Penso que nesse pequeno globo azul girante que chamamos de Terra, mesmo que ele seja majoritariamente coberto por água, existe coisas tão diferentes, mais tão diferentes que o concilio muitas vezes parece impossível. Parece, parece mesmo, mas não é.
Eu lembro quando a Ana me mostrou pela primeira vez uma canção cantada pelo Cesar Passarinho, foi bem após ela ter me enviado um caderno e um CD de músicas instrumentais. Eu tinha me apaixonado pela canção clássica "Milonga para as missões" tocada pelo Renato Borghetti e ela me mostrou um vídeo no qual ele novinho acompanhava o Passarinho cantando Guri. Foi amor a primeira nota, porque nesse vídeo antigo eu não consegui ver nada muito bem rsrs...
O Renato foi totalmente eclipsado pela interpretação gloriosa do Passarinho que me levou as lágrimas, sou uma molenga emotiva. O fato do homem cantar em legitimo gauchês canções que representam uma cultura tradicionalista totalmente diferente da minha (sou recifense suburbana de raiz) não me separou do Passarinho porque o jeito emotivo dele se uniu ao meu. E a diferença eu resolvi pesquisando, ouvindo e ouvindo novamente, tentando entender mais e melhor o mundo no qual ele viveu, amou e até creu, para poder compreender mais e melhor sua forma unica de dar vida as letras e canções feitas para ele por outros homens igualmente geniais.
A medida que conheço esse homem passo a gostar mais dele e a culminância da paixão me fez encomendar um caderno com a imagem do meu nego querido e letras das cações cantadas com tanta emoção por ele e a Ana fez para minha pessoa esse caderno. Aliás, a Ana sempre tem me ajudado a conhecer mais e melhor a cultura gaúcha, foi ela quem me presenteou a um tempo atrás, e de uma forma irritantemente linda, com um volume de "Contos Gauchescos e Lendas do Sul" do Simões Lopes Neto.
O "Contos Gauchescos" é uma coleção de histórias contadas (talvez até vividas) pelos gaúchos do fim do século XIX e inicio do século XX. É um livro lindo, merece um post só para ele, mas devido a linguagem do livro, para mim ele tem sido de leitura complexa. Estou cem anos separada do mundo do Simões Lopes, pertencemos a partes muito diferentes do Brasil, vivemos e ouvimos vidas muito diferentes, temos trajetórias de vida difíceis de conciliar.
E no entanto... eu me pego ouvindo/lendo o Simões passar parágrafos e parágrafos descrevendo as mudanças de tons do céu ao entardecer, a beleza das Três Marias e observar esses detalhes é coisa tão tipica de mim que com todas as experiencias que nos separam finalmente me vi unida a esse homem distante no tempo no prazer de apreciar e descrever o esplendor do céu em fim de tarde e a grandeza das constelações noturnas.
As diferenças que nos separam de repente tornam-se insignificantes frente ao que nos une... E a vida flui em torno de quebra de preconceitos e estereótipos fraquinhos e fortes.
E essas reflexões surgiram a parti de um post feito pela Ana hoje de manhã. Essa nega contou lá no Gurias Arretadas de como ela se viu lendo um cordel gaúcho e eu achei tão bonito ver essa literatura (que não foi criada no nordeste, mas da qual o povo do nordeste do Brasil se apropriou, mexeu, remexeu, transformou e fez sua, fez nossa) contando uma história do sul que não resistir a esse registro.
E essas reflexões surgiram a parti de um post feito pela Ana hoje de manhã. Essa nega contou lá no Gurias Arretadas de como ela se viu lendo um cordel gaúcho e eu achei tão bonito ver essa literatura (que não foi criada no nordeste, mas da qual o povo do nordeste do Brasil se apropriou, mexeu, remexeu, transformou e fez sua, fez nossa) contando uma história do sul que não resistir a esse registro.
Achei linda essa experiencia da Ana transformada em post e escrevi outro post só para dizer que acho fantástico quando diferentes se aproximam, quando tudo o que devia se separar se une, quando as pessoas se esforçam para entender as histórias dos outros e construir a partir desse entendimento uma nova história.
Deixo o link para o post da Ana: