Fevereiro foi um mês bem corrido para mim, pois é a época de inicio do ano letivo e para minha alegria e pena, além de enfrentar os sabores e dessabores da educação infantil, resolvi enfrentar os sabores e dessabores da docência em História. Não é que tudo seja uma grande bolha de enfado e cansaço, ambos os trabalho possuem seu lado bom, mas é que eles também cansam bastante, e irritam, e tiram a força da gente para passear em fins de semana.
Ah, mas para dizer que não falei de flores deixo algumas cenas do minha rotina na educação infantil [trabalho que mais amo no mundo].
Criatura fofa e dengosa que foi com minha cara de primeira e tem pulado em cima do meu colo em qualquer oportunidade, mas não faz parte do meu grupo e quase compensa uma das crianças do meu grupo que não vai com minha cara mesmo kkk...
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"Tava chorando, mas sentei no colo da tia e parei!" |
Inicio do trabalho com leitura e contação de história:
Existe coisa mais fofa que pé de criança?
Menina mais inteligente do mundo fazendo dengo!
Vamos construir castelos?
Pois é, devido a intensidade dos trabalhos de fevereiro quase não consegui cumprir o de "Desafio 12 Lugares" e conhecer um lugar diferente esse mês. No entanto, aos 43 do segundo tempo, precisei ir ao centro do Recife no dia 28 de fevereiro [véspera do carnaval], vivi uma grande frustração, tive um ataque de choro sentido [TPM MONSTRO] e no meio do ataque de choro sentido me lembrei do desafio, respirei fundo e me peguei olhando em volta em busca de um lugar público no qual eu ainda não tivesse posto os pés. Encontrei no meio desse olha o "Centro Cultural Rossine Alves Couto" na Rua do Hospício.
Confesso que já tinha curiosidade por esse espaço, pois ele abriga o "Núcleo da Diversidade do Ministério Público de Pernambuco" e ao mesmo tempo é vizinho dos templos centrais de diversas denominações de igrejas evangélicas do Recife, as quais não são bem símbolos de tolerância a diversidade. A parte esse detalhe, no centro funciona uma biblioteca e foi ela o objeto de minha exploração.
Recife é uma cidade na qual o Carnaval é vivido livremente. Aqui a festa é de rua, congrega todo tipo de pessoa possível e imaginária e a sexta-feira [28/02/2014] foi o dia anterior ao Sábado de Zé Pereira e dia da abertura dessa festa. Ou seja, enquanto mundo chamado Recife mergulhava em um caos quente com metade das pessoas fugindo do centro e da festa e outra metade vindo para o centro e para a festa e eu mergulhando no silêncio de uma biblioteca. Terry Pratchett disse uma vez "bibliotecas são buracos negros que pensam", para mim, ele tem razão.
O "Centro Cultural Rossine Alves Couto" é um órgão ligado ao Ministério Público de Pernambuco, logo o acervo da sua biblioteca é quase totalmente voltado para a área do Direito Civil. Enquanto eu andava no meio daqueles calhamaços nos quais homens e mulheres explicam como podemos nos defender dos vilipêndios cotidianos eu esquecia da vida, da morte, do carnaval e dos problemas.
Foi terapêutico, especialmente porque lembrei que tenho direitos e me peguei com vontade de vez em sempre da uma pausa na vida e me da ao trabalho de conhecer melhor meus direitos. Afinal os livros estão lá super acessíveis a qualquer pessoa capaz de por eles se interessar, não são propriedade exclusiva dos advogados do Brasil.
Ah, lá também tem alguns documentos interessantes sobre a história de Pernambuco, para quem interessar possa:
E alguns poucos livros de outras áreas do conhecimento:
Acabei escolhendo folhear alguns dos livros da biblioteca e o meu preferido foi o "Titãs da Literatura", relembrando um velho exercício que eu costumava fazer nos meus anos de biblioteca escolar.
Alguns dos autores citados:
Em tempo, Rossine Alves Couto foi promotor público da cidade de Cupira, semiárido do estado de Pernambuco. Ele foi assassinado em 10 de maio de 2005, enquanto almoçava em um restaurante em frente ao fórum da cidade. Na época foram realizados vários atos públicos com o intuito de não deixar a morte brutal e precoce dele passar em brancas nuvens como é comum no Brasil, mas tenho minhas duvidas se os reais responsáveis pela morte do jovem promotor sorridente das fotos foram realmente punidos.
Infelizmente o Brasil e o brasileiro ainda tem um caminho a percorrer no sentido de fazer os direitos civis se tornarem uma realidade cotidiana. Eu não sei, porém suspeito, conhecer as leis pode fazer pate desse caminho.