domingo, 11 de maio de 2014

Lagoa do Ouro, Bar Argentino e Rafael [Desafio 12 Lugares #04]

Lagoa do Ouro é uma cidadezinha do Agreste Pernambucano, fica há umas boas horas de distancia de Recife, não tem nenhuma grande atração turística e eu jamais teria ido parar lá se não fosse a interferência da minha querida amiga Clau.

Só para constar, os convites de Clau são os mais irrecusáveis e imprevisíveis do mundo. Apesar dos planos dela serem meticulosos, mil e uma coisas inusitadas tendem acontecer e as coisas nunca saem como previstas. Não é a toa, independente da distancia e do tempo planejados para a viagem, ela SEMPRE leva roupa suficiente para passar uma vida no lugar.

Dessa vez nossa aventura rumo a uma simples alegre visita ao pai dela em Lagoa do Ouro virou um café da manhã na casa da irmã dela, com direito a palestra sobre como se produz achocolatado de caixinha; um almoço na casa da mãe do marido da irmã dela, no qual eu fui convidada para o casamento do irmão do marido da irmã da Clau ; um jantar com direito a ternas emoções com o pai dela; culminando com um fim de noite em um bar argentino em pleno Agreste pernambucano. Como podem ver, meu amor por Clau não é gratuito, ela me mete nas aventuras mais deliciosas do mundo.

Visitar cidade do interior de pernambuco é uma delicia e um tormento. Invariavelmente eu sou muito bem recebida nesses lugares no qual tudo fecha na sexta-feira santa, a internet não funciona, se anunciam mortes em carros de som e as pessoas se conhecem pelo nome e árvore genealógica.

As pessoas de Lagoa do Ouro são de uma simplicidade acolhedora, me abraçaram literalmente e contaram algumas de suas histórias. Mesmo agora, ainda me pego pensando em algumas das palavras que ouvi por lá.

"A pessoa tendo saúde e paz é rico."
"A gente tem por obrigação tratar todo mundo bem, mas não de querer bem a todo mundo. Nem todo mundo merece 'mão no ombro'."
Aliás, eu estou até o presente momento apaixonada pelo pai de minha amiga, um ser humano de uma especie em extinção, capaz de sair um pouco antes do cair da noite só para providenciar bananas para o meu jantar em plena "Sexta-feira Santa". Nem meu pai faz isso!

Essas pessoas que vivem de arar a terra e faze-la produzir a seu tempo são impressionantes, mesmo com a dureza da vida não perderam a ternura. Elas não merecem suportar o jugo ao qual estão expostas. Não merecem conviver o coronelismo com pessoas "cujas terras vão até onde a vista alcança". A situação de negação de direitos alarmante, a ausência do poder público é revoltante. O vento de desigualdade que sopra  no Agreste de Pernambuco ao longo do Planalto da Borborema é de enregelar os ossos.










E só para impressionar, não tão distante assim de Lagoa do Ouro existe a cidade de Garanhuns. Uma cidade do interior nada usual, bem urbanizada, arborizada, lojas de grife aos borbulhões, bares e restaurantes chiques de doer.  A velha dicotomia brasileira também habita o agreste pernambucano. Foi em Garanhuns que conheci um restaurante Argentino, descobri que batom vermelho chama bastante atenção e colhi as provas finais que mordida de amor não doí.


Eu amei o "Chicruta"! O ambiente é agradável, as pessoas são educadas e disponíveis, a comida não é ruim... tudo colabora para bons momentos, exceto talvez o preço, mas bem isso é Garanhuns e o que se pode fazer?!?

Quanto as provas documentais que mordida de amor não dói, olhem e avaliem por si só:


 



Meu obrigada ao Iran, autor dos registros documentais valiosos, um dos melhores maridos de amigas do mundo!


E eu sei que o post já está imenso, escreve-lo foi uma maratona que me consumiu algum tempo, mas não posso deixar termina-lo sem dizer algo sobre sonhos.

Citando Neil Gaiman, creio que "sonhos são esquisitos, idiotas e me apavoram"; detalhes escondidos sobre o futuro, presente, passado e nós mesmo podem ser revelados em sonhos; e as almas das pessoas vez ou outra se cruzam nos sonhos. Quando a gente dorme a gente sabe, quando acorda esquece! Levando isso em conta, acontecimentos como meu encontro com o Rafael soam como se um sonho tivesse cruzado com a realidade. E isso justifica toda a correria, o quase não ter dado tempo, minha pessoa está usando o melhor "look mundo cão", a mordida e os apertos que ele levou de mim, e a foto na qual sorrimos bobamente ter saído embaçada e desfocada.


Ah, o Rafael me deu um livro daqueles que parecem ter sido sonhados e não escritos:


Rafa, que estranho texto o Destino escreveu para nosso encontro ein?!?!
Você é muitoooooo mais chato pessoalmente.
Certamente é por isso que eu te amo, seu pentelho!!!
___________

Esse post faz parte do desafio "12 Lugares" proposto pelo blog "Aceita um leite?"

11 comentários:

  1. é uma delícia visitar lugares e pessoas. adoro ver costumes diferentes, lugares desconhecidos. beijos, pedrita

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  2. Por que eu não ganhei um marcador também?
    Tenho certeza que é porque eu sou preto e os seus amigos são brancos.
    kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    Ainda tem certeza de que eu sou mais chato pessoalmente?

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    1. Rafael, porque eu te amo mesmo ein?!?!? kkkkkkkk Pronto já te arrumei um marcador...

      A proposito, tenho um aluno de 12 anos que diz a mesma coisa quando pego no pé dele kkkkkk...

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    2. E por que que meu marcador ficou depois de todos os outros?

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    3. Rafael, você consegue torrar a minha paciência.... #Fato

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    4. Ainda não entendi por que meu marcador ficou depois dos outros.

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  3. As viagens ao interiorzão do Brasil costumam ser sempre uma experiência enriquecedora e agradável, eu gosto! rsrs. A sua foi especialmente interessante,
    que show! rsrs.

    Beijo

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  4. Que lindo post! Suas palavras e imagens me transmitiram sentimentos puros e uma emoção forte, fico muito feliz por você ter tido essa oportunidade linda. É incrível como uma terra tão bela como o agreste tenha gente tão boa que sofra tanto na mão de gente tão ruim. Adorei!

    Grande beijo =D

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  5. Eu juro, juro, que quando você descreveu ali como é visitar uma cidade no interior de Pernambuco, você estava descrevendo a minha cidade!, acredito que, por mais gigante que seja o Brasil, interior é interior - e, talvez numa medida maior, seja devido ao fato de que a base das famílias daqui, invariavelmente, são nordestinas.

    Eu gosto do interior, penso em melhorar minhas condições de vida, mas a coisa da "capital" não me atrai tanto - talvez para visitas, mas não para viver - aqui dá pra ser feliz com menos, basta fazer um esforço.

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  6. Que viagem linda (isto sempre acontece quando a companhia também é linda). E ver o contraste e as desigualdades são de doer o coração principalmente porque há décadas ouvimos nossos políticos dizerem que trabalham muito para o desenvolvimento deste país. Esta nação é maravilhosa - na propaganda da TV.

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  7. Impressionante como você descreveu bem esse passeio no Agreste Pernambucano... Gostei da forma como suas palavras soaram saudosas e verdadeiras, da relação que você encontrou entre os momentos que viveu com um dos significados mais poéticos que já li sobre sonhos e da descrição das pessoas tão incríveis que é possível encontrar nos "interiores" do país - locais nos quais, apesar de que o poder exercido por poucos cause uma revolta íntima perfeitamente justificável, o egoísmo geral é bem menor que nos grandes centros urbanos (onde a maioria das pessoas preferem ficar com seus narizes enfiados nos celulares do que dizer um ocasional "bom dia" pelas ruas, acompanhado por um sorriso caloroso)...

    Ah, eu adorei as fotos também!

    Beijos ♥ Jeito Único

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