quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

"Melisande" de Edith Nesbit

Gosto muito de contos de fadas, fábulas, mitologia e de navegar por universos fantásticos onde o milagre é esperado e abraçados com fervor. Durante a infância fui uma leitora voraz de Contos Fantásticos começando pelo livro de Gênesis, passando pelos dos Grimm, Andersen e Perrault até o Mundo das Mil e Uma Noites. Durante a vida adulta esse gosto permaneceu e sempre me vejo buscando novos autores e autoras que exploraram universos encantados e maravilhosos em suas narrativas e elaborações, foi nessas explorações que encontrei a história de "Melisande" contada pela Edith Nesbit.

Edith Nesbit foi uma autora vitoriana de livros infantis e de fantasia. Ela é considerada a primeira escritora moderna de livros infanto-juvenis e a criadora do gênero de aventura dentro das histórias voltadas para o público jovem. A narrativa dela é muito ágil, rápida, humorada, cheia de reviravoltas e coisas inesperadas acontecendo o tempo todo. Mesmo navegando por uma estrutura já tão conhecida como a do Conto de Fadas, numa primeira leitura ela me surpreendeu bastante e numa segunda leitura ela me rir e sorrir O TEMPO TODO. Simplesmente MARAVILHOSA.

No conto Melisande encontrei a história de uma princesa cujo pai é ninguém menos que o Rei neto da Bela Adormecida e, traumatizado por questões de batismo, decide não fazer festança de batizado, ele mesmo e a Rainha batizam a criança sem pompa ou circunstância.
"-... Não vamos arrumar sarna para nos coçar. Serei o padrinho dela, você será a madrinha e não convidaremos fada nenhuma; assim, nenhuma delas ficará ofendida.
- A não ser que todas fiquem - argumentou a Rainha."

Conforme a Rainha falou, aconteceu, em vez de uma fada chateada, ficaram todas, mas só uma lançou uma maldição na pobre bebezinha: a Malévola, ela mesma amaldiçoa a bebezinha dizendo: "A Princesa será careca!", as outras fadas acabam,  graças a um estratagema do Rei não fazendo nada a não ser ficarem chateadas. A história vai começar a ganhar ares aventurescos quando a princesa, influenciada por sua mãe, obtém um desejo e através dele pede "um metro de cabelo loiro, que ele cresça dois centímetros por dia, cresça duas vezes mais rápido toda vez que for cortado e...". E é claro que esse cabelo em crescimento constante torna-se um problemão para ser resolvido.

Melisande é um amor de personagem, a forma como as voltas e reviravoltas da história acontecem é uma delícia. Seu cabelo cresce é cortado, cresce mais... vem gente e vai gente tentando solucionar o problema, aparece Príncipe Encantado, soluções brilhantes parecem dá certo, depois dão errado... o final feliz é conquistado com esforço, sem grandes dramas existenciais, com ternura, fofura e clareza em relação as questões de consentimento. Aqui é preciso que o príncipe converse com a princesa e obtenha um SIM antes de qualquer beijo.

"- Meu pai prometeu que sim - respondeu Melisande brincando com as rosas brancas que tinha nas mãos.
- Cara princesa, a promessa de seu pai não é nada para mim. O quero é a sua. Você promete?
- Sim - disse ela, e deu a ele a segunda rosa.
- Quero sua mão.
- Sim - repetiu ela.
- E, com ela, seu coração.
- Sim - disse a Princesa, e deu a ele a terceira rosa.
- E um beijo para selar a promessa.
- Sim - disse ela.
- E um beijo para trazer o coração.
- Sim - respondeu a Princesa, e deu a ele os três beijos."
A Edith era mãe de filhos e filhas, fica claro que ela escrevia em primeiro lugar para eles elas. A autora viveu a vida toda nos arredores de Londres e as paisagens dessa região fazem parte de sua narrativa de uma forma ou outra. Depois de terminar a leitura do conto, descobri que ela chegou a escrever mais de 60 livros dedicados a infância e meu colecionismo feroz já me fez inclui-la na lista das autoras a colecionar pelo resto da vida, sem pressa, com amor e carinho.


O conto "Melisande" é o vol. 26 das publicações da "Sociedade das Relíquias Literárias" criada em 2020 com o objetivo de resgatar textos clássicos, raros ou esquecidos do passado próximo ou distante. Todos os meses, a Sociedade resgata e edita um conto longo/noveleta para seus membros que apoiam o projeto através do Catarse: https://www.catarse.me/sociedadeliteraria.

De acordo com informações contidas na página da Sociedade no Catarse, os assinantes da SRL têm direito a um conto digital todos os meses, uma ilustração exclusiva para cada história publicada, uma ficção longa completa a cada seis meses em versão digital, descontos exclusivos para aquisição das edições físicas e participação na Comunidade da SRL no Telegram. O valor da assinatura é único: R$ 8,00 mensais.

Adquirir o conto "Melisande" da Edith Nesbit através da Amazon, onde ele está disponível gratuitamente, deixei o link na imagem, é só clicar nela.

4 comentários:

  1. Oi Jacilene! Sua publicação me fez parar para refletir e eu simplesmente parei de ler contos de fada na infância! Acredito que boa parte dos clássicos eu nem li, e recentemente me peguei curiosa para ler Mil e uma noites. Talvez eu comece mais uma saga literária a qualquer momento xD Não conhecia a Sociedade das Relíquias Literária, vou dar uma olhada no projeto.

    Garota do 330

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    1. Eu amooooo o universo das "Mil e Uma Noites", tenho vários livros que giram em torno dessas histórias. Eu super te apoio no exercício de ir atrás de sanar essa curiosidade.

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  2. eu adoro universo fantástico mas li muito pouco. amei q vc colocou a foto da autora. fiquei com vontade de ler. apesar de amar o gênero eu vejo mais filmes. lígia fagundes telles tem um de realismo fantástico, é o antes do baile verde. é maravilhoso. beijos, pedrita

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    1. Sabe que tenho uma edição da Cia das Letras de "Antes do Baile Verde"?!?! Vou colocar ele na lista das minhas leituras de 2025!

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