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domingo, 21 de março de 2021

Só penso em café

 

Alguma coisa tomou conta da minha família toda. Não afirmo categoricamente: "Foi Covid." pois o resultado do teste ainda não saiu. Todos nós ficamos bem ruins e meu pai ficou pior. Meu irmão está aparentemente recuperado enquanto eu, Mainha e Painho ainda lutamos com náuseas, fraquezas e, no meu caso especifico, ausência total de paladar e olfato.

Na total falta dos odores e sabores só penso em café. Meu dia pode ser resumido a catalogação de todos os cafés da minha vida.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

Das flores do quintal

 


As vezes estou lendo ou estudando ou preparando material didático para alguma aula, sinto que terminei um arco narrativo, levanto e vou lá fora da uma olhada nas coisas pequenas do "Jardim do Meu Irmão".

Meu irmão plantou um jardim no quintal e cuida dele com um constante e comovente fervor. Não sou dada a me dedicar a jardinagem, mas passei a entender quem se dedica a esse tipo de atividade. Cada vez mais, gosto de acompanhar das flores, de observar os ciclos das plantas, de repousar nesse pequeno jardim.

terça-feira, 19 de janeiro de 2021

Longuíssimo Balanço Emocional


Tenho descoberto novas vozes alienígenas a cada novo dia enquanto observo as estrelas do céu noturno de Igarassu e converso com as plantas do Jardim do Meu Irmão e a mangueira do quintal vizinho. Escrevo grandes desabafos em meus cadernos escolares originalmente comprados para fichamentos de textos sobre Egito, Grécia, Primeira Guerra Mundial, Racismo, Antirracismo e todas as coisas com as quais se preenche 120 horas aulas em um ano letivo de turmas do 6º, 7°, 8° e 9º anos.

As vezes me sinto tão velha. Todas as pessoas nadando no mar da sua trigésima década de vida, com ou sem pandemia, se sentem assim? As vezes toda essa sensação de velhice e experiência de vida parecem meras ilusões de ótica, prepotência sobrevivente da adolescência que não nos abandona nos vinte anos e parece voltar a vida nos trinta. As vezes toda essa sensação de velhice e experiência de vida parecem direitos naturais das sobreviventes de suas próprias loucuras dos vinte anos.

domingo, 3 de janeiro de 2021

E, no entanto...

Aos meus olhos parece incrível um ano ter se passado assim e, no entanto 2020 se foi e já estamos em 2021. Um genocida no poder, incertezas e descobrindo como se vive uma pandemia. A Peste Negra parecia tão longe e, no entanto, cá estamos nós com nossos muitos lutos, covas rasas, vivendo um dia de cada vez.

Para quem, como eu, saiu da vida de estudante para a vida de professora, passar um ano sem as quatro unidades, cadernetas empilhadas, avaliações por todos os lados, cansaço incrível, Pascoa, São João é uma coisa tão despropositada.

Eu acreditaria mais facilmente no fim do mundo causado pelo impacto do um cometa errado do que numa vida sem o cotidiano escolar e, no entanto, desde  março não piso numa sala de aula concreta. Minha vida pelo avesso, a falência momentânea do eixo no qual minha vida se organiza. Não sei nem como sobrevivi a esses meses.

sábado, 6 de junho de 2020

Barricadas...


Quando vim para cá, trouxe pouca coisa comigo. Eu mesma, Lion, roupas, documentos, computador, dois lençóis, livros. Eram tão escaços eram os símbolos de minha existência aqui que comprei um móvel novo: uma mesa. O intuito era montar um mini-escritório, mas agora, olhando o meu entorno, me  pergunto se estou montando um espaço de trabalho, fazendo bagunça ou simplesmente montando barricadas durante a guerra.

terça-feira, 26 de maio de 2020

Cheguei aqui em uma noite de fim de verão


Cheguei aqui em uma noite de fim de verão, ainda estava quente, o céu estava estrelado, não havia Lua. Nunca vi um céu tão estrelado, não sabia que existia céu estrelado em noites permeadas por tanto medo e incerteza.

No dia seguinte não haveria aula e nem no próximo e nem no posterior a ele... Todas as minhas urgências estavam suspensas. O amanhã era um espaço de tempo vazio... Resolvi aproveitar a visão até então inédita de um céu estrelado a esse ponto em uma noite quente de Lua Nova. Deitei no chão, havia uma música em minha cabeça, coloquei para tocar o mais baixo possível e diante de mim milhões de luzes fantasmas no céu noturno.

Já ouvi falar mais de uma vez sobre o sentimento de pequenez imposto pela visão do céu noturno, mas tenho um metro e meio de altura, estou habituada a me senti pequena e o sentimento não me emociona, assusta ou intimida.

Diante da imensidão me sinto reconfortada, livre como alguém que pode se mover sem ser percebida e assim pode ir para onde desejar.

O pequeno me intimida mais: bebês de colo, a pequena infância, crianças, pré-adolescentes, animais de outra especie, objetos pequenos, anéis, livros. Se deixar caí quebra. Se derrubar pode morrer na queda. Com facilidade se fere. Basta uma palavra mal colocada para decepcionar. Podem chorar até passar mal.

O imenso impõe admiração. O pequeno exige atenção, dedicação, tempo, espaço, prudência.

Nossa! O que estou falando? É um tempo no qual o invisível se misturou ao visível, matou milhares em questão de meses e sitiou o mundo inteiro. Nós, talvez, sejamos uma geração compreensiva em relação a como coisas pequenas são opressivas e exigentes e perigosas.

O céu estava estrelado, me senti minúscula tive a sensação de poder ficar uma vida inteira ali, diante do céu imenso, o chão frio nas minhas costas, a noite quente me cobrindo, ouvindo o som baixíssimo de uma voz suave cantando em um idioma quase extraterrestre... Foi apenas um momento, um momento infinito.

domingo, 17 de maio de 2020

Estação Atocha, Super Junior e o Triunfo do Irreal.


"Esforcei-me para pensar nos meus poemas, ou em qualquer poema, como maquinas de fazer eventos acontecerem, de mudar os governos, a economia, ou apenas a sua linguagem, e o conjunto das suas funções sensoriais, mas não consegui imaginar isso nem me imaginar imaginando todas essas outras coisas sobre a poesia, quando imaginava - pressentimento terrível - um mundo privado até mesmo dos pretextos mais idiotas para escrever poemas que permanecessem fiéis às possibilidades virtuais do meio, privado dos rituais absurdos como aquele do eu tinha participado naquela noite, então eu intuía uma perde inestimável, uma perda não de obras de arte, mas da própria arte, e portanto infinita, o triunfo total do real, e me dei conta de que em um mundo assim eu engoliria uma cartela inteira de comprimidos brancos." (Ben Lerner, Estação Atocha, pg. 55).

Em "Estação Atocha" a proposta é acompanhar a vida de Adan, um estudante americano vivendo em Madri com o objetivo de escrever um longo poema como forma de concluir seu curso. Adan é um daqueles personagens absurdos com os quais a pessoa leitora vez ou outra cruza. Ele é um mentiroso endêmico, apático, fortemente compromissado em não se deixar encantar por nada, capaz de consumir drogas como se elas fossem confeitos e é absolutamente franco quando narra suas não-aventuras.

terça-feira, 12 de maio de 2020

Medo

Outro dia me meti em um acidente de carro em uma noite chuvosa. Estava voltando de um encontro com uma amiga, um carro bateu em cheio na porta traseira do uber no qual eu viajava. No pequeno espaço de tempo entre o impacto da minha cabeça no vidro e ser jogada para o lado pensei: "É assim que se morre."

No longo espaço de tempo após o acidente, conferi as partes do meu corpo, encontrei meu óculos, olhei em torno, falei qualquer coisa para o motorista e pensei no quão inoportuno seria morrer numa noite assim com chuva que Deus mandava, voltando de um encontro com uma amiga, meus pais em há três cidades de distância, em um domingo... Que bom não ter morrido ali, não era um bom momento para morrer.

domingo, 5 de janeiro de 2020

Registros de Ausência

Não quero abrir mão desse espaço, mas é inegável o quão negligente me tornei com esse blog com o decorrer do tempo. O blog ficou praticamente 2019 inteiro entregue as traças. Uma terra abandonada colecionando páginas e páginas vazias enquanto meu instagram segue sendo alimentado com  constância religiosa.

Claro, toda pessoa detentora de um blog intimo sabe: nada se compara ao blog. O instagram é rápido e dinâmico, mas nada supera a intimidade dessa interface, a liberdade de não ter limites de caracteres e a satisfação de um post publicado. Mesmo quando a possibilidade de alguém ler vai de vaga a remota, o processo de blogar é mais exigente e o de clicar no botão "Publicar" promove, ao menos em mim, uma catarse mais consistente.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Um rosto de sol


No caminho cotidiano entre a Estação Central do Metrô Recife e o Terminal do Cais de Santa Rita todos os dias tem esse rosto cheio do sol trazendo luz para meu no retorno do trabalho para casa. É uma das minhas alegrias cotidianas, um motivo para que eu sempre sente a esquerda.

A arte é da Nathália Ferreira.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Houve um tempo...


Houve um tempo no qual bastava qualquer coisa acontecer para desaguar aqui. Avalanches de sentimentos, momentos, viagens, livros, sonhos, inquietações, desejos, pesares escritos dessa forma meio desajuizada, intima, mal pontuada e cheia de erros de grafia tão típicos de mim. Eu poderia culpar os corretores por meus erros, equívocos e esquecimentos, mas seria desonesto, os erros são quase característicos de meu estilo.

domingo, 18 de novembro de 2018

Adão, Eva e Sete...



"Adão, Eva e Sete em algum lugar festejando a vida que continua mesmo depois das mais dolorosas tragédias domésticas."
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Em outubro visitei a cidade do Rio de Janeiro e tive a oportunidade de ir ao Museu Nacional de Belas Artes e encontrei a arte de Léon Pallière. Fiquei encantada, impactada, enquanto me aproximava da tela lembrava de Adão e Eva, de sua tragédia familiar, de suas perdas e também do nascimento de Sete como uma nova chance, um novo recomeço, um "talvez agora algo dê certo".

Me perguntei se enquanto Sete crescia em algum momento, em alguma festa de colheita ou depois da chuva ou na Primavera, essa família não chegou a dançar celebrando unicamente o agora, a sobrevivência, a vida resistindo as priores tragédias domésticas.

Ao me aproximar descobri o nome da tela,"Fauno e Bacante", o fluxo do sonho se rompeu, o devaneio se foi. Entendi o quanto minha interpretação diferia radicalmente da intencionalidade do autor da obra. Ainda assim, para mim, Léon Pallière pintou: "Adão, Eva e Sete em algum lugar festejando a vida que continua mesmo depois das mais dolorosas tragédias domésticas" e eu até me vejo lá, dançando com eles.

sexta-feira, 9 de março de 2018

Dias imensos, Lua, Café, Ratos, Alturas, Bolo e um Presente em 8 de Março de 2018


Meus dias tem sido imensos. Parece que mil coisas conseguem acontecer a todo instante e definitivamente desisti de prever o próximo movimento. Adotei recentemente a estrategia de viver um dia por vez, mas no ritmo atual vou acabar radicalizando e vivendo um instante por vez. Não tem sido raras as vezes nas quais me pego ao fim do dia vivendo algo inimaginável as 4:30 da manhã. Aliás, já que citei o horário no qual acordo, as vezes até o céu da madrugada me prega peças.

domingo, 25 de fevereiro de 2018

O plano era só ver o mar, mas...


Fui a praia sem pretensão nenhuma de entrar na água.
O plano era só sentar, desfrutar da brisa marítima, da visão, da companhia... terminar de ler um livro...

MAS o mar me chamou.

Não sei explicar como foi essa força, esse imã, esse chamado.

Não sei o que deu em mim, apenas deixei o livro no canto e fui...

Não tinha como não ir de roupa e tudo, de óculos e tudo, com tudo o que sou, sonho, desejo, espero, não espero, acredito e desacredito, fui de TODO JEITO!


A Claudineia fez o favor de registar minha corrida para a imensidão... e preservou esse momento inesquecível e magico... Na volta, só consegui deixar o óculos e o livro de lado para apenas sentir essa coisa que o mar deixa na gente.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Minha recente descoberta sobre o amor...


Tenho a leve impressão de está prestes a escrever uma obviedade sem tamanho, mas as vezes me ocorre que viver é uma experiencia de reinventar a roda, redescobrir velhas novidades. Então me perdoem se minha  recente descoberta soar meio velha.

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Nada de mais, é só o entardecer...


Não tem nada de mais, só entardecer mesmo...
Essa visão que tenho enquanto estou empoleirada no alto,
lado a lado com o gato, basta para aqui que ele aparece do lado,
vendo as pipas planando no céu (a câmera não pega),
as luzes das casas frágeis acendendo-se pouco a pouco, 
s sons do trânsito chegando dos meus vizinhos chegando aos meus ouvidos.
Tudo muito corriqueiro, tão corriqueiro que chega a tranquilizar.

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Meu Sabrina Encardido!



Durante anos a Nova Cultural publicou seus livros no Brasil divididos em basicamente 3 categorias: Julia, Bianca e Sabrina que formavam praticamente um código para o tipo de história contada nos livros. Os Biancas eram mais engraçados, os Julias mais apimentados e os Sabrinas mais dramáticos. Meu senso de humor é péssimo, as pimentas dos Julias não me agradavam, eu era fã mesmo é dos Sabrinas.

domingo, 12 de novembro de 2017

Respirando com meus pulmões, nadando com minhas pernas e braços, preenchendo meus vazios...



Continuo vivendo a aventura de participar da educação de adolescentes, mergulhada na estranha experiência de me dedicar ao Ensino de História. Há quem diga: "a escola não educa, ela ensina". Não consigo conceber meu oficio dessa forma. Embora entenda o quão tentador é limitar minhas obrigações ao espectro do "passar conhecimento", me roubaram cedo demais a ilusão de que conhecimentos podem ser transferidos de um cérebro ao outro como se fossem mililitros d'água indo da jarra ao copo.

domingo, 17 de setembro de 2017

Os livros são meu álcool



Livros para mim são como o álcool para os alcoólatras.
Se estou feliz, compro para comemorar.
Se estou triste, compro para purgar a tristeza.

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Nos Trilhos do Metrô do Recife


Para mim o Metrô do Recife é uma realidade paralela através da qual somos diariamente ou ocasionalmente transportados de um canto a outro da região metropolitana. Uma vez dentro dele somos isolados do resto do multiverso, estamos em um mundo a parte. No caso do Recife é um mundo composto por pessoas quase sempre em marcha acelerada indo ou voltando do trabalho e pelas dezenas de ambulantes que tem nas linhas metroviárias o seu ambiente de trabalho.