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sábado, 12 de julho de 2014

A Lua compreende o significado de ser humano [Citação 006]


"A Lua é uma companheira correta. Ela nunca se vai. Ela sempre está lá, observando, constante, reconhecendo-nos em nossos momentos de luz e escuridão, em constante transformação, assim como todos nós. Todos os dias uma versão diferente dela mesma. Às vezes fraca e livida, noutras forte e cheia de luz. A Lua compreende o significado de ser humano." [Tahereh Mafi_Estilhaça-me]
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Hoje sai um pouco mais cedo do trabalho, ainda era dia, ou melhor entardecia em Recife. Eu não resistir e cliquei. Meu celular não é dos melhores, mesmo que fosse a câmera não consegue nunca captar a perfeição dos momentos, mas fica uma lembrança do instante de encantamento.


Posteriormente, enquanto fazia o trajeto da Zona Norte do Recife para o Bairro do Recife me senti novamente impelida a produzir mais uma lembrança do brilho da Lua na noite de hoje... e uma vez em casa como não roubar as palavras da Tahereh Mafi?!?!

Essa lua perfeitamente redonda, brilhante, tomando conta do céu de uma cidade litorânea convida ao romance, ao delírio, qualquer coisa de fora do comum... Bem, na falta desses temperos todos, confesso que me conformei com sorvete e livros, quem não tem cão caça com gato néh?!?!?

sábado, 21 de junho de 2014

Incertezas, pular em abismos, cair para cima ou da criação das asas...

Disponível Aqui

Várias vezes eu tenho dificuldade em olhar em volta ou deixar o botão realidade ligado por muito tempo. Mesmo hoje, mais de vinte oito anos após minha forçada chegada aqui, ainda me sinto deslocada, inconveniente, equivocada, perdida, dividida entre a suave impressão de ser insuficiente para as tarefas a mim atribuídas e a sensação de ainda não saber bem o que raios devo fazer aqui.

Um dia, em meio a um rito de passagem qualquer para a vida adulta me bateu na rosto um impacto de certeza que desceu ao coração. Mas essa certeza fugiu do meu coração, correu de mim. Eu tentei segui-la. Ela foi mais rápida, saiu enveredando por uma curva e depois outra e mais outra... Nunca fui famosa por meu senso de direção e no labirinto das ruas superpopulosas e intransitáveis das ideias perdi a frágil certeza.

Restou a dúvida.

Quando a única certeza que te sobra é a dúvida viver é algo como pular no abismo...

E de repente, não mais que de repente me veio a memória uma história que li na infância. A história contava de uma aldeia cujas mediações eram próximas a um abismo gigantesco do qual soprava em noites de inverno ventos poderosos. Uma das lendas da aldeia dizia que quem tivesse coragem de se jogar no abismo seria erguido de volta pelo vento.

Será que no abismo da dúvidas há vento?

Ou será que há apenas tempestades?

Em Recife os ventos são fortes o suficiente para inclinar os coqueiros, esvoaçar saias, embaraçar os cabelos e colocar pensamentos sensuais em cabeças desapercebidas do tempo... Desconfio que ele é insuficiente para impedir qualquer queda...

No entanto...
... como resistir a tentação do pulo?

E como é de costume já estou devaneando, sonhando acordada...
Já passa da meia-noite e estou lembrando de versos...

"Um pouco mais de sonho para aquecer a alma, 
Para alegrar os abismos do espírito.
Para dar à meia-noite as cores de uma tarde quente,
Enquanto não cessa  o cortante hálito gelado do inverno."

E em meio aos sonhos me ocorre que talvez pulando no abismo das dúvidas meu corpo finalmente pode "optar por cair pra cima"... Sempre se pode flutuar ou criar asas e improvavelmente no "por entre as nuvens" encontrar qualquer coisa de memorável "sentada no teto do mundo".

Talvez Ray Bradbury esteja certo ao aconselhar:

"Vá até a beira do abismo e pule.
Construa suas asas na descida."

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P.S.: Obrigada a @Sybylla_ do Momentum Saga por ter cedido a imagem. Mas de boas citações podem ser encontradas na fan page do Momentum: https://www.facebook.com/Momentum.Saga

Obrigada também ao Sahge (Luiz Carlos) por ter cedido os versos de "Dente de Leão no Vento" que foram utilizados no texto. Mais dos textos dele no => "Psicodellias"

domingo, 15 de junho de 2014

Minha estranheza, as tatuagens não feitas e a difícil tarefa de conciliar aparência e essência.

Eu sou uma pessoa estranha, isso é fato conhecido por todos e eu não me envergonho de minha estranheza. Na universidade os meus colegas me chamavam carinhosamente "Esquisitinha!", mas recentemente uma amiga me deu o titulo de "bizarramente contraditória" e foi um elogio. Realmente eu faço metáforas malucas, escrevo e falo duas vezes antes de pensar. Fico mal humorada na segunda-feira. Detesto todas as coisas que predestinam as pessoas, as fazem de bobas e as tornam pouco menos que humanas. Sou cristã, feminista e geminiana. Mudo de ideia vez em sempre, há consenso entre meus amigos de que não sei brincar. E claro que tudo isso é culpa de Sagitário, afinal ele é que faz bagunça no meu mapa astral.

Eu cheguei a um ponto de estranheza gritante a ponto de uma de pessoa me dizer que não pareço com a pessoa que sou. Ou melhor, que a minha aparência estética não releva a pessoa que sou. Eu, honestamente, fiquei me perguntando com constância constante como as pessoas acham que eu deveriam parecer. Recentemente cheguei a uma resposta aproximada quando meu irmão falando sobre uma amiga dele disse que ela, com seu lindo cabelo verde vibrando e tatus mais lindas, ainda fazia tudo que eu queria fazer e não tinha coragem. Nunca pensei que meu irmão achasse que a ausência das tatuagens e a manutenção da cor original do meu cabelo fosse resultado de uma covardia. Talvez não seja.

Na verdade eu gosto da cor do meu cabelo com excesso de comprimento e amo o quanto é fácil cuidar dele, se eu aplicasse tintura nele não poderia me dar ao luxo de passar meses lavando apenas com sabão amarelo sem comprometer seu brilho e sedosidade. Antes de aplicar azul de metileno no cabelo preciso me comprometer espiritualmente com hidratações regulares e uma rotina de cuidados com as quais não estou habituada e não sei se quero está a curto e médio prazo. Em síntese, meu cabelo não é azul eu sou preguiçosa.

Já as tatuagens, aprendi com a Bíblia que algumas coisas, verdades ou desejos profundos devem ser escritos dentro de nós. No livro dos Provérbios está escrito: "Que o amor e a fidelidade jamais o abandonem; prenda-os ao redor do seu pescoço, escreva-os na tábua do seu coração." (Provérbios 3:3). Tenho a impressão que em minha alma há mais coisas escritas que no interior das Piramides de Gize, algumas tão difíceis de decifrar quanto os hieróglifos e eu gosto disso. Em síntese, gosto de ter minhas minhas palavras dentro de mim e não fora.

De certa forma essa imagem de crente acentua mais a minha estranheza e eu tenho um enorme fraco por ela, estou habituada a ela, e de quebra me da o beneficio da duvida. Com esse jeito de irmãzinha tanto passo despercebida quanto posso observar as pessoas que me interessam e escolher se vou me aproximar ou não delas. Claro, também aprecio a ironia, é divertido demais deixar as pessoas tontas com minhas contração bizarra.

Mas, apesar da ironia, da comodidade e de gostar dessa aparência, não por acaso, só pensar em como preguiçosamente mantenho essa imagem de irmãzinha me vem à memória a Tita me dizendo o quanto é boa ideia de deixar de vestir essa roupa confortável, essa farda, e assumir a imagem do que sou, conciliar a aparência com minha essência.

Só de pensar nisso, um velho soneto de Fernando Pessoa que escrevi há mais de uma década na minha alma começa a queimar como se tivesse sido escrito ontem. Repentinamente compreendo o quanto conciliar aparência e essência, no meu caso, tem haver com abdicação e abdicar pode ser até libertador, mas não é fácil de começar.

Atualmente, tal como Fernando Pessoa, embora talvez em graus mais modestos, "atravesso uma daquelas crises a que, quando se dão na agricultura, se costuma chamar "crise de abundância"¹ e me sinto como se estivesse a caminho de casa atordoada com um perigo de uma chuva que está por vim. E, talvez, meu irmão esteja certo, e eu ainda não tenha encontrado a coragem para abdicar de certas coisas e dizer tal como Fernando Pessoa disse em 1913:

"Toma-me, ó noite eterna, nos teus braços
E chama-me teu filho... eu sou um rei
que voluntariamente abandonei
O meu trono de sonhos e cansaços.
Minha espada, pesada a braços lassos,
Em mão viris e calmas entreguei;
E meu cetro e coroa - eu os deixei
Na antecâmara, feitos em pedaços
Minha cota de malha, tão inútil,
Minhas esporas de um tinir tão fútil,
Deixei-as pela fria escadaria.
Despi a realeza, corpo e alma,
E regressei à noite antiga e calma
Como a paisagem ao morrer do dia."

________________________

¹Carta de Fernando Pessoa ao amigo Mário Beirão, em 01 de Fevereiro de 1913  "Páginas Íntimas e de Auto-Interpretação", Ed. Ática. Disponível em: http://www.insite.com.br/art/pessoa/misc/carta.mbeirao.php

terça-feira, 27 de maio de 2014

Só uma música que não sai de minha cabeça...

Pois é, fui assistir "X-Men: Dias de um Futuro Esquecido" porque X-Men fez parte de minha adolescência, eu amo o Wolverine e Hugh Jackman é simplesmente, incrivelmente, formidavelmente lindo.

Não esperava ser atingida por uma bomba de emoção.

Mas fui...

E como fui, não consigo tirar da minha cabeça a voz da Roberta Flack cantando "The First Time Ever I Saw Your Face"

 Eu devo está numa TMP dos infernos, louca ou sei lá o que, mas fiquei tão embevecida que o corpo nu Hugh Jackman me pareceu pouco menos que nada...

Aliás, ainda há uma lágrima em mim para essa canção... Não canso de ouvi-la... Não sei se vou cansar um dia...

E eu nem mesmo sou uma criatura musical, ou escuto músicas que abordam relacionamentos, romance, paixonites, fossa e derivativos [Roupa Nova/Los Hermanos nem sob tortura]...

Enfim... Devo mesmo está de TPM... Que passe logo...

sábado, 17 de maio de 2014

Notas escritas em uma noite de sexta...

É uma noite de sexta qualquer e de repente sinto-me como em um enlevo... Não a toa me refugiei no quarto do meu irmão, abri a janela, escuto os sons da ruas e aprecio o momento degustando damasco seco.  Até mesmo meu cabelo com seu gritante excesso de comprimento está solto.

Nem mesmo lembro quando foi a ultima vez que soltei meu cabelo, talvez em outra vida. Estou feliz e felicidade não rima com rima com cabelo preso.

Se um gênio da lâmpada me aparecesse agora, eu pediria apenas uma garrafa de chá gelado sabor pêssego e bastaria isso para o momento ser perfeito.

Me vendo assim, relaxada, escrevendo esses desvarios e leseiras a toa, não se diria que ontem quase cheguei ao pânico. A greve dos PMs teve o dom de libertar o pior dentro de tantas pessoas que em um minuto o mundo pareceu ultrapassar o limite do meramente inseguro...

Quando o pânico ultrapassou o limite do imaginável eu estava na escola na qual trabalho pela manhã e vi pais e mães chegarem um após outro, desesperados e alarmados, para levarem seus filhos e filhas para casa.

Quase liguei para o meu pai ou para algum de meus tios. Não o fiz. Não sou criança. Simplesmente me obriguei a pegar minhas coisas e ir para meu próximo destino: a creche. Chegando lá tratei de convidar os responsáveis pelas crianças para pega-las mais cedo... No final da tarde, enquanto providenciava o jantar das crianças cujos pais são costumeiros retardatários, invejei a sorte delas... Talvez não seja de todo ruim ser responsabilidade de alguém vez ou outra, ter alguém para providenciar jantar e segurança.

Enquanto escrevia essas linhas o relógio me contou da passagem da sexta para o sábado, meu irmão me expulsou do quarto dele e eu me abriguei na sala na qual gozo da companhia do gato e da cachorra irritante e tudo isso parece está bem longe... Mesmo não estando...

Claro que não está. Violência e medo nunca estão longe, não nesse mundo ou nessa vida. Nem por isso coisas boas deixam de ocorrer...

Ontem uma companheira de virtualidade me convidou para participar de um projeto adorável dela. Hoje pela manhã tive um sonho maravilhoso com uma amiga minha, estávamos na Grécia. Uma notificação do celular me avisou que o pequeno presente enviado a um amigo chegou, parece que ele gostou. Descobri que perdi alguns quilos e as saias que não mais cabiam em mim voltaram a entrar e, pelo prazer da incoerência, resolvi fazer pizza para comemorar. Enquanto o cheiro do queijo com orégano se alastrava pela casa, ouvi meu irmão ler um conto de Allan Poe.

Há qualquer coisa de reconfortante em ouvir meu irmão lendo em voz alta. Aliás, não só lendo, mas modelando. Na quarta-feira, ele voltou depois de um longo tempo a moldar o velho monte de massa de abandonado por meses.

A arte de meu irmão não é de uma beleza clássica, nem sempre, quase nunca, ele retrata coisas doces, mas me passou pelo corpo todo uma sensação agradável ao ver um dos trabalhos dele finalizado... Na sexta havia outro e hoje a tarde me peguei levantando a cabeça por cima do livro que lia e vendo ele moldar... Há algo certo numa cena na qual eu apareço lendo qualquer coisa enquanto ele molda... Vez ou outra falamos alguma coisa um com o outro enquanto cada um faz o que gosta de fazer...

A vida segue... e eu poderia ficar aqui muito tempo mais...

Poderia contar como foi finalmente tomar meu primeiro porre... De como fiquei bêbada de wiski e simplesmente amei a sensação da embriaguez...
Poderia falar das desventuras e venturas do ensino de história, de como ganhei um rato de borracha, um desenho da Sailor Moon e uma bolada que doeu fisicamente, mas sobretudo moralmente, no meio da aula de geografia.
Poderia contar como não me imagino não trabalhando como educadora infantil, das minhas estagiarias ótimas e do andamento das contações de história.
Ou ainda de minhas ultimas leituras, dos planos para o futuro, dos sonhos, do amor platônico que, graças a Deus ou não, morre a cada dia...

Poderia escrever muito mais... se... somente se... eu não tivesse que ir trabalhar amanhã....

Ninguém deveria ser obrigado a trabalha no sábado pela manhã, todavia não me sinto tão infeliz com essa possibilidade. Estou em paz, ainda que momentaneamente...

Acho que vou guardar alguns desses damascos para amanhã, deixar todas as reticências exatamente onde estão e, como o gênio da lâmpada não apareceu até a presente hora, vou dormir sem meu chá gelado mesmo, amanhã talvez eu mesma me dê essa dádiva...

Aos que chegaram até aqui nesses devaneios, deixo minha gratidão e cumprimentos...
Até nosso próximo encontro amigos!

domingo, 13 de abril de 2014

Mais Macho...


Hoje acordei ouvindo Luiz Gonzaga. Já passava das nove da manhã e meu irmão decidiu escutar algumas músicas do velho mestre. A música responsável por me fazer atravessar a barreira entre o sono e o despertar chama-se "Paraíba masculina" e mal abri os olhos, minha mãe sorriu para mim e entre o riso jogou um "Olha Rita!". Voinha Rita era paraibana, minha mãe me acha parecida com ela psicologicamente e emocionalmente e semana passada eu fui, após uma reunião tensa, honrada com o titulo de "Mais Macho...". Então já acordei sorrindo para a nova semana.

Não me escapa que atribuir a uma mulher capaz de enfrenta uma situação desafiadora com burrice mal-calculada coragem o titulo de "macho" e a um homem covarde o titulo de "mulherzinha" evidencia o imenso machismo da cultura pernambucana. Mas, é reconfortante ser associada a Dona Rita, ela era autentica e corajosa. Autenticidade e coragem são coisas das quais ando precisando. Não tenho um sertão para atravessar carregando meus sete filhos, mas tenho desafios a enfrentar e eles me dão medo.

Aliás, meus últimos tempos tem sido demasiado marcados pelo medo. Tenho repensado constantemente minha escolha profissional pela docência e até que ponto essa foi uma escolha acertada. Não tenho me sentido uma boa professora! Tem sido difícil enfrentar dia após dia algumas turmas! Eu sinto como se estivesse me afogando e não há quem me ajude a respirar! Acho que vou sumir ou desaparecer! Fazia tempo que eu não ouvia tanto Duvet...

Investi tanto de mim, minha força, tempo, sono, atenção e cuidado nessa profissão que tenho dificuldades em acredita que escolhi errado. E se escolhi errado, preciso de uma nova escolha... Mas qual? Eu não tenho medo do escuro, mas me pego pedindo "por favor deixem as porcarias da luzes acesas". Queria muito ter certeza de que tudo não foi simplesmente "Tempo Perdido".

Talvez por tudo isso, mesmo não ignorando o machismo, ser adjetivada como "mais macho...", me fez feliz. Me fez crer, por alguns instantes, que talvez eu não esteja tão fragilizada quanto penso. Ainda tenho folego para "ser" qualquer coisa de resiliente e decidida.

Ah, falando de decisões, é preciso lembrar de não esquecer algo fundamental: dia 16 começa mais uma edição do Bookcrossing Blogueiro. Novamente um grupo de pessoas estará espalhando literatura por alguma esquina, curva, banco de praça, ônibus ou derivados. Se passou aqui, leu esse desabafo, mas não conhece a ideia, clica na imagem e confere como funciona. Você corre o risco de gostar!

segunda-feira, 24 de março de 2014

Sobre minha cama, meu sono e a segunda-feira...

Pois é, quando eu começo o post com "pois é" senta que lá vem leseira brava, outro dia vi em meio aos RT do Twitter a seguinte expressão da Marcia Camila:


"Quando me perguntam qual meu lugar preferido só penso em dizer: "Meu lugar preferido é minha cama." Mas, às vezes minto e digo outros lugares." [@camila_marcia]

Em plena segunda-feira, poucos minutos antes de começar minha rotina, pouco depois de abandonar minha cama... sinto que eu não consigo concordar mais com alguém com alguém. Não existe lugar como minha cama no mundo... é tão ultrajante ter que abandona-la a sua própria sorte todos os dias!

Eu vivo concordando com os posts da página "Disney Irônica":



Ai gente, vou ali da mais um abraço na Abena porque...

Foto tirada por Rafaela, na minha ausência Abena também ler!
.... "Acordei para a mesma vida para que tinha adormecido./ Até os meus exércitos sonhados sofreram derrota", ainda é  segunda-feira!


Eu nem bebo álcool, mas vou pegar carona na música "E a vida se fez de louca" do "Mundo Livre S/A":
"... Deus nos dê fígado, pois temos o planeta inteiro pela frente.Na verborragia do versoEstoura o limite de ânsiasHá um desquite que a metáfora não alcançaE como já dizia o meu amigo Xico... Sá, Sá...Saindo as palavras por uma porta e a vida por outra!"

Boa Sorte para todos e todas nós!!! Que Deus nos ajude!!!

sexta-feira, 21 de março de 2014

O Negro Bonifácio, a Cláudia e o César Passarinho.

A história do "Negro Bonifácio" é contada no livro "Contos Gauchescos e Lendas do Sul" escrito pelo Simões Lopes Neto. Nele se conta como um homem negro livre chamado "Bonifácio" se meteu, ou foi metido, em uma confusão danada com alguns rapazes da alta sociedade gaúcha por causa de uma moça. 

Segundo contou Simões Lopes Neto, depois de uma briga danada, o Bonifácio, em clara situação de desvantagem, não resiste e morre. Depois da morte dele se descobre que tudo isso se deu porque a Tudinha (moça branca e rica) se engraçou dele, viveu um romance com o rapaz, mas ele depois dos chamegos não a quis mais. A parte os méritos do conto e tudo e tal, o conto é marcado por certo racismo e  figura do Bonifácio é pra lá de massacrada. O negro é descrito como "um perdidaço pela cachaça", "pachola", "beiçudo", "ginetaço" e no final o narrador insatisfeito ainda questiona: "Até hoje me intriga isto: como uma morena, tão linda, entregou-se a um negro tão feio?... Seria de medo, por ele ser mau?... ".

Até ai tudo bem, mas lá pela década de 1980, uns certos senhores gaúchos, uns tais de Luiz Bastos, Antônio Augusto Ferreira e Mauro Ferreira, não sei por quais caminhos escusos, tiveram um encontro com o conto do "Negro Bonifácio" e desse encontro surgiu uma interpretação bastante original dessa história a qual eles transformaram em uma canção. Não por acaso o César Passarinho foi o interprete que eternizou essa história.



Eu sou absolutamente apaixonada pela interpretação que esses moços fizeram da canção, assim como sou apaixonada pela interpretação do Cesar Passarinho. Gosto da forma como eles lembram que na verdade a questão maior da história é que "Mataram o Bonifácio", não foi um acidente de percusso o que ocorreu no comercio de carreira, me entusiasmo quando eles lembram que mesmo em desvantagem "caiu o negro peleando³ para que a morte sotreta/ se espoje na carne preta, sem perguntar: até quando?/ Caiu o negro peleando.".

Bonifácio não era covarde, podia ser namorador, pouco dado a compromisso e na hora de dispensar uma mulher não pesava a fortuna dela... mas covarde e fujão não era. Ele até foi derrotado, mas o foi lutando e em nenhum momento deixou de ser protagonista de sua história... Os músicos reconhecem isso e endossam essa interpretação, valorizando a negritude.
"Em casos de valentia,
Há sempre um negro no flanco.
Bonifácio fosse branco
Nem história se teria." 
E não se furtam de completar a história contada na música denunciando os problemas raciais do Brasil no final do século XX:
"Bonifácio teus direitos permanecem obscuros
Enredados nos impuros caminhos dos preconceitos."
Hoje, lá pelo twitter, encontrei sem querer um site chamado Olga lá continha um texto chamado "100 vezes Cláudia" no qual estão expostos diferentes trabalhos sobre a Cláudia da Silva Ferreira que também foi assassinada de uma forma desleal.... A galeria de imagens exposta no Olga é emocionante, me toca profundamente. Cláudia é como minhas vizinhas, minha mãe [que também ajudou a criar os sobrinhos e ajuda a criar os filhos das vizinhas que trabalham em casa de família], é como eu. Ela éuma pessoa "peleando contra a morte sotreta".

É tão doloroso perceber como uma música da década de 1980 que fala sobre acontecimentos do fim do século XIX e inicio do século XX permanece atual no século XXI!!! Meu Deus, como os nossos direitos permanecem obscuros!!! Até respiro fundo para buscar coragem!!!

Enfim, o César Passarinho foi um cantor/interprete gaúcho extremamente louvado por suas interpretações emotivas. Ele ganhou diversos títulos e foi importante para a música tradicionalista gaúcha não deixar que a globalização roubasse qualquer coisa de fundamental daquele povo que vive abaixo dos Trópicos em um país conhecido por ser tropical.

Hoje, 21 de março, é a data do aniversário dele, ele faria 65 anos. Achei importante registrar isso de alguma forma. Acabei escrevendo demais, talvez bastasse um top 5 com as músicas dele que eu mais gosto.


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Pequeno vocabulário gauchesco:

Pachola: farsante, pedante. Pessoa duvidosa
Gínetaço: garboso
Peleando: lutando, brigando.
Sotreta: desprezível, tolo, covarde, vil, ruim, ordinário, velhaco, de pouco mérito.

domingo, 16 de março de 2014

O oceano no fim do caminho [Desafio Calendário Literário]

Eu estou aqui tentando lembrar em qual mares de literatura li pela primeira vez a frase: "O menino é pai do homem.". Estou tentando resistir a tenção de consultar ao google e força a memória... Mas Deus sabe que quando tudo está a um clique de distancia tudo é mais difícil. Acho que foi Machado de Assis, desconfio que foi em "Memórias Póstumas", quase tenho certeza que no capitulo ele fez desfilar diante de meus olhos absurdados os moldes terríveis da educação das crianças da elite imperial. Mas a certeza mesmo é, independente de quem [onde e com qual propósito] tenha cunhado a expressão, ela me parece ser muito verdadeira agora.

terça-feira, 11 de março de 2014

Amor Carnal [Citação 005]

"... da mesma forma como existe mais de uma maneira de se amar uma pessoa, há mais de uma maneira de se amar um livro. A camareira acreditava no amor cortês. O ser físico de um livro era sacrossanto para ela, sua forma inseparável do conteúdo; seu dever como amante era a adoração platônica, uma tentativa nobre, mas condenada ao fracasso, de conservar para sempre o estado de castidade perfeita no qual havia deixado a livraria. A família Fadiman acreditava no amor carnal. Para nós, as palavras de um livro eram sagradas, mas o papel, o tecido, o papelão, a cola, a linha e a tinta que as continham eram um mero receptáculo, e não significava nenhum sacrilégio tratá-los de qualquer forma, como ditassem o desejo e o pragmatismo. A rispidez no uso não era sinal de desrespeito, mas de intimidade." [Anne Fadiman, Ex-libris: confissões de uma leitora comum, pg. 44].

Confessem, vocês acharam que eu ia citar alguma coisa saída da trilogia "Cinquenta Tons de Cinza" ou dos Sullivans da Bella Andre! kkkk... Rá! Surpresa!!! Não foi... Essa vergonha alheia vocês não vão sofrer!!! Muito embora eu não me envergonhe nem um pouco de ter lido a trilogia da E. L. James e o "Quero ser seu" da Bella, são livros comuns.

No entanto, o mesmo não posso dizer Anne Fadiman e o delicioso, fofo, perfeito, querido e amado para todo sempre, "Ex-Libris: confissões de uma leitora comum". Ele não é um livro comum!

Lembro da ocasião na qual comprei esse livro ano passado, passei por ele apressada, dei uma viradinha de cabeça e o vi lá numa banca na faculdade. Automaticamente ele gritou o meu nome e tive que o trazer para minha bagunçada estante. Nesse domingo ele voltou a me chamar e cá estou eu me identificando horrores com a autora desde a primeira linha. Estou amando ler todas as suas confissões sinceras e divertidas da Anne Fadimam. É muito fácil amar esse livro e sorri lendo cada uma de suas páginas.

Ah, em tempo, confesso: "Sou uma leitora totalmente carnal. Faço dos meus livros gato e sapato!"E vocês, que tipo de leitores são?

sábado, 8 de março de 2014

Voinho e Voinha

Painho sempre foi muito apegado a mãe dele, ele é aquele tipo de homem que nunca corta o cordão umbilical. Voinha também foi aquele tipo de mulher que nunca cortou o cordão. No final das contas quando ele casou comprou uma casa bem próxima a dela e graças a isso minha infância foi marcada pela presença mais que constante de Voinha, Voinho, para o mal e para o bem também.

Os dois eram evangélicos, se converteram a uns 50 anos atrás um pouco antes ou depois de chegarem em Recife vindos do interior da Paraíba  Eles foram membros quase que fundadores da Assembléia de Deus daqui de Nova Descoberta e graças a isso eu vi e vivi experiencias curiosas dentro dessa denominação.

Tenho muitas lembranças agridoces relacionadas a essa igreja. Lembro de quando o templo era bem pequeno, lembro de como a comunidade religiosa foi crescendo... crescendo.... crescendo... Do esforço para comprar um templo maior, da aposentadoria do antigo pastor, da posse do atual, de como essa denominação foi subindo os morros, ganhando respeitabilidade dentro do bairro, da cidade, do estado, se consolidando... A história da vida de Voinho e Voinha, a minha história, se confunde com a história da presença dessa denominação aqui em Nova Descoberta.

Voinha não era muito de estudar a Bíblia, ela era muito mais de observar e criticar as hipocrisias do ministério. Crescer com uma pessoa assim me faz olhar as coisas por um angulo muito particular, eu acho. Ela nunca foi amante das aparências rutilantes, sempre preferiu fazer disso piada e chiste para desespero de Voinho, um homem severo.

Só de lembrar das discussões deles eu começo a ri sozinha. Minha avó tinha um talento nato para a tiração de onda e sempre que faço um comentário jocoso, carregado de acidez, daqueles de fazer furo em chapa de aço, Mainha diz: "Eita! É Rita mesmo! É a evolução!".

As vezes eu me pego pensando em Dona Rita... Em seu jeito de ser! Ela era insatisfeita, vivia pensando nos outros, super mandona, incompreendida pelos filhos... pelos netos... por mim... Tantas coisas que eu não sabia... tanta incompreensão... Hoje eu sei... Sinto saudades de ganhar uma sombrinha e uma "irritante" repreensão "Vê se dessa vez não perde!" no meu aniversário.

Já Voinho era um estudioso da Bíblia. Comecei a ir a Escola Dominical com ele e com ele frequentava os cultos de doutrina. Na casa dele ouvia sentada no colo as histórias da Criação, Dilúvio, Torre de Babel, Moisés, Josué, Raabe, Ana, Samuel, Saul, Raquel, Davi [como eu amei Davi, como odiei Davi, como eu me identifico com Davi], Jesus, nascimento, vida, os encontros e milagres de Jesus, a Morte e Ressurreição, Paulo.

Embora a convivência nem sempre tenha sido positiva, ou fácil, tenho lembranças muito boas de meu avô. Ele foi um homem forte, sólido. Me colocava no colo, contava as histórias e ensinava a perceber o sentido delas. Era ele que me trazia para casa no colo quando eu pegava no sono antes do fim do culto e me socorria das ignorâncias de painho... As broncas não conseguiam fazer um NÃO do meu pai virá SIM, mas me dava muito prazer ver Painho ouvindo Voinho e Voinha calado (especialmente Voinha que sempre foi mais forte com painho).

Voinho tinha uma voz possante, um orgulho danado de pertencer a uma denominação tão respeitada como a Assembléia de Deus do Recife e foi muito duro ver toda essa força de titã indo embora em cinco 5 meses de sofrimento... Havia algo de muito errado em ver Voinho em cima de uma cama como um bebê super desenvolvido...

Enfim... devo a Voinha e Voinho muito do que sou... De Voinha eu herdei o temperamento... É inegável até na chatice... A Voinho a prática de ler a Bíblia e o conhecimento de seu texto... Graças a eles cresci junto aos anciões da Igreja e isso fez toda a diferença em minha vida e na forma como organizo, interpreto e pratico o evangelho.

Falar de Voinho e Voinha no passado doí demais. Talvez eu esteja sendo egoísta, afinal todos os anciões da Igreja sabem da inevitabilidade de seu encontro definitivo com Cristo e talvez até desejem esse encontro... Eles sabem da possibilidade de ver os céus abertos, descansar das dores dessa vida, ter o um novo corpo, receber um novo nome, ver a Nova Jerusalém, onde não existe Sol porque Deus é a própria luz, andar nas ruas de ouro e cristal, comer do fruto da Árvore da Vida e esperar em Deus pelo grande dia do Juízo... Mas... sinto saudades deles.

Enfim, também eles me ensinaram que a gente não morre e sim dorme no Senhor... Voinha e Voinho não estão mortos, eles apenas dormem e não dei adeus foi mais um até logo. Nós ainda vamos nos encontrar na Eternidade!
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P.S.: Eu escrevi esse texto há mais de um ano atrás, em 21 de outubro de 2012, de repente a saudade de Voinho e Voinha me fez lembrar dele. E eu resolvi traze-lo para cá, onde é reconfortante guardar lembranças.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Um conto mal contado...

Já há algum tempo, a Erica Ferro me convidou para escrever em seu blog "Sacudindo Palavras". Depois de milênios de espera por parte dela, e protelação de minha parte, sentei e escrevi um "Conto Mal Contado" feito com amor para um dos meus maiores heróis.

É incrível constatar isso, mas ainda quero ser Simbad.


segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Seis Anos

As vezes preciso escrever sobre as coisas comodas e incomodas, mesmo quando são pequenas ao ponto de se tornarem insignificantes para os outros. Um sonho, uma lembrança, um possível esquecimento, um encontro, um livro, um acontecimento corriqueiro de um dia corriqueiro de uma vida mais corriqueira ainda como a minha.

Pensando bem, desde o dia no qual o meu tio me deu o primeiro diário escrever se tornou uma necessidade existencial. O conteúdo do que escrevo aqui na maioria das vezes é uma grande coletânea de opiniões pessoais, uma grande leseira, mas eu percebo absurdada, que essa capacidade de colecionar leseiras escritas é capaz de tornar coisas pesadas como uma bigorna ficarem leves como um dente-de-leão ao vento.

E no dia 26 de Janeiro de 2014 fez seis anos desde a minha primeira publicação nessa caixa em 2008.


"Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada."
(Fernando Pessoa)

Quando eu comecei a escrever esse blog eu tinha esses versos na cabeça... Demorou um longo tempo desde o dia no qual eu tomei coragem e comecei mesmo a publicar o que tinha escrito, não a toa existem mais de 300 textos nos rascunhos. Mas, uma coisa é certa, já em 2008 eu pensava em fazer nesse espaço como um tipo de janela de meu quarto de dormir enquanto percebia a internet como um tipo de rua cruzada constantemente por gente.
Esse espaço é o maior reflexo do meu mundo particular, eu gosto de pensar em mim como UMA pandora. Não a única ou a primeira, apenas mais uma das muitas pandoras existentes nesse mundo. Este espaço tem sido minha caixa, ele me lançou em um exercício de auto-conhecimento, se tornou uma forma de terapia.
Obrigada a vocês companheiros e companheiros de virtualidade os quais me honram com sua leitura, paciência e comentários. Para vocês deixo os versos de William Butler Yeats:

"Se meus fossem os tecidos do céu
E os azulados bordados de ouro e de prata
E do azul escuro e fosco
Da noite a luz e a meia luz
Como um manto, eu os estenderia aos teus pés.
Mas sendo pobre, apenas tenho os meus sonhos
Eu estendi os meus sonhos aos teus pés
Caminhas devagar, porque caminhas sobre meus sonhos."
(William Butler Yeats)

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

E a música afagou meu ego...


Um fato conhecido entre todas as pessoas com as quais tenho alguma afinidade é: não sou um ser musical. Já transcendi a vergonha de admitir isso. Sou ruim de ritmo, de ouvi e até de cantar com as crianças. Muito dificilmente alguém escolhe essa linguagem para me comunicar qualquer coisa em tempos bons ou de crise.

Alias, só para constar, a ultima vez que alguém tentou me comunicar algo através da música foi um completo fracasso. Eu juro por Deus que não sabia qual o verso que vem depois de "A tempestade que chega é da cor dos teus olhos castanhos." e o resultado é que mais de 10 anos depois eu ainda não sei se morro de ri ou choro quando escuto o Renato Russo cantando a belíssima "Tempo Perdido". Bem, não sei se compensa, mas hoje eu sei ela inteira.

Mas, por esses dias, eu estive conversando com um amigo sobre mil e uma coisas, ou melhor, eu estive desabafando mil e um problemas, como as vezes é bom fazer com os amigos ou com aquele amigo em especial. No final, quando chegou a hora boa dos amigos oferecerem de graça aquela mensagem motivadora, meu amigo trocou muitas palavras pela indicação de uma música da Pitty.

Confesso, a principio não curti muito a proposta, lembrei imediatamente do causo de "Tempo Perdido", e logo a Pitty?!?! Não tinha uma cantora gospel não?!?!? #Ingrata

Mas, não sempre e nem constantemente, mas apenas as vezes, é bom confiar nos amigos e a confiança , não sempre e nem constantemente, mas apenas as vezes, nos traz surpresas agradáveis. E, ao chegar em casa, quando corri para procurar a canção da roqueira baiana com fama de arretada, tive uma grata surpresa.

Não só não me arrependi, como agora me pego rememorando o fato e pensando, nessa madrugada insone na qual eu deveria está escrevendo sobre uma coisa completamente diferente, realmente "não é minha culpa a projeção que as pessoas fazem de mim".

Enfim, aproveitando o embalo vou baixar essa música, copiar em meu celular e guardar para escutar no volume máximo especialmente naqueles momentos da vida nos quais eu estiver para mais para baixo, pois, tenho certeza, essa música sempre vai afagar o meu ego.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

O Homem de Ébano - Da série "Sonhos são esquisitos, idiotas e me apavoram."

Eu tenho um sonho recorrente, mas fazia tempo que ele não acontecia. Porém noite passada ele voltou e eu lembrei da frase da personagem de Neil Gaiman, Rose Walker, em "The Sandman": "Sonhos são esquisitos, idiotas e me apavoram.". resolvi tentar escrever sobre ele como tentativa de tira-lo do meu catalogo de sonhos inoportunos.

Desculpem companheiros que se dão ao trabalho de ler as leseiras que escrevo, mas o meu sonho é o que tem para hoje!

Pois bem, sem mais delongas, em meu sonho inoportuno, eu acordo em uma grande cama do tipo que só existe em livros ou filmes antigos e diante de mim há um homem de ébano de costas para mim olhando através de uma janela gigante uma cidade antiga ou recente que repousa sob um céu no qual uma Lua reina como um tipo de divindade antiga.


No fundo da minha mente eu sinto que a criatura que contempla a Lua tem alguma importância para mim e a reciproca é verdadeira.  É como se eu soubesse algo de sua história, dos seus segredos, dos seus medos ou como se ele fosse outra parte de mim... Sei lá, talvez seja, talvez Freud explique...

No entanto, o certo é que de repente eu não consigo mais ficar parada contemplando apenas e o vento quente que chega pela janela me incomoda no meio de tanto pano e então me remexo na cama incomodamente grande e é o que basta para o outro se volta para mim...

E o "se voltar para mim" do outro é o que basta para o sonho se desvanecer... levando embora o quarto saído de um conto árabe, a Lua, a noite e o próprio homem de ébano... E ai é o de sempre: acordo, abros os olhos, confiro a hora no celular, desligo o ventilador, um dos incomodo necessário a quente noite recifense, levanto, escovo os dentes, tomo um banho, visto a roupa, tomo um café, faço a digestão de meu mau humor matinal e comunico ao mundo, nem que seja através de uma rede social, que "sonhos são esquisitos, idiotas e me apavoram".

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Das coisas de 2013 e dos desejos para 2014!

Eu mal acredito, mas é fato: 2013 está chegando ao fim! Ele não foi um ano tão difícil quanto 2012, o ano no qual nada aconteceu, mas também não foi ótimo como eu esperava que tivesse sido. Na verdade, coisas ocorreram em 2013, mas eu não ocorri, não aconteci como esperava, não dei um passo a frente, na verdade tenho a impressão que em 2013 dei um passo atrás em minha vida.

É duro admitir isso, mas se não der para admitir esse tipo de coisa em um blog pessoal onde mais vou admitir? Ao menos posso dizer: no próximo ano vou tentar mais e melhor, fazer o possível, me esforçar e tentar acontecer.

No mais, deixando as divagações com tendencia a melancolia extrema [mimimimi] houveram coisas boas em 2013 e é bom lembra-las, sim esse vai ser um post com algumas fotos, porque bem aqui é o meu diário então...

Bem, houve em Janeiro, só para começar, o casamento de Claudineia




Teve o nascimento dos minhas sobrinhas e os chás de bebê (o que significa que 2014 vai ser um ano de muitas festas de 1 ano).

Eu escrevi e defendi uma dissertação.



Colei grau de Mestre em Educação pela UFPE! Bem, não basta um titulo dado por uma federal da vida para ser algo como mestre, minha mãe é muito mais mestre em tudo nessa vida, porém, ainda assim, eu fico feliz por ter realizado esse desejo.


E falando em desejos, também realizei o desejo de conhecer a Mi (Michele Lima) e a Aleska em São Paulo e foi uma das melhores aventuras dessa vida.


E claro, houve um bom desempenho nas atividades pedagógicas na creche, apesar das muitas, muitas, muitas mesmooooooo dificuldades inconfessáveis em uma vitrine como essa. Mas, além do inferno, eu vivi o céu naquela creche esse ano.

Eu e o L.D.

O L. D. é uma criança que conversa... conversa... conversa... conversa muitoooo... mas muito mesmoooooo... Ele costuma dizer que é o Batman, um dia desses ele disse que eu era a Mulher Maravilha "porque a Mulher Maravilha é amiga do Batman tia". Tudo bem que eu preferia ouvir algo como "porque a Mulher Maravilha é bonita tia!", mas o amiga foi infinitamente mais significativo e tem sabor de missão cumprida.

Ah, essa foto foi tirada pelo J. P., ele me atormentou tanto, pediu tanto, me subornou tanto de todas as formas inimagináveis... que eu dei o meu celular para ele brincar... kkk... Olhem só o olhar satisfeito dele...



E claro, houveram os livros. Graças a Deus, que não nos abandona, existem essa coisa maravilhosa chamada literatura. Ela é capaz de enternecer, sacudir, despertar amor, ódio, aflição ou simplesmente me transportar para outro mundo no qual posso organizar ou reoganizar meu mundo caótico.

Segundo o Skoob li 21 livros esse ano, mas como ele excluiu "Passarinha" da Kathryn Erskine, "O momento mágico" do Jeffrey Zaslowda da lista, todos os mangás, HQs e livros infantis, não confio nele. Posso ter lido mais de 21 um livros, certamente li 23.

No entanto, realmente eu não tenho um ritmo desenfreado de leitura tipo 1 livro por semana.



Eu já pensei em fixar metas de leitura ou aderir a desafios literários, mas sempre volto atrás, pois gosto do meu ritmo de leitura meio capenga, lendo milhares de livros ao mesmo tempo, levando um ano para ler um livro e dois dias para ler outros. Olhando para minha lista reduzida de livros lidos percebo que gostei de ler todos eles. E mesmo os que chegaram através de parcerias foram escolhas acertadas.

Se eu fosse destacar 10 entre eles seriam os representados na imagem abaixo:


Como eu passei tantos anos sem conhecer Isaac Asimov? Como a Trudi Canavan conseguiu escrever uma trilogia tão politizada? Como a leitura de "Fale!" e "Passarinha" foram tão capazes de remexer minhas entranhas? Como alguém consegue ser tão hilária quanto a Marian Keys? Como o Hig conseguiu se tornar meu melhor amigo? Como os professores que escrevem os livros didáticos do Brasil igonoram o André Rebouças lindamente? E, por fim, como a Charlote Bronte conseguiu ser uma mulher tão perspicaz sem perder a fé em Deus? #QuestõesExistenciaisProfundas

Ah, quase esqueço, deixo meu obrigada a Irene Moreira da Saleta de Leitura pela parceria, ao Luciano do .Livro pela parceria e pela excelente indicação, e a Michele Lima por ter me indicado e emprestado Melancia.

E por fim 2013 teve um pequeno milagre de Natal... Por um milagre eu ganhei um sorteio lá no blog da Lu Tazinazzo o "Aceita um leite?" e o prêmio chegou bem no dia 24 de Dezembro.


Enfim, que em 2014 Deus me der força para continuar testemunhando a felicidade de minhas amigas, fazer boas viagens, superar meus infernos, viver meu céu e ler meus livros... E desejo o mesmo a todo mundo!

Bons livros, bons filmes, boas festas, muita força para superar as dificuldades e muita luz para vive os momentos bons e faze-los durar uma pequena eternidade. Feliz Ano Novo meus amados e queridos companheiros e companheiras de virtualidade.

sábado, 7 de dezembro de 2013

O primeiro vídeo...

E sim, enfim, depois de muito protelar... protelar e protelar mais um pouquinho... acabei gravando um vídeo para o blog "O que tem na nossa estante". Quase morri de vergonha, não conseguir olhar para a câmera, a imagem ficou muito escura, não fiz nenhuma edição...

Mas foi...

E, como é de praxe, coisas que faço pela primeira vez ou me causam algum impacto eu gosto de deixar registradas por aqui.



Livros citados:

"Um estudo em vermelho" de Arthur Conan Doyle
"Crepúsculo" de Stephenie Meyer
"Na companhia das estrelas" de Peter Heller
"O livro das coisas perdidas" de John Connolly
"A menina que roubava livros" de Markus Zusak
"Passarinha" de Kathryn Eykine
"Larousse das civilizações antigas", edição de Catherine Salles
"Os livros da magia" de Neil Gaiman
"Imagens da Ciência: o acervo do Museu de Astronomia e Ciências Afins"
"O casamento da princesa" Celso Sisto e Ilustrações de Simone Matias

Cheros a todos e todas, Pandora.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Lembranças da minha tia...

Quando minha mãe saiu da maternidade comigo nos braços a primeira parada dela não foi na nossa casa e sim na casa de minha avó Gilda. Ela padecia de uma falta de segurança latente e um medo de fazer tudo errado, então buscou força na mãe. Porém a figura na qual ela encontrou apoio não foi bem minha avó e sim minha tia Neide.

Em maio de 1986 minha tia Neide não era muito mais que uma adolescente namoradeira pra chuchu, cheias de coisas divertidas a fazer e pessoas a conhecer, mas, por algum motivo facilmente ignorável, quando minha mãe finalmente fez as nossas malas para vim para nossa casa ela fez as dela também e veio ajudar a cuidar de mim.

Quando Junior nasceu, dois anos depois, e já chegou em casa com a terrível coqueluche, ela se tornou primordial a minha existência, ou melhor a existência de todo mundo por aqui. Eu era mais que ligada a tia Neide, eu vivia grudada nela, para cima e para baixo, ela me alimentava, me dava banho, levava a escola e dormia comigo ou eu com ela.

Pensando direitinho eu devo ter sido até os sete anos a criança mais dependente da face da terra. Além dos exercícios da escola, eu não fazia absolutamente nada sozinha e nem tinha necessidade existencial de fazer, segundo as memórias de minha tia eu era uma criança quietinha, não gostava de sorrir nas fotos e definitivamente não gostava de comer.

Quando completei sete anos e tinha Neide ultrapassou o limite dos 20 ela precisou buscar outras coisas para a vida dela, mainha passou a enfrentar o desafio da maternidade sozinha, eu finalmente aprendi a me cuidar e de quebra a ajudar a cuidar dos meus irmãos. Uma mudança brusca, mas não traumática, tive tanto amor por tanto tempo e fui tão bem cuidada que tinha estoque para dar as outras pessoas.

Mas, a vida mudou completamente depois dos sete anos e me deixou saudades "do tempo que eu era criança/ e o medo era motivo de choro/ desculpa pra um abraço ou um consolo". Eu odiei mesmo a primeira noite sozinha na minha cama, eu odeio dormir sozinha, eu continuo odiando comer, ninguém acerta o tempero de tia Neide, nem mesmo eu...

E bem, sem mais delongas eu preciso dizer que ontem vi a Irene postar a imagem de uma mulher tirando lençóis do varal com uma menina do lado e pensei: "Essa menina poderia ser eu antes de 1992.". Lembrei de tardes de verão, de tirar uma soneca a tarde e acordar religiosamente as quatro para apanhar as roupas do arame, do vento nos lençóis cor de rosa e azul, das fantasias que passavam pela minha cabeça de criança, de um ou outro avião cruzando o céu, das muitas pipas coloridas, de sentar na calçada para comer raspinhas de maçã e de tudo o mais escrito nesse texto.


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segunda-feira, 21 de outubro de 2013

De como fui a IX Bienal do Livro de Pernambuco, meti o pé na jaca literária e ganhei a coleção de mangás da Sakura.

Para pessoas como eu, apaixonadas pelas histórias velhas e jovens contadas nos "papeis pintados com tinta" conhecidos popularmente como livros, a Bienal do livro é O EVENTO. Eu já aprendi ano passado a não esperar muito dela, mas ainda assim fui a ela bem motivada. Afinal, além de tudo havia a promessa do bônus dos educadores oferecido pela prefeitura e governo do estado de Pernambuco. Mas, no final das contas não foi nada do que deveria ter sido.

Tive a impressão que rolou um grande boicote a bienal por parte do insuportável do Eduardo Campos e dos seus capachos prefeitos das cidades vizinhas a Recife. Os professores do estado não receberam o dito bônus, como nas bienais anteriores, várias cidades vizinhas também não deram ou só disponibilizaram o dinheiro, como fez Recife, nos últimos dias dificultando para os professores gastarem o dinheiro com livros na Bienal.

Confesso que só gastei na bienal porque é de meu habito gastar com livros, se tivesse esperado pelo bônus não teria ido pelo simples fato do centro de convenções fica muito distante mesmo da minha casa, o bônus só saiu no dia 11 em dinheiro e é mais fácil e barato comprar nos sites e na Estante Virtual [mesmo com frete]. E sim, reconheço haver algo de incomodo com educadores que só se mobilizam para ir a um evento assim quando recebem incentivo do estado, mas há algo de mais incomodo ainda em um estado que tem consciência disso e tira o incentivo dos professores boicotando a feira do livro.

Mas, apesar da distancia considerável, da ausência do bônus e derivativos eu fui a IX Bienal do Livro de Pernambuco na companhia do Alexandre e não foi uma experiencia das piores não.

Eu estou muito gordaaaaaaaa!!!

Não houve boas promoções, a exceção da EDUSP que estava com 50% de desconto, tinha menos livreiros que no bienio passado, mas a companhia do Alexandre fez valer pelo passeio e como sou consumista literária deu até para sapecar alguns livros interessantes.


Destaco dessa compra os quadrinhos feitos a partir de clássicos da literatura brasileira "O cortiço" e "Memórias Póstumas de Brás Cubas". Esse livro sobre as "Escolas Republicanas" de São Paulo custa coisa de R$ 100,00, mas comprei por R$ 54,00 valeu muito a pena, os livros sobre culinária e o quadrinho de Joaquim Nabuco foram presentes da Fundação Joaquim Nabuco.



Porém o livro que me fez feliz mesmo foi a primeira Hellcife, uma coletânea de quadrinhos publicada pela Livrinho de Papel Finíssimo reunindo divers@s desenhistas e ilustrador@s da cidade. Nessa edição muitas das histórias girou em torno do calor da cidade e os seus efeitos sobre as pessoas e eu me identifiquei com muitos dos personagens. Com outros nem tanto, mas tudo o que foi expresso no texto desse livro é possível ver nas ruas e nas gentes de Recife e considero legal ver isso ocorrer em um livro.



Então, como se pode supor por essas criticas, não foi devido a Bienal de Pernambuco que meti o pé na jaca literária. Estimulada pelo bônus depositado em minha conta eu resolvi realizar alguns sonhos literários antigos e mergulhei no consumismo adicionando seis títulos a minha estante de uma vez só.


Contudo, alguns estavam em promoção e outros como "Os livros da Magia" e "A casa de Hades" eram aquisições essenciais a minha vida de leitora. Não podia viver sem eles... Tá, eu podia, mas a tentação foi maior, apesar do frete não ser zero. Para piorar eu ainda comprei uns dvds...


Enfim, já tinha comprado livros na Bienal, somando os custos pendentes de meu fim de semana em São Paulo com outras imprevidências eu fiquei mais falida que o falida pode ser. Meti o pé na Jaca e estou sentindo calafrios só de pensar em quando a fatura chegar. Vou pedi a Deus para meu pai não está por perto quando eu for abrir, porque meu amado pai não paga minhas contas e nem abre os documentos que chegam, mas pergunta quanto estou devendo, sabe quando eu mito, porém quando digo a verdade passa incrivelmente rápido de preto para verde Hulk.

Lembra dessa foto Mi? hahah

E por fim, depois de tanto "lero lero" chegamos ao melhor acontecimento dos últimos dias, finalmente o bookcrossing blogueiro está chegando, a Luma como sempre está puxando o primeiro fio do movimento. No blog dela já consta um post explicando como funciona, no face já tem uma página dedicada ao evento e eu já estou me organizando para participar. E inspirado pela ideia do libertar um livro o inesperado ocorreu na minha vida.


Acontece que o Alexandre [que também tem blog "Do que eu quero"] resolveu praticar o desapego me doando toda a coleção de mangás da Sakura Card Captors dele. Quando ele me disse eu nem acreditei. Que coisa mais inacreditável! Como ele está de casamento marcado, descobriu não ter espaço na nova casa para acomodar essa coleção e decidiu me oferecer a guarda da coleção. Os mangás vieram assim para minha estante voando como uma Carta Clow! A doação do Alexandre me deixou em alfa, omega, delta.... enfim... eu nem mereço um presente tão legal. Mas agradeço! Realmente todas as minhas teorias estavam certas, ser amiga do noivo é muito mais fácil que ser amiga da  noiva.


E sim, além de desapegar de sua coleção, o Alexandre com todos os seus TOCs ainda fez um tipo de box de colecionador para minha pessoa:



E para concluir deixo a imagem dentro do box, o Alexandre disse que foi para ele, mas serve para todos os colecionadores de livros do mundo!