Quando minha mãe saiu da maternidade comigo nos braços a primeira parada dela não foi na nossa casa e sim na casa de minha avó Gilda. Ela padecia de uma falta de segurança latente e um medo de fazer tudo errado, então buscou força na mãe. Porém a figura na qual ela encontrou apoio não foi bem minha avó e sim minha tia Neide.
Em maio de 1986 minha tia Neide não era muito mais que uma adolescente namoradeira pra chuchu, cheias de coisas divertidas a fazer e pessoas a conhecer, mas, por algum motivo facilmente ignorável, quando minha mãe finalmente fez as nossas malas para vim para nossa casa ela fez as dela também e veio ajudar a cuidar de mim.
Quando Junior nasceu, dois anos depois, e já chegou em casa com a terrível coqueluche, ela se tornou primordial a minha existência, ou melhor a existência de todo mundo por aqui. Eu era mais que ligada a tia Neide, eu vivia grudada nela, para cima e para baixo, ela me alimentava, me dava banho, levava a escola e dormia comigo ou eu com ela.
Pensando direitinho eu devo ter sido até os sete anos a criança mais dependente da face da terra. Além dos exercícios da escola, eu não fazia absolutamente nada sozinha e nem tinha necessidade existencial de fazer, segundo as memórias de minha tia eu era uma criança quietinha, não gostava de sorrir nas fotos e definitivamente não gostava de comer.
Pensando direitinho eu devo ter sido até os sete anos a criança mais dependente da face da terra. Além dos exercícios da escola, eu não fazia absolutamente nada sozinha e nem tinha necessidade existencial de fazer, segundo as memórias de minha tia eu era uma criança quietinha, não gostava de sorrir nas fotos e definitivamente não gostava de comer.
Quando completei sete anos e tinha Neide ultrapassou o limite dos 20 ela precisou buscar outras coisas para a vida dela, mainha passou a enfrentar o desafio da maternidade sozinha, eu finalmente aprendi a me cuidar e de quebra a ajudar a cuidar dos meus irmãos. Uma mudança brusca, mas não traumática, tive tanto amor por tanto tempo e fui tão bem cuidada que tinha estoque para dar as outras pessoas.
Mas, a vida mudou completamente depois dos sete anos e me deixou saudades "do tempo que eu era criança/ e o medo era motivo de choro/ desculpa pra um abraço ou um consolo". Eu odiei mesmo a primeira noite sozinha na minha cama, eu odeio dormir sozinha, eu continuo odiando comer, ninguém acerta o tempero de tia Neide, nem mesmo eu...
Mas, a vida mudou completamente depois dos sete anos e me deixou saudades "do tempo que eu era criança/ e o medo era motivo de choro/ desculpa pra um abraço ou um consolo". Eu odiei mesmo a primeira noite sozinha na minha cama, eu odeio dormir sozinha, eu continuo odiando comer, ninguém acerta o tempero de tia Neide, nem mesmo eu...
E bem, sem mais delongas eu preciso dizer que ontem vi a Irene postar a imagem de uma mulher tirando lençóis do varal com uma menina do lado e pensei: "Essa menina poderia ser eu antes de 1992.". Lembrei de tardes de verão, de tirar uma soneca a tarde e acordar religiosamente as quatro para apanhar as roupas do arame, do vento nos lençóis cor de rosa e azul, das fantasias que passavam pela minha cabeça de criança, de um ou outro avião cruzando o céu, das muitas pipas coloridas, de sentar na calçada para comer raspinhas de maçã e de tudo o mais escrito nesse texto.
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Minha participação na 20ª Edição do Projeto Momentos de Inspiração do blog M@myrene
Quantas lembranças a partir de uma imagem, não?
ResponderExcluirLinda postagem!
Abraço!
sonia
Que lindo te ler. Adori a inspiração e ao final tuas palavras, poderias ser tu;;; Lindas recordações,né: Issi faz bem! Obrigadão pelo carinho! beijos,chica
ResponderExcluirQue história linda!!! Eu sou a caçula, mas não sei dizer se minha criação foi um grande desafio (ouso dizer que minha irmã deu mais trabalho, porque, quando eu nasci, ela me odiava e atrapalhava a minha mãe quando ela estava cuidando de mim hahahahaha), mas como sempre morei no mesmo condomínio da minha avó, tudo foi fácil. Assim, eu sempre tive duas casas, uma um pouco mais acessível para crianças (com mimos e bolos e carinho de vó), e ganhei uma terceira responsável quando minha Bisavó veio morar com meus avós. Eu não fui criada por tios, mas sempre fui próxima deles.
ResponderExcluirEssa coisa de lembrar... Essa fase da sua vida, o que me fez, me lembrou de quando eu ficava ninando minha sobrinha enquanto ouvíamos - eu por tolice e ela por imposição - Laura Pausini enquanto minha irmã tomava banho e fazia as coisas que tinha que fazer. Isso me dá saudade e uma tristeza agressiva, pois cheguei à marca dos vinte e também sai em busca de algo meu e hoje não vejo o passo a passo de minhas sobrinhas, que crescem lindas e eu não posso ver. =/
ResponderExcluirQue lindas lembranças, Jaci. E cadê a tia Neide? Espero que ela esteja muito bem, jovial e alegre como a mocinha que tomou para si ajudar a irmã mais velha e cuidar dos sobrinhos (ajudar a cuidar). Muita simpatia por ela. Queria ser lembrada assim por uma sobrinha. Beijo na sua tia.
ResponderExcluirbeijo!
Ai jaci esse foi seu post mais bonito até agora. to com os olhos rasos de lágrimas.
ResponderExcluirBeijos Alê.
Essa BC tá dando o que escrever sobre lembranças da infância... todas muito delicadas e deliciosas de ler. Coisas que marcam tanto que nada, nunca irão substituí-las... é a vida. Coisas inesquecíveis que mesmo se estiverem hoje ao nosso alcance, não teriam o mesmo gosto, os mesmo gestos, porque o que contava naquela fase era o momento, a companhia... e não os gostos ou cheiros...
ResponderExcluirAdorei!
Beijos
http://blogsimpleseclara.blogspot.com.br/2013/11/quando-eu-crescer.html
Quantas lembranças uma imagem pode trazer. Parabéns!
ResponderExcluirPandora!
ResponderExcluirComo sempre seus textos são perfeitos, muito bem escritos e criativos.
Melhor que trouxe a lembrança de alguém querida.
Que seu final de semana seja esplendoroso!!
cheirinhos
Rudy
Blog Alegria de Viver e Amar o que é Bom!
Nossa que linda participação!!
ResponderExcluirMe identifiquei muito com o que escrevestes pois eu também tinha adoração pela minha tia (irmã de minha mãe) e vivia colada com ela
Me emocionei com o seu conto, querida
Um beijinho carinhoso de
Verena e Bichinhos
Lembranças que marcam e que fazem parte dos nossos tesouros na vida.
ResponderExcluirbjs
Gostei muito dessa texto
ResponderExcluirQuantas lembranças boas
Já estou seguindo ;)
Beijos
@pocketlibro
http://pocketlibro.blogspot.com
Lindas lembranças! Tive uma tia como a sua. Ela era solteira e cuidava de mim e de meus irmãos até Deus a levar. A vida inteira dedicada aos sobrinhos.
ResponderExcluirAgradeço a visita. Parece que somos da mesma Cidade.
Oie!
ResponderExcluirAdorei a forma como você demonstrou os seus sentimentos nessa narrativa. Meus parabéns!
Samantha Culceag - sopramenores.blogspot.com.br/