quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

200 anos de Orgulho e Preconceito!


"O maior clássico de Jane Austen, e um dos meus livros preferidos, fez 200 anos e eu não fiz nem um postizinho a respeito disso!"

Acordei constatando isso e me senti profundamente envergonhada! Como pode? Onde esse mundo vai parar desse jeito? Que absurdo dos absurdos! Preciso mudar esse quadro catastrófico e me redimir com Mr. Darcy, Elinor Dashwood, Elizabeth Bennet, Fanny Pride, Anne Elliot, Emma e toda a turma.

E foi com o intuito  de me redimir de tamanho crime fui remexer em minha coleção de tralhas relíquias Austerianas e é impossível não sentir uma sensação gostosa de familiaridade, nostalgia e beleza.


Orgulho e Preconceito, Razão e Sensibilidade, Mansfield Park me levam  para muitas das melhores lembranças de minha adolescência só de ler o primeiro paragrafo.


Adquirir as séries da BBC foram uma das maiores satisfações do meu inicio de vida adulta. Na minha opinião, outras adaptações podem vim a ser feitas nos próximos duzentos anos, mas dificilmente elas poderão superar em capricho e qualidade o trabalho dos autores, pesquisadores, roteiristas, direção de arte e derivativos responsável por essas produções.


E claro, além dos livros e séries, tem os sem número de produtos feitos a partir da poderosa inspiração de Jane. Por mim eu teria uma amostra de tudo o que sai de qualidade inspirado em Orgulho e Preconceito & Cia. Maaaaas, por hora, eu me conformo apenas com o fofo filme "Clube de Leitura de Jane Austen" e "O diário de Bridget Jones" e alguns marcadores fofos que a Irene me enviou da última bienal de São Paulo.


E para concluir, sem concluir, pois sei que cedo ou tarde vou novamente querer escrever algo sobre Austen aqui ou em outros espaços, deixo um trecho final da matéria escrita por Raquel Sallaberry Brião e publicada na revista "Conhecimento Pratico Literatura" n. 39, cuja copia colorida a Ana Seerig me enviou pouco antes de viajar para a Alemanha e fez a minha alegria por dias.


Para ler Jane Austen 

Jane Austen é para ser lida com prazer. A começar por Orgulho e Preconceito, o "mais leve, luminoso e cintilante", segundo as palavras da própria autora. É fácil encantar-se com Elizabeth Bennet e Mr. Darcy, e se divertir a valer com Mr. Collins. A seguir, apaixonar-se sem medidas junto com Marianne Dashwood, com o sempre amoroso apoio de Elinor, com plena Razão e sentimento. E, sem susto, prosseguir viagem até A Abadia de Northanger, pois o senhor Tilney garantirá o riso. A próxima anfitriã é ninguém mais do que Emma, disposta a nos fazer felizes, nem que para isso cisme em nos casar. Para repousar dessa maratona e meditar sobre a vida, nada melhor do que o silêncio de uma propriedade rural e a companhia da amável Fanny Price, em Mansfield Park. Mas não se enganem! O campo também pode ser movimentado com os irmãos Crawford!

Ainda não se convenceu a ler Jane Austen?

Só me resta a Persuasão de Anne Elliot, perfeita conhecedora do coração de homens e mulheres.

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Raquel Sallaberry Brião edita o site Jane Austen em Português e a sua matéria sobre Jane Austen pode ser encontrada clicando AQUI

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Um momento com Clara Trueba diante do Feminismo...

Clara Trueba é o nome de uma das personagens de um dos livros mais especiais que já li na vida: "A casa dos espíritos" escrito pela brilhante Isabel Allende.

Quem me apresentou esse livro foi a Jussara através de uma resenha linda lá no Palavras Vagabundas. Depois de ler o texto da Jussara não demorou muito para que eu corresse para uma das mais marcantes experiências literárias por mim vivenciadas até o momento.

O livro da Allende é para ri, chorar, se emocionar e refletir bastante não só sobre  vida familiar e História com H maiúsculo. Até hoje eu não sei se Allende escreveu um capitulo da história do Chile usando como pano de fundo a saga da família Trueba ou se ela escreveu a saga das família Trueba usando como pano de fundo aquele capitulo da história do Chile.

Depois de tudo só me restou duas certezas: Isabel é uma contadora de histórias fantástica e suas palavras e personagens caminharão comigo até o fim dos meus dias.As personagens de Allende são daquele tipo que vem a memória quando eu menos espero e falam comigo, implicam ou me ajudam a constatar o obvio em algumas situações particulares. Loucura néh?!?! Pois é!

Por esses dias tive um desses momentos com a Clara Trueba e achei que merecia um registro.

De uns tempos para cá me tornei mais simpática do que nunca as demandas levantadas pelas feministas (da net, da rua, da faculdade e do mundo) e olhando imagens postadas nos corredores das redes sociais, conversando pelos corredores da faculdade, pelos ônibus e derivativos a Clara me veio a memória.

Ela também teve muitos encontros com as feministas do mundo e possibilidades de avaliar suas demandas, sua mãe foi uma rica senhora que apesar de ocupar uma confortável posição social, ou justamente por ocupar uma confortável posição social, era sufragista - feminista- no Chile e a levava desde pequena para suas ações nas fabricas e cortiços da cidade. Foi a impressão de Clara a respeito desses momentos que me veio a mente e eu não consigo resistir ao impulso de registrar aqui a passagem do livro tal e qual foi escrita:

"As vezes Clara acompanhava sua mãe e duas ou três de suas amigas sufragistas em visitas a fabricas, onde subiam em caixotes para arengar às operárias, enquanto, a distância prudente, os capatazes e patrões observavam, zombeteiros e agressivos. Apesar de sua pouca idade e completa ignorância das coisas do mundo, Clara percebia o absurdo da situação e descrevia em seus cadernos o contraste entre sua mãe e suas amigas, com casacos de pele e botas de camurça, falando de opressão, igualdade e direitos a um grupo triste e resignado de trabalhadoras, com toscos aventais de algodão cru e as mãos vermelhas de frieira. Da fabrica, as sufragistas se dirigiam a confeitaria da Praça das Armas para tomar chá com bolinhos e comentar os progressos da campanha, sem que essa distração frívola as afastasse nem um segundo de seus inflamados ideais.  Outras vezes sua mãe levava-a às comunidades marginais e aos cortiços, aonde chegavam com o coche carregado de alimentos e roupa que Nívea e as amigas costuravam para os pobres. Também nessas ocasiões, a menina escrevia com assombrosa intuição que as obras de caridade não eram capazes de mitigar essa monumental injustiça."
(Isabel Allende_ A casa dos espíritos_91-92)

Depois de rever essa reflexão da Clara me ocorreu que realmente a história é feita de rupturas e continuidades. As feministas cuja ação venho observando ainda são mulheres muito semelhantes as observadas por essa garota silenciosa de intuição assombrosa que saiu de algum lugar das memórias de Isabel Allende para a minha...

Link  para a resenha da Jussara: "Clara, Branca e Alba": A casa dos Espíritos de Isabel Allende

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Do que se diz sobre quem não ler...

É engraçado, o Brasil definitivamente não é um país de leitores. Sim, eu quero que o Brasil venha a ser um país com mais leitores, luto por isso, faço campanha, divulgo idéias e tudo e tal.

Acredito na ideia de ser a leitura um jeito interessante de adquirir conhecimento e cresce como ser humano. Desde os sete anos sou apaixonada pela leitura e isso é tão central que minha mãe lembra minha primeira palavra lida e não lembra a primeira palavra falada.

MAS...

Eu me pergunto todos os dias se para exaltar as possibilidade da leitura é preciso mesmo desqualificar, desvalorizar, ridicularizar, menosprezar e classificar como menor toda e qualquer cultura que não seja escrita.

Me perdoem, mas eu não consigo deixar de me irritar quando vejo coisas como:


Ou:


Sinceramente, o habito de ler em si não nos torna mais humano que uma pessoa que não ler.

Gostar de ler não nos torna superiores a nenhum outro ser humano na terra.

Manipular a norma culta como se tivesse engolido a gramatica não nos torna seres elevados, nobres e justos.

Pessoas que não leem pensam sim e como pensam, sentem, lutam, constroem coisas lindas, reflexões lindas.

Analfabetos não são idiotas feitos para serem enganados, pessoas letradas também são enganáveis, manipuláveis, vulneráveis em vários sentidos.

Sinceramente [2] o lugar no qual eu conheci o maior percentual de pessoas altamente letradas foi também o local no qual eu conheci mais pessoas traiçoeiras, mesquinhas, dadas a falsidade, sem nenhuma capacidade de ter empatia com o outro e nada confiáveis.

Eu DETESTO esse suave desprezo que as vezes percebo nas pessoas letradas em relação as iletradas.

E nesse meu momento de mal humor reafirmo algo que já disse antes:


"Eu não acho que ler apenas expulse do espirito de alguém a ignorância.... Conheço tanta gente altamente letrado, com títulos e mais títulos que é um poço sem fundo de ignorância.

Conheço gente que ler tanto e não tem caráter, humilha, massacra com uma facilidade tremenda pessoas que não tiveram acesso a uma formação igual a sua.

Ler é bom, alarga os horizontes, eu não sei o que seria de mim sem a leitura, MAS, existem coisas que os livros não ensinam.

Limites, empatia e senso de responsabilidade por exemplo, nenhum livro me ensinou isso.

Quem me ensinou limites foi meu pai que não foi além do primeiro colegial e aprendeu a ler motores, rodas e estradas e não livros.

Empatia, essa coisa que te faz cuidar dos mais frágeis quem me ensinou foi Voinha que era analfabeta.

Senso de responsabilidade foi Dona Gilda, Mãe, quem me ensinou e nunca a vi com livro algum.

E a suavidade de um beijo, a força de um abraço, a alegria de ouvir uma voz querida a de ser ouvido por alguém foi minha mãe quem me ensinou e ela apenas terminou o ensino fundamental e desde que se tornou mãe abandonou os romances da Nova Cultural."

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Quando alguém me deu razão ou a surpresa da concordância.

Pois é, quando eu começo um post com "pois é" pode esperar leseira da braba, quem me conhece sabe, eu sou uma criatura implicante, birrenta, briguenta, encrenqueira, em sintese: um arengueira profissional. #MeJulguem

O fato é que vez ou outra eu brigo até comigo e discordo até das minhas opiniões. Quando qualquer coisa começa a virar consenso demais em minha consciência e uma certeza começa a cristalizar demais, minha tendencia é colocar ela em cheque. Minha unica certeza é Jesus, o resto é duvida e eu não sou um tipo que consegue manter as duvidas só para mim então aí já viu...

As meninas (Aleska, Ana, Michele) dizem que eu sou a "Miss Simpatia" de nosso grupo só que já chegamos ao 4º cast e eu discuto tanto com as meninas que começo a pensar que estou mais para Miss Arenga...

Aliás, eu não sei como consigo construir tantos laços de amizade ou como minha família consegue gostar da minha companhia e sentir saudades quando fico fora... Deve ser o costume...

A pessoa, depois que pega o costume, gosta até de gente arengueira.* Portanto, o surpreendente não a capacidade de ter amigos ou familiares próximos e sim quando acontece a concordância.

Gente isso é raro!!!
Uma concordância é algo raro, precioso e mais valioso que ouro!!!

Um "A Jaci tem razão quando diz..." não acontece todo dia. Aliás, acontece muito... muito... mais muito mesmo... raramente. Logo quando acontece merece todo um conjunto de celebrações de minha parte e até um post.

Então, ontem saiu o podcast número 4 das Meninas dos Livros, o tema foi os quatro primeiros livros da série Harry Potter, rolou uma discussão honesta, divertida e acalorada entre mim e as meninas que, para não variar, não concordaram comigo.

Porém, a Mamis do blog "Filial de Marte" , a primeira pessoa que comentou o podcast, ponderando tudo achou que eu tinha razão e disse as palavras mágicas: "A Jaci tem razão quando diz..." e eu fiquei tão metida que resolvi registrar esse momento único.

Deixo o link para a postagem do blog porque o texto da Aleska ficou muito bom: "4° Podcast: Série Harry Potter parte 1".

O link para o comentário da Mamis, para o caso de alguém querer conferir e ver que estou falando a mais pura verdade: Comentário da Mamis.

E o podcast em si, caso alguém queira ouvir e da a razão a outra pessoa que não seja eu só por birra...

Se eu não estivesse tão feliz por ouvir alguém dizendo "Jaci tem razão quando diz..." eu mesma discordaria de mim em algum ponto shaushaus....
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*Talvez o correto seja: "As pessoas, depois que se acostumam,  passam a gostar até de gente arengueira." Mas, achei melhor escrever daquele jeito.

Para ouvir aqui:




terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

A cara das Meninas dos Livros


Estive zapeando pela net e reencontrei esse texto que vai ai em  baixo, achei tão a cara das Meninas dos Livros Aleska Lemos, Ana Seerig, Adriana T, Vaneza com Z, Nadia V, Erica Ferro, Michele Lima (a pessoa é tão viciada que olha como ficou o bolo de casamento dela ai do lado), a Luma (que faz meio mundo de blogueiras e blogueiros espalhar livros pelas ruas da cidade), a Jussara (que escreve as melhores resenhas do mundo), a Júlia (que aos sete anos não tem idade para namoro, mas escreve tão bonito que já é uma menina dos livros), a Irene, querida mãezona da Saleta de Leitura... e tantas outras que por aqui passam de vez em quando ou de vez em sempre.

Não resisto ao impulso e, meio que para espantar o clima meio melancólico no qual minha ultima reflexão aqui escrita me deixou, me junto ao clube dos que postaram esse texto em algum momento de suas vidas bloguisticas.

Ah, antes de seguir, deixo meu obrigada aos companheiros de virtualidade! É muito bom ouvir/ler vocês, é uma terapia e ajuda a enfrentar os dilemas naturais da vida. Obrigada!!!
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Namore uma garota que gasta seu dinheiro em livros, em vez de roupas. Ela também tem problemas com o espaço do armário, mas é só porque tem livros demais. Namore uma garota que tem uma lista de livros que quer ler e que possui seu cartão de biblioteca desde os doze anos.

Encontre uma garota que lê. Você sabe que ela lê porque ela sempre vai ter um livro não lido na bolsa. Ela é aquela que olha amorosamente para as prateleiras da livraria, a única que surta (ainda que em silêncio) quando encontra o livro que quer. Você está vendo uma garota estranha cheirar as páginas de um livro antigo em um sebo? Essa é a leitora. Nunca resiste a cheirar as páginas, especialmente quando ficaram amarelas.

Ela é a garota que lê enquanto espera em um Café na rua. Se você espiar sua xícara, verá que a espuma do leite ainda flutua por sobre a bebida, porque ela está absorta. Perdida em um mundo criador pelo autor. Sente-se. Se quiser ela pode vê-lo de relance, porque a maior parte das garotas que leem não gostam de ser interrompidas. Pergunte se ela está gostando do livro. Compre para ela outra xícara de café. Diga o que realmente pensa sobre o Murakami. Descubra se ela foi além do primeiro capítulo da Irmandade. Entenda que, se ela diz que compreendeu o Ulisses de James Joyce, é só para parecer inteligente. Pergunte se ela gosta ou gostaria de ser a Alice.

É fácil namorar uma garota que lê. Ofereça livros no aniversário dela, no Natal e em comemorações de namoro. Ofereça o dom das palavras na poesia, na música. Ofereça Neruda, Sexton Pound, cummings. Deixe que ela saiba que você entende que as palavras são amor. Entenda que ela sabe a diferença entre os livros e a realidade mas, juro por Deus, ela vai tentar fazer com que a vida se pareça um pouco como seu livro favorito. E se ela conseguir não será por sua causa.

É que ela tem que arriscar, de alguma forma. Minta. Se ela compreender sintaxe, vai perceber a sua necessidade de mentir. Por trás das palavras existem outras coisas: motivação, valor, nuance, diálogo. E isto nunca será o fim do mundo.

Trate de desiludi-la. Porque uma garota que lê sabe que o fracasso leva sempre ao clímax. Essas garotas sabem que todas as coisas chegam ao fim. E que sempre se pode escrever uma continuação. E que você pode começar outra vez e de novo, e continuar a ser o herói. E que na vida é preciso haver um vilão ou dois. Por que ter medo de tudo o que você não é? As garotas que leem sabem que as pessoas, tal como as personagens, evoluem. Exceto as da série Crepúsculo.

Se você encontrar uma garota que leia, é melhor mantê-la por perto. Quando encontrá-la acordada às duas da manhã, chorando e apertando um livro contra o peito, prepare uma xícara de chá e abrace-a. Você pode perdê-la por um par de horas, mas ela sempre vai voltar para você. E falará como se as personagens do livro fossem reais – até porque, durante algum tempo, são mesmo.

Você tem de se declarar a ela em um balão de ar quente. Ou durante um show de rock. Ou, casualmente, na próxima vez que ela estiver doente. Ou pelo Skype.

Você vai sorrir tanto que acabará por se perguntar por que é que o seu coração ainda não explodiu e espalhou sangue por todo o peito. Vocês escreverão a história das suas vidas, terão crianças com nomes estranhos e gostos mais estranhos ainda. Ela vai apresentar os seus filhos ao Gato do Chapéu [Cat in the Hat] e a Aslan, talvez no mesmo dia. Vão atravessar juntos os invernos de suas velhices, e ela recitará Keats, num sussurro, enquanto você sacode a neve das botas.

Namore uma garota que lê porque você merece. Merece uma garota que pode te dar a vida mais colorida que você puder imaginar. Se você só puder oferecer-lhe monotonia, horas requentadas e propostas meia-boca, então estará melhor sozinho. Mas se quiser o mundo, e outros mundos além, namore uma garota que lê.

Ou, melhor ainda, namore uma garota que escreve.


Texto original: Date a girl who reads – Rosemary Urquico
Tradução e adaptação – Gabriela Ventura

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Não estou preparada...

Não é como se eu não soubesse desde sempre que as pessoas morrem. Eu sei disso, todos sabem, alguns menos e outros mais, mas todos sabem!

Também não é como se eu nunca tivesse dialogado com a ideia de morrer cedo ou tarde... Já nasci em uma família enlutada, nasci exatos nove meses apos a morte de Jaqueline, acompanhei ao longo da minha infância muitas das fazes do longo luto dos meus pais e talvez até tenha vivido de certa forma certo luto pela irmã mais velha que  nunca conheci e nem poderia ter conhecido.

Lembro do dia no qual constatei sozinha e em pânico que se ela não tivesse morrido talvez eu não tivesse nascido e de ter sentido uma aflição culpada por algo que não fiz; da imensa gratidão que senti por um tio quando ele tirou o quadro de Jaqueline da parede da sala; da sensação de ir sorrateiramente da uma olhadinha escondida na fotos dela e na chupeta branca que ela nunca gostou de usar guardada por anos junto as lembrancinhas de "Dia dos Pais"; do dia no qual painho jogou a chupeta no lixo; de ter me arrependido por não ter guardado o objeto; de encontrar um vestido dela guardado nas coisas de mainha e deixado lá sem tocar.

Também sei que a morte nem sempre é repentina e todos os dias nós morremos aqui e ali... Um dia eu li os versos de Cecília Meireles e concordei tanto que nunca cheguei a esquecer deles:


"Tu tens um medo:
Acabar.
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
....
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer..."

Não ignoro essas certezas. Mas hoje foi diferente, hoje a certeza da presença da Morte na vida me pegou de um jeito dolorosamente novo.

Em meio a um papo descompromissado regado a café, biscoitos secos e a boa e velha bagunça na cozinha de Mainha minha vizinha começou a falar de meus avôs e avós. Voinho Pedro e Voinha Rita, pais de Painho já não estão entre nós e no entanto suas histórias continuam firme e forte, viraram lendas e nos fazem tanto chorar quanto ri muito. A agora lendária chatice de Voinha, tão semelhante a minha, a força rude de Voinho, tão semelhante a de meu pai, foi abrandada pelo tempo me fazendo pensar que  Painho Hulk será um ótimo Voinho besta e babão para meus filhos e filhas.

Até ai nada de inesperado, fazem poucos meses desde a morte de voinho e nós já estamos entrando naquela faze de lembrar para ri, para matar a saudades, para compartilhar momentos... O inesperado foi minha vizinha tocar no nome de Pai Elias, meu avô por parte de mãe que eu nunca chamei de Vô, Vovô ou Voinho e sim de Pai.

Do alto de seus 71 anos, Pai é um homem nada velho, ele é prá lá de ativo, inteligente, claro, separado de Mãe há quase 30 anos é mulherengo pra chuchu, animado, cheiroso, sem vergonha, capaz de me mimar bastante e eternamente do meu lado em qualquer pendenga. Sou a primeira neta dele (quer dizer depois de Jaqueline - como dizem os mais velhos da família que parecem ter um compromisso moral de não esquecer dela e se estou falando deles então é bom também lembrar). Pai me chama de "Menina Passarinho", sempre lembra de trazer frutas para mim e ama qualquer coisa que eu cozinhe para ele de feijão a torta de abacaxi.

Eu adoro Pai até debaixo d'água e nunca até a manhã de hoje me ocorreu a ideia existir, viver, respirar, amar, sorrir e chorar em um mundo no qual ele não existe para me chamar de Menina Passarinho e dizer que Painho não deveria me aperrear.

Mas, minha vizinha no meio das piadas e lembranças de Voinha e Voinho derrubou em mim essa dolorosa consciência ao construir umas frases simples. Ela apenas disse: "Seu Elias está ficando velho... Ei Jaci, aproveita teu avô porque nesses dias é ele que se vai vice!".

Pensando bem ela apenas transformou em palavras algo para lá de obvio, mas as vezes a coisa mais difícil de se ver é o que está de frente a nosso nariz. Bastou isso para a velha consciência da finitude me atingir como um soco no estomago capaz de dilacerar minhas forças e embaçar todo o azul do céu de verão.

Se eu fosse conversar com minha mãe agora, sei que ela diria que isso tudo é besteira e me lembraria da possibilidade de Pai viver muitos anos mais, afinal ele não bebe regulamente, não fuma, dorme bem, é sexualmente ativo até demais para todos os gostos e é feliz. E ainda pode ser que minha mãe emendasse dizendo que a morte só quer uma desculpa por isso qualquer um de nós pode muito bem ir antes dele com toda a facilidade do mundo.

Mas, nesse momento não consigo assimilar essas conclusões simples, minha mente não funciona com clareza. Sinto-me apenas perdida e medrosa em relação a chegada desse dia terrível no qual as minhas pessoas queridas serão apenas lembranças.

Talvez por ainda estar de luto pelas pessoas que se foram de forma trágica naquela boate em Santa Maria (Qual brasileiro não sofreu ou está sofrendo com aquelas famílias?), pelas fragilidades naturais da TPM ou por qualquer outro motivo o certo apenas é que nesse momento computo em pânico apenas a sensação de não está definitivamente preparada para a chegada desse dia terrível no qual as minhas pessoas queridas serão apenas lembranças.

Alguém está?

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Agradecimentos e resultado do sorteio!!!

Passado o momento da blogagem coletiva vem o momento de agradecer a todos e todas que me deram a honra de participarem da brincadeira e claro, divulgar o resultado do sorteio!

Agradeço aos que participaram fazendo as postagens e compartilhando conosco um pouco do seu universo infanto-juvenil e aos que não participaram mais leram algumas das postagens e comentaram enriquecendo ainda mais a experiência.

Foi muito bom contar com vocês e espero que novas blogagens e novas experiencias virtuais venham a se somar a essas amanhã, nas próximas semana, meses, anos...

E em especial eu não posso deixar de agradecer ao Alexandre do blog "Do que eu quero" a ele eu só posso dizer: "Foi muito bom está com você nego!!! Espero que possamos ser parceiros em várias outras experiencias virtuais e concretas!!! Obrigada por ter feito o banner e pela parceria!!!"


Agora vamos aos sorteios!



Sorteio 1: o livro "Enquanto alguns dormem" do Christian V. Louis escrito em parceria algumas blogueiras que vai para:

O número 9 dos textos da blogagem corresponde a: Lane Lee do blog "Flor D'Lane".


Sorteio 2: o livro "Um pouco de nós" construído a partir do concurso de contos promovido pela Elaine Gaspareto vai para:



O número 12 corresponde a Michele Lima do blog "Notas de Rodapé"

Parabéns as meninas que ganharam!


E sim, antes que eu conclua o post, um obrigada especial a Irene, minha querida Mamyrene pelo selo muito fofo!!!


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P.S.: Na hora de criar a lista de participantes no Add Your Link eu cometi um erra então para que os links dos participantes ficassem visíveis eu tive que alongar a página, mas passada a blogagem vou fazer o blog voltar ao normal.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Blogagem Coletiva: Herói ou heroína da infância


Me pareceu adequado comemorar de alguma forma o aniversário do blog com uma blogagem coletiva o que não me parece adequado é na multiplicidade de personagens povoadores de minha imaginação infantil escolher apenas um para fazer parte desse texto.

Embora tenha dito a quem me perguntou que sim, podem acrescentar mais de um herói ou heroína a seu texto, me alto impus a tarefa de falar apenas de um único personagem ou uma única personagem.

E acabei optando pela Lucy ou Hikaru Shidou, personagem de Guerreiras Mágicas de Rayearth, anime produzido pela CLAMP e exibido no Brasil nas manhãs do SBT no tempo que a Eliana ainda era apresentadora infantil. Lembro que a principio assistia esse anime enquanto esperava mainha voltar da escola de Rafaela e os horários oscilavam tanto e demorou tanto repetindo que chegou um tempo no qual eu passei a levar Rafa na escola e assistia quando voltava.

A experiencia de acompanhar a história das três meninas convocadas da Terra para o mundo magico de Cephiro pela princesa Esmeralda foi tão intensa que influenciou de forma significativa a forma como construir minha subjetividade e forma de ver e encarar o mundo. Para mim era fabuloso acompanhar um desenho animado capaz de discuti de forma tão direta amor, liberdade, amizade, fidelidade e responsabilidade.

No meio de tudo Lucy acabou se tornando a personagem principal do anime, mas minha identificação com ela advém do fato dela ser a menor das guerreiras, gostar de usar o cabelo transado (amigas da vida concreta eis o motivo da minha eterna trança), ter um forte senso de responsabilidade, ser uma fofa e claro o Lantis, meu amor de adolescência!

Assistir Guerreiras Mágicas era um momento agradável no meio do tumulto que era minha vida naquela época... Eu não conto porque contar é viver 2 vezes e eu não estou afim de reviver esses momentos em uma época festiva, mas é bom em horas de crise ter como referencia um personagem que enfrenta e vence desafios... Naquela época almejava conseguir superar os desafios como fez Lucy.

Até hoje sou fã, se reeditarem o mangá lidamente comprarei, sempre que vou ao sebo vejo se encontro algo das garotas para comprar e quando a Ana voltar da Alemanha farei uma encomenda de um belo caderno com "As Guerreiras Mágicas" para me alto-presentear.


E antes que me esqueça (até parece que eu esqueceria de dizer isso), obrigada a todos e todas que prestigiam esse espaço! De muitas formas esses espaço também é de vocês!

A quem aprecia a arte de comentar fiquem sabendo que cada comentário é um presente e uma honra, vocês são meus companheiros de virtualidade e espero que esse companheirismo dure!

Aos que gostam de ler e não comentam por apreciarem as virtudes do silêncio, espero que se sintam acolhidos por aqui. Agradeço pela credibilidade de suas visitas, quando se sentirem confortáveis estarei aqui para ouvir vocês!

"Ah, para adicionar o link da postagem clique no "Add Your Link" aqui em baixo e cole o link da postagem na URL, o nome do seu blog em nome e o seu e-mail, que não vai aparecer e clique em submit link"


segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Blogagem coletiva e o Sorteio...


Como já comuniquei aqui no dia 31 de Janeiro junto ao Alexandre do blog "Do que eu quero" (pessoa querida que fez esse banner super lindo) estarei promovendo uma blogagem coletiva sobre "Herói ou heroína da infância" que ficaram para a vida adulta. Aquele, aquela ou aqueles e aquelas personagens que marcaram nossa vida, nos levaram a sentar e ver um desenho, ir a uma estréia no cinema, ler uma HQ e recordar uma parte boa de nossa infância.

Creio que essa é uma boa ideia para festejar o aniversário e para completar decidi sortear entre os participantes da blogagem algo, como gosto de ler só poderia ser livro, o problema foi decidi qual séria... e na duvida acabei decidindo por duas publicações que tem muito haver com a vida bloguistica.

O primeiro é uma edição do livro "Enquanto alguns dormem", resultado das experiencias de escrita do Christian do Escritos Lisérgicos com algumas blogueiras ao longo do ano de 2012. Tenho simpatia por esse projeto, fruto da blogosfera e de tudo o que rola aqui, eu não sei, porem suspeito que nele muito de nossa forma de escrever deve está registrada.

E o segundo livro é um projeto pelo qual tenho amor de mãe, ou co-mãe, ou seja, o lindo livro "Um pouco  de nós" resultado do concurso de contos promovido pela Elaine Gaspareto em parceria com a DIGITEXTO. Da Elaine eu nem preciso falar porque Deus e o mundo conhecem, mas faço questão de dizer que o pessoal da Digitexto faz um trabalho perfeito nos livros que publica, tenho 3 livros dessa editora em minha estante, então acho que tenho algum conhecimento de causa.

Ah, antes que me esqueça o Alexandre me pediu para colocar as regras da blogagem a titulo de colocar ordem na brincadeira e eu adicionei no post e coloco aqui também!

REGRAS DA BLOGAGEM

- Incluir no post o banner da blogagem coletiva;

- Postar seu texto no dia 31 de janeiro de 2013;

- Deixar o link para seu post através do Add Your Link no do dia 31 de Janeiro aqui no blog.

O Add Your Link fornece um número a cada participante e eu usarei esse número no sorteio que devera ser realizado na primeira semana de Fevereiro através do Radon.

Cheros pessoas e  que venha mais uma Segunda-Feira!!!


sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

A espera!


"No olhar apenas um desejo
que o telefone toque
do outro lado da linha
saia apenas o som da voz dele."

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Essa postagem faz parte do projeto: Uma Imagem, 140 caracteres proposto pelo Christian V. Louis do blog Escritos Lisergicos..