Eu devia ter colocado um livro na bolsa antes de sair de casa, mas a pressa de sair me fez esquecer de muitas coisas hoje e entre elas estava o livro destinado a caminhar comigo.
E o ruim não é nem o esquecimento e sim as consequências dele, graças a isso estou aqui sentada em uma mesinha de um shopping qualquer do Recife, sem vontade nenhuma de voltar para casa, sem dinheiro para ir ao cinema ou vontade de fazer outra coisa qualquer.
Estou levemente embriagada de tristeza e solidão, sem vontade de falar a respeito e querendo apenas esquecer de mim. Como solidão, tristeza e mudismo cansam rápido decidi tentar não me deixar envolver, olho em volta e procurar algo sobre o qual tenho vontade de escrever no meu caderno.
E o ruim não é nem o esquecimento e sim as consequências dele, graças a isso estou aqui sentada em uma mesinha de um shopping qualquer do Recife, sem vontade nenhuma de voltar para casa, sem dinheiro para ir ao cinema ou vontade de fazer outra coisa qualquer.
Estou levemente embriagada de tristeza e solidão, sem vontade de falar a respeito e querendo apenas esquecer de mim. Como solidão, tristeza e mudismo cansam rápido decidi tentar não me deixar envolver, olho em volta e procurar algo sobre o qual tenho vontade de escrever no meu caderno.
O lugar no qual estou sentada é uma praça de alimentação, diferente da que existe no último andar próxima ao cinema e salão de festas esta é dominada pela presença de um piano e em vez de sanduíches insossos as pessoas consomem cafés, tão insossos quanto os sanduíches do andar de cima, cervejas artesanais ou licores. Acho o espaço meio elitista, nunca me sinto vestida adequadamente para ele e uma das balconistas já me perguntou se eu trabalho aqui, mas o som do piano me pediu para ficar e é tão raro que a música me peça algo que achei melhor atender e fiquei.
Quem toca a música é um senhor de cabelos brancos. A música é meio antiga e também doce... Uma pena eu não saber a quem pertence, o que tem de especial ou o que revela sobre o tempo no qual foi composta. No fundo acho que o que me irrita nas músicas e me faz escuta-las menos do que deveria é essa minha incapacidade de ler o que elas me informam, esse maldito analfabetismo musical irritante.
Mas, não é minha ignorância que vai me impedir de continuar a observar o entorno do pianista... Ao lado do pianista há mais três senhores e nos intervalos entre uma canção e outra eles papeiam como se não houvesse amanhã.
Mas, não é minha ignorância que vai me impedir de continuar a observar o entorno do pianista... Ao lado do pianista há mais três senhores e nos intervalos entre uma canção e outra eles papeiam como se não houvesse amanhã.
É bonito, me deu vontade de especular, eles são amigos de longa data ou de ocasião? Talvez tenham cursado a universidade juntos, comparecido um no casamento do outro, batizado ou consagrado os filhos e agora pós aposentadoria em plena quarta-feira podem sentar ao pé de um piano em um templo do consumo para falar de música, beber licor e chamar atenção de jovens desocupadas.
Ou talvez a história deles não tenha nada haver com minhas especulações... Não tenho como saber porque não vou perguntar e porque quero acreditar que o quarteto animado de senhores grisalhos são amigos de longa data, partilharam muitas coisas e conseguiram conservar a amizade. E acreditando nisso posso sonhar com um dia em qualquer lugar do futuro no qual eu e minhas amigas de agora estaremos sentadas ao pé de qualquer coisa semelhante a um piano rindo e conversando com a mesma intimidade desses senhores.
Opa! Como foi que esse texto chegou até minhas expectativas com amizades? Meu Deus! Como até conversando comigo mesma eu tenho o dom de mudar de assunto?
Mas os senhores começaram a organizar suas coisas e estão prestes a ir embora... Me ocorre que não da para evitar o inevitável e tenho mesmo de voltar para casa hoje... Vou aproveitar a deixa, fechar esse caderno e me preparar para partir... Quando chegar em casa talvez escreva isso no blog...
Mas os senhores começaram a organizar suas coisas e estão prestes a ir embora... Me ocorre que não da para evitar o inevitável e tenho mesmo de voltar para casa hoje... Vou aproveitar a deixa, fechar esse caderno e me preparar para partir... Quando chegar em casa talvez escreva isso no blog...