É engraçado, o Brasil definitivamente não é um país de leitores. Sim, eu quero que o Brasil venha a ser um país com mais leitores, luto por isso, faço campanha, divulgo idéias e tudo e tal.
Acredito na ideia de ser a leitura um jeito interessante de adquirir conhecimento e cresce como ser humano. Desde os sete anos sou apaixonada pela leitura e isso é tão central que minha mãe lembra minha primeira palavra lida e não lembra a primeira palavra falada.
MAS...
Eu me pergunto todos os dias se para exaltar as possibilidade da leitura é preciso mesmo desqualificar, desvalorizar, ridicularizar, menosprezar e classificar como menor toda e qualquer cultura que não seja escrita.
Me perdoem, mas eu não consigo deixar de me irritar quando vejo coisas como:
Ou:
Sinceramente, o habito de ler em si não nos torna mais humano que uma pessoa que não ler.
Gostar de ler não nos torna superiores a nenhum outro ser humano na terra.
Manipular a norma culta como se tivesse engolido a gramatica não nos torna seres elevados, nobres e justos.
Pessoas que não leem pensam sim e como pensam, sentem, lutam, constroem coisas lindas, reflexões lindas.
Analfabetos não são idiotas feitos para serem enganados, pessoas letradas também são enganáveis, manipuláveis, vulneráveis em vários sentidos.
Sinceramente [2] o lugar no qual eu conheci o maior percentual de pessoas altamente letradas foi também o local no qual eu conheci mais pessoas traiçoeiras, mesquinhas, dadas a falsidade, sem nenhuma capacidade de ter empatia com o outro e nada confiáveis.
Eu DETESTO esse suave desprezo que as vezes percebo nas pessoas letradas em relação as iletradas.
E nesse meu momento de mal humor reafirmo algo que já disse antes:
"Eu não acho que ler apenas expulse do espirito de alguém a ignorância.... Conheço tanta gente altamente letrado, com títulos e mais títulos que é um poço sem fundo de ignorância.
Conheço gente que ler tanto e não tem caráter, humilha, massacra com uma facilidade tremenda pessoas que não tiveram acesso a uma formação igual a sua.
Ler é bom, alarga os horizontes, eu não sei o que seria de mim sem a leitura, MAS, existem coisas que os livros não ensinam.
Limites, empatia e senso de responsabilidade por exemplo, nenhum livro me ensinou isso.
Quem me ensinou limites foi meu pai que não foi além do primeiro colegial e aprendeu a ler motores, rodas e estradas e não livros.
Empatia, essa coisa que te faz cuidar dos mais frágeis quem me ensinou foi Voinha que era analfabeta.
Senso de responsabilidade foi Dona Gilda, Mãe, quem me ensinou e nunca a vi com livro algum.
E a suavidade de um beijo, a força de um abraço, a alegria de ouvir uma voz querida a de ser ouvido por alguém foi minha mãe quem me ensinou e ela apenas terminou o ensino fundamental e desde que se tornou mãe abandonou os romances da Nova Cultural."