Conheci Rupi Kaur através do livro "Outros jeitos de usar a boca" e fiquei encantada tanto com o estilo de poesia simples e claro que ela utiliza para se expressar quanto com os assuntos que ela escolhe abordar. A leitura de "O que o sol faz com as flores" foi minha segunda experiência com a autora e foi tão linda quanto a primeira, esse é o tipo de livro que me fez sofrer, pensar, amar, chorar e desejar recomeçar coisas das quais eu já tinha desistido.
O livro é dividido em cinco partes intituladas: "murchar", "cair", "enraizar", "crescer", "florescer". E nessas partes ela vai falando com sua poesia simples e de fácil compreensão sobre como nós mulheres vivemos determinadas experiências de dor, de amor, de desamparo, de voltar a vida, de nos desenvolvermos no mundo até o momento no qual nos sentimos maduras e plenas.
Viver é uma grande experiência onde tudo pode nos acontecer, nos ferir, nos restaurar. As vezes nos sentimos muito sozinhas em nossos processos, muitas vezes eu me sinto muito sozinha em meus processos e a poesia de Rupi Kaur mais uma vez veio me dizer que não estou tão sozinha assim, muitas mulheres no mundo passam pelo que passo e sobrevivem ao processo de murchar e cair e enraizar e crescer e chegar até o florescer.
"no último dia do amormeu coração quebrou dentro do corpo"
"ontemquando saí da camao sol caiu no chão e rolou pela gramaas flores decapitaram a si mesmasa única coisa viva que sobrou fui eue eu já não sei se isso é vida"- depressão é uma sombra que mora em mim
"muitas vezessentimos raiva dos outrospor não terem feitoo que deveríamos fazer por nós mesmos"- responsabilidade
A autora também aborda a vida dos emigrantes indianos nos Estados Unidos: as dificuldades enfrentadas pela primeira geração que saiu da Índia em busca de oportunidade, as portas abertas para a segunda geração, o desconcerto de uma identidade dividida entre dois mundos culturais, a relação com os pais permeada pelo orgulho e amor, elementos do ato de "enraizar" e "crescer".
A parte mais linda, mais doce e que mais me abraçou, confortou e me jogou para frente foi a ultima parte: "florescer".
"eu não voucomparar meu caminho ao caminho dos outros"- me recuso a fazer um desserviço à minha vida
"o ano acaba. espalho os último trezentos e sessentae cinco dias na minha frente no tapete da sala de casaeste aqui é o mês em que decidi largar tudo que nãoinfluenciasse profundamente os meus sonhos. o dia em queme recusei a ser a vítima. esta é a semana em que dormina grama. na primavera eu torci o pescoço da insegurança.deixei a sua gentileza de lado. derrubei o calendário. aquia semana em que dancei com tanta empolgação que meucoração aprendeu a flutuar de novo. o verão em que tireitodosos espelhos da parede. eu não precisava mais me ver para mesentir vista. tirei o peso do meu cabelo com o pente.dobro os dias bons e ponho todos no bolso de trás da calçasó por segurança. acendo um fósforo. queimo tudo que sejasupérfluo. o calor do fogo aquece meus dedos do pé. pegoum copo de água morna para me limpar inteira para janeiro.estou chegando. mais forte e mais inteligente rumo ao novo."
"não hámais nadaque você possa temero sol e suas flores chegaram."
tb li o da boca. tem um jeito lindo de escrever. gostei muito. esse não li. beijos, pedrita
ResponderExcluirEu ainda não li nada da autora. E olha que já ouvi e li "trocentos" comentários sobre o Outros jeitos de usar a boca. Mas eu quero ler, rsrs.
ResponderExcluirBeijo