terça-feira, 26 de junho de 2012

Com o pé na estrada!!!

Eu confesso, uma das coisas que mais gosto na vida é colocar o pé na estrada. Não sei bem porque mais sempre que deixo Recife rumo a algum lugar sinto misturada a tristeza e preocupação da despedida uma sensação de satisfação enorme.

Confesso que até pensei em fazer o trajeto Recife - Teresina de avião, mas calculando melhor desisti e optei, para desespero do meu pai que morre de medo dos perigos do Sertão noturno, pelo ônibus.

É que no ônibus eu tenho o prazer de me sentir avançando rumo a meu destino e a cada passo enquanto fito a caatinga me entrego mais e mais a meus pensamentos, sonhos, frustrações, medos e pesares.

Pode parecer estranho, mas eu sinto que precisava dessas 14 horas que a viajem do ônibus me ofereceu. Mesmo quando cheguei ontem em Teresina, totalmente dolorida, contemplando esse céu vertiginosamente azul e sentindo esse calor de mil sols percebi que essa escolha foi a melhor que eu poderia ter feito.

Hoje, passei a manhã assistindo dois outros historiadores falando de suas pesquisas. Um falou sobre uma comunidade hippies na Bahia e o outro de como os operários do bairro do Horto Florestal enquanto construíam a malha ferroviária de Belo Horizonte construíram também uma cultura Cultura Ferroviária.

Curtir muito a proposta de casar história e antropologia para falar da comunidade Hippie, assim como morri de inveja da serenidade com a qual o pesquisador mineiro falou de seu objeto de estudo, suas fontes, seus referenciais teóricos, seus resultados no caminho da pesquisa.

Depois de tudo quando comentei isso com a paulistana que em 24 horas se tornou minha amiga de infância ouvi ela dizer: "Esse é o jeito dos mineiros, já os nordestinos são afobados." #EuRi Sou afobada, somos afobados, a analise dela foi perfeita!

Amanhã é minha vez de apresentar meu objeto de pesquisa, minhas fontes, meus resultados, cruzemos os dedos para que tudo corra bem que minha afobação natural de lugar a alguma serenidade.

E sim, depois de tudo, seja qual for o resultado pego minha mala e dona Vaneza com Z que me aguarde em risos ou em prantos espero seu abraço amigo viu!
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P.S.: Tentei postar algumas imagens do meu trajeto, da cidade, mas não consegui, a net aqui tá péssima... Na volta quem sabe em casa, com a net menos ruim e consiga!!!

domingo, 24 de junho de 2012

Data Marcada - Blogagem Coletiva: Corpo de Mulher


Como escrevi no post anterior, a Aleska me convidou para participar da Blogagem Coletiva: Corpo de Mulher, mas não tinha fechado a data, como algumas pessoas se interessaram, agora que ela fechou a data, vai ser dia 21 de Julho, resolvi fazer novo post com os detalhes explicativos dela! Pois quem gostar da ideia pode se preparar adequadamente sem surpresas!



Chamada para blogagem coletiva no dia 21 de julho


"Esse ano, quero chamar vocês de novo para falar sobre o corpo da mulher. Não é novidade para ninguém que a maioria das mulheres se sente gorda, mesmo que na realidade não seja. Essa falta de uma imagem real sobre si mesma mostra o quão pouco a pessoa se ama, e isso é preocupante.


Há vários fatores externos também que contribuem para isso. O fato das roupas estarem com formas cada vez menores (forçando o tamanho 42 a virar 44, e o 44 em 46) é uma grande pressão em cima de nós, já que a roupa é algo essencial para a mulher se expressar.Há quem diga que isso é um boicote dos estilistas gays para enfeiarem as mulheres, mas eu acho que por trás disso está um indústria que faz de tudo para comermos cada vez mais gordura e irmos para uma academia nos matar para entrar num manequim 38 (que é o antigo 36) e terminar acabando com nosso amor-próprio em meio a tanta instabilidade (comer o que gosto até explodir ou parar de comer?).

Por que não se investe no bem estar das pessoas, incentivando-as a comer moderadamente e fazer as coisas num ritmo mais leve? Porque se não for num ritmo acelerado, o Capitalismo não funciona. Entretanto, está em nossas mãos modificar esse sistema. Diga não, faça diferente e chame suas amigas(os), filhas, irmãs para esta blogagem e ajudemos umas as outras a melhorar nossa qualidade de vida! Uma pessoa gritando sozinha não aguenta e é pisoteada, mas uma passeata chama atenção, então façamos dessa blogagem, uma passeata virtual! Vamos nos ajudar muito!

Pretendo fazer essa blogagem no dia 21 de julho. As postagens são livres, vocês podem fazer da forma que quiserem, mas não fujam do tema Corpo de mulher."

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Corpo de mulher...

Quando eu abrir esse post minha intensão era colar aqui o texto que a Aleska escreveu no seu Diário de Bordo, no qual ela propõe uma blogagem coletiva, mas embora eu realmente vá falar sobre essa proposta dela só pensar nessa proposta me trouxe a memória uma situação que vivi a uns dois anos atrás que se relaciona justamente com meu corpo de mulher.

Há cerca de dois anos atrás Midian resolveu casar e me convidou para ser a madrinha e como madrinha eu tinha que pensar em vestido, cabelo, sapato e derivativos, afinal, casamento na Igreja requer uma produção e tanto...

No dia da primeira prova do meu vestido de madrinha lembro que entre as peças disponíveis havia um vestido rabo de peixe verde idêntico a esse vermelho ao lado, eu resolvi prova-lo por insistência da moça que estava nos ajudando.

O surpreendente foi o susto de me olhar no espelho com aquele vestido, me estranhei em meu próprio corpo, minhas próprias formas... Voltando a postagem que fiz nesse dia pude relembrar meu estranhamento em relação a minha imagem e achar isso muito louco.

É louca a relação que a mulher ocidental tem com seu corpo, é louco os efeitos que essa relação causa a nós mesmas e talvez seja urgente a necessidade de pararmos para pensar a respeito disso.

Para mim, pessoa que se relaciona de maneira paranoica com meu próprio corpo, o convite da Aleska é muito conveniente estando desde já aceito.

Quem se interessar pelo tema, achar conveniente pensar a respeito e expressar suas impressões em seu blog sinta-se convidado a clicar no link abaixo e ir lá no blog dela, conferir a ideia e entrar na turma.

Todos e todas serão bem vindos!!!


segunda-feira, 18 de junho de 2012

"Sonhos são esquisitos, idiotas e me apavoram." - Parte 3

Pois é, (toda vez que começo um post com "Pois é" pode espera leseira) já que esse é o terceiro post que escrevo com esse titulo, posso dizer que estou construindo uma série baseada na afirmação da Rose em Sandman???

Talvez, pode até ser... já que quanto mais fujo das artes produzidas sob a inspiração do universo onírico mais elas parecem me perseguir. Devo ter um imã para isso e o melhor da história é a capacidade que essas obras, por mais leves que sejam, tem de promover uma sutil bagunça na frágil organização do meu próprio mundo onírico.

O ultimo livro que andei lendo "O sonho de Eva" um romance brasileiro com elementos de suspense e ficção cientifica, que chegou a mim através da Saleta de Leitura, me fez uma vez mais refletir sobre o que mostram e escondem os sonhos...

Até cometi a temeridade de anotar um sonho e pensar a respeito, exercício que não gosto mesmooooo com muitooosss "ooos".

Enfim, para, com pleonasmo e tudo, "botar para fora" todas as lembranças que "entraram para dentro" durante a leitura resolvi fazer um post falando sobre as obras que mexeram com os meus sonhos e mexem até hoje.

A primeira produção que falava de sonhos e me fez questionar os limites e possibilidades do mundo onírico foi o filme Vanilla Sky com Tom Cruise e Penélope Cruz. O drama de David, personagem principal do filme, e o desenrolar de toda história me fez esgotar todo meu estoque de lágrimas, quase fiquei desidratada. Foi através dessa história que descobri a criogenia.


Assistir Vanila Sky não mudou minha vida, mas colocou inúmeros "e ses" na minha cabeça por muito tempo e até hoje quando digo que "Queria ter nascido gato!" lembro de Penélope Cruz dizendo: "Te vejo em outra vida quando formos gatos.".


Outro que balançou as estruturas e me fez pensar nos sonhos foi obviamente o Senhor dos Sonhos, Morfeu, popularmente conhecido como Sandman. Conheci essa obra de Gaiman primeiro pela net, só bem depois consegui adquirir parte do material impresso referente a esses quadrinhos de fins da década de 1980 a de 1990.


É impressionante como Gaiman pega referencias dos mais diversos lugares e sintetiza nessa obra: Mitologia Cristã, Psicanalise, Shakespeare, Mitologia Grega, nem mesmo a África foi esquecida em seus escritos.



Os Perpétuos formam uma família para lá de interessante, de certa forma eles são os filhos e os pais da humanidade.


Nesse ritmo outra obra que me fez refletir sobre sonhos foi o popular e recente A Origem, com o Léo DiCaprio muito fofo, interpretando o obstinado Dom Cobb.


Já assisti esse filme umas trocentas vezes sozinha e também com meu irmão, excelente cúmplice para qualquer tema e em especial os existenciais. Sempre termino desejando firmemente que ele tenha resolvido suas demandas e encontrado seu final feliz, mas, não consigo convencer a mim mesma dessa hipótese. Na minha opinião "A origem" é um filme que não acaba quando termina.


Por fim,  a coisa mais louca que já vi produzida a partir do que se pensa sobre sonhos foi o filme Waking Life.


Assisti parte desse filme sozinha, parte com meu irmão e tive a impressão que juntaram todas as conversas loucas que tivemos na madrugada e mais as de inúmeras outras pessoas e colocaram em um único lugar. Muito louco, as vezes confuso, ao mesmo tempo interessante e diferente.

Admito que grande parte das produções que vi ou li sobre sonhos foram interessantes, as vezes até emocionantes como Vanilla Sky.

Contudo, de maneira geral, com exclusão apenas para um certo sonho com Centauros, acho muito correta a fala de Rose Walker: "Sonhos são esquisitos, idiotas e me apavoram.".



quinta-feira, 14 de junho de 2012

Briga de irmãos, o presente de aniversário e alguns livros.

Eu e meu irmão temos uma relação de Amor e Amor, porque decididamente nós não nos odiamos nunca, mas nosso amor quase sempre e constantemente termina em confusões pra lá de irritantes.

Há dias nos quais nós acordamos brigando e brigamos para dormir. E sim, isso é perfeitamente comum aqui em casa e por favor nunca dê razão a ninguém, siga o exemplo de Rafaela (irmã caçula), do Renato (amigo dele e meu irmão do coração) e da Aline (depois de mais de 10 anos tentando me chamar a razão ela entregou para Deus) nunca tome partido e garanta dois bons amigos para a vida toda.

Os motivos das nossas brigas??? Bem... Sabe que eu sempre sinto dificuldade de lembrar porque a briga começou!?!?! Triste isso!! O importante é que o senhor Rafael Júnior é muito, muito, mais muito mesmo, irritante, chato, manhoso e ... eu já disse que ele é irritante??? Pois é, ele é irritante!!!

Ou que nome vocês dariam a uma pessoa que te chama de Pokemon, pokebola e por ultimo e mais irritante Bulbasaur e ainda fica dizendo "buba... buba... buba" no meio de uma importante discussão???


Pois é... pois é... pois é... pois é... Eu sofro!!! Mas fora isso nós temos uma parceria intelectual muito boa. Meu irmão é um ótimo companheiro para assistir filmes, discuti filosofia, aprender sobre artes plasticas e falar sem compromisso sobre literatura... Sem contar que fez a mesma graduação que eu: "História".

E esse ano meu irmão foi autor de uma curiosa surpresa de aniversário... Ele nunca teve ao longo desses anos de convivência o habito de abraçar, beijar ou presentear no dia do meu aniversário, mas em edição extraordinária ele resolveu me surpreender e no dia do meu aniversário me deu uma pequena onça desenhada em papel moeda (R$ 50,00).

Eu quase morri de susto, nem se fosse uma onça de verdade assustaria tanto, cai para trás e nós tivemos uma discussão por causa disso.

Em síntese:

Pandora: "Eu não pedi presente a você."

Rafael Júnior: "Mas eu quis da, não é crime querer presentear alguém, mesmo a pessoa sendo chata"

Pandora: "Isso não é presente que se dê".

Rafael Júnior: "Mas você deu dinheiro a Vô Gilda, lembra?"

Pandora: "É diferente, Mãe tem de tudo!"

Rafael Júnior: "Eu não sabia o que comprar." 

Pandora: "Qualquer coisa servia."

Rafael Júnior: "To sem tempo, eu trabalho e estudo e blá... blá..."

Pandora: "Você é um preguiçoso e não quis enfrentar fila!"

Rafael Júnior: "Você é uma ingrata!"

E daí pode crer que a briga rendeu... Assim meio sem sentido de ser mesmo... Ficamos os dois emburrados, depois esquecemos e no dia seguinte obviamente eu peguei minha onça e fui eu mesma comprar meu presente... Pensei em comprar uma saia, uma blusa,  completar e comprar um vestido, mas no final acabei comprando dois livros \o/


Comprei "O médico e o monstro", por ser um clássico; e "O livro das coisas perdidas", andei paquerando esse livro por um tempão sem tempo ($) para trazer ele para casa. Na foto ele está junto com "Garota Replay" que recebi da Aleska. Dos três o único que li até aqui foi "O livro das coisas perdidas" e achei terno, lindo e levemente emocionante.

Tá, como o senhor Rafael Júnior não ler mesmo esse blog, aqui posso admitir: eu adorei poder comprar livro não-acadêmicos sem culpa.

E sim, já que estamos falando em livros, esse mês chegou mais dois livros através de minha parceria com a Saleta de Leitura. Chegaram "O sonho de eva" e "A filha da minha mãe e eu" com direito a brindezinho e tudo.


E por fim, já que estamos falando de livros que chegaram, acabou de chegar em minha caixa o livro "O clã dos magos" que estarei lendo e resenhando para o blog ".Livro" a convite do Luciano Santos... 


Confesso, estou altamente lisonjeada pelo convite, visto ser o Luciano um resenhista competente; e um tanto nervosa, pois o blog do nego é um dos espaços lúcidos da blogosfera literária. Vou fazer meu melhor \o/ #Garanto

E claro (como sou amostrada!) vou mostrar os mais novos moradores de minha estante. 


Luciano, espero que vc goste desse pequeno mago e ache ele fofo, porque, conhecendo minha família, a partir de hoje todo mundo vai se referir a ele como Luciano :)

domingo, 10 de junho de 2012

A dança das paixões (Dancing At Lughnasa)

Como eu já disse em outros momentos, cinema não é uma arte cujos caminhos e descaminhos eu domine bem. Não conheço a história do cinema, os grandes diretores, atores, atrizes, a importância desse ou daquele premio e derivativos...

Quem é o máximo, quem é o minimo nos caminhos da Sétima Arte são conhecimentos que me escapam, como a areia escapa de um lado para o outro na ampulheta e o mesmo serve para questões musicais.

Mas, vez ou outra eu assisto um filme ou escuto uma música e gosto muito e nessas horas bate uma vontade de cometer a temeridade de escrever e registrar o fascínio do momento.

Quando terminei de assistir A dança das Paixões ou Dancing at Lughnasa foi exatamente isso que sentir: "uma vontade de cometer a temeridade escrever e registrar o fascínio do momento".

A dança das paixões não é um filme que conta uma história imprevisível ou fora do comum, não é um escanda-lo de efeitos especiais, não é épico, um triunfo gráfico ou um drama mexicano Shakespeariano, nem tem aquele ator, como o Chris Hemsworth, que só de ver algo em você faz clic... E acima de qualquer coisa A dança das paixões não é um produto descartável no mercado das histórias contadas através do cinema.

Ele conta uma história cujo maior destaque na minha opinião é ser possível. A forma como ele conta a respeito do ultimo verão que cinco irmãs viveram juntas em uma comunidade rural da Irlanda é totalmente lirica, emocionante e possível de ter ocorrido com várias pessoas em diversas comunidades rurais espalhadas mundo a fora.

Nenhuma das irmãs está vivendo a primavera de sua vida no momentos que nós as encontramos. A mais velha é uma professora primaria nada querida pelos seus alunos, a mais nova tem uma deficiência cognitiva, as irmãs dizem que ela é uma pessoa simples, uma é mãe solteira, e outras ajudam nas finanças da casa tricotando luvas de algodão e também há um irmão mais velho, o padre Jack Mundy que passou a vida inteira na África e volta para casa um tanto quanto diferente. 


Ele foi para a África catequizar os nativos e voltou a Europa lindamente catequizado, também tenho a impressão que ele sofre de Alzheimer e a certeza de que Michael Gambon construiu um dos personagens mais fofos que tive a honra de conhecer.

O filme se passa em uma época na qual o radio ainda era o grande meio de comunicação através do qual as pessoas recebiam informações sobre o que ocorria no resto do mundo e claro ouviam música. E a música, como o titulo sugere, é algo marcante no filme.

Através do rádio elas escutam a música e uma das cenas mais lindas do filme é quando, no meio das  crises financeiras e tempestades psicológicas que assolam as irmãs, toca uma música tradicional irlandesa e pouco a pouco elas vão entrando no ritmo e de repente não mais que de repente se vêem dançando juntas dentro da casa, ganhando o jardim, enchendo todos os espaços como se não houvesse o hoje ou o amanhã apenas a dança em um momento muitooo lidooo, tocante e real.


O filme todo é delicadamente real, simples e cativante o que talvez o torne complexo, perfeito e digno de ser épico. Realmente não é algo feito para ser um produto descartável no mercado cinematografico e deve ter dado um trabalho terrível a atores, diretores, produção de arte e derivativos.

Vê-lo me fez recordar uma fala de Terry Pratchett sobre as histórias que nos são contadas das mais diversas formas... Ele diz que:

"Os desabrigados. Os famintos. Os silenciosos. Aqueles que tinham sido abandonados pelos homens e pelos deuses. O povo das névoas e da lama, cuja única força estava em algum lugar do outro lado da fraqueza, cujas crenças eram tão instáveis e caseiras quanto suas casas... As histórias nunca eram sobre eles."


Bem, grande parte das história que vejo contadas nos cinemas através dos filmes realmente não são sobre essas pessoas, de fato:

"As histórias (ou os que contam e leem as histórias) não estão, de modo geral, interessadas em guardadores de porcos que permanecem sendo guardadores de porcos, com pobres sapateiros humildes cujo destino é morrer um pouco mais pobres e muito mais humildes."

Mas, ver A dança das paixões me fez pensar que há quem se interesse por falar a respeito de pessoas comuns que vivem vidas comuns lembrando de dizer que mesmo mulheres pobres perdidas no meio de uma comunidade rural esquecida no passado da Irlanda, cujo destino realmente foi morrer um pouco mais pobres do que nasceram, dançaram a dança das paixões e tiveram momentos e histórias que valem a pena ser contados em grande estilo com grandes atores lhes conferindo vida.
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Ah, antes que eu me esqueça, A dança das Paixões chegou até minhas mãos sob a forma de presente oferecido pela Menina das Ideias, Aleska!


Obrigada bicha feia por me permitir esses momentos de pura epifania rsrs...



quarta-feira, 6 de junho de 2012

Risque....


Risque é o nome de uma música que eu costumo ouvir na voz do antológico Nelson Gonçalves, meu pai adora e eu não desgosto completamente.

Ela é pra lá de dramática, fez menção a um amor romântico fracassado, mas essa semana eu confesso que tive vontade de dizer isso a uma pessoa com a qual não tive nenhum romance...

Eu compartilhei apenas um companheirismo amigo que eu pensei que fosse durar alguma coisa... Não durou... Geralmente nesses casos quando alguém que some retorna eu não digo nada pq a vida é assim mesmo, cheia de encontros e desencontros.

Quem é presente hoje amanhã pode ser ausente e quem está ausente de repente pode se tornar alguém de primordial importância em um momento critico.

MAS... em relação a esse ser, eu revejo as lembranças, reavalio os encontros e os desencontros, pondero as histórias e no momento no qual ele falou comigo a única vontade que tive foi usar o verso da música e dizer "Menino, risca, meu nome do seu caderno" ou como diz a minha irmã: "Me mira e me erra!".

Deus e o mundo sabem que sou uma pessoa melosa e dramática.... Muito ruim com o uso do meio termo, ou eu gosto ou não gosto... Ou eu percebo todos os detalhes ou não vejo nada... E sim, quando eu pego abusoooo Afff...

Nossa... Eu me sinto até meio culpada por sentir tanto abuso em relação a alguém que outrora foi tão próximo... Acho esse sentimento muito pouco cristão, mas não consigo evitar de sentir abuso e querer distancia, muita distancia, toda a distancia do mundo!

domingo, 3 de junho de 2012

Calvin, o Freudiano!


Calvin é um garotinho de 6 anos terrível cujo brinquedo preferido é um tigre de pelúcia que ganha vida através de sua imaginação ativa, criação de um tal de Bill Watterson desde 1985 ele é um sucesso publicado em mais de 2000 jornais do mundo inteiro.


Desde que se começou a pensar que os quadrinhos são um suporte legal para o ensino de diversas disciplinas escolares Calvin também é presença constante nos livros didáticos das mais diversas séries e disciplinas, foi assim que eu conheci ele. 

Imagem daqui.


Desde que[2] ele critica muitoooo o modelo escolar de ensino ele também é presença constante nas revistas Nova Escola.


Aparentemente os editores não param para refletir que o modelo escolar americano pode assim ser um tanto quanto diferente do brasileiro e a realidade também... O importante é mesmo ressaltar a critica ao professor, a forma como ele seleciona os conteúdos a serem ensinados, como ele conduz esse ensino... 


Nãoooo... O fato de serem conteúdos e formas de ensino uma construção cultural na qual o professor é apenas 1 não importa, no roll da fama dos culpados, o professor sempre é o mais. #Fato

E por fim, desde que o Calvin[3] é super critico em relação a Deus e sua obra, ele é figura constante em redes sociais e afins.


Através dessas redes descobrir que, do alto dos seus seis anos, o nosso querido garoto prodígio é um Freudiano!!!


Gente essa observação do Calvin me pareceu tão Freud!!!
Eu quase cai para trás quando li isso!!!

Recentemente eu cruzei com um livro de Freud, "O futuro de uma ilusão", estava a um preço modico então eu comprei, não tinha a intensão de ler de imediato, mas eu tive que ficar duas horas em um fila no posto de saúde, o livro tava na bolsa, eu não tinha mesmo o que fazer... Então lá fui eu ler Freud.

Foi surpreendente porque eu esperava uma sopa de pedra e em vez disso tive uma papa de farinha. Néh que Freud escreve fácil! Nada de texto travado...

A coisa flui rapidamente e foi assim que eu descobrir que segundo Freud o homem não nasce bom e a sociedade o corrompe. Segundo Freud o homem é fera, é lobo e a sociedade o disciplina.

Entre as formas de disciplinar o lado Fera do homem está a Religião, um belo conjunto de ilusões que vem sendo construída desde os primórdios da humanidade com o objetivo de nos ajudar a nos equilibrar diante dos nossos dilemas cotidianos.

Pelo que entendi, segundo Freud, a religião está para nossas necessidades existenciais assim como a cultura está para as nossas necessidades materiais.

E se a cultura é construída a partir da verdade imposta pela materialidade da vida a religião se apoia em imaginação - ilusão... A religião é uma forma necessária de disciplinamento social, mas, segundo Freud, nem sempre é uma forma saudável de encarar as questões para as quais a materialidade do mundo não oferecem soluções tal como a morte, o destino, a doença, nosso lado animalesco, o lado sombrio da vida.

A parte o grande mal humor que existe em relação a Freud, Calvin é amado por todos e muitos curtiram e compartilharam esse pensamento do pirralho... Se fosse Freud dizendo facas rolariam face a fora e é claro que eu não posso deixar de ri sozinha só de pensar nisso rsrsrsrs... #Preconceito

Ah, antes que eu me esqueça, minha leitura de Freud foi feita por pura diversão, foi o primeiro livro dele que li, então minha interpretação aqui é limitada quase uma ousadia digna de um bom cascudo. Mas, a parte esse limite, eu me permito discordar dele em alguns pontos, para minzinha a religião é uma construção cultural tanto quanto a ciência.

Freud pensa ser a ciência uma construção humana muito mais eficiente, um conhecimento infinitamente melhor e mais seguro que o conhecimento religioso. Francamente, eu não concordo mesmoooo com ele nesse ponto, assim como discordo que cultura e civilização são a mesma coisa, que as religiões evoluem de um lugar a outro e que a presença europeia na África e na Ásia foi um empreendimento civilizatório.

E sim, vou continuar explorando Freud e rindo com o Calvin, quem sabe numa dessas eu não descubro porque o povo adora dizer:
"Freud explica!"

quarta-feira, 30 de maio de 2012

"A caligrafia de Dona Sofia" de Andre Neves ou O livro que achei no lixo.

Realmente, nós podemos até nos enganar em relação a isso, mas o Brasil não é um país de leitores e não, fazer comercial na TV aberta incentivando a leitura e derivativos ou mostrar um personagem apático de novela das oito lendo não pode ser classificado como um esforço no sentido de tornar o "Brasil um país de leitores".

Se o que eu disse no paragrafo acima se confirma ou não eu não sei ao certo, mas nesse momento, enquanto olho para o livro maravilhoso que achei no lixo sendo castigado pela chuva é o que sinto, é o que penso.

Em setembro do ano passado na Abertura da Bienal do livro do Rio de Janeiro a ministra da Cultura Ana de Hollanda disse: "Neste ano não teremos mais nenhum município no Brasil sem biblioteca." Obviamente esta foi uma promessa vazia e eu aposto que nas listas das prioridades municipais Brasil a fora não consta bibliotecas e mesmo que constasse é preciso muito mais que um livro na mão para se construir um leitor e esse livro jogado na rua é uma prova cabal disso...


Putz e nem pense que jogaram fora um livro feio ou desconjuntado: "A caligrafia de Dona Sofia" é um livro lindo, com uma história fascinante, ricamente ilustrado cujo tema é justamente o florescer do amor a poesia.


Na história de Andre Neves, Dona Sofia é uma professora aposentada que mora no alto de uma colina. Ela é tão apaixonada por poesia que esse amor transborda e leva ela a escrever poesias pelas paredes, cortinas, portas, chão... todos os cantos de sua casa e de sua vida são cobertos de poesia...

E insatisfeita por ter sua vida tão cheia seu amor transborda mais ainda e ela começa a escrever cartas para as pessoas da cidade com poesias dos mais variados autores do mundo.

Nessa tarefa dona Sofia conta com a ajuda de seu amigo o carteiro Seu Ananias, que até gosta de ler, mas tem uma caligrafia sofrível. Um dia até o seu Ananias, que entrega cartas a tantos anos e nunca recebeu nenhuma, recebe uma poesia e isso muda a vida dele, ou melhor a visão que ele tem da vida de forma linda e lirica.


E os dois se tornam ainda mais companheiros no trabalho de espalhar a poesia por todos os cantos possíveis e imaginados da cidade...

Não só pela história, mas pela forma como o livro foi construído quem tem "A caligrafia de Dona Sofia" nas mãos se sente de porte de uma obra de arte rica... Todas as páginas são repletas de versos, tudo nele respira lirismo em linguagem simples e acessível a todas as idades... Os personagens tem um ar divertido e tudo caminha para a construção de uma cidade melhor através do aprendizado da leitura da poesia.

Chega a ser irônico perceber que justamente esse livro foi jogado fora... Ai é que nós percebemos que estamos mergulhados em uma cultura que não valoriza a palavra escrita ou o conhecimento como forma de melhorar a qualidade de vida. As pessoas independente de sua posição social não pensam que ser um leitor é primordial para seu sucesso como ser humano.

Me parece que no Brasil as pessoas acham que "gostar de ler" é apenas a cereja do sorvete, um detalhe bonitinho, mas nem um pouco fundamental para a sobrevivência. A leitura é um enfeite que alguns podem se dar ao luxo de ter e outros não... O importante é ter grana não livros...

Me parece que há algo definitivamente errado nessa forma de se perceber as coisas, ao mesmo tempo eu me pergunto se é possível mudar isso... Bem, os meus manuais de história e antropologia dizem que a cultura, esse teia de significados nas quais estamos presos, não é algo natural. Tudo na teia é uma construção histórica e tudo o que foi construído pode ser desconstruído...

Tenhamos fé... Quem sabe dentro dos próximos anos nós possamos construir através de nossas práticas um país no qual as pessoas compreendam o valor da leitura não apenas como uma cereja, mas como a massa do bolo.