, o Martim já se tornou um companheiro de caminhada cuja voz e o estilo eu conheço e tenho afeição, adquirir uma quase confiança na capacidade do velho sanguento de me oferecer uma boa história. Amo a forma como ele faz as ideias de Maquiavel, Rousseau e companhia dançarem diante de meus olhos. Gosto também de como ele trabalha com a ciência "História". Como ele prende seus personagem dentro de um limite de veracidade, mesmo quando dialoga com algo como magia, afinal nunca foi consenso que magia, milagres, deuses não existem. E quero casar e ter filhos com Martin quando ele fala sobre a escravidão, o quanto ela é lucrativa, o quanto é complicado abolir a escravidão e o quanto é absurdo esse regime de trabalho do ponto de vista humano.
As pessoas esquecem, ou fingem esquecer, mas o Brasil é um país cujas bases econômicas-sociais-politicas mais antigas foram construídos através da escravidão. O comercio sangrento fez a fortuna de muitos homens e mulheres dos dois lados do Atlântico. A Princesa Izabel perdeu sua coroa quando cedeu aos altos clamores, muito altos mesmo, da população pela Abolição. E nós ainda não nos livramos da escoria que fomentou e se alimentou desse regime de trabalho. Senadores, deputados, ricos proprietários em sua maioria são herdeiros de proprietários, comerciantes e traficantes de escravos. Passaram-se pouco mais de cem anos depois daquele 13 de outubro de 1888 e ainda temos muitos "Sábios Mestres Yunkaitas" a vencer em disputas politicas.
Amei muito e mais ainda ouvir a Dany dizer:
Amei muito e mais ainda ouvir a Dany dizer:
"Escravidão não é o mesmo que chuva. Já tomei chuva, e já fui vendida. Não é o mesmo. Nenhum homem quer ser propriedade de alguém." (George R. R. Martin, A dança dos dragões, p. 243).Obviamente não posso negar o quanto esse malvado é prolixo. Alguns autores escrevem de forma a não deixar nem uma pobre virgula sobrando, Martin deixa o alfabeto latino, árabe, japonês e chines inteiros junto com todo os sistemas de pontuação já inventados sobrando, se espremer todas as palavras que ele deixa sobrar de cada livro da para escrever mais dois. Bem, eu sei, sou a ultima pessoa que devia criticar isso no mundo, em meus posts reina a prolixidade, mas quem resiste a uma dose de veneno?!?!? hsuausah
Eu tenho vontade de comentar a respeito dos eventos de "O festim dos Corvos" e da "A Dança dos Dragões", mas eu não sou uma mega blogueira que escreve para milhares de pessoas no mundo, metade das pessoas que leem meu blog ignoram lindamente a obra de Martin a outra acompanha apenas a série da HBO "Games of the thrones" e seria pura sacanagem dar spoilers, então vou ficando por aqui.
Só faço questão de registrar aqui meu amor por Jon Snow, Tyrion e Jayme Lannister, Daenerys Targaryen, Missandei, Brienne de Tarth, Asha Greyjoy, Verme Cinzento (#AmoEsseUm), Sor Barristan Selmy, por Dorne, pelas "Serpentes de Areia" e todo "Povo Livre".
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Eu admiro seus posts juntamente por causa de sua prolixidade! Pouquíssimas pessoas conseguem linkar os assuntos como você e ver, onde a maioria das pessoas vê apenas entretenimento, representações de algumas das maiores mazelas da sociedade. É muito bom acompanhar seu raciocínio, é quase um evento a parte. Eu tenho muita vontade de ler Martin, mas o tamanho da série me assusta um pouco, quem sabe em um futuro próximo. Dois abraços e releve algum erro, não aguentei esperar até amanhã pra postar pelo computador.
ResponderExcluirO que eu mais gosto nas suas resenhas é a forma como você consegue trazer o livro para nosso cotidiano. Você poderia falar sobre o enredo, sobre personagens, sobre teorias da conspiração, sobre bundas chutadas, mas fala de política e sociedade. Acho isso lindo <3
ResponderExcluirBeeeeijos!
Ele é prolixo, mesmo. Mesmo que o sujeito seja fã, deve reconhecer.
ResponderExcluirConfesso não gostar desse estilo: magia, barbarismo etc.. É que cansou um pouco.
Seus comentários sobre a obra foram ótimos.
Ah, sou recifense. Mas moro há uns anos no Piauí. E te digo: terra do sempre verão é aqui! :-)
Abraços!
"Gosto também de como ele trabalha com a ciência "História". Como ele prende seus personagem dentro de um limite de veracidade, mesmo quando dialoga com algo como magia, afinal nunca foi consenso que magia, milagres, deuses não existem" isso apesar dele ser positivista né? kkkkk. Esse foi seu melhor texto sobre GOT. Até deu vontade de voltar pra série. Beijos!
ResponderExcluirAinda não li esses livros acredita? Mas deu vontade tenho em ebooks quem sabe uma hora nas minhas leituras eu tenha uma brecha e os leio. Bjo
ResponderExcluirJá discutimos muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuito sobre essa série (e basicamente qualquer coisa, né?), e continuo achando que cada obra é um universo com regras e costumes próprios. Mas concordamos em uma coisa: eu morri umas 5 vezes na leitura do 3º livro, aquele diabo não termina nunca.
ResponderExcluirEspero que Os Ventos do Inverno seja concluido em breve. Está torturante a espera.
E.. Bom susto.
Pandora, comprei ontem os 5 volumes por 44 reais, no Ponto Frio.
ResponderExcluirNem acreditei, vi um link no Twitter (passei lá pra te procurar, cadê tu que me largou???? rsrsr) e como o preço estava assim, incrível, comprei.
Nunca li nem vi nada da série.
Agora tô com medo de sofrer com as mortes horrendas, especialmente porque li em blogs literários que as mortes sempre são dos personagens que a gente se apaixona rsrsr
beijosssss