terça-feira, 15 de julho de 2014

Sou voadora mesmo [Citação 007]


"Reconheço que não gosto da realidade, que jamais gostei. Acatei como pude quando já não havia mais jeito de esquivar-me de suas leis, mas o texto dessas leis - que além do mais, são tantos - não entra na minha cabeça. Mal o retenho com um alinhavo precário, e de uma hora para outra o esqueço. Vou de sobressalto, desfazendo os nós confusos que atrapalham a tarefa, e sempre fico em dúvida se os desfiz direito." (Carmen Martin Gaite, Nebulosidade Variável, p. 105)
Fonte da Imagem:
Supercalifragilisticexpialidocious, Pockets Comix #142

sábado, 12 de julho de 2014

A Lua compreende o significado de ser humano [Citação 006]


"A Lua é uma companheira correta. Ela nunca se vai. Ela sempre está lá, observando, constante, reconhecendo-nos em nossos momentos de luz e escuridão, em constante transformação, assim como todos nós. Todos os dias uma versão diferente dela mesma. Às vezes fraca e livida, noutras forte e cheia de luz. A Lua compreende o significado de ser humano." [Tahereh Mafi_Estilhaça-me]
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Hoje sai um pouco mais cedo do trabalho, ainda era dia, ou melhor entardecia em Recife. Eu não resistir e cliquei. Meu celular não é dos melhores, mesmo que fosse a câmera não consegue nunca captar a perfeição dos momentos, mas fica uma lembrança do instante de encantamento.


Posteriormente, enquanto fazia o trajeto da Zona Norte do Recife para o Bairro do Recife me senti novamente impelida a produzir mais uma lembrança do brilho da Lua na noite de hoje... e uma vez em casa como não roubar as palavras da Tahereh Mafi?!?!

Essa lua perfeitamente redonda, brilhante, tomando conta do céu de uma cidade litorânea convida ao romance, ao delírio, qualquer coisa de fora do comum... Bem, na falta desses temperos todos, confesso que me conformei com sorvete e livros, quem não tem cão caça com gato néh?!?!?

domingo, 6 de julho de 2014

Sugestões - TAG

A Mari B. do "Devaneios e Desvarios" me indicou a tag "Sugestões" e eu resolvi embarcar na brincadeira. Ela consiste em realizar algumas missões, a saber:
1. Mostrar qual o blog que te indicou.
2. Sugerir um filme, uma comida, uma música, uma série e um livro.
3. Sugerir duas outras coisas do item 2.
4. Indicar 10 blogs para essa tag.
Preciso dizer que não sou muito de sugerir coisas as pessoas, afinal meus gostos são "bizarramente contraditórios", mas vou fazer o meu melhor.

FILME: "Crash"


Em Crash são retratados os dramas do cotidiano paranoico das grandes cidades do mundo. Eu me reconheço nos conflitos e pesares dos personagens desse filme. Na vida real, não existe heróis e vilões, todos são humanos e isso é violento, brutal, lirico, dramático, desalentador... Quando eu estou no meu limite escuto minha mãe dizendo: "Jaci, todo mundo tem uma história!",  "Crash", para mim, é como uma mãe gritando para o mundo: "Acordem, todos vocês possuem uma história!" e repentinamente me ocorre que talvez nós poderíamos, se quiséssemos, para de viver certos ciclos, deixar de acordar para o mesmo dia para o qual tínhamos dormido.

COMIDA: Banana Frita


A melhor coisa para se comer de manhã ou a noite, para mim, é um belo prato com três bananas fritas na manteiga com açúcar por cima e devidamente acompanhadas de uma xícara de café fumegante! É simples, é gostoso, é delicioso, é a minha cara.


MÚSICA: "20 anos blues"

Para explicar porque indico essa música uso as palavras da própria Elis no programa Ensaio da TV Cultura de 1973: "Essa música é da Sueli Costa, a letra é do Vitor Martins. Eu gosto dessa música porque tem muito haver comigo as coisas da letra, eu também tenho mais de vinte muros, também tenho mais de vinte anos, aliás quase trinta. É aquilo ali, aquilo ali é muito parecido comigo."



SÉRIE: Todas as inspiradas na obra de Jane Austen!


São românticas, sem serem muito melosas, bem ambientadas no século XIX, possuem personagens femininas marcantes, são lindas, possuem uma trilha sonora cativante e eu posso, para desespero da minha família, rever qualquer uma delas mais 10, 20, 30 vezes.

LIVRO: "Jantar no restaurante da saudade" de Anne Tyler


Essa foi a sugestão mais difícil, são tantos livros, escolher um parece uma missão impossível. Especialmente um sobre o qual eu ainda não tenha comentado por aqui. Li "Jantar no restaurante da saudade" pela primeira vez em 2005, é um susto constatar que faz quase dez anos, parece ter sido ontem. Ao falar sobre seus personagens e escolhas Anne Tyler tem a incrível capacidade de me fazer pensar sobre minha vida e a de meus semelhantes. Ela me leva a olhar para o outro e me reconhecer nele. Ninguém é herói ou vilão, todos somos apenas frágeis seres humanos, o que não nos impede de cometer incríveis enganos ou sermos vitimas de terríveis crueldades.
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3. Sugerir duas outras coisas do item 2: Minhas sugestões são: "Um lugar" e "Uma imagem marcante".
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4. Indicar 10 blogs para essa tag: Quem achar interessante pegar sinta-se a vontade. E caso alguém resolva responder a tag me avisa para que eu possa linkar aqui e ir lá conferir.

terça-feira, 1 de julho de 2014

Choque de realidade: sobre ser professor/professora.

Pessoas que escolhem a profissão docente de certa forma são como "os escravos cardíacos das estrelas" do poema "Tabacaria" de Fernando Pessoa:
"Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido."
Hoje meu semestre acabou, deixei as cadernetas preenchidas na escola, esvaziei meu arremedo de armário, peguei os itens mais queridos desse primeiro semestre de 2014.


Segui para minha rotina na educação infantil, cheguei em casa no inicio da noite, terminei de assistir o jogo "Bélgica X Estados Unidos" com meu pai e finalmente abrir o computador.... Foi quando fui esbofeteada por um choque de realidade em forma de matéria. Descobrir que um professor de história foi confundido com um ladrão, foi espancado, escapou de ser assassinado e ainda está respondendo a processo.

Cá está o link da matéria para quem quiser entender melhor a situação: "Professor ‘dá uma aula’ de Revolução Francesa para não ser linchado".

Uma vez eu disse a Suelem, minha estagiaria da educação infantil, em meio a uma crise de frustração docente, que pessoas capazes de escolher essa profissão mereciam levar uma pisa. Como ela não é de meias palavras, respondeu na lata:
"Mas vocês levam! Você leva uma surra todo dia Jaci!".
Ela chamou isso de "choque de realidade".

Nunca pensei que daria tanta razão a ela. Me sinto surrada agora, usando as palavras de meu irmão:
"Todos são inocentes ate que se prove o contrário. Mas isso só vale se você tiver muita grana ou for político corrupto. Pobre, preto, prostituta, professor e homossexual são culpados até que se prove a inocência, isso depois de muita humilhação." (José Rafael Jr.)

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Top 10 Livros do Primeiro Semestre de 2014

Nos seis primeiros meses de 2014 consegui o feito de ter lido o dobro da quantidade de livros de 2013. Então, imitando descaradamente o Luciano do .Livro, resolvi fazer uma lista dos meu "Top 10 dos Livros Mais Marcantes Livros de 2014.1". Esse vai ser um post longo.


"Nebulosidade Variável" de Carmem Martin Gaite - 372 páginas - Companhia das Letras

Esse livro é daqueles inesquecíveis, ele me fez companhia ao longo dos dois últimos anos. Nele Carmem Martin Gaite nos apresenta um romance epistolar no qual se conta a história de duas amigas de infância (Sofia e Mariana) cuja vida separou durante anos e tratou de unir novamente. Através da escrita de suas cartas Sofia e Mariana repensam suas vidas e encontram coragem para tomar novos rumos, ajeitar a vida e nos convidam a fazer o mesmo. Uma hora eu me identificava com Sofia em outra com Mariana e atualmente está difícil devolver o livro a Vaneza. Quando fui fazer a imagem para colocar no post juntei tudo o que o livro representa para mim, coisas do presente, do passado distante ou recente e projetos para o futuro, lembranças doces e amargas, sonhos realizados, não realizados e por realizar. Vou levar essa história comigo para sempre.


"A menina do fim da rua" de Laird Koenig - 193 páginas - Círculo do Livro

Esse com certeza é um dos livros mais sintéticos, limpos, bem escrito e coeso que já li. Incrível como Laird Koenig consegue escrever sem deixar nem mesmo um pronome sobrar. Denso sem ser pesado, nele se conta a história de Rynn, uma menina de 13 anos, leitora voraz, independente, auto-suficiente e cheia de mistérios. Junto com o garoto Mario, um magico, vamos descobrir o que ocorre no primeiro ano do resto da vida dela.








"Sushi" de Marian Keyes - 574 páginas - Bertrand Brasil.

Como o gênero "chick it" convida a supor, esse é um livo leve. A Marian Keyes é despretensiosa em sua escrita, divertida, prolixa até não mais poder. Mas, brincando e nos fazendo ri, ela acaba discutindo vários dilemas práticos femininos do século XXI, ela faz algo muito parecido com o que Jane Austen fez no inicio do século XIX. Devia ser legalmente proibidos aos homens lerem Marian Keyes. Me identifiquei até não mais poder com a Ashling e estou louca para reler "Sushi". Mi, obrigada obrigada obrigada, três vezes, porque 3 é um número magico para mim, por trazer a Marian para a minha vida.






"O Oceano no Fim do Caminho" de Neil Gaiman - 208 páginas - Intrínseca

Há quem diga que esse livro é uma fábula, o Rafael Castro garante ser ele um conto de terror, alguém pode dizer que é uma história fantástica, mas eu digo: o livro é um fio, uma ponte. Ao contar a história de como um garoto viveu uma experiencia fantástica conhecendo os limites da vida e da morte Gaiman teceu um fio através do qual qualquer pessoa de boa vontade pode ser levado até as suas memórias de infância. Não foi sem choque que percebi o quanto me identifico com o garoto da história.

Mais sobre esse livro em: Sobre "O oceano no fim do caminho" [Desafio Calendário Literário"]



"Ex-Libris" de Anne Fadiman - 162 páginas - Jorge Zahar 


Se você viveu aventuras com os livros, ama os livros, tem histórias sobre livros a contar, se permita conhecer as histórias da Anne Fadiman, você vai ri muito, arregalar os olhos, se enternecer bastante. E, se for uma leitora voraz do tipo romântica, vai sentir uma inveja danada da mulher, afinal ela conseguiu alguém disposto a juntar seus livros aos dela para compor uma biblioteca fantástica. Se você já encontrou alguém para juntar os livros dele aos seus então você vai sentir uma grande empatia com ela... #IndicoDemais

"Turma da Mônica: Laços" de Vitor Cafaggi, Lu Cafaggi - 84 páginas - Panini.

Esse foi um dos mais lindos Grafic Novel que já li. Impressionante como os irmãos Vitor e Lu Cafaggi conseguiram capitar a essência da "Turma da Mônica" e escrever uma história cheia de ternura, carinho, lirismo e bons sentimentos. Em "Laços" eles contam a história de como o cachorro do Cebolinha some de casa e toda a turma se junta para ir atrás dele. Na história está em destaque as principais características de cada personagem da turma, a saber: a capacidade criativa do Cebolinha para criar personagens e planos infalíveis, o temperamento explosivo da Mônica, o jeito tranquilo e precavido (especialmente em relação a comida) da Magali e a forma como o Cascão consegue reaproveita/reciclar qualquer coisa. É um orgulho ver um trabalho assim escrito em língua portuguesa.

Mais sobre esse livro em: " Resenha 082 - Turma da Mônica: Laços"

"Os Pequenos Perpétuos" de Jill Thompson - 52 páginas - Brain Store.

Esse livro foi presente do Rafael, uma memória material de nosso encontro. Nele Jill Thompson resgada os personagens clássicos do quadrinho "The Sandman" de Neil Gaiman e constrói uma história super fofa na qual a protagonista é a Delírio, a mais nova dos irmãos Perpétuos, e o seu cachorro Barnabas. Pense em um texto delicioso e encantador. Pensou? Pois é, esse é o que a Jill escreveu aqui. Indico muito, a crianças de todas as idades.

Ah, em tempo, "Os Perpétuos" são Destino, Morte, Sonho, Destruição, Desejo, Desespero e Delírio, eles sintetizam os principais aspectos da vida, existem desde a aurora dos tempos e moldam a realidade em todos os mundos.



"Sailor Moon #1" de Naoko Takeuchi - 240 páginas - JBC.

Quando finalmente abri e li o tão aguardado volume 1 da "Sailor Moon", mal consegui conter a emoção, faltou pouco para chorar. Foi um tipo de presente da mulher que sou a menina que fui. Bastou ver o Tuxedo Mask e a Usagi para sentir uma onda de amor e ternura invadindo meus olhos, coração e alma. Foi como voltar no tempo e ser novamente uma garota. Eu amava o Tuxedo, Endymion, Mamoru, Endymion... E sei lá o nome dele, só sei que olhando assim acho que ainda amo.

Tem coisas da infância que nos acompanham para sempre! Que bom!



"Jogos Vorazes" de Suzanne Collins - 397 páginas - Rocco - Jovens Leitores.


"Jogos Vorazes" é classificado como infanto-juvenil e certamente a Suzanne Collins construiu um texto com linguagem simples e definitivamente seus personagens são adolescentes. Porém a forma como ela abordou questões de sobrevivência, relações humanas e a influencia da mídia na sociedade do espetáculo na qual vivemos cruzando tudo com uma trama de ficção cientifica elevou o seu texto a qualquer coisa que exige comprometimento e atenção levando o leitor a um grande nível de envolvimento afetivo. Sua leitura me deixou com uma ressaca literária monstro e eu digo sem medo de ser feliz esse é um livro épico da introdução a conclusão!


"Quando Tudo Volta" John Corey Whaley - 224 páginas - Novo Conceito.

John Corey é um autor de escrita fácil, fluida, ele escreve como se estivesse conversando com você. Nesse livro ele conta a história de algumas pessoas que viveram um verão muito estranho na cidade de Little no interior do Estados Unidos. Litter é o tipo de lugar tranquilo do qual os pós-adolescentes anseiam fugir, para qual os jovens costumam voltar e os velhos se conformam em se deixar ficar. Mas em um verão desses se levanta a hipótese de que um animal extinto reapareceu na cidade e tudo muda por lá. Uma agitação percorre o ar. Mas, o que movimenta a trama da vida cotidiana de Cullen Witter, o protagonista dessa história, seu melhor amigo Lucas e sua família não é o aparecimento desse animal e sim o sumiço de seu irmão caçula.

"Quando tudo volta" é uma leitura que convida a desacelerar, a pensar. a ponderar.... Os seus personagens são tão humanos em seus limites, virtudes e fraquezas que nos cativam. Foi fácil me senti a amiga de Cullen, Lucas, Mena e até da Ada. Deixá-los após a 220ª página entregues a continuidade de suas vidas chegou a ser doloroso, esse é o tipo de livro cujos personagens permanecem comigo muito tempo depois do fim da leitura, talvez até para sempre.

Mais sobre esse livro em: "Resenha do livro " Quando Tudo Volta " de John Corey Whaley"

Bem, essa foi minha lista, nem acredito que já se foi o primeiro semestre de 2014, como disse Cazuza, "o tempo não para" e você que passa por aqui, qual foram os melhores livros lidos esse ano? 

sábado, 21 de junho de 2014

Incertezas, pular em abismos, cair para cima ou da criação das asas...

Disponível Aqui

Várias vezes eu tenho dificuldade em olhar em volta ou deixar o botão realidade ligado por muito tempo. Mesmo hoje, mais de vinte oito anos após minha forçada chegada aqui, ainda me sinto deslocada, inconveniente, equivocada, perdida, dividida entre a suave impressão de ser insuficiente para as tarefas a mim atribuídas e a sensação de ainda não saber bem o que raios devo fazer aqui.

Um dia, em meio a um rito de passagem qualquer para a vida adulta me bateu na rosto um impacto de certeza que desceu ao coração. Mas essa certeza fugiu do meu coração, correu de mim. Eu tentei segui-la. Ela foi mais rápida, saiu enveredando por uma curva e depois outra e mais outra... Nunca fui famosa por meu senso de direção e no labirinto das ruas superpopulosas e intransitáveis das ideias perdi a frágil certeza.

Restou a dúvida.

Quando a única certeza que te sobra é a dúvida viver é algo como pular no abismo...

E de repente, não mais que de repente me veio a memória uma história que li na infância. A história contava de uma aldeia cujas mediações eram próximas a um abismo gigantesco do qual soprava em noites de inverno ventos poderosos. Uma das lendas da aldeia dizia que quem tivesse coragem de se jogar no abismo seria erguido de volta pelo vento.

Será que no abismo da dúvidas há vento?

Ou será que há apenas tempestades?

Em Recife os ventos são fortes o suficiente para inclinar os coqueiros, esvoaçar saias, embaraçar os cabelos e colocar pensamentos sensuais em cabeças desapercebidas do tempo... Desconfio que ele é insuficiente para impedir qualquer queda...

No entanto...
... como resistir a tentação do pulo?

E como é de costume já estou devaneando, sonhando acordada...
Já passa da meia-noite e estou lembrando de versos...

"Um pouco mais de sonho para aquecer a alma, 
Para alegrar os abismos do espírito.
Para dar à meia-noite as cores de uma tarde quente,
Enquanto não cessa  o cortante hálito gelado do inverno."

E em meio aos sonhos me ocorre que talvez pulando no abismo das dúvidas meu corpo finalmente pode "optar por cair pra cima"... Sempre se pode flutuar ou criar asas e improvavelmente no "por entre as nuvens" encontrar qualquer coisa de memorável "sentada no teto do mundo".

Talvez Ray Bradbury esteja certo ao aconselhar:

"Vá até a beira do abismo e pule.
Construa suas asas na descida."

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P.S.: Obrigada a @Sybylla_ do Momentum Saga por ter cedido a imagem. Mas de boas citações podem ser encontradas na fan page do Momentum: https://www.facebook.com/Momentum.Saga

Obrigada também ao Sahge (Luiz Carlos) por ter cedido os versos de "Dente de Leão no Vento" que foram utilizados no texto. Mais dos textos dele no => "Psicodellias"

domingo, 15 de junho de 2014

Minha estranheza, as tatuagens não feitas e a difícil tarefa de conciliar aparência e essência.

Eu sou uma pessoa estranha, isso é fato conhecido por todos e eu não me envergonho de minha estranheza. Na universidade os meus colegas me chamavam carinhosamente "Esquisitinha!", mas recentemente uma amiga me deu o titulo de "bizarramente contraditória" e foi um elogio. Realmente eu faço metáforas malucas, escrevo e falo duas vezes antes de pensar. Fico mal humorada na segunda-feira. Detesto todas as coisas que predestinam as pessoas, as fazem de bobas e as tornam pouco menos que humanas. Sou cristã, feminista e geminiana. Mudo de ideia vez em sempre, há consenso entre meus amigos de que não sei brincar. E claro que tudo isso é culpa de Sagitário, afinal ele é que faz bagunça no meu mapa astral.

Eu cheguei a um ponto de estranheza gritante a ponto de uma de pessoa me dizer que não pareço com a pessoa que sou. Ou melhor, que a minha aparência estética não releva a pessoa que sou. Eu, honestamente, fiquei me perguntando com constância constante como as pessoas acham que eu deveriam parecer. Recentemente cheguei a uma resposta aproximada quando meu irmão falando sobre uma amiga dele disse que ela, com seu lindo cabelo verde vibrando e tatus mais lindas, ainda fazia tudo que eu queria fazer e não tinha coragem. Nunca pensei que meu irmão achasse que a ausência das tatuagens e a manutenção da cor original do meu cabelo fosse resultado de uma covardia. Talvez não seja.

Na verdade eu gosto da cor do meu cabelo com excesso de comprimento e amo o quanto é fácil cuidar dele, se eu aplicasse tintura nele não poderia me dar ao luxo de passar meses lavando apenas com sabão amarelo sem comprometer seu brilho e sedosidade. Antes de aplicar azul de metileno no cabelo preciso me comprometer espiritualmente com hidratações regulares e uma rotina de cuidados com as quais não estou habituada e não sei se quero está a curto e médio prazo. Em síntese, meu cabelo não é azul eu sou preguiçosa.

Já as tatuagens, aprendi com a Bíblia que algumas coisas, verdades ou desejos profundos devem ser escritos dentro de nós. No livro dos Provérbios está escrito: "Que o amor e a fidelidade jamais o abandonem; prenda-os ao redor do seu pescoço, escreva-os na tábua do seu coração." (Provérbios 3:3). Tenho a impressão que em minha alma há mais coisas escritas que no interior das Piramides de Gize, algumas tão difíceis de decifrar quanto os hieróglifos e eu gosto disso. Em síntese, gosto de ter minhas minhas palavras dentro de mim e não fora.

De certa forma essa imagem de crente acentua mais a minha estranheza e eu tenho um enorme fraco por ela, estou habituada a ela, e de quebra me da o beneficio da duvida. Com esse jeito de irmãzinha tanto passo despercebida quanto posso observar as pessoas que me interessam e escolher se vou me aproximar ou não delas. Claro, também aprecio a ironia, é divertido demais deixar as pessoas tontas com minhas contração bizarra.

Mas, apesar da ironia, da comodidade e de gostar dessa aparência, não por acaso, só pensar em como preguiçosamente mantenho essa imagem de irmãzinha me vem à memória a Tita me dizendo o quanto é boa ideia de deixar de vestir essa roupa confortável, essa farda, e assumir a imagem do que sou, conciliar a aparência com minha essência.

Só de pensar nisso, um velho soneto de Fernando Pessoa que escrevi há mais de uma década na minha alma começa a queimar como se tivesse sido escrito ontem. Repentinamente compreendo o quanto conciliar aparência e essência, no meu caso, tem haver com abdicação e abdicar pode ser até libertador, mas não é fácil de começar.

Atualmente, tal como Fernando Pessoa, embora talvez em graus mais modestos, "atravesso uma daquelas crises a que, quando se dão na agricultura, se costuma chamar "crise de abundância"¹ e me sinto como se estivesse a caminho de casa atordoada com um perigo de uma chuva que está por vim. E, talvez, meu irmão esteja certo, e eu ainda não tenha encontrado a coragem para abdicar de certas coisas e dizer tal como Fernando Pessoa disse em 1913:

"Toma-me, ó noite eterna, nos teus braços
E chama-me teu filho... eu sou um rei
que voluntariamente abandonei
O meu trono de sonhos e cansaços.
Minha espada, pesada a braços lassos,
Em mão viris e calmas entreguei;
E meu cetro e coroa - eu os deixei
Na antecâmara, feitos em pedaços
Minha cota de malha, tão inútil,
Minhas esporas de um tinir tão fútil,
Deixei-as pela fria escadaria.
Despi a realeza, corpo e alma,
E regressei à noite antiga e calma
Como a paisagem ao morrer do dia."

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¹Carta de Fernando Pessoa ao amigo Mário Beirão, em 01 de Fevereiro de 1913  "Páginas Íntimas e de Auto-Interpretação", Ed. Ática. Disponível em: http://www.insite.com.br/art/pessoa/misc/carta.mbeirao.php

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Minha Alma Gêmea...

Ontem eu fui assisti Malévola, um filme rico em efeitos especiais, pirotecnias e Angelina Jolie, porém o que me cativou no cativar não foi tudo isso. Na minha opinião, o ponto forte do filme é fazer pensar que o amor verdadeiro tem mais de um forma.

O beijo de amor, o ato de amor, pode não vim do príncipe encantado, do menino encantado, do homem o mulher dos seus sonhos. Príncipe e princesa podem ser apenas uma miragem, o amor verdadeiro pode morar na sua melhor amiga, na mãe, amigo cujo hobby é te irritar até a morte, no irmão, na irmã, no pai, nos tios que são heróis de verdade ou na tia que te acalentou em dias distantes da infância. E o mesmo vale para a alma gêmea. 

Reza a lenda que a alma gêmea é alguém do sexo oposto capaz de nos completar e com o qual nós poderemos casar e vive essa e muitas outras vidas. Blá! Total engano! Lorota de primeira.

Eu  encontrei a minha alma gêmea na figura da Michele Lima, ou Mi porque definitivamente sou intima. Eu me sinto privilegiada por ter encontrado minha alma gêmea. Eu posso morrer pobre/sem grana, mas me sinto mais rica que muita gente só pelas pessoas que encontrei pelas caminhos. A Mi em especial é o tipo de pessoa que não se acha fácil.

Me sinto privilegiada por poder desfrutar de sua companhia. Foi um golpe de sorte ter encontrado com ela nessas esquinas da blogosfera e tem sido um tipo de benção imerecida poder construir nos limites e possibilidades do dia-a-dia as bases e as estruturas de nosso afeto.

E hoje é aniversário dela e eu aproveito para agradecer a Deus pela vida dela! Como disse Dom Helder Câmara e eu não canso de repetir"É possível caminhar sozinho. Mas o bom viajante sabe que a grande caminhada é a vida e esta supõe companheiros. Companheiro, etimologicamente, diz-nos o dicionário, é quem come o mesmo pão."

Mi, muito muito obrigada:
Pelo seu companheirismo,
Por me deixar fazer parte de tua vida,
Por todos os momentos que partilhamos,
Por ser a prefeita querida,
Por me ouvir e me deixar te ouvir também!

É uma honra ser sua amiga e alma gêmea!
Te desejo o melhor todos os dias da tua vida!
Estou morrendo de saudades de te morder!

Eu te amo e gosto de te amar!
Perdoa meus erros de grafia táh?!?!

Morro de ciumes de você porque uma geminiana sem ciúmes é como o mar sem sal!
Te divido com a Aleska só porque também morro de ciúmes dela também kkkkk...

Amo essa foto!
Nós três juntas! #SaudadesImensas

sábado, 7 de junho de 2014

Sorvete, andanças no Recife Antigo e algumas coisas encontradas por lá! [Desafio 12 Lugares #05]

Em 1995 eu tinha nove anos, cursava a terceira série do "Ensino Fundamental 1", estudava no turno da tarde na Escola Gilberto Freyre localizada Alto Treze de Maio. De todos os meus anos escolares esse tenha sido o mais feliz.

Eu amava a Tia Rita, a sala, a vista para a praia de Olinda proporcionada pelos combogós da sala. Costumava terminar meus exercícios rápido porque a tia me permitia ficar olhando o mar ao longe e quase todos os dias tomava uma bola de sorvete de casquinha. O sorvete custava R$ 0,30, toma-lo era um ato ilegal, pois eu era proibida terminantemente de tomar qualquer coisa gelada, mas ele elevava meu humor melancólico e devaneante as alturas.

E eu fui bombardeada com essas reminiscencias de quase vinte anos atrás porque em Casa Amarela há uma sorveteria na qual há mais de 70 anos se produz vários sabores de sorvetes artesanais muito famosos eu eu fui lá provar o danado.


Realmente, o "Sorvetes Artesanais" merece toda fama! O danado é delicioso! E eu não sou uma pessoa fácil de elogiar comida não. Quem me conhece sabe o quanto sair comigo para fazer qualquer refeição pode ficar entre uma experiencia irritante e constrangedora. Mas, eu amei o sorvete de cajá e acerola. Tinha gosto de infância!

Sou péssima com fotos, bem se ver a carteira no fundo e o guardanapo #Aff

Como eu não cumpri o "Desafio 12 Lugares de Maio", acabei aproveitando a energia do sorvete e troquei a ida ao cinema por um passeio ao centro do Recife para adiantar o de Junho! Fui visitar o "Espaço Cultural dos Correios", lá tem uma "Sala Histórica" aberta a visitação constante daqui para o fim do mês escrevo sobre isso, mas por hora só preciso registrar que andar pelas ruas do Recife Antigo é muito legal.

Dei uma passada pelas Rua do Bom Jesus, a Antiga Rua dos Judeus! Já visitei a Sinagoga, mas daqui para o fim do ano perigo fazer isso de novo só pelo prazer de está lá e depois contar!


Encontrei com o Antônio Maria, autor do "Frevo nº 1 do Recife", um hino do nosso Carnaval, um simbolo dessa cidade antiga, complicada e tão amada que basta ficar longe dela por um curto período para desejar voltar!


E na volta ainda dei de cara com a sugestão criativa de "colar na rua os meus medos". Fiquei pensando quais são os meus medos!


Ah, o medo colado lá em cima era o seguinte:


Perto disso meus medos são insignificantes!
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Esse post faz parte do Desafio 12 Lugares do blog "Aceita um leite?
"

terça-feira, 27 de maio de 2014

Só uma música que não sai de minha cabeça...

Pois é, fui assistir "X-Men: Dias de um Futuro Esquecido" porque X-Men fez parte de minha adolescência, eu amo o Wolverine e Hugh Jackman é simplesmente, incrivelmente, formidavelmente lindo.

Não esperava ser atingida por uma bomba de emoção.

Mas fui...

E como fui, não consigo tirar da minha cabeça a voz da Roberta Flack cantando "The First Time Ever I Saw Your Face"

 Eu devo está numa TMP dos infernos, louca ou sei lá o que, mas fiquei tão embevecida que o corpo nu Hugh Jackman me pareceu pouco menos que nada...

Aliás, ainda há uma lágrima em mim para essa canção... Não canso de ouvi-la... Não sei se vou cansar um dia...

E eu nem mesmo sou uma criatura musical, ou escuto músicas que abordam relacionamentos, romance, paixonites, fossa e derivativos [Roupa Nova/Los Hermanos nem sob tortura]...

Enfim... Devo mesmo está de TPM... Que passe logo...

sábado, 24 de maio de 2014

Romance Contemporâneo [Desafio Calendário Literário]

No Calendário Literário montado pela Lu Tazinazzo a ordem do mês de Maio é um romance contemporâneo, então lindamente chutei o pal da barraca literária e resolvi mês ler apenas autores atuais ou no minimo que entraram no foco do mercado editorial nessas primeiras décadas do século XXI e foi um dos melhores meses literários dos últimos tempos.

De entrada li os três primeiros livros da série de romances históricos "Os Bridgertons", escritos pela Julia Quinn.


Alguém pode dizer que tais textos não contam como romances contemporâneos pois as histórias se passam no século XIX, no entanto, eu vou ser chata e lembrar uma vez mais que romances históricos, independente da profundidade da pesquisa feita pelo autor, falam muito mais sobre o presente do que sobre o passado e essa regra vale muito para a Julia Quinn.

A autora de “O duque e eu”, “O visconde que me amava” e  “Um perfeito cavalheiro” sabe como construir um texto engraçado, leve, com uma fluidez perfeita e um toque de sensualidade no ponto, sem ser pornográfica. Fica claro o quanto ela é fã de Jane Austen, domina bem o gênero romance histórico e é competente para crescer como autora dentro dele Me tornei fã confessa da Julia, de seus rapazes apaixonados, de suas heroínas cheias de personalidade e sensualidade e do luminoso século XIX inventado por ela.

De saída terminei de ler a trilogia "A Seleção" da Kiera Cass e comecei a ler a trilogia "Estilhaça-me" da Tareheh Mafi, nada mais atual que séries cujo final estão saindo do forno.


Eu tenho inúmeras criticas a história da Kiera Cass, ela negligenciou a distopia e tem um discurso politico extremamente e irritantemente conservador, através do qual parece reafirmar a necessidade de hierarquias sociais. Honestamente considero danosas histórias infanto juvenis carregadas de conservadorismo, esses texto tem, mesmo que não seja a intensão das autoras e autores, um caráter pedagógico para os leitores em formação. Mas, eu precisava ir até o fim com "A Seleção" pois me identifiquei com a protagonista dividida entre dois amores com a capacidade única de falar duas vezes antes de pensar.

Na idade da America passei por uma situação semelhante, a diferença é que eu tinha três pentelhos no meu pé. Pois é, eu também acho um absurdo ter sido uma adolescente de alto-estima tão fragilizada. Brinquei muito ao longo da leitura da série dizendo que, se fosse a America, chutava os Maxon e Aspen e ia lutar com aos rebeldes. É claro que ela não fez isso, algumas pessoas preferem mesmo casar aos 17 anos em vez de ir a universidade, arrumar uma profissão, viajar, escrever um blog, ter sua própria renda mensal.

Eu tenho fama de ser péssima conselheira sentimental, mas ainda assim me sinto tentada a deixar aqui três avisos para a America, e qualquer menina de 17 anos a beira de se comprometer pela vida toda com um homem:
Primeiro: O príncipe pode ser o tipo de pessoa que não lida bem com rejeição e capaz de uma crueldade impressionante;
Segundo: O carinha intoxicantemente bonito, pode se revelar uma pessoa assustadoramente sem senso de limites;
Terceiro: Aquele cara que te jurou amor eterno 5 vezes [eu contei] pode 10 anos depois oscilar entre te olhar com ódio mortal e fingir que não te conhece [ainda não acredito que ele não superou essa história, a namorada dele é muitoooo mais alta, magra e bonita que eu, só não tem tanto busto, não se pode ter tudo.].
Muito mais promissora foi a experiencia de ler "Estilhaça-me" da "Tareheh Mafi". A história desse livro se passa em um futuro no qual os recursos da Terra estão quase totalmente esgotados e há uma ditadura opressora reinando no mundo. Nesse contexto pós-apocalíptico emerge a figura de Juliet, uma moça cuja vida não foi nada fácil até o momento e começa a história presa em manicômio. Ela é aparentemente uma criatura perigosa superpoderosa, capaz de criar uma grande devastação salvar o mundo.

Tareheh Mafi, tem um senso critico penetrante, é envolvente, carismática, possui um lirismo capaz de me fazer vibrar a cada paragrafo. Em um primeiro encontro, simplesmente amei a Juliet, apesar dela ser meio maluquinha, não tenho palavras para o Adan, o seu par romântico nesse primeiro livro.

Ah, se com a America eu me identifiquei de primeira com a Juliet eu fui identificada. No meio da leitura do volume um comentei com uma das minhas estagiarias sobre o "fogo da muléstias dos cachorros" da protagonista, ela ficou curiosa e me pediu para ler o livro. Agora ela tem considerado ser a Juliet parecida comigo e ainda ler trechos do livro para comprovar. Ainda não decidi se essa comparação é boa ou ruim.

E essa foi a minha participação no "Desafio Calendário Literário", do blog "Aceita um leite".


sábado, 17 de maio de 2014

Notas escritas em uma noite de sexta...

É uma noite de sexta qualquer e de repente sinto-me como em um enlevo... Não a toa me refugiei no quarto do meu irmão, abri a janela, escuto os sons da ruas e aprecio o momento degustando damasco seco.  Até mesmo meu cabelo com seu gritante excesso de comprimento está solto.

Nem mesmo lembro quando foi a ultima vez que soltei meu cabelo, talvez em outra vida. Estou feliz e felicidade não rima com rima com cabelo preso.

Se um gênio da lâmpada me aparecesse agora, eu pediria apenas uma garrafa de chá gelado sabor pêssego e bastaria isso para o momento ser perfeito.

Me vendo assim, relaxada, escrevendo esses desvarios e leseiras a toa, não se diria que ontem quase cheguei ao pânico. A greve dos PMs teve o dom de libertar o pior dentro de tantas pessoas que em um minuto o mundo pareceu ultrapassar o limite do meramente inseguro...

Quando o pânico ultrapassou o limite do imaginável eu estava na escola na qual trabalho pela manhã e vi pais e mães chegarem um após outro, desesperados e alarmados, para levarem seus filhos e filhas para casa.

Quase liguei para o meu pai ou para algum de meus tios. Não o fiz. Não sou criança. Simplesmente me obriguei a pegar minhas coisas e ir para meu próximo destino: a creche. Chegando lá tratei de convidar os responsáveis pelas crianças para pega-las mais cedo... No final da tarde, enquanto providenciava o jantar das crianças cujos pais são costumeiros retardatários, invejei a sorte delas... Talvez não seja de todo ruim ser responsabilidade de alguém vez ou outra, ter alguém para providenciar jantar e segurança.

Enquanto escrevia essas linhas o relógio me contou da passagem da sexta para o sábado, meu irmão me expulsou do quarto dele e eu me abriguei na sala na qual gozo da companhia do gato e da cachorra irritante e tudo isso parece está bem longe... Mesmo não estando...

Claro que não está. Violência e medo nunca estão longe, não nesse mundo ou nessa vida. Nem por isso coisas boas deixam de ocorrer...

Ontem uma companheira de virtualidade me convidou para participar de um projeto adorável dela. Hoje pela manhã tive um sonho maravilhoso com uma amiga minha, estávamos na Grécia. Uma notificação do celular me avisou que o pequeno presente enviado a um amigo chegou, parece que ele gostou. Descobri que perdi alguns quilos e as saias que não mais cabiam em mim voltaram a entrar e, pelo prazer da incoerência, resolvi fazer pizza para comemorar. Enquanto o cheiro do queijo com orégano se alastrava pela casa, ouvi meu irmão ler um conto de Allan Poe.

Há qualquer coisa de reconfortante em ouvir meu irmão lendo em voz alta. Aliás, não só lendo, mas modelando. Na quarta-feira, ele voltou depois de um longo tempo a moldar o velho monte de massa de abandonado por meses.

A arte de meu irmão não é de uma beleza clássica, nem sempre, quase nunca, ele retrata coisas doces, mas me passou pelo corpo todo uma sensação agradável ao ver um dos trabalhos dele finalizado... Na sexta havia outro e hoje a tarde me peguei levantando a cabeça por cima do livro que lia e vendo ele moldar... Há algo certo numa cena na qual eu apareço lendo qualquer coisa enquanto ele molda... Vez ou outra falamos alguma coisa um com o outro enquanto cada um faz o que gosta de fazer...

A vida segue... e eu poderia ficar aqui muito tempo mais...

Poderia contar como foi finalmente tomar meu primeiro porre... De como fiquei bêbada de wiski e simplesmente amei a sensação da embriaguez...
Poderia falar das desventuras e venturas do ensino de história, de como ganhei um rato de borracha, um desenho da Sailor Moon e uma bolada que doeu fisicamente, mas sobretudo moralmente, no meio da aula de geografia.
Poderia contar como não me imagino não trabalhando como educadora infantil, das minhas estagiarias ótimas e do andamento das contações de história.
Ou ainda de minhas ultimas leituras, dos planos para o futuro, dos sonhos, do amor platônico que, graças a Deus ou não, morre a cada dia...

Poderia escrever muito mais... se... somente se... eu não tivesse que ir trabalhar amanhã....

Ninguém deveria ser obrigado a trabalha no sábado pela manhã, todavia não me sinto tão infeliz com essa possibilidade. Estou em paz, ainda que momentaneamente...

Acho que vou guardar alguns desses damascos para amanhã, deixar todas as reticências exatamente onde estão e, como o gênio da lâmpada não apareceu até a presente hora, vou dormir sem meu chá gelado mesmo, amanhã talvez eu mesma me dê essa dádiva...

Aos que chegaram até aqui nesses devaneios, deixo minha gratidão e cumprimentos...
Até nosso próximo encontro amigos!

domingo, 11 de maio de 2014

Lagoa do Ouro, Bar Argentino e Rafael [Desafio 12 Lugares #04]

Lagoa do Ouro é uma cidadezinha do Agreste Pernambucano, fica há umas boas horas de distancia de Recife, não tem nenhuma grande atração turística e eu jamais teria ido parar lá se não fosse a interferência da minha querida amiga Clau.

Só para constar, os convites de Clau são os mais irrecusáveis e imprevisíveis do mundo. Apesar dos planos dela serem meticulosos, mil e uma coisas inusitadas tendem acontecer e as coisas nunca saem como previstas. Não é a toa, independente da distancia e do tempo planejados para a viagem, ela SEMPRE leva roupa suficiente para passar uma vida no lugar.

Dessa vez nossa aventura rumo a uma simples alegre visita ao pai dela em Lagoa do Ouro virou um café da manhã na casa da irmã dela, com direito a palestra sobre como se produz achocolatado de caixinha; um almoço na casa da mãe do marido da irmã dela, no qual eu fui convidada para o casamento do irmão do marido da irmã da Clau ; um jantar com direito a ternas emoções com o pai dela; culminando com um fim de noite em um bar argentino em pleno Agreste pernambucano. Como podem ver, meu amor por Clau não é gratuito, ela me mete nas aventuras mais deliciosas do mundo.

Visitar cidade do interior de pernambuco é uma delicia e um tormento. Invariavelmente eu sou muito bem recebida nesses lugares no qual tudo fecha na sexta-feira santa, a internet não funciona, se anunciam mortes em carros de som e as pessoas se conhecem pelo nome e árvore genealógica.

As pessoas de Lagoa do Ouro são de uma simplicidade acolhedora, me abraçaram literalmente e contaram algumas de suas histórias. Mesmo agora, ainda me pego pensando em algumas das palavras que ouvi por lá.

"A pessoa tendo saúde e paz é rico."
"A gente tem por obrigação tratar todo mundo bem, mas não de querer bem a todo mundo. Nem todo mundo merece 'mão no ombro'."
Aliás, eu estou até o presente momento apaixonada pelo pai de minha amiga, um ser humano de uma especie em extinção, capaz de sair um pouco antes do cair da noite só para providenciar bananas para o meu jantar em plena "Sexta-feira Santa". Nem meu pai faz isso!

Essas pessoas que vivem de arar a terra e faze-la produzir a seu tempo são impressionantes, mesmo com a dureza da vida não perderam a ternura. Elas não merecem suportar o jugo ao qual estão expostas. Não merecem conviver o coronelismo com pessoas "cujas terras vão até onde a vista alcança". A situação de negação de direitos alarmante, a ausência do poder público é revoltante. O vento de desigualdade que sopra  no Agreste de Pernambuco ao longo do Planalto da Borborema é de enregelar os ossos.










E só para impressionar, não tão distante assim de Lagoa do Ouro existe a cidade de Garanhuns. Uma cidade do interior nada usual, bem urbanizada, arborizada, lojas de grife aos borbulhões, bares e restaurantes chiques de doer.  A velha dicotomia brasileira também habita o agreste pernambucano. Foi em Garanhuns que conheci um restaurante Argentino, descobri que batom vermelho chama bastante atenção e colhi as provas finais que mordida de amor não doí.


Eu amei o "Chicruta"! O ambiente é agradável, as pessoas são educadas e disponíveis, a comida não é ruim... tudo colabora para bons momentos, exceto talvez o preço, mas bem isso é Garanhuns e o que se pode fazer?!?

Quanto as provas documentais que mordida de amor não dói, olhem e avaliem por si só:


 



Meu obrigada ao Iran, autor dos registros documentais valiosos, um dos melhores maridos de amigas do mundo!


E eu sei que o post já está imenso, escreve-lo foi uma maratona que me consumiu algum tempo, mas não posso deixar termina-lo sem dizer algo sobre sonhos.

Citando Neil Gaiman, creio que "sonhos são esquisitos, idiotas e me apavoram"; detalhes escondidos sobre o futuro, presente, passado e nós mesmo podem ser revelados em sonhos; e as almas das pessoas vez ou outra se cruzam nos sonhos. Quando a gente dorme a gente sabe, quando acorda esquece! Levando isso em conta, acontecimentos como meu encontro com o Rafael soam como se um sonho tivesse cruzado com a realidade. E isso justifica toda a correria, o quase não ter dado tempo, minha pessoa está usando o melhor "look mundo cão", a mordida e os apertos que ele levou de mim, e a foto na qual sorrimos bobamente ter saído embaçada e desfocada.


Ah, o Rafael me deu um livro daqueles que parecem ter sido sonhados e não escritos:


Rafa, que estranho texto o Destino escreveu para nosso encontro ein?!?!
Você é muitoooooo mais chato pessoalmente.
Certamente é por isso que eu te amo, seu pentelho!!!
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Esse post faz parte do desafio "12 Lugares" proposto pelo blog "Aceita um leite?"