Temos aqui uma história de Mito Fundador de um universo e para protagoniza-la temos ninguém menos que a Rainha, a Poderosa Dama de Fogo, Madeleine Kühn, para os íntimos Mad. Quando nos encontramos com elas nas primeiras páginas deste volume, nossa protagonista é uma jovem de 17, quase 18, psicopata, mentirosa, cheia de hormônios, com o corpo marcado por queimaduras, possuidora do total de ZERO memórias sobre o seu passado, morando em um convento, isolada do mundo.
De todos os personagens que a Olívia Lautre me apresentou, confesso que a Mad Kühn é a minha favorita. Uma adolescente cercada por mistérios, mentirosa, despudorada, psicopata e sem limites. Ela me lembrou Mary Katherine Blackwood de "Sempre Vivemos no Castelo" e a Rynn Jacobs de "A Menina do Fim da Rua", ou seja, é uma jovem solitária que possui seus desejos pessoais e é capaz de fazer tudo e qualquer coisa para garantir sua integridade, liberdade e necessidades.
No caso, a maior necessidade de Mad é satisfazer sua sexualidade, ela tem um libido gigantesco e dois objetos de desejo: seu irmão mais velho, Francis Kühn, e seu amigo de infância, George Young. Diferente Shirley Jackson e Laird Koenig, que não fecham diagnóstico para suas protagonistas, Olivia Lautre coloca com todas as letras a psicopatia da protagonista em evidência, estamos sendo apresentadas a uma pessoa que é capaz de violência, dissimulação, pose, farsa, mente por esporte e não sente remorso ou pudor de ir atrás de seus desejos profundos.
Para quem gosta de uma boa vilã, a Mad é excelente! A princípio ela não é necessariamente má, presa no convento ela só busca por coisas que tiram ela da monotonia, uma vez libertada do convento devido a um evento familiar catastrófico ela vai em busca de diversão e satisfação sexual, a vilania pode surgir se a satisfação dela for ameaçada. Vilões monstruosos mesmo são o George e o Francis, os interesses românticos e sexuais dela, mas nada do que eles façam a intimida.
Aliás, George e Francis roubam muito a cena durante o livro. George é o único herdeiro dos Young, ele perdeu toda a família no incêndio que queimou o corpo da Mad, está casado com uma mulher, mas vive um caso de longa data com o Francis. O Francis é o horror de sua família, rejeitado por ser bissexual, temido por ser um psicopata sem limites, inteligentíssimo, sedutor, perigoso, atroz. O relacionamento dos dois é regado por BDSM (Bondage, Disciplina, Sadismo, Masoquismo), tem uma química incrível e enquanto se espancam, se mordem, se conversam, se odeiam, se machucam, se devoram e seduzem a Mad e as leitoras.
A química dos rapazes é tão grande que por um momento nós podemos pensar que a Mad está sobrando na história, mas é só uma ilusão de ótica. Todos tentam manipular a Dama de Fogo, muitos acham que estão conseguindo, até mesmo a pessoa leitora pode se sentir tentada a vê a protagonista como uma pessoa manipulável, perdida na busca do prazer sexual. Nossa! Quanto engano! A Madeleine é terrível!
Ler "Jogos Distorcidos", além de descobrir as bases estruturais do universo dos "Sangue em Ascensão", é também ver como uma garota má se torna uma mulher fatal. E que mulher fatal é essa?!?! Na ficção a Madeleine Kühn é uma das poucas comparáveis a terrível Milady apresentada por Alexandre Dumas Pai em "Os Três Mosqueteiros" e a astuta Marquesa de Merteuil de "As Relações Perigosas". Ela é uma pessoa em busca da satisfação de seus próprios desejos, não joga o jogo de ninguém a não ser o próprio, mente por esporte, não conhece o significado da palavra culpa, não sabe nem do que se trata a expressão "peso na consciência".
"Só tinha uma missão: enganar a todos. A verdade é que eu mentiria mesmo que ninguém tivesse me pedido, e se não houvesse morte, era bem capaz de eu mesma causar alguma só pela série de eventos que participamos. Como ele pode querer honestidade de minha alma?É como pedir para um pássaro não voar.É claro que eu mentiria. Mentirei sempre que me perguntarem a verdade."
Até o momento,Jogos Distorcidos foi o livro mais divertido da Olívia para mim. A Mad realmente parece apenas trazer alívio cômico, porém quando menos se espera,o teu tapete foi puxado e você nem viu por onde. Esse livro tem uma cena que me agoniou tanto, tanto! O relacionamento de George com a primeira esposa,e a forma como findou...sem palavras
ResponderExcluirnão conhecia. eu adorei três mosqueteiros. li exatamente dessa edição que comprei em um sebo por R$ 2,00. Eles estavam precisando liberar o acervo, e venderam bem baratinho vários dessa coleção. saí carregada de lá. tem muitos anos. beijos, pedrita
ResponderExcluirNão conhecia esse livro ,mas parece , pelo que li aqui, bem legal! Ótima semana, de volta, beijos, chica
ResponderExcluirMais uma dica ótima e que eu nao conhecia, Pandora. Bjsssss
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