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segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Bruxas... Bruxas... Bruxas... [Top 5 Bruxas e Feiticeiras]

"Sua mãe lera para ela, quando era pequena, e depois ela leu para si. E todas as histórias tinham, em alguma parte, a bruxa. A velha bruxa malvada.
Tiffany pensara: Onde estão as provas?
As histórias nunca dizem por que eram malvadas. Bastava ser mulher, velha, totalmente sozinha e com aparência estranha, já que faltavam dentes. Era o que bastava para ser chamada de bruxa.
Pensando assim, o livro nunca dava provas de nada. Ele falava sobre "um belo príncipe"... Era belo mesmo ou só porque era príncipe as pessoas o chamavam de belo? E a "menina que era tão bela quanto o amanhecer"... Bom, que amanhecer? No solstício do inverno, quase não havia luz ao amanhecer! As histórias não queriam que você pensasse, só queriam que acreditasse no que contavam...
De qualquer modo, preferia as bruxas aos príncipes belos e convencidos, e especialmente às princesas burras e de sorrisos falsos, que tinham menos inteligencia que um besouro." [PRATCHETT, Terry. Pequenos homens livres: uma história do disco. São Paulo: Conrad, 2010. pg. 30.]
Só pela citação já da para perceber o quanto sou simpática e o porquê sou simpática as bruxas da ficção néh!?!? Talvez pelo fato do dia das bruxas está chegando, talvez pelo fato de adorar relembrar a adolescência a Mi do Notas de Rodapé resolveu fazer um Top 5 Bruxas e Feiticeiras e eu estou indo na onda.


5. Morgana do Castelo Rá Tim Bum: fez parte da minha infância, sempre vinha com informações divertidas é quase uma inspiração de Tia para mim que sou cheia de sobrinho graças a Deus! E ainda tem o bônus de ter tido um namorico com o Leonardo da Vinci!


4. Luna Lovegood, amiga do bruxinho Harry Potter sempre teve algo que me encantou. Certa tenacidade misturada com uma leve loucura... A Luma é inteligencia temperada com imensa capacidade de voo e abstração. Não sente estranhamento diante de situações estranhas e por isso é estranha... Enfim, eu a amo, acho que ela também tem um ar de geminiana em sagitário, mas a Aleska é mais indicada para dar o diagnostico.


3. A Morgana das Fadas do "As Brumas de Avalon" da Marion Zaimmer Bradley, não é simpática ou bonita, em suas analises ao menos não, mas conduzida por suas memórias dos tempos do Rei Arthur, suas conquistas e derivativos eu aprendi muito e refleti muito sobre minha posição no mundo como mulher e cristã. Eu amei, odiei e voltei a amar a Morgana da Marion, ela quase faz parte de mim, como só os bons personagens conseguem.


2. Yuko, a Feiticeira Dimensional do mangá e anime X-Hollic da CLAMP, uma mistura de mistério, sarcasmo, bom humor e sabe Deus o que mais. Ela tem uma loja na qual pessoas podem encontrar ajuda para realizar qualquer desejo. Bem, qualquer desejo com a condição de esterem dispostas a pagar o preço, pois no Universo além de não existir acaso nada é de graça, tudo tem um preço.


1.  Esme Cera do Tempo ou Vovó Cera do Tempo, da Série Discworld do Terry Pratchett, nada do que eu possa falar da Vovó faria jus a ela. Uma mulher sem meias palavras, dura, sincera, meio solitária, mas... sei lá... Ela é especialista em "cabeçologia", detesta usar a magia, tem a melhor "primeira visão" de todos os tempos, entende de histórias e domina como ninguém a arte de ter "o pensamento melhor".

Ainda sobre a Vovó, deixo essas palavrinhas do Terry, as quais me fazem querer na próxima vida vim parecida com ela:

"E assim porque as pessoas são dominadas pela Dúvida. Esse é o motor que as impulsiona ao longo da vida. É o elástico na hélice do aviãozinho de plástico da sua alma, e passam o tempo enrolando-o até dar um nó. As primeiras horas da manhã são o pior momento — aquele breve momento em que você sente medo de ter vagueado para longe durante a noite e alguma outra coisa tenha se alojado em seu corpo. Isso nunca acontecia com Vovó Cera do Tempo. Ela passava direto do sono profundo para o funcionamento instantâneo a seis cilindros. Nunca precisava se achar porque sempre sabia quem estava procurando."

"Ela odiava todas as coisas que predestinassem as pessoas, que as fizessem de bobas, que as tornassem pouco menos que humanas." [Terry Pratchet]
Eu não sou tão boa quanto a Mi em fazer listinhas praticas e rápidas, mas fiz a minha. Isso não é tag, meme ou blogagem coletiva, mas se alguém quiser fazer seu "Top 5 Bruxas e Feiticeiras" faz e deixa o link, eu vou adorar conferir.



quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Leituras simultâneas...

Como sempre estou lendo dois ou mais livros ao mesmo tempo... Embricada entre vários mundos paralelos ao meu. Sim, eu já tentei ficar no meu presente vinte quatro horas por dia, sete dias por semana, todos os dias do mês... o ano inteiro com pretensões de seguir pela vida e então eu acordava, olhava em volta "e o mundo era a terra inteira,  mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido" e eu voltava a precisar dos meus chocolates literários.

Atualmente as leituras que mais chamam minha atenção são velhos moradores de minha estante: "O príncipe e o mendigo" do Mark Twain, "Eu, robô" do Isaac Asimov e "A tormenta das espadas" do George R. R. Martin... Os três juntos formam uma sopa em minha cabeça e me deixam anestesiada desse "sono íntimo do que cabe em mim".

O Mark Twain, autor do século XIX, tem me surpreendido muito em sua excursão pelo século XVI. Tenho a impressão que ao enveredar pelo passado ele conseguiu falar muito bem sobre seu presente. Muito interessante o retrato da pequena infância carente pintado por ele. A família do Tom, o mendigo que por uma série de coincidência vai usurpar por um tempo o lugar do Príncipe de Gales, é um retrato pouco romântico e bem realista de uma família pobre do século XIX, ele me lembra muito "A Situação da Classe Trabalhadora na Inglaterra" de Friedrich Engels.

Outro autor cuja lembrança me vem a mente quando leio "O príncipe e o mendigo" é o Lord Dumas. De alguma forma acho a escrita de ambos parecida, cada capitulo tem uma história que fecha em si mesmo com um final antevendo reviravoltas prendendo o leitor. Por outro lado a visão que os autores possuem da realeza é completamente oposta. 


Twain ver príncipes e reis com certa generosidade exaltativa [essa palavra existe?], Dumas com uma ironia zombeteira. O príncipe de Twain é um menino culto, falante de vários idiomas, preparado para governar, sua corte é como um corpo do qual ele é a cabeça e sem ele nada funciona. O Rei de Dumas é um homem cujo comportamento lembra um menino mimado, caprichoso, infiel, um boneco de sua corte guiado pelo cardeal ou por outras pessoas. Eu adoro o humor zombeteiro de Dumas, eu amo o retrato do lado b de Londres criado pelo Twain.

Já o "Eu, Robô" do Asimov é um livro carregado de ternura. Uma leitura que flui como um rio. Cada página lida gera um encantamento diante da genialidade desse autor. Ele não é nada menos que MARAVILHOSO. Consegue ser brilhante, generoso e divertido. Estou curtindo muito essa leitura.

Talvez pela breve introdução esclarecedora do Jorge Luiz Calife, para mim tem sido impossível não pensar muito no monstro de Frankenstein. Eu sou totalmente fã do "Mostro" é um dos seres mais carentes de amor, desamparados e injustiçados por seu próprio pai já inventados dentro e fora da literatura. Acho o doutor Victor Frankenstein simplesmente asqueroso.

Apesar de achar a Mary Shelley incrível e sempre me impressionar em como já tão jovem ela era tão culta, brigo com ela em cada linha na qual ela exalta "as boas qualidades" do Dr. Frankestein e as vezes me pergunto se todas as virtudes dele não são boas ironias. A única coisa de boa no Victor Frankestein é sua cultura, seu conhecimento cientifico e criatividade impressionante.


Em síntese, os robôs de Asinov me provocam a mesma ternura que o "Mostro", eles amam a humanidade e querem se aproximar dela enfrentando sempre a dureza do preconceito, da incompreensão e do medo. As vezes tenho a impressão que Asimov tinha um sentimento semelhante ao meu em relação a criatura de Frankenstein e seus robôs queridos recebem o reflexo desse amor através das três leis da robótica. Pena que a humanidade não consegue confiar nas maquinas que ela mesma criou e condena suas criaturas a fins trágicos.

Por fim, sobre o terceiro livro de minha atual saga por outros mundos, o "A tormenta das espadas", volume 3 das "Crônicas do Gelo e Fogo" do sacana do George R. R. Martin, preciso dizer: através dele tenho me reconciliado com a Daenerys. Ela tem sido tão humana em suas decisões! Tão justa! Tem saído do lugar de menina de boa vontade para mulher de boas decisões e ações. Até aqui ela me incomodava em vários momentos, mas agora me pergunto se meu sentimento por ela não tinha um que de magoa pelo Drogo.

Além da Dani, continuo morrendo de amor pelo Tyrion, além de ser o único personagem intelectualizado capaz de se interessar francamente por mulheres comuns, demonstrou misericórdia pela Sansa Stark... E, além dele, o Jaime Lannister também anda ganhando espaço em meu coração... Nunca pensei que isso fosse possível, não tenho nenhum fraco por loiros de olhos azuis,  mas... o Jaime está mudando... está virando um homem de verdade.

sábado, 21 de setembro de 2013

Literatura de Cordel, Conan Doyle e questões de bairrismo.


Uma das coisas mais características da cultura nordestina é a tal da literatura de cordel, ou seja, os benditos textos escritos em versos, sextilhas, impressos em papel comum, cuja capa quase sempre é uma xilogravura - figura feita na madeira - e vendidos nos mercados públicos pendurados em uma cordão. Reza a lenda que o nome cordel deriva justamente do fato deles serem vendidos pendurados em cordões.

Ainda "segundo a lenda" os cordéis podem ser considerados sobreviventes, pois surgiram no século XVI quando relatos orais passaram a ser transpostos para a o terreno da escrita. Eles existiram com nomes diferentes e características semelhantes em vários lugares da Europa - Holanda, Itália, França, Portugal e Espanha - e quando os europeus atravessaram o Atlântico vieram com eles e cá estão até hoje, firmes e fortes como uma forma de contar todo tipo de história no Nordeste do Brasil.

Como boa nordestina, tenho minha coleção de cordéis abordando desde "As ignorâncias de Seu Lunga" até a "Revolução Francesa", o "Mito da Caverna" entre outros. Considero esse tipo de narrativa um mega-plus-ultra sobrevivente. Houve um tempo no qual as pessoas ditas eruditas pensavam que existia uma cultura popular inferior a cultura erudita e constantemente em crise e correndo o perigo de sumir. O cordel é uma prova de que a cultura popular não é inferior e é mega resistente, ele sobreviveu a passagem dos europeus pelo Atlântico, a rígida política de censura as letras característica da administração colonial portuguesa, a industrialização e ao raio que o parta.

Pois é, mas levando em conta o titulo do texto, vocês podem me perguntar: "O que raios isso tem  haver com o autor de Sherlock Holmes?".


Bem, não é segredo para as pessoas com as quais compartilho experiencias de leitura o meu desagrado para com os romances policiais e derivativos. Então, no ultimo sábado quando estava na Livraria Cultura na companhia da Michele e da Aleska me deparei com uma edição mega especial do livro "Um estudo em vermelho"  no qual Conan Doyle apresentou ao mundo lá pelas voltas de 1887 o seu brilhante Sherlock Holmes. Eu, com toda a minha chatice, olhei para o livro e ignorando tudo o que há de especial nele disparei:


"Hum... Romance policial tem uma formula tão batida!".

E a Dona Prefeita Michele respondeu com um golpe mortal:


"Então Dona Jaci o cordel é um sobrevivente e o romance policial uma formula batida... Quanto bairrismo!!!"

Juro que não me aguentei!!! Na hora eu ri, lembrando agora to rindo novamente! Realmente eu sou uma criatura muito bairrista e como tal, parcial em minhas analises! #ProntoConfessei #MeJulguem Não a toa, depois dessa pisa verbal da Michele peguei a edição do "Um estudo em vermelho" e resolvi trazer para a minha estante. Não tinha como não comprar, apenas a visão dele já me leva a recordar a situação e repensar minha visão de mundo. E sim, apesar de não acreditar em signos, sou geminiana demais para resistir a uma possibilidade de repensar qualquer coisa.

E falando em bairrismo, impossível não citar o último podcast das Meninas dos Livros, o tema foi "Personagens com os quais nos identificamos", eu escolhi falar da Elizabeth Bennet do livro "Orgulho e Preconceito"; mas também falamos sobre a Lou Calabrese personagem do “Ela foi até o fim” da Meg Cabot; da Daenerys Targaryen do “As Crônicas do gelo e fogo” e do Floriano Cambará personagem do livro “O Arquipélago” de  Érico Veríssimo. Nesse cast eu não resistir a tentação de alfinetar o bairrismo gaúcho e tal alfinetada rendeu um debate quase sem fim no face. No final das contas, entre mortos e feridos salvaram-se todos e eu aproveito o ensejo para deixar o link do cast por aqui caso alguém queira ouvir a nossa tagarelação.



segunda-feira, 19 de agosto de 2013

O desafeto a literatura nos tempos do Império - Parte 2


Dando continuação ao texto da semana passada no "Sobre o desafeto a literatura nos tempos do Império" preciso reafirma a sorte que me considero com sorte por ter começado a aventura pelo passado através das mãos sonhadoras de José de Alencar. Depois dele a época do Império parecia para mim um lugar de sonho, melhor para se viver, quase substituindo a Idade Média de Walter Scott que o cinismo do meu professor de história transformou em um lugar de frio, opressão e cabanas de chão batido.

Maaaasss... no melhor da festa com seus finais felizes e homens capazes de se converter de seus maus caminhos me apareceu Machado de Assis e seu brilhante e inquietante "Dom Casmurro". Acho que Machado fez sucesso com a adolescente que fui porque já conhecia um pouco da sociedade imperial, do vocabulário do período, era muito fã de uma pessoa cínica (meu professor de História que nem mesmo aprova minha escolha por essa profissão #MagoaEterna) e claro, Machado dialoga com o leitor.

Em Dom Casmurro, nós conhecemos a história de Bentinho, membro de um família abastada do Império acompanhamos a história de amor dele com a Capitu. Como quem conta a história é o Bentinho ele conduz nosso olhar para onde quer e confesso: em minha primeira leitura fui meio seduzida por ele e até acreditei nas doces daquele velho rabugento, solitário e muito hipócrita. Algo que foi mudando ao longo das sucessivas leituras que fiz do livro ao longo dos últimos 10 anos e hoje sou do fã clube da Capitu correndo o serio risco de colocar o nome "Capitulina" em uma filha minha.

Depois de Dom Casmurro li o "Memórias Póstumas de Brás Cubas" e, apesar de Brás ser uma verdadeira cocada de sal com pimenta tão hipocrita quando o Bentinho, confesso que nunca consigo odiar esse personagem. Me apaixonei irremediavelmente pela sinceridade pós-vida dele; pela forma como ele coloca diante de nossos olhos as sacanagens daquela sociedade; e pelo capitulo sexy mais bem pensado da história de toda literatura, nunca deixei de ler o capitulo "O velho dialogo de Adão e Eva" sem dar risinhos e imaginar a cara das recatadas senhoras lendo isso! O Rafael Cortez musicou esse dialogo, deixo o link.

Depois desses dois livros comecei uma Odisseia alucinada com Machado: li todos os romances dele, os vários contos - ainda não sei se li todos os contos - e derivativos. De todos os seus romances o meu preferido é o "Memórias Póstumas...", a fina ironia toca o meu coração e me faz ri sozinha... O que mais me da ternura é Helena. Nunca existirá heroína tão incrível quanto ela. Doce, suave, gentil, inteligente, sagas, acima de tudo digna. Eu me precipito no caos cada vez que o Manuel Carlos coloca no ar uma protagonista com o nome de Helena em suas novelas. Aliás, eu detesto as novelas de Manoel Carlos e minha alma chora e se contorce cada vez que identifica uma referencia a obra do meu amado autor em sua obra. Provavelmente Machado se revira no tumulo.

Mas, voltando a minha louvação alucinada ao meu primeiro amor literário, nunca me canso do olhar atento dele, de sua capacidade de se comunicar com seu leitor, de enxergar de uma forma tão profunda as pessoas ao seu redor, a forma como elas pensavam, planejava e executavam suas vidas. Como a Jussara disse a respeito da sociedade imperial: "... como saberíamos quais sentimentos passavam pela mesma sociedade sem Machado de Assis?". Não é a toa que os historiadores do Império usam os livros dele como documento.


Além dos historiadores, quem se interessou por Machado foi o Eduardo de Assis, um professor do curso de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais responsável por vasculhar toda a obra dele, junto aos seus orientandos, em busca de referencias a pessoas negras livres, libertas ou escravas. Com todo o anacronismo do multiverso ele foi em busca das referencias a afro-descendência dele.

Embora hoje eu tenha minhas criticas ao Eduardo de Assis, confesso que o trabalho dele foi criterioso e a seleção de textos dele inclui crônicas, criticas de teatro, contos e trechos de livros foi uma boa aquisição para minha estante. Assim como a edição da correspondência de Machado e Joaquim Nabuco publicada pela editora de Monteiro Lobato. Confesso que quase tenho menos birra com Lobato só pelo fato dele ter feito publicar essa coleção de cartas.

Enfim, esse texto ficou gigante e você chegou até aqui e resolveu dar mais uma chance a Machado ou mesmo uma primeira chance ficaria feliz de emprestar meus livros... mas como não posso resolvi praticar um pouco da lição da Luma e bem entre os que se interessarem vou está sorteando aqui no próximo domingo minha edição de Helena junto com um dos textos biográficos da minha coleção.


Há quem diga que para começar a ler Machado é melhor recorrer aos contos, mas atualmente não tenho nenhum em minha estante - por culpa da Luma me desapeguei deles - então decidi por Helena, que é o romance de Machado em melhor estado físico dele em minha estante. Para concorrer basta dizer no comentário que quer e domingo que vem faço o sorteio e envio pelo correio.

domingo, 11 de agosto de 2013

O desafeto a literatura nos tempos do Império - Parte 1


Parece mentira, mas me ensinaram durante os sete longos ano de curso de História e pós-graduação que nem sempre existiu o país Brasil, na verdade o nosso país é uma invenção até recente, no frigir dos ovos não temos mais que 200. Essa enormidade geográfica localizada no sul da América na qual as pessoas falam o estranho idioma chamado português começou a ser inventado no inicio do século XIX, mais especificamente em 1822.

Bem, há quem não acredite nisso, vocês meus queridos companheiros de virtualidade podem não acreditar, mas um contemporâneo da "Independência do Brasil", o fracês August de Saint-Hilaire disse com todas as letras do querido alfabeto: "Havia um país chamado Brasil, mas absolutamente não havia brasileiros". Foi ao longo dos oitocentos que vários dos pilares de nossa vida social e identidade foram construídos, tudo isso foi registrado de diversas formas e entre elas está a literatura.

Uma das coisas que eu tento por todas as vias possíveis e imaginárias é compreender porque os leitores brasileiros tem tanta resistência aos textos literários produzidos nesse período. É mais que mero desinteresse é quase uma desafeição generalizada a autores como José de Alencar e Machado de Assis.


Eu tento compreender o motivo dessa desafeição generalizada, muitos justificam que isso se deve a um primeiro encontro traumático nas aulas de português do Ensino Médio no qual a "Literatura Brasileira" é conteúdo obrigatório e os autores canônicos como o tal do Machado e o tal do Zé de Alencar são OBRIGATÓRIOS. Bem, putz, esses autores estão no currículo porque são tão importantes que as pessoas que elaboraram os Parâmetros Curriculares Nacionais (um grupo composto por alunos, professores e acadêmicos) considerou que é DIREITO de todo e qualquer brasileiro conhecer esses autores.


Não é maldade, não é questão de obrigatoriedade é questão de direito!!! Que uma adolescente confunda direito com obrigatoriedade e implique vá lá... Mas os adultos arrastam essa implicância pela vida como um tipo de amuleto de sorte e esquecem que melhor que conhecer o outro é conhecer a si mesmo. Aliás, é possível conhecer melhor o outro quando conheço bem a mim e tudo aquilo através do qual eu me tornei quem sou.

Bem, eu não sei se estou certa quando penso as coisas expostas nos dois últimos parágrafos... De fato, como acontece com inúmerxs jovens brasileiros a mim, como aluna de escola pública localizada em uma comunidade popular favela, foi negado o CONSTITUCIONAL DIREITO de ter aulas regulares de literatura brasileira durante os meus anos de ensino médio e o resultado disso foi ter conhecido José de Alencar e Machado de Assis por acidente nas estantes da biblioteca escolar.

Primeiro veio os romances de Alencar, confesso que os romances indianistas jamais me atraíram, mas os romances urbanos.... Aaaah... Quanto perde quem não dã uma chance a eles!!! A cidade do Rio de Janeiro se erguia diante de mim como que por mágica, as moças bem vestidas, os moços com seus ternos, as carruagens, os bailes, as sensibilidades... Tudo tão bem descrito, tudo sob aquela áurea tão particular.

Era maravilhoso contemplar o passado pelo olhos de José de Alencar. Confesso, hoje a criticidade misturada ao ceticismo me faz fazer inferências menos generosas a respeito da obra dele que a adolescente que eu fui. Mas hoje consigo compreender que os romances ditos "indianistas" representam o esforço de José de Alencar de descrever ou inventar o melhor passado possível para o recém criado Império do Brasil e os romances urbanos o esforço dele de documentar o presente desse Império da melhor maneira possível.


Sei que o texto já deve ter cansado a beleza de muita gente até chegar a esse ponto, mas se você leu quando adolescente os textos de Alencar, ou não leu por implicância com a chata da sua professora ou professor de literatura... Bem, agora talvez seja a hora de praticar o perdão, se ela ou ele fez parecer que era obrigação sua, foi um erro de linguagem, na verdade a ideia é que era um direito seu conhecer um pouco de como o seu país começou a ser construído, de como pensavam aquelas pessoas que inventaram o Brasil, o brasileiro e derivativos.

Ai bem, depois do romantismo de José de Alencar, por uma sorte inexplicável da vida encontrei Machado de Assis... E ai toda a beleza lirica da sociedade Imperial foi posta em xeque...

Desconfio que devaneie demais nesse post e decidi deixar essa parte na qual falo mais sobre Machado para o próximo bloco, ou melhor post...

Ah, mexendo e remexendo no face criei uma página para esse blog deixo aqui o link, ainda não sei bem para quer vai servir, mas quem quiser curti, fica a dica, ou melhor o LINK

sábado, 25 de maio de 2013

Instruções, Neil Gaiman

TOQUE A PORTA DE MADEIRA na parede que você nunca viu antes.
Diga “por favor” antes de você abrir o trinco,
passe,
desça o caminho.
Um monstrinho de metal vermelho se pendura da porta da frente
pintada de verde,
como uma aldrava,
não o toque; ele morderá seus dedos.
Ande pela casa. Não pegue nada. Não coma nada.
No entanto,
se qualquer criatura disser que está com fome,
alimente-a.
Se ela dizer que está suja,
limpe-a.
Se ela gritar que está sofrendo,
se você puder,
alivie seu sofrimento.

Do jardim dos fundos você poderá ver a floresta selvagem.
O poço profundo pelo qual você passa leva para o reino do Inverno;
há outra terra no fundo dele.
Se você virar aqui,
poderá voltar em segurança;
você não passará vergonha. Não pensarei mal de você.
Depois de atravessar o jardim, você estará na floresta.
As árvores são velhas. Olhos espreitam dos arbustos.
Sob um carvalho retorcido, uma velha está sentada. Pode ser que lhe peça algo;
entregue a ela. Ela
apontará o caminho para o castelo. Dentro dele estão três princesas.
Não confie na mais jovem. Siga em frente.
Na clareira depois do castelo os doze meses sentam-se ao redor de uma fogueira,
aquecendo seus pés, trocando contos.
Eles podem fazer favores para você, se você for educado.
Você pode colher morangos no gelo de Dezembro.

Confie nos lobos, mas não diga a eles onde você esta indo.
O rio pode ser cruzado de barco. O balseiro vai levar você.
(A resposta à sua pergunta dele é essa:
Se ele der o remo ao seu passageiro, ele será livre para abandonar o barco.
Mas lhe conte isso a uma distância segura.)

Se uma águia lhe der uma pena, mantenha-a segura.
Lembre-se: o sono dos gigantes é pesado demais; as
bruxas muitas vezes são traídas por seus apetites;
dragões tem um ponto fraco, em algum lugar, sempre;
corações podem ser escondidos,
e você os trai com sua língua.

Não sinta ciumes de sua irmã.
saiba que diamantes e rosas
são tão desconfortáveis quando saem dos lábios de alguém quanto sapos e rãs:
mais frios, também, e mais pontiagudos e cortantes.

Lembre-se do seu nome.
Não perca a esperança – o que você procura será encontrado.
Confie nos fantasmas. Confie naqueles que você ajudou vão ajuda-lo por sua vez.
Confie em seus sonhos.
Confie em seu coração, e confie na sua história.

Quando você  regressar, volte pelo caminho por onde veio.
Favores serão devolvidos, dividas serão pagas.
Não esqueça as boas maneiras.
Não olhe para trás.
Monte na águia sabia (você não cairá).
Monte no peixe prateado (você não afogará).
Monte no lobo cinzento (agarre-se bem ao pelo dele).

Há um verme no centro da torre; por isso que ela não ficara de pé.

Quando você chegar à pequena casa, ao lugar onde sua jornada começou,
você a reconhecerá, embora ela há de parecer menor do que você se lembra.
Ande pelo caminho, e atravesse o portão do jardim que você viu só uma vez.
E então volte para casa. Ou faça uma casa.

Ou descanse.

Neil Gaiman
______________

Neil Gaiman é um autor inglês que ficou mundialmente conhecido na década de 1990 por ser o autor da série de quadrinho The Sandman, mas além dos quadrinhos ele também escreve em prosa e verso. Em seus textos ele dialoga com a obra de autores clássicos como Freud, Shakespeare, Allan Poe, os irmãos Grimm, entre outros. Adora flertar como mitos judaicos-cristãos, gregos, muçulmanos, árabes, hindus e etc.

Eu sou aquele tipo de pessoa que é fã dele.

Já faz tempo que não posto aqui textos de outra pessoa, mas hoje acordei com esse texto na cabeça e fiquei com vontade de vim aqui e compartilhar. Espero que gostem!

Ah, só para constar, o texto foi retirado da coletânea de contos e poesias "Coisas Frágeis, volume 2". Recentemente também foi transformado em um livro infantil ilustrado por Charles Vess chamado: "Instruções - Tudo que você precisa saber durante sua jornada".

Bom Fim de Semana a todos e todas!!!


quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

200 anos de Orgulho e Preconceito!


"O maior clássico de Jane Austen, e um dos meus livros preferidos, fez 200 anos e eu não fiz nem um postizinho a respeito disso!"

Acordei constatando isso e me senti profundamente envergonhada! Como pode? Onde esse mundo vai parar desse jeito? Que absurdo dos absurdos! Preciso mudar esse quadro catastrófico e me redimir com Mr. Darcy, Elinor Dashwood, Elizabeth Bennet, Fanny Pride, Anne Elliot, Emma e toda a turma.

E foi com o intuito  de me redimir de tamanho crime fui remexer em minha coleção de tralhas relíquias Austerianas e é impossível não sentir uma sensação gostosa de familiaridade, nostalgia e beleza.


Orgulho e Preconceito, Razão e Sensibilidade, Mansfield Park me levam  para muitas das melhores lembranças de minha adolescência só de ler o primeiro paragrafo.


Adquirir as séries da BBC foram uma das maiores satisfações do meu inicio de vida adulta. Na minha opinião, outras adaptações podem vim a ser feitas nos próximos duzentos anos, mas dificilmente elas poderão superar em capricho e qualidade o trabalho dos autores, pesquisadores, roteiristas, direção de arte e derivativos responsável por essas produções.


E claro, além dos livros e séries, tem os sem número de produtos feitos a partir da poderosa inspiração de Jane. Por mim eu teria uma amostra de tudo o que sai de qualidade inspirado em Orgulho e Preconceito & Cia. Maaaaas, por hora, eu me conformo apenas com o fofo filme "Clube de Leitura de Jane Austen" e "O diário de Bridget Jones" e alguns marcadores fofos que a Irene me enviou da última bienal de São Paulo.


E para concluir, sem concluir, pois sei que cedo ou tarde vou novamente querer escrever algo sobre Austen aqui ou em outros espaços, deixo um trecho final da matéria escrita por Raquel Sallaberry Brião e publicada na revista "Conhecimento Pratico Literatura" n. 39, cuja copia colorida a Ana Seerig me enviou pouco antes de viajar para a Alemanha e fez a minha alegria por dias.


Para ler Jane Austen 

Jane Austen é para ser lida com prazer. A começar por Orgulho e Preconceito, o "mais leve, luminoso e cintilante", segundo as palavras da própria autora. É fácil encantar-se com Elizabeth Bennet e Mr. Darcy, e se divertir a valer com Mr. Collins. A seguir, apaixonar-se sem medidas junto com Marianne Dashwood, com o sempre amoroso apoio de Elinor, com plena Razão e sentimento. E, sem susto, prosseguir viagem até A Abadia de Northanger, pois o senhor Tilney garantirá o riso. A próxima anfitriã é ninguém mais do que Emma, disposta a nos fazer felizes, nem que para isso cisme em nos casar. Para repousar dessa maratona e meditar sobre a vida, nada melhor do que o silêncio de uma propriedade rural e a companhia da amável Fanny Price, em Mansfield Park. Mas não se enganem! O campo também pode ser movimentado com os irmãos Crawford!

Ainda não se convenceu a ler Jane Austen?

Só me resta a Persuasão de Anne Elliot, perfeita conhecedora do coração de homens e mulheres.

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Raquel Sallaberry Brião edita o site Jane Austen em Português e a sua matéria sobre Jane Austen pode ser encontrada clicando AQUI

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

A cara das Meninas dos Livros


Estive zapeando pela net e reencontrei esse texto que vai ai em  baixo, achei tão a cara das Meninas dos Livros Aleska Lemos, Ana Seerig, Adriana T, Vaneza com Z, Nadia V, Erica Ferro, Michele Lima (a pessoa é tão viciada que olha como ficou o bolo de casamento dela ai do lado), a Luma (que faz meio mundo de blogueiras e blogueiros espalhar livros pelas ruas da cidade), a Jussara (que escreve as melhores resenhas do mundo), a Júlia (que aos sete anos não tem idade para namoro, mas escreve tão bonito que já é uma menina dos livros), a Irene, querida mãezona da Saleta de Leitura... e tantas outras que por aqui passam de vez em quando ou de vez em sempre.

Não resisto ao impulso e, meio que para espantar o clima meio melancólico no qual minha ultima reflexão aqui escrita me deixou, me junto ao clube dos que postaram esse texto em algum momento de suas vidas bloguisticas.

Ah, antes de seguir, deixo meu obrigada aos companheiros de virtualidade! É muito bom ouvir/ler vocês, é uma terapia e ajuda a enfrentar os dilemas naturais da vida. Obrigada!!!
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Namore uma garota que gasta seu dinheiro em livros, em vez de roupas. Ela também tem problemas com o espaço do armário, mas é só porque tem livros demais. Namore uma garota que tem uma lista de livros que quer ler e que possui seu cartão de biblioteca desde os doze anos.

Encontre uma garota que lê. Você sabe que ela lê porque ela sempre vai ter um livro não lido na bolsa. Ela é aquela que olha amorosamente para as prateleiras da livraria, a única que surta (ainda que em silêncio) quando encontra o livro que quer. Você está vendo uma garota estranha cheirar as páginas de um livro antigo em um sebo? Essa é a leitora. Nunca resiste a cheirar as páginas, especialmente quando ficaram amarelas.

Ela é a garota que lê enquanto espera em um Café na rua. Se você espiar sua xícara, verá que a espuma do leite ainda flutua por sobre a bebida, porque ela está absorta. Perdida em um mundo criador pelo autor. Sente-se. Se quiser ela pode vê-lo de relance, porque a maior parte das garotas que leem não gostam de ser interrompidas. Pergunte se ela está gostando do livro. Compre para ela outra xícara de café. Diga o que realmente pensa sobre o Murakami. Descubra se ela foi além do primeiro capítulo da Irmandade. Entenda que, se ela diz que compreendeu o Ulisses de James Joyce, é só para parecer inteligente. Pergunte se ela gosta ou gostaria de ser a Alice.

É fácil namorar uma garota que lê. Ofereça livros no aniversário dela, no Natal e em comemorações de namoro. Ofereça o dom das palavras na poesia, na música. Ofereça Neruda, Sexton Pound, cummings. Deixe que ela saiba que você entende que as palavras são amor. Entenda que ela sabe a diferença entre os livros e a realidade mas, juro por Deus, ela vai tentar fazer com que a vida se pareça um pouco como seu livro favorito. E se ela conseguir não será por sua causa.

É que ela tem que arriscar, de alguma forma. Minta. Se ela compreender sintaxe, vai perceber a sua necessidade de mentir. Por trás das palavras existem outras coisas: motivação, valor, nuance, diálogo. E isto nunca será o fim do mundo.

Trate de desiludi-la. Porque uma garota que lê sabe que o fracasso leva sempre ao clímax. Essas garotas sabem que todas as coisas chegam ao fim. E que sempre se pode escrever uma continuação. E que você pode começar outra vez e de novo, e continuar a ser o herói. E que na vida é preciso haver um vilão ou dois. Por que ter medo de tudo o que você não é? As garotas que leem sabem que as pessoas, tal como as personagens, evoluem. Exceto as da série Crepúsculo.

Se você encontrar uma garota que leia, é melhor mantê-la por perto. Quando encontrá-la acordada às duas da manhã, chorando e apertando um livro contra o peito, prepare uma xícara de chá e abrace-a. Você pode perdê-la por um par de horas, mas ela sempre vai voltar para você. E falará como se as personagens do livro fossem reais – até porque, durante algum tempo, são mesmo.

Você tem de se declarar a ela em um balão de ar quente. Ou durante um show de rock. Ou, casualmente, na próxima vez que ela estiver doente. Ou pelo Skype.

Você vai sorrir tanto que acabará por se perguntar por que é que o seu coração ainda não explodiu e espalhou sangue por todo o peito. Vocês escreverão a história das suas vidas, terão crianças com nomes estranhos e gostos mais estranhos ainda. Ela vai apresentar os seus filhos ao Gato do Chapéu [Cat in the Hat] e a Aslan, talvez no mesmo dia. Vão atravessar juntos os invernos de suas velhices, e ela recitará Keats, num sussurro, enquanto você sacode a neve das botas.

Namore uma garota que lê porque você merece. Merece uma garota que pode te dar a vida mais colorida que você puder imaginar. Se você só puder oferecer-lhe monotonia, horas requentadas e propostas meia-boca, então estará melhor sozinho. Mas se quiser o mundo, e outros mundos além, namore uma garota que lê.

Ou, melhor ainda, namore uma garota que escreve.


Texto original: Date a girl who reads – Rosemary Urquico
Tradução e adaptação – Gabriela Ventura

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Comentando "A Trilogia do Mago Negro".


Sou obrigada a confessar: quando a "Trilogia do Mago Negro" escrita pela australiana Trudi Canavan foi lançada em 2012 pela editora "Novo Conceito" ela mal fez cocegas na minha vontade de ler. Quando vi o lançamento até tive vontade de ler, mas não cheguei a me mover no sentido de adquirir o livro, me pareceu, pelo trabalho gráfico e divulgativo feito pela editora, mais uma história qualquer com magos e poderes daquelas que eu até leio, mas decididamente não de forma prioritária como ocorre quando surge algo do Neil GaimamPratchett ou mesmo Rick Riordan, por exemplo.

Definitivamente esse não foi a primeira vista um projeto literário capaz de chamar minha atenção de forma contundente e definitiva, ou seja, com a Trudi não funcionou o famoso "amor a primeira vista", com ela eu precisei de um encontrou praticamente "pessoal".

O que me proporcionou esse encontro foi o Luciano, editor do blog .Livro. Ele me convidou para ler o volume 1 da série para o blog dele e ai começou a ser construída uma relação de amor.

A partir da leitura do volume 1, "O Clã dos Magos", a trilogia se tornou um projeto literário pelo qual sou afeiçoada ao estremo. A Trudi Canavan foi a primeira autora australiana que li na vida e ela já tem o meu respeito pra lá de incondicional. A história dela foi a primeira que vi nessa leva de livros juvenis com poderes mágicos e derivativos a colocar uma favela no mapa da cidade e da favela tirar a sua heroína.

A história contada nessa trilogia, apesar de colecionar jargões e derivativos típicos do gênero, me pegou. Parece que a Trudi leu boa parte das pesquisas sobre o processo de favelização, estudou as questões relacionadas aos preconceitos sociais, está a par de alguns tema relacionados as lutas feministas e para completar ainda se interessa por discutir homofobia.Tenho consciência de que parece muita coisa para uma trilogia cuja história ainda se passa em outro mundo com mitos, geografia e história próprios, e talvez seja mesmo.

Para quem ler Tolkien, Kiralia, Irmadin e derivativos vão deixar muito a desejar, algumas partes da história sobram mesmo, em especial no vol. 1 (doí dizer isso, mas é verdade); outras faltam, em especial no vol. 2; algo aqui e ali poderia ser melhor trabalhado e a tradução recebeu criticas das leitoras e leitores bilíngues (que não é meu caso); e a capa poderia ser mais charmosa. No entanto, já conclui a leitura do segundo volume da trilogia e posso dizer: "Trudi Canavan tem dado conta do recado, ou melhor, ela tem dado um recado muito interessante!".

Por algum motivo que desconheço, o Luciano considerou interessante me convidar para ler esse tal de segundo volume da trilogia, e publicou a resenha feita por mim do livro "A Aprendiz" em seu blog, quem estiver interessado pode passar lá e conferir as observações que teci a respeito do livro: A Aprendiz Volume 2 da Trilogia do Mago Negro.

Além de comentar o o livro 1 e 2, o Luciano também me enviou o livro 3 dessa trilogia, no qual a Trudi conclui a história dando conta da ação, da aventura, do romance e até nos premiando com doses agradáveis de sensualidade. Lá no blog dele está a resenha de "O lorde supremo, vol. 3 da Trilogia do Mago Negro".


Para sistematizar, deixo aqui em ordem o link de todas as resenhas que fiz sobre "A trilogia do Mago Negro" no .Livro:

O Clã dos Magos, vol. 1

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Diferenças que deviam separar, no entanto...

Penso  que nesse pequeno globo azul girante que chamamos de Terra, mesmo que  ele seja majoritariamente coberto por água, existe coisas tão diferentes, mais tão diferentes que o concilio muitas vezes parece impossível. Parece, parece mesmo, mas não é.

Eu lembro quando a Ana me mostrou pela primeira vez uma canção cantada pelo Cesar Passarinho, foi bem após ela ter me enviado um caderno e um CD de músicas instrumentais. Eu tinha me apaixonado pela canção clássica "Milonga para as missões" tocada pelo Renato Borghetti e ela me mostrou um vídeo no qual ele novinho acompanhava o Passarinho cantando GuriFoi amor a primeira  nota, porque nesse vídeo antigo eu não consegui ver nada muito bem rsrs...

O Renato foi totalmente eclipsado pela interpretação gloriosa do Passarinho que me levou as lágrimas, sou uma molenga emotiva. O fato do homem cantar em legitimo gauchês canções que representam uma cultura tradicionalista totalmente diferente da minha (sou recifense suburbana de raiz) não me separou do Passarinho porque o jeito emotivo dele se uniu ao meu. E a diferença eu resolvi pesquisando, ouvindo e ouvindo novamente, tentando entender mais e melhor o mundo no qual ele viveu, amou e até creu, para poder compreender mais e melhor sua forma unica de dar vida as letras e canções feitas para ele por outros homens igualmente geniais.

A medida que conheço esse homem passo a gostar mais dele e a culminância da paixão me fez encomendar um caderno com a imagem do meu nego querido e letras das cações cantadas com tanta emoção por ele e a Ana fez para minha pessoa esse caderno. Aliás, a Ana sempre tem me ajudado a conhecer mais e melhor a cultura gaúcha, foi ela quem me presenteou a um tempo atrás, e de uma forma irritantemente linda, com um volume de "Contos Gauchescos e Lendas do Sul" do Simões Lopes Neto.

O "Contos Gauchescos" é uma coleção de histórias contadas (talvez até vividas) pelos gaúchos do fim do século XIX e inicio do século XX. É um livro lindo, merece um post só para ele, mas devido a linguagem do livro, para mim ele tem sido de leitura complexa. Estou cem anos separada do mundo do Simões Lopes, pertencemos a partes muito diferentes do Brasil, vivemos e ouvimos vidas muito diferentes, temos trajetórias de vida difíceis de conciliar.

E no entanto... eu me pego ouvindo/lendo o Simões passar parágrafos e parágrafos descrevendo as mudanças de tons do céu ao entardecer, a beleza das Três Marias e observar esses detalhes é coisa tão tipica de mim que com todas as experiencias que nos separam finalmente me vi unida a esse homem distante no tempo no prazer de apreciar e descrever o esplendor do céu em fim de tarde e a grandeza das constelações noturnas.

As diferenças que nos separam de repente tornam-se insignificantes frente ao que nos une... E a vida flui em torno de quebra de preconceitos e estereótipos fraquinhos e fortes.

E essas reflexões surgiram a parti de um post feito pela Ana hoje de manhã. Essa nega contou lá no Gurias Arretadas de como ela se viu lendo um cordel gaúcho e eu achei tão bonito ver essa literatura (que não foi criada no nordeste, mas da qual o povo do nordeste do Brasil se apropriou, mexeu, remexeu, transformou e fez sua, fez nossa) contando uma história do sul que não resistir a esse registro.

Achei linda essa experiencia da Ana transformada em post e escrevi outro post só para dizer que acho fantástico quando diferentes se aproximam, quando tudo o que devia se separar se une, quando as pessoas se esforçam para entender as histórias dos outros e construir a partir desse entendimento uma nova história.

Deixo o link para o post da Ana:


quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Meme Literário de Um Mês 2012: Dia 17 – Na sua opinião, qual é o propósito da literatura?

Acho que a literatura tem "O propósito", mas sim propósitos no plural. Ela serve para registrar inquietações, guardar memórias, selar segredos, entreter meramente e deliciosamente, ensinar lições valiosas (embora eu realmente tenha aversão por livros de alto-ajuda), guarda uma série de conhecimentos de uma geração (enciclopédias e livros didáticos que o digam), alienar, catequizar ou meramente fazer nascer textos bons de serem lidos.

As possibilidades são muitas e nós, como seres criativos que somos, ainda poderemos criar mais e mais propósitos para o livro nos próximos anos.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

O Meme Literário de Um Mês Dia 01: Que livro você está lendo?

Pois é!!! Hoje não é domingo, é segunda, mas hoje eu vou chutar o pau da barraca \o/ "A caixa" não é blog literário, mas vai virar por um mês...

Então pessoas perdoem essa pobre blogueira, sejam tolerantes e aguentem é só por um mês!!!


Eu vi essa proposta de Meme no blog do Luciano, o .Livro, fui me informar no blog proponente o Happy Batatinha e gostei, fui seduzida e lá vou eu \o/.

Tá, na verdade eu já vi esse tipo de meme de 1 mês acontecendo e sempre tive vontade de participar, mas faltava coragem... Agora deu :)

Enfim, a pergunta de hoje, como diz o titulo do post é:

"Que livro você está lendo?"

Na verdade há muito tempo que eu não consigo ler um livro por vez e sempre acabo lendo alguns livros ao mesmo tempo.

É karma, eu fico saltando de livro para livro... Olho um, olho outro e ainda um terceiro, quando vejo já tem um quarto... Só que tem um detalhe, não me cobro muito essa coisa de prazo, não me sinto obrigada a falar a respeito de cada livro que leio no blog ou derivativos, me permito não terminar nem tão cedo a maioria dessas leituras.

Então no momento eu estou lendo:

"Melancia" da Maryan Keyes, que a Michele Lima me emprestou. Eu simplesmente adoro a franqueza da Claire ao narrar a história de como ela foi traída pelo marido, abandonada exatamente depois de ter sua filha e voltou para a casa dos pais para se recompor. Como a Mi me disse, Keyes é prolixa, mas eu também sou, e a franqueza me leva a ter uma certa empatia com  protagonista da história.

Também estou lendo "P.S: Eu te amo" de Cecelia Ahern, livro que me foi enviado pelo Luciano com o objetivo de escrever uma resenha para o .Livro. Cecelia não é tão prolixa como a Maryan, em compensação até aqui a protagonista dela não conseguiu me cativar. Engraçado, no filme rapidamente eu desenvolvi um sentimento de empatia com a Holly, no livro isso não está acontecendo. Mas, ainda é cedo para avaliar.

No mais, ainda estou na saga com Nebulosidade Variável. Tá, no caso desse livro confesso que estou decidida a render essa leitura tanto quanto for possível. Esse livro é minha companhia para momento de solidão. Lê-lo é como ter uma amiga querida perto e quando eu terminar tenho que devolver. Nem tão cedo vou colocar ele na lista dos lidos. Engraçado [2], suponho que essa demora em terminar de ler vai tornar a dor da separação ainda pior...

Ainda tem alguns livros acadêmicos na lista, mas desses eu vou poupar vocês!!! :)

Cheros, cheros e vamos lá que outubro apenas começou e espero que ele seja totalmente produtivo \o/