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segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

"Anna Kariênina", de Liev Tolstói


Quando se trata de clássicos nada é fácil. Ler é uma aventura e escrever sobre eles um desafio, uma temeridade. Em um mundo como o nosso, no qual guerras se alastram, cidades são construídas e destruídas desde a Antiguidade até agora, uma coisa frágil, como uma pilha de "papel pintado com tinta" sobreviver ao tempo e ao desgaste não é algo corriqueiro ou comum ou vulgar. Clássicos permanecem sendo lidos, mesmo não sendo fáceis, e na mesma medida que encantam, desafiam e intimidam.

Ao menos eu, sempre me sinto desafiada, intimidada e encantada quando encaro um clássico e não foi diferente com "Anna Kariênina" de Liev Tolstói. O livro tem coisa de 800 páginas dividas em 8 partes, foi escrito na década de 70 do século XIX ao longo de três anos em um país cuja história, geografia e cultura não são a coisa mais corriqueira para mim. A Russia é tão fria quanto o Nordeste é quente, tem metade do território na Europa e metade na Ásia, foi palco de uma das mais importantes revoluções da História, A Revolução Russa, e eu pouco sei sobre esse gigante, o maior país do mundo.

segunda-feira, 14 de março de 2016

"Hamlet: Príncipe da Dinamarca" de Shakespeare

Era uma vez uma pessoa mergulhada em um momento de total bad vibe. Passeando pela floresta do alheamento ela decide fazer algo inusitado. Mas, qual seria esse algo?

Passear no parque?
Assisti uma comédia no cinema?
Ir a praia com as amigas?
Nãooooooooooooooooooooooo!
Nada disso!
Isso tudo não convém!
Ela vai ler uma das tragédias mais famosas dos últimos séculos!


Meu desejo de ler "Hamlet: príncipe da Dinamarca" não é recente. Essa edição chegou até mim em 2011 através de uma brincadeira de troca-troca de livros entre blogueiros e quando eu o o Alexandre do #DoQueEuLeio começamos a falar sobre ler algo de Shakespeare foi só unir a sede a vontade de beber.

Apesar de ser uma tragédia, não achei o texto pesado e o final é tão demasiadamente trágico que chega a ser cômico. Varias vezes me coloquei no lugar de uma plateia do século XVI olhando o desenrolar dessa trama e pensando em escanda-los públicos e escondidos das famílias reais europeias e rindo sozinha de mim para mim mesma no meio dos monólogos angustiados e delirantes do Príncipe Hamlet.

Como o titulo do livro anuncia em "Hamlet", Shakespeare nos conta a história de um príncipe melancólico divido a perda precoce do pai e a frustração de ver sua mãe desposar seu tio antes mesmo do fim do período de luto. Somado a esses dois traumas, como se sua melancolia revoltada não fosse suficiente para enlouquecer o vivente, o fantasma de seu pai lhe aparece anunciando uma traição e clamando por vingança.


Como disse Horácio, amigo do Hamlet: "Não sei, mas há algo de pobre no Reino da Dinamarca." e para Hamlet cabe a ele colocar essa podridão em evidência e encontrar para ela um vingança digna de um rei cuja coroa foi indignamente usurpada. Para executar sua vingança nosso herói usa o artificio de "da uma de louco".

Obviamente Hamlet não esperava descobrir com seu ardil o quanto "um homem pode sorrir, sorrir e ser um celerado" não faz nenhum bem. Sua loucura fictícia conduz ele a loucuras concretas, macula o amor dele pela jovem Ofélia, intoxicando a moça com uma loucura real, constrói uma trilha de sangue e tragédia para todos a sua volta.

Apesar do fim arrasador e de realmente ter tido trabalho com a tradução rebuscada de Mario Fondelli e a formatação do texto da coleção "Clássico Econômicos Newton" ter me feito sofrer, adorei a leitura. Furiosamente anotei várias citações das perolas sobre comportamento, sociedade, cultura e politica espalhadas pelo texto de shakespeariano.

Muitas vezes me peguei pensando o quanto foi capcioso escrever, produzir e encenar em um mundo no qual os reis reinavam por “direito divino” uma história na qual a família real era uma verdadeira celerada, fadada ao fracasso por manchas de envenenamento, incesto e traições. Se, nas palavras do próprio autor "um pingo de mal contamina a substancia mais pura", imagine essa quantidade gigantesca de maledicências e crueldades em uma família que advogava para si o titulo de sagrada?

E sim, o autor conhecia muito bem o poder dos atores, como eles influenciam a opinião publica e podem ajudar ou prejudicar caso queiram ou precisem. O próprio Hamlet afirmou: "... os atores são como que o compendio e a crônica do nosso tempo e mais vale que vós tenhais um epitáfio ruim depois de morto do que serdes por eles escarnecidos em vida." (p. 45). Essa passagem é quase uma ameaça, não por acaso os políticos brasileiros proíbem os humoristas de zuar com eles em época de eleição na TV aberta.

Em síntese, não é sem motivos a popularidade da obra de Shakespeare e os muitos estudos sobre ela. Trata-se de um texto rico, com potencial para a reflexão e, mesmo na pior tragédia, com uma dose de comédia. Afinal como não ri diante do dialogo dos coveiros ou do espetáculo de ver um fidalgo e um príncipe se engalfinhando em cima de um caixão diante do Rei e da Rainha?

Apesar da dificuldade com a tradução e a formatação do texto, gostei muito da experiencia de ler Shekespeare. Quero ler muito mais dele, aliás, quero ler TUDO dele.

"Hamlet: príncipe da Dinamarca" contém o monologo mais famoso de todos os tempos, o qual senti necessidade existencial de transcrever por sua genialidade e impacto reflexivo.
"Ser ou não ser... Eis o problema. Será mais nobre suportar as pedradas e as flechadas de uma fortuna cruel, ou pegar em armas contra um mundo de sofrimentos e, resistindo, acabar com eles? Morrer, dormir, nada mais, e com o sono dizer que demos cabo da aflição no coração e das demais enfermidades naturais da carne: consumpção a ser desejada como graça. Morrer, dormir. Dormir? Sonhar, talvez, é este o ponto que nos detém, é a duvida que prolonga por tão largo tempo a vida dos infelizes. Pois quem quereria suportar o chicote e as injúrias do tempo, as injustiças do tirano, as afrontas do orgulhoso, as torturas do amor não correspondido, as demoras da justiça, as insolências do poderoso, os pontapés que o mérito paciente recebe dos indignos, quando ele mesmo poderia alcançar a paz com a mera ajuda da ponta de um punhal? Quem quereria suar e praguejar sob o fardo de uma vida ingrata, não fosse pelo receio das terras incógnitas do além, país do qual ninguém jamais voltou? Eis o que estorva a vontade e nos decide a suportar os males que sofremos, com medo de enfrentarmos outros que não conhecemos. Eis por que as cores vivas da resolução desmaiam no clarão indefinido do pensamento e os projetos de grande alcance e momento perdem o rumo, voltando ao atoleiro da imaginação. Mas... silêncio! Agora a bela Ofélia se aproxima - Ninfa, lembra-te dos meus pecados nas tuas orações." (Shakespeare, "Hamlet: o príncipe da Dinamarca, pg. 48).

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Os 10 melhores livros de 2015.2

Eu sei, esse post está para lá de atrasado, mas é questão de honra! Preciso levar esse empreendimento a cabo. Seguindo a tradição lançada pelo Luciano do .Livro, companheiro de longa data de blogosfera, costumo fazer 2 listas dos melhores livros do ano. Uma no primeiro semestre e outra no segundo. Esse ano o Luciano só fez duas, a do 1º Semestre de 2015 e a geral (confira no link).


Pensei em fazer como ele, mas adoro essa tradição, amo a experiencia de olhar minha lista de livros lidos e ponderar sobre as leituras mais significativas, tirar eles da estante e escrever um pouco sobre cada um, então resolvi fazer o top 10 com as menções honrosas e tudo o mais. Lembrando que, os livros estão em ordem de leitura e não de preferencia.

Então vamos aos livros:


1. "Como Ficar Podre de Rico na Ásia Emergente de Mohsin Hamid: irônico, mordaz e muito honesto Moshin Hamid nos apresenta uma cidade da Ásia cuja realidade politica e social se assemelha muito a das cidades brasileiras. O livro pega emprestado a formula dos manuais de alto ajuda e do gênial Douglas Adans para contar como alguém pobre pode ascender socialmente no meio da lama social da Ásia Emergente e oferece um rico panorama cultural, social e econômico. O livro é lindo e mordaz.


2. "O Discurso Faça Boa Arte de Neil Gaiman: Era uma vez uma menina que foi ao cinema, passou numa banca, viu esse livro por R$ 9,90, pegou o elevador, subiu, chegou na fila do ingresso... deu meia volta e fim. Gaiman é um autor maravilhoso, foi uma gloriosa tarde de leitura regada a chá gelado e torta de limão.


3. "Turma da Mônica: Lições" de Vitor Cafaggi, Lu Cafaggi. Me tornei fã dos irmãos Cafaggi, Lu e Vitor são dois românticos, com um lirismo nostálgico na alma. Em "Lições" as crianças passam por difíceis situações, comentem um erro, são separadas e precisam enfrentar desafios novos e vencer seus bichos e medos. Não da para não se emocionar.


4. "Sandman, Edição Definitiva" Neil Gaiman: tenho a impressão que vivi mais de uma vida enquanto lia Sandman. Comprei o volume 1 em minha primeira loucura do décimo, a vista, abrindo mão de roupa ou sapato novo e depois fui colecionando ao longo do tempo. Chegar ao fim dessa história me deixa nostálgica e com a sensação de ter chegado ao fim de uma época. Eu mudei! E pretendo em breve começar tudo tudo de novo.


5. "Mulheres: Retratos de Respeito, Amor-próprio, Direitos e Dignidade" de Carol Rossetti. Já tinha tido contato com o trabalho da Carol Rossetti através das redes sociais. Seus desenhos e reflexões são fonte de apoio e força a toda mulher que deseja apenas ser o que é sem limites. Foi magico ter seu livro em mãos, ele não é um dos melhores de 2015, é um dos melhores da vida. Fiz resenha para ele no #DoQueEuLeio


6. "300 de Esparta" de Frank Miller. Lembro como ontem como foi que fisguei o 6º ano mais caótico do multiverso e tornei ele "meu"... Só de lembrar das minhas crianças que agora não são mais tão crianças, pois todos cresceram rápido demais e me superaram em tamanho, me vem um sorriso no rosto. Foi o filme "300" que me ajudou quando precisei. Quem quiser me julgar por ter usado esse meio com eles julgue, mas começamos em guerra e agora estamos falando em "Iluminismo" sentado em circulo, cada um falando na sua vez... Eu tinha que ter esse livro na estante, eu tinha que homenageá-lo.


7. "Penadinho: Vida" de Paulo Crumbim, Cristina Eiko: Os Graphics MSP não mereciam citações, eles mereciam um post só para eles, eu sei! São sem duvida uma das melhores coisas que tenho em minha estante. Como irmã de uma criança morta 9 meses antes de meu nascimento foi uma criança fascinada por histórias de fantasminhas, Penadinho foi um dos meus personagens favoritos e Eiko e Crumbim honraram a trajetória e o universo dele construindo uma obra de arte cuja leitura foi um deleite.


8. "Marina" de Carlos Ruiz Zafón, simplesmente um dos melhores livros da vida. Redondo, cheio de referencias a livros que marcaram a minha trajetória como leitora, com uma história envolvente e cheia de mistérios é daqueles livros para ler e reler. Fiz "resenha" para ele no Blog Elaine Gaspareto.


9. "Criaturas da Noite" de Neil Gaiman & Michael Zulli: bem, todos sabem o quanto amo a narrativa do Gaiman e sua imaginação que mistura fantasia e realidade de forma lenta e embalante. Acrescente a isso o traço elegante de Michael Zulli e você terá uma obra de arte. Aquele tipo de livro que a gente tem vontade de abraçar.


10. "Segredos de Uma Noite de Verão", de Lisa Kleypas, de todas as autoras de romance histórico açucarado Kleypas é minha favorita. Saldei com alegria essa nova série dela lançada pela Arqueiro. Tenho amado, não posso deixa ela de fora dessa lista. Para quem gosta do gênero a mor na certa.

Agora vamos as menções honrosas.



"Onde vivem os monstros" & "O aviso na porta de Rosie" de Maurice Sendak. Esses dois livros são daqueles para crianças de 0 a 100 anos. Estou em estado de amor por Maurice Sendak e periga ser um amor para a vida inteira.


Pronto, agora sim meu 2015 terminou e 2016 começou! Um tanto tardiamente, mas... antes tarde que nunca.

domingo, 3 de janeiro de 2016

"Os miseráveis" de Victor Hugo


Finalmente consegui terminar a leitura de "Os miseráveis". O Alexandre e eu pensamos fazer isso em 2015, mas não conseguimos nem eu e nem ele. Sobrou para 2016 e confesso, fiquei intranquila com isso e dediquei cada momento livre dos últimos 3 dias a Jean Valjean, Cosete, Marius e todos os outros.

Victor Hugo tem uma escrita envolvente, sempre que entrei em seu mundo fui acolhida, envolvida e embalada por ele. Mas, "Os miseráveis", além de ter uma carga dramática pesada, é um calhamaço de mais de mil e quinhentas paginas dividido em cinco volumes cujos términos foram sempre e constantemente marcados por uma bela ressaca literária. E, como se não fosse suficiente, o autor é especialista em pausar a a narrativa de sua fabula nos seus clímax para falar de Filosofia, História, Sociologia, Politica, Religião... Males do século XIX, esperanças para o século XX... e por ai vai.

Tem horas que você se pega lendo páginas e páginas sobre: conventos, questões de salubridade, história dos esgotos de Paris, a Batalha de Waterloo, a composição das revoltas... Isso tudo bem depois do clímax, eu LOUCAAAA para saber o desfecho de uma situação e Hugo nem ai escrevendo páginas e páginas sobre conventos... batalhas... a vida dos moleques em Paris etc... etc... etc...


De certa forma não desgostei dessa formula. Apesar de tornar a leitura do livro mais lenta, a visão do Victor Hugo sobre a sociedade é incrível e profunda. Ele enxergava os males e possibilidade de soluções, tinha um certo furor historiográfico emocionante, uma revolta contra o descaso das autoridades, uma vontade de denunciar os erros, as falhas, as desgraças... colaborar com a construção de um mundo melhor. Ele via a desolação, encontrava formas de solução e gostaria de ver isso aplicado.

Quando a leitura me entediava ou quando o preciosismo dele em descrever cenários e situações me levava as raias da loucura literária eu antevia essa coisa meio visionária dele e nossa, como não respeitar?  Como não prestar atenção a cada palavra? Como pular uma linha? De forma alguma. Esse é um autor que merece ser lido com atenção e calma, respirando fundo e se concentrando.

O fio condutor do livro, o imã para nosso interesse, é a história do querido Jean Valjean, de como ele começou a vida em uma situação de fragilidade social, cometeu um erro, teve uma pena desmedida, se tornou uma pessoa cruel e temível, mas mudou ao ser encontrado por uma pessoa generosa e passou a viver espalhando generosidade por onde passava, nem sempre sendo bem recompensado por isso.

Todas as pessoas que cruzaram o caminho desse homem, direta ou indiretamente, também tiveram suas histórias contadas de maneira mais ou menos minuciosa. O autor foi milimétrico e consciencioso ao tecer a teia da história do Valjean. Ele me fez pensar na verdade contida na expressão: "Todas as pessoas, mesmo aquelas mais ignóbeis possuem uma história".


Poderia escrever ainda muito mais sobre esse livro, porém me encontro sem palavras adicionais. Foi um dos melhores livros da vida, um dos mais marcantes. Estou de ressaca literária. Indico eles a todas as pessoas do mundo. É o tipo de leitura capaz de nos tornar uma pessoa um pouco melhor e mais capaz de olhar com generosidade aqueles que estão em estado de fragilidade social nesse momento.

Não canso de considerar assustador constatar a atualidade da obra de Victor Hugo. Cada vez que eu via o Brasil nas descrições feitas por ele de Paris eu me desesperava um pouco. Sempre digo que vivo em uma distopia, ler um livro escrito há 200 anos atrás e perceber atualidade nas descrições dos problemas sociais e a forma como o poder público lida com ele, dos enfrentamentos com a tropa de choque, ao tratamento da pequena infânciade, me de choque me desespera.

Não me venham dizer que isso se deve a atemporalidade dos clássicos, porque sou historiadora, não acredito nisso. Acredito que obras literárias são produtos da sociedade na qual foram escritas e se o presente tem muito do passado o nome disso é continuidade. Como nós nos permitimos conviver com a miséria? Como tantos de nós assistem passivamente o espetáculo trágico narrado em "Os miseráveis" se repetir? Como as pessoas conseguem chamar de chatos e chatas os incomodados, os que lutam?

Bem, sem mais delongas, gostaria de agradecer a quem me acompanhou nessa tragetória lendo meus posts sobre o tema ou lendo comigo o livro, como a Pedrita do "Mata Hari e 007" e o Alexandre do "#DoQueEuLeio".

Ah, ler o livro só me faz amar mais ainda a adaptação do filme feita no cinema, talvez por isso tenha me dado ao direito de usar imagens dela para ilustrar o post. Também peguei a foto da montagem da peça feita Escola de Dança Luana Zeglin apresentada no dia 14 de dezembro no Teatro Positivo e Curitiba, pois é emblemática.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

"O mal-estar na cultura" & "Coisas Frágeis"

Comecei a me interessar de forma definitiva pela obra de Sigmund Freud por causa de um amigo, coincidentemente, algo parecido aconteceu com Neil Gaiman. Também foi um amigo, dessa vez  da faculdade, a me fazer ter interesse pelo autor, aliás ele até mesmo me emprestou "Stardust". O tempo passou e hoje leio tanto Freud quanto Gaiman por gosto, curiosidade e talvez até por paixão.

Ambos são autores de sinceridade incomum, sempre tenho a impressão de a titulo de desvendar a psique humana para um e contar histórias para outro, eles desvendam a si mesmo e se desnudam. Ambos possuem a coragem para expor seus ideais e isso de muitas formas me cativa como leitora e ser humano.

Nesse dia de Natal decidi escrever sobre esses dois autores, ou melhor, sobre livros desse autores porque nessa manhã acabei de ler os volumes 1 e 2 do livro "Coisas Frágeis" do Neil Gaiman e ao longo de toda leitura desse livro pensei muito em "O mal-estar na cultura", um livro de Freud cujo tema tem me inquietado nos últimos tempos.

domingo, 13 de dezembro de 2015

Exposição Fernando Pessoa - Uma Coleção


Fernando Pessoa é um dos meus amores literários mais antigos. Desde a adolescência sua poesia faz parte de minha vida de uma forma intensa e profunda, elas são parte do que sou. Ele é daqueles autores que colaboraram de forma muito definitiva com a minha forma de observar, absorver e interpretar o mundo.


Quando eu soube da "Exposição Fernando  Pessoa - Uma coleção" em cartaz no Museu do Estado de Pernambuco simplesmente sentir uma profunda necessidade existencial de ir lá viver a experiencia unica de está entre as coisas dele.

Nunca subi escadaria com tanto animo! o/

Realmente a exposição é muito completa! Contempla a vida do Fernando, com uma linha do tempo linda com fotos da infância, dos locais onde estudou, do seu pai, mãe, irmãos e irmãs, locais onde trabalhou. Até mesmo o primeiro poema do autor, escrito para sua mãe mãe, foi incluso nela.

Família de Fernando Pessoa, mãe, irmãs e o padrasto.
Fernando pequenino, a mãe e o pai que morreu ainda na infância dele.

A linha do tempo foi didática e inclusiva, mesmo alguém que só ouviu falar de Fernando Pessoa ali compreenderia um pouco sobre o poeta e sua tragetória. Eu me senti conversando com ela, mentalmente dizia: "Poxa, isso eu não sabia!" ou "É mesmo!" e "Foi assim!". Adorei as fotos dos parentes dele, me sentir conhecendo a família de um amigo.

Indo para a exposição de fato, devorei com os olhos as revistas, livros, poemas e objetos. Me senti uma fã xereta e enlouquecida. A exposição foi muito completa, facilmente levou fãs do autor a um verdadeiro estado de estase, a mim ao menos levou. Bateu até aquela vontade de voltar na calada da noite... tsc... tsc... tsc... kkkk

Isso é um bom motivo para aprender inglês

Várias edições do livro "Mensagem", no qual se conta episódios da história portuguesa.

Mar Português é um dos poemas mais conhecidos do Fernando Pessoa!


Me emocionou muito reler "Abdicação". Foi um dos meus primeiros grandes encontros com Fernando Pessoa e é um dos poemas mais marcantes de minha adolescência, mais copiados e recopiados em meus diários e cadernos de poesia.


"Tabacaria" é o texto da minha vida. Como descrever esse reencontro com o poema nas paginas de sua primeira publicação? Não há palavras!



Adiamento também é um daqueles poemas da vida sabe... Quem conhece a mim e o meu eterno sono pode até pensar que esses versos foram escritos pensando em mim.

"Tenho sono como o frio de um cão vadio. 
Tenho muito sono. 
Amanhã te direi as palavras, ou depois de amanhã... 
Sim, talvez só depois de amanhã...

O porvir...
Sim, o porvir..."

(Fernando Pessoa - Alvaro de Campos)

Além das publicações do autor, a exposição também contou com objetos do poeta como sua mesa de trabalho, maquina de datilografar e óculos.




Vários livros que fizeram parte da vida dele.




Isso sim é um box de luxo!

"Sonetos Escolhidos" de Bocage foi o livro que, segundo Ophélia Queiroz, único amor da vida de Pessoa, tinha no pijama ao morrer, guardado em um envelope de papel.


Por fim, a gente ainda pode se deliciar com uma galeria de vários quadros feitos em homenagem ao poeta. Quem tinha grana podia comprar eles inclusive.


Eu não fui sozinha a exposição. Rosely e Ana, duas amigas de trabalho foram comigo, acho que muitas dessas imagens foram obra da Aninha. Esse foi um ano nos qual nós três nos descobrimos, ou melhor, descobrimos o prazer de desfrutar uma da companhia da outra fora do ambiente de trabalho. Nós exploramos a cidade, visitamos museus, exposições e cinema. Eu já tinha me habituado a andar sozinha, tinha até esquecido o quanto é bom andar com amigas. Obrigada meninas por essa redescoberta!

Eu e a Ana!

Eu e Rosi admirando o box de luxo dos Lusíadas!
Eu e Roses xeretando nos livros!
Essa exposição foi um dos pontos altos do meu ano de 2015. Uma experiencia que eu peço a Deus para jamais esquecer... Uma alegria, um balsamo, um sonhos.... Gostaria de viver várias experiencia assim... Gostaria de qualquer dia desses me vê desembarcando em Lisboa e revendo muita coisa e descobrindo novas sobre Fernando Pessoa. 

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Projeto Victor Hugo 2015


No inicio de 2015, livrarias acima... livraria abaixo... eu e o Alexandre atinamos de falar dos clássicos da literatura universal... Conversa vai conversa vem decidimos ler "Os miseráveis" de Victor Hugo, virou nosso projeto pessoal e, depois de uma ou duas protelações aqui e ali, acabamos chamando a nossa experiencia de "Projeto Victor Hugo 2015".

Esse projeto tem se revelado uma verdadeira aventura literária, uma Odisseia literária particular e agradável na qual estamos descobrindo a velha novidade desse autor francês tão comprometido com os problemas sociais e as possibilidades de resolução para eles. Nós nos encantamos a cada capitulo e faze da história e talvez por isso de repente nos vimos na iminentes necessidade de partilhar com o mundo nosso entusiasmo.

E o Alê resolveu convidar os nossos companheiros de virtualidade a ler conosco, fez um banner e me convidou a escrever com ele sobre essa viagem. O nosso post em dupla está disponível no blog dele #DoQueEuLeio

E a proposta eu roubo as palavras do Alê para explicar
"A proposta não é que você pare de ler todos aqueles maravilhosos livros que você já está lendo ou pretende ler e focar só em Os Miseráveis, muito pelo contrário, decidimos fazer uma leitura lenta, degustando a narrativa, e claro, intercalando com outros livros que por acaso deseje ler...
SE você não tem Os Miseráveis, não tem problema, é só uma sugestão. Pode ler outro do autor. E então, escolheu um livro? Ou já está lendo algum desses? Posta no teu Intagram uma foto do teu livro com a hashtag #ProjetoVictorHugo2015 , mas se você já leu, então conta aqui pra gente sua experiência com esses clássico, e se quiser participar dessa jornada com a gente, é só começar. " 
Endossando as palavras dele, deixo aqui o meu convite aos companheiros de virtualidade a encarar essa experiencia.

Em tempo, preciso dizer, tenho consciência de que ano de 2015 não tem sido frutífero em experiencias de escrita aqui nesse blog. Sempre fui uma blogueira sem muita pressa para escrever sobre as coisas, sem agenda fixa, amante da slow blog, mas tenho a impressão de está levando esse descompromisso as rais da loucura... Desculpem as ausências amigos!

sábado, 24 de maio de 2014

Romance Contemporâneo [Desafio Calendário Literário]

No Calendário Literário montado pela Lu Tazinazzo a ordem do mês de Maio é um romance contemporâneo, então lindamente chutei o pal da barraca literária e resolvi mês ler apenas autores atuais ou no minimo que entraram no foco do mercado editorial nessas primeiras décadas do século XXI e foi um dos melhores meses literários dos últimos tempos.

De entrada li os três primeiros livros da série de romances históricos "Os Bridgertons", escritos pela Julia Quinn.


Alguém pode dizer que tais textos não contam como romances contemporâneos pois as histórias se passam no século XIX, no entanto, eu vou ser chata e lembrar uma vez mais que romances históricos, independente da profundidade da pesquisa feita pelo autor, falam muito mais sobre o presente do que sobre o passado e essa regra vale muito para a Julia Quinn.

A autora de “O duque e eu”, “O visconde que me amava” e  “Um perfeito cavalheiro” sabe como construir um texto engraçado, leve, com uma fluidez perfeita e um toque de sensualidade no ponto, sem ser pornográfica. Fica claro o quanto ela é fã de Jane Austen, domina bem o gênero romance histórico e é competente para crescer como autora dentro dele Me tornei fã confessa da Julia, de seus rapazes apaixonados, de suas heroínas cheias de personalidade e sensualidade e do luminoso século XIX inventado por ela.

De saída terminei de ler a trilogia "A Seleção" da Kiera Cass e comecei a ler a trilogia "Estilhaça-me" da Tareheh Mafi, nada mais atual que séries cujo final estão saindo do forno.


Eu tenho inúmeras criticas a história da Kiera Cass, ela negligenciou a distopia e tem um discurso politico extremamente e irritantemente conservador, através do qual parece reafirmar a necessidade de hierarquias sociais. Honestamente considero danosas histórias infanto juvenis carregadas de conservadorismo, esses texto tem, mesmo que não seja a intensão das autoras e autores, um caráter pedagógico para os leitores em formação. Mas, eu precisava ir até o fim com "A Seleção" pois me identifiquei com a protagonista dividida entre dois amores com a capacidade única de falar duas vezes antes de pensar.

Na idade da America passei por uma situação semelhante, a diferença é que eu tinha três pentelhos no meu pé. Pois é, eu também acho um absurdo ter sido uma adolescente de alto-estima tão fragilizada. Brinquei muito ao longo da leitura da série dizendo que, se fosse a America, chutava os Maxon e Aspen e ia lutar com aos rebeldes. É claro que ela não fez isso, algumas pessoas preferem mesmo casar aos 17 anos em vez de ir a universidade, arrumar uma profissão, viajar, escrever um blog, ter sua própria renda mensal.

Eu tenho fama de ser péssima conselheira sentimental, mas ainda assim me sinto tentada a deixar aqui três avisos para a America, e qualquer menina de 17 anos a beira de se comprometer pela vida toda com um homem:
Primeiro: O príncipe pode ser o tipo de pessoa que não lida bem com rejeição e capaz de uma crueldade impressionante;
Segundo: O carinha intoxicantemente bonito, pode se revelar uma pessoa assustadoramente sem senso de limites;
Terceiro: Aquele cara que te jurou amor eterno 5 vezes [eu contei] pode 10 anos depois oscilar entre te olhar com ódio mortal e fingir que não te conhece [ainda não acredito que ele não superou essa história, a namorada dele é muitoooo mais alta, magra e bonita que eu, só não tem tanto busto, não se pode ter tudo.].
Muito mais promissora foi a experiencia de ler "Estilhaça-me" da "Tareheh Mafi". A história desse livro se passa em um futuro no qual os recursos da Terra estão quase totalmente esgotados e há uma ditadura opressora reinando no mundo. Nesse contexto pós-apocalíptico emerge a figura de Juliet, uma moça cuja vida não foi nada fácil até o momento e começa a história presa em manicômio. Ela é aparentemente uma criatura perigosa superpoderosa, capaz de criar uma grande devastação salvar o mundo.

Tareheh Mafi, tem um senso critico penetrante, é envolvente, carismática, possui um lirismo capaz de me fazer vibrar a cada paragrafo. Em um primeiro encontro, simplesmente amei a Juliet, apesar dela ser meio maluquinha, não tenho palavras para o Adan, o seu par romântico nesse primeiro livro.

Ah, se com a America eu me identifiquei de primeira com a Juliet eu fui identificada. No meio da leitura do volume um comentei com uma das minhas estagiarias sobre o "fogo da muléstias dos cachorros" da protagonista, ela ficou curiosa e me pediu para ler o livro. Agora ela tem considerado ser a Juliet parecida comigo e ainda ler trechos do livro para comprovar. Ainda não decidi se essa comparação é boa ou ruim.

E essa foi a minha participação no "Desafio Calendário Literário", do blog "Aceita um leite".


domingo, 16 de março de 2014

O oceano no fim do caminho [Desafio Calendário Literário]

Eu estou aqui tentando lembrar em qual mares de literatura li pela primeira vez a frase: "O menino é pai do homem.". Estou tentando resistir a tenção de consultar ao google e força a memória... Mas Deus sabe que quando tudo está a um clique de distancia tudo é mais difícil. Acho que foi Machado de Assis, desconfio que foi em "Memórias Póstumas", quase tenho certeza que no capitulo ele fez desfilar diante de meus olhos absurdados os moldes terríveis da educação das crianças da elite imperial. Mas a certeza mesmo é, independente de quem [onde e com qual propósito] tenha cunhado a expressão, ela me parece ser muito verdadeira agora.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Ygritte [Citação 001]

Finalmente, depois de muito protelar, consegui concluir a leitura do livro "A tormenta das Espadas" terceiro volume da série "As crônicas do gelo e fogo". Antes tarde do que nunca néh?!?! Muitas pessoas gostaram, mas eu achei demasiado cansativo, acho que não sou uma leitora para livros de ação, sangue, morte, catástrofes, ruínas e várias histórias intercaladas. As vezes acho que o Martin está contando uma capítulo da história de Westeros, mas a minha empatia é com os personagens e não com o reino então fica difícil e para completar não acompanho a série de tv.

Mas, antes que isso vire uma resenha quero apenas registrar minhas passagem favorita do livro. Adotando, imitando descaradamente, a prática da Nádia do Palavras em Movimento, deixo a citação da fala da Ygritte, junto a Brienne de Tarth, ela se tornou minha personagem favorita.

Ilustrações feita por Elia Fernández, para conferir mais clicar aqui

Eu queria ter mais coisas das duas em mim para vê se melhorava certos aspectos da minha vida. Aiaiai... 
"Os deuses fizeram a terra para todos os homens partilharem. Mas aí os Reis chegaram com as suas coroas e espadas de aço e disseram que a terra era todas deles. "As árvores são minhas", disseram, "Não podem comer as maçãs". "O riacho é meu, não podem pescar aqui. A floresta é minha, não podem caçar. A minha terra, a minha água, o meu castelo, a minha filha, mantenham as mãos longe, senão eu as corto, mas se vocês se ajoelharem, deixo vocês cheirarem." Chamam-nos ladrões, mas ao menos um ladrão tem que ser corajoso, esperto e rápido. O tipo que ajoelha só tem que ajoelhar." (Ygritte_ Personagem do livro "A tormenta das espadas", George R. R. Martin, p. 424)

"... E se morremos, morremos. Todos os homens têm de morrer... Mas primeiro, vivemos." (Ygritte_ Personagem do livro "A tormenta das espadas", George R. R. Martin, p. 425)