sábado, 7 de dezembro de 2024

"Jogos Distorcidos: a Dama de Fogo" de Olívia Lautre


"Jogos Distorcidos: A Dama de Fogo" é mais um livro da série de Dark Romance "Sangue em Ascensão" escrita pela misteriosa Olívia Lautre onde acompanhamos a vida privada dos membros de oligarquia estadunidense que domina o Mercado Econômico no Ocidente com astúcia, violência, mentiras, verdades, sedução e sexo. Nesse volume nós vamos conhecer o Mito Fundador desta ordem social através da história de como se formou o Trisal Babilônico formado por George Young, Francis Kühn e Madeleine Kühn se encontrou, se apaixonou, casou seus corpos e seus interesses para assumir o controle do Tabuleiro do Poder.

Temos aqui uma história de Mito Fundador de um universo e para protagoniza-la temos ninguém menos que a Rainha, a Poderosa Dama de Fogo, Madeleine Kühn, para os íntimos Mad. Quando nos encontramos com elas nas primeiras páginas deste volume, nossa protagonista é uma jovem de 17, quase 18, psicopata, mentirosa, cheia de hormônios, com o corpo marcado por queimaduras, possuidora do total de ZERO memórias sobre o seu passado, morando em um convento, isolada do mundo.

De todos os personagens que a Olívia Lautre me apresentou, confesso que a Mad Kühn é a minha favorita. Uma adolescente cercada por mistérios, mentirosa, despudorada, psicopata e sem limites. Ela me lembrou Mary Katherine Blackwood de "Sempre Vivemos no Castelo" e a Rynn Jacobs de "A Menina do Fim da Rua", ou seja, é uma jovem solitária que possui seus desejos pessoais e é capaz de fazer tudo e qualquer coisa para garantir sua integridade, liberdade e necessidades.

No caso, a maior necessidade de Mad é satisfazer sua sexualidade, ela tem um libido gigantesco e dois objetos de desejo: seu irmão mais velho, Francis Kühn, e seu amigo de infância, George Young. Diferente Shirley Jackson e Laird Koenig, que não fecham diagnóstico para suas protagonistas, Olivia Lautre coloca com todas as letras a psicopatia da protagonista em evidência, estamos sendo apresentadas a uma pessoa que é capaz de violência, dissimulação, pose, farsa, mente por esporte e não sente remorso ou pudor de ir atrás de seus desejos profundos. 

Para quem gosta de uma boa vilã, a Mad é excelente! A princípio ela não é necessariamente má, presa no convento ela só busca por coisas que tiram ela da monotonia, uma vez libertada do convento devido a um evento familiar catastrófico ela vai em busca de diversão e satisfação sexual, a vilania pode surgir se a satisfação dela for ameaçada. Vilões monstruosos mesmo são o George e o Francis, os interesses românticos e sexuais dela, mas nada do que eles façam a intimida. 

Aliás, George e Francis roubam muito a cena durante o livro. George é o único herdeiro dos Young, ele perdeu toda a família no incêndio que queimou o corpo da Mad, está casado com uma mulher, mas vive um caso de longa data com o Francis. O Francis é o horror de sua família, rejeitado por ser bissexual, temido por ser um psicopata sem limites, inteligentíssimo, sedutor, perigoso, atroz. O relacionamento dos dois é regado por BDSM (Bondage, Disciplina, Sadismo, Masoquismo), tem uma química incrível e enquanto se espancam, se mordem, se conversam, se odeiam, se machucam, se devoram e seduzem a Mad e as leitoras.

A química dos rapazes é tão grande que por um momento nós podemos pensar que a Mad está sobrando na história, mas é só uma ilusão de ótica. Todos tentam manipular a Dama de Fogo, muitos acham que estão conseguindo, até mesmo a pessoa leitora pode se sentir tentada a vê a protagonista como uma pessoa manipulável, perdida na busca do prazer sexual. Nossa! Quanto engano! A Madeleine é terrível!

Ler "Jogos Distorcidos", além de descobrir as bases estruturais do universo dos "Sangue em Ascensão", é também ver como uma garota má se torna uma mulher fatal. E que mulher fatal é essa?!?! Na ficção a Madeleine Kühn é uma das poucas comparáveis a terrível Milady apresentada por Alexandre Dumas Pai em "Os Três Mosqueteiros" e a astuta Marquesa de Merteuil de "As Relações Perigosas". Ela é uma pessoa em busca da satisfação de seus próprios desejos, não joga o jogo de ninguém a não ser o próprio, mente por esporte, não conhece o significado da palavra culpa, não sabe nem do que se trata a expressão "peso na consciência".

"Só tinha uma missão: enganar a todos. A verdade é que eu mentiria mesmo que ninguém tivesse me pedido, e se não houvesse morte, era bem capaz de eu mesma causar alguma só pela série de eventos que participamos. Como ele pode querer honestidade de minha alma?
É como pedir para um pássaro não voar.
É claro que eu mentiria. Mentirei sempre que me perguntarem a verdade."
Em um jogo onde todos estão dispostos a tudo pelo poder, a Rainha não poderia ser uma tonta manipulável, isso é uma obviedade, mas a forma como a Madeleine se finge de besta até chegar ao momento no qual ela percebe a necessidade de se revelar é impagável. A forma como ela parece está sendo levada por um e outro, mas é levada apenas por seus interesses pessoais é sensacional. Mentirosa, psicopata, malvada, vilã, Deus me livre de encontrar alguém assim na vida, mas na literatura... Aaaaahhh!!!!


No mais, "Jogos Distorcidos: a Dama de Fogo" é um romance sobre como um trio de vilões vence uma batalha por poder. Nenhum dos personagens é bonzinho, todos são ruins, não sei se detesto mais o Francis ou o George. Apesar de ser um livro muito humorado com uma protagonista perversamente divertida é também cheio de cenas de sexo explicito, violência, situações degradantes (apesar de consensuais), relações incestuosas e por ai vai, afinal trata-se de um Dark Romance com Taboo! A gente ler por nossa conta e risco, a autora até avisa das situações de insalubridade, mas quem aguenta segurar a curiosidade?




4 comentários:

  1. Até o momento,Jogos Distorcidos foi o livro mais divertido da Olívia para mim. A Mad realmente parece apenas trazer alívio cômico, porém quando menos se espera,o teu tapete foi puxado e você nem viu por onde. Esse livro tem uma cena que me agoniou tanto, tanto! O relacionamento de George com a primeira esposa,e a forma como findou...sem palavras

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  2. não conhecia. eu adorei três mosqueteiros. li exatamente dessa edição que comprei em um sebo por R$ 2,00. Eles estavam precisando liberar o acervo, e venderam bem baratinho vários dessa coleção. saí carregada de lá. tem muitos anos. beijos, pedrita

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  3. Não conhecia esse livro ,mas parece , pelo que li aqui, bem legal! Ótima semana, de volta, beijos, chica

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  4. Mais uma dica ótima e que eu nao conhecia, Pandora. Bjsssss

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