quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Igreja Barroca, missa matinal e uma vontade de verdade!

Desde que ir ao centro do Recife passou a fazer parte da minha rotina visitar as igrejas antigas lentamente passou a também a ser parte de meu cotidiano...

Igreja de Santo Antônio no início do Século XX

Dessas igrjas a que mais gosto é a do Santissimo Sacramento de Santo Antônio, ou apenas a Matriz de Santo Antonio. Gosto demais dessa igreja, do seu tom do século XVIII, da sua barroquice, de seu cheiro de devoção antiga, dos seus muitos santos, de seu altar e do ar de reverencia que ela imputa a quem adentra suas portas.

Nossa Senhora da Piedade...
Sempre que entro nela viajo no tempo, penso nas pessoas que trabalharam nessa construção. Quantas pessoas se moveram para que essa igreja fosse construída? Pedreiros, arquitetos, entalhadores, pintores, marceneiros? O custo para esse tipo de construção era alto, levou décadas para que ela fosse erguida e dada por pronta com seus altares, portais, retábulo, cúpula, frontispício... mobiliários, sinos, alfaias... Um trabalho laborioso, demorado, custoso, resistente, capaz de vencer os séculos e se manter erguida e vigilante em pleno século XXI, dominando a paisagem da Praça da Independência.


Também não consigo deixar de pensar nos homens, mulheres e crianças que eram trazidos Atlântico afora pelos mercadores e traficantes de escravos para o Recife e que eram batizados em pé dentro desse templo. Fico me perguntando o que eles sentiam quando entravam por essas portas, se sentiam medo, incompreensão ou espanto... Fico pensando nos pequenos e pequenas que aparentavam ter 12 anos e já eram registrados como adultos, que recebiam um novo nome e eram inclusos no cotidiano da quente e movimentada cidade colonial do Recife.

Nossa Senhora das Dores.

Imagino os adultos de 12 anos... É talvez o padre não estivesse errado em dizer que eram adultos, afinal se sobreviveram a travessia do Atlântico com certeza deixaram sua meninice nas terras já distantes da África. Quem passaria por aquela experiência e se conservaria sua meninice, seu adolescer??? Sempre me doí pensar nesses pequenos e pequenas, perdoem-me o anacronismo, mas sempre lembro de minhas alunas de doze anos, se sentindo tão adultas, e em como seria terrível que elas fossem levadas de nós para o outro lado do mundo tornado-se um pequeno nada. Penso em como a cobiça dos olhos dos homens varreriam para longe as esperanças delas, isso me angustia profundamente.

Penso na dor daqueles adultos e crianças e contemplo as paredes, não há espaço vazios em uma obra de arte barroca e é o que está igreja é... Opressivamente barroca, construída por mãos negras expressa a angustia dessas mãos.

Cristo Morto.

Acho incrível como essas pessoas que vieram, ou foram trazidas a força, ao Brasil através do Atlântico conseguiram conservar sua cultura, suas maneiras de fazer, seus mundos simbólicos, resistindo a toda forma de violência física e simbólica. Se movendo na brecha, na falha, no visível e no invisível... Sempre penso em até que ponto o manto azul das inúmeras versões da Virgem Maria tem da igualmente benevolente Iemanjá e o quanto do dourado das paredes esconde e mostra o dourado da luxuriante Oxum, o quanto do São Jorge constantemente em guerra com seu dragão se mistura com destemido Ogum.
São Jorge de pé.

A arte barroca nas Américas é um registro da intensidade da condição desses homens e mulheres, das suas duvidas, incertezas, questionamentos. Lembrei de Carlos Fuentes agora, refletindo sobre a Espanha e o Novo Mundo ele disse que o Barroco da América "é uma arte de deslocamentos, semelhante a um espelho em que, constantemente, podemos ver a nossa identidade em mudança." uma arte criada em cima dos escombros de utopias destruídas...


Os portugueses pensaram encontrar o Éden quando aportaram nas praias de Vera Cruz e logo descobriram que o paraíso ainda estava distante do lugar encontrado, os indígenas perderam a sua paz e liberdade e os africanos que aqui chegaram tiveram até suas identidades violadas o que se dirá do resto... Não é à toa que, em Santo Antônio, Maria fica eternamente triste, dolorosa e piedosa, e o Cristo esteja eternamente prostrado em seus braços, sustentando o peso da cruz ou nela pregado.... Os artistas sentem a dor do mundo em frangalhos em que vivem e exprimem essa dor em sua arte.


E hoje pela manhã quando eu passei na Igreja do Santíssimo Sacramento de Santo Antônio estava na hora da missa e eu me permiti ficar ali, observando em pé mesmo, encostada nessa madeira de circunda os bancos... Foi uma cerimônia bonita, o padre falou sobre a necessidade que temos de falar com Jesus, mesmo que Ele já saiba todas as coisas é necessário que falemos a Ele as nossas dores... Depois se seguiu o ritual... com direito ao tinir dos sinos, ao silêncio reverente dos fieis, tão diferente do que vejo na minha igreja local, e na hora do Pai Nosso quando o padre mandou as pessoas se darem as mãos também minha mão foi tomada a principio por uma senhora e depois outra se moveu e pegou a restante e eu sei que vivi uma experiência digna dessa nota.

Eu não rezei, mas orei! Orei pedindo a Deus que me ensinasse a entender esse mundo que se mostra diante de mim, que Ele me ensinasse a entender, a descobrir, a Verdade e antes mesmo de terminar minha oração eu lembrei das palavras de Nietzsche, esse fabuloso implicante, porque quando ele inicia seu caminho em Para além do bem e do mal, ele diz "A vontade de verdade ainda nos há de arrastar para muitas aventuras..." e eu já não tenho dúvidas quanto a isso!

Se os Reis Magos fossem Rainhas???

Dia de Reis chegando, e eu não resisti... e decidi postar essa reflexão que é até filosofica de tão certeira!


Mas, também não é tão assim não... Nós não somos tão desse jeito, ou somos???


Referencia:
http://jasielbotelho.blogspot.com/2010/12/natal_7220.html; http://jasielbotelho.blogspot.com/2010/12/natal_7086.html!

sábado, 1 de janeiro de 2011

1º de Janeiro: aventuras familiares, uma pérola do meu pai e constatações óbvias.

Pois é, meu pai me venceu não pelo braço e sim pela chantagem emocional e no final das contas lá fui eu para a bendita reuniãozinha familiar de 1º de Janeiro!

Quando estava no melhor do meu sono, curtinho meu travesseiro e o ventilador novo turbo e silencioso (um item de suma importância no verão nordestino) deu a hora de partir, 4:00 da manhã e lá fomos nós ao encontro da família dos agrodontes.

E quer saber? A parte tudo o encontro foi ótimo, chegamos super cedo no sítio dos meus tios em Goiana, uma cidade que fica a 60 kilometros do Recife, o percurso foi super rápido, meu pai dirige com precisão e ainda deu a meu irmão o privilegio de dirigir o carro \o/

De Goiana nós partimos para Praia Bela, na Paraíba, ou seja, fizemos uma pequena viajem em família, todo mundo deixou os carros no sítio da minha tia e pegamos os dois ônibus dos meus primos... Ah, minha família tem muitos motoristas e todos são excelentes mecânicos também... Ah [2], só que o povo aqui não compra carro novo não táh, eles compram velhos e vão reformando aos poucos, cutucando aqui e acolá... Aff... Ah[3], o interessante do sítio do meu tio é que ele é resultado de uma assentamento do Movimento Sem Terra, meu tio integrou esse movimento, viveu anos em um acampamento e conseguiu seu pedaço de terra.

Para todos os efeitos, foi um dia ótimo, Praia Bela é linda, o mar é um pouco selvagem e atritoso, a paisagem é de encher os olhos, de emocionar quem chega. Um lugar ótimo para quem gosta de surfar eu posso garantir.

Foto do celular da minha irmã.

Reencontrei com algumas de minhas primas que não via a muito tempo e praticamente redescobri elas. As meninas são lindas, maduras, centradas, educadas, divertidas... Uma tem 16 e outra 17, mas brincam como crianças de 10 anos... Não tem as neuras que enfrento, por exemplo, com minhas adolescentes na Igreja, são velhas, experimentadas pela vida, endurecidas no osso e na carne, mas não na disposição para se divertir... Eu me divertir muito com elas, me reconheci nelas, me peguei dando gargalhadas enquanto pulavas ondas e corria atrás das meninas para depois ver elas correndo atrás de mim...

Aliás, falando em criança, tem a Pérola de painho que não poderia faltar de forma alguma nessa manhã ensolarada, pq hoje eu tive a prova final que meu pai jura que eu tenho quatro anos... Até aqui eu tinha lá minhas dúvidas, minhas suspeitas, mas, pensava eu de mim para comigo: "Não, o trabalho remunerado, a formatura na faculdade, o fato de que não peço mais dinheiro para a pipoca evidenciam que eu não tenho 4 anos! Ele sabe que não tenho quatro anos!".  

Porém os fatos comprovaram: "Para a leitura desses sinais meu pai é analfabeto!"

Lá estava eu com minhas primas curtindo as ondas e vejo eu meu pai correndo em minha direção com aquele ar apavorado, "Pronto, tem um tubarão atrás de mim!" pensei eu néh... "O que foi painho?". Ele responde: "Minha filha, esse mar tá violento, vá brincar alí naquele cantinho!"... Aquele cantinho  é justamente aquele lugar da praia onde as crianças pequenas ficam com aquelas bóias enormes e coloridas prá lá e prá cá com as mães sentadas na água olhando elas... É, está comprovado empiricamente: ele pensa que tenho quatro anos.

E sim, as constatações óbvias: não é tão ruim afinal me reunir com minha família; não da para escapar do lado chato da reunião mesmo se vc estiver de cara amarrada; o tempo passou sobre todos nós; meus tios e tias possuem cabelos brancos agora; eu não sou mais criança ou adolescente;  eu ganhei o direito de falar e ser ouvida; no frigir dos ovos eu sou tão ogrodonte quanto todos eles; as vezes magoamos uns aos outros; e sim somos uma família que compartilha da mesma carne dura e do mesmo osso sólido capaz de suportar e vencer situações difíceis e ainda assim ter bom humor suficiente para se reunir no dia 1º para uma fabulosa farofada em uma praia para turista ver.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Saudades do Natal!!!!

Pois é, o Natal mal passou e eu já sinto falta dele!

Meu dia de Natal não foi uma maravilha, na verdade nunca foi e eu não esperava que fosse diferente esse ano... Mas, o que gosto no Natal não é o dia em si e sim o caminho que leva ao dia de Natal, a oportunidade de presentear, adoro lembrar das pessoas, gosto de bujingangas legais e das luzes, dos sonhos, das músicas... das cores do Natal...O clima é bom... e sempre tem uma história interessante que nasce desse clima... esse ano não foi diferente... e isso é o melhor, minha história de Natal 2010 foi um grande presente... qualquer dia desses conto aqui... talvez nos preparativos do Natal do ano que vem!!!

Tah vendo, mal passou o Natal desse ano e eu já estou pensando no Natal do ano que vem... Só a graça!!!

Agora que venha o Ano Novo e suas celebrações para quem curte isso... para mim que não curto resta terminar os compromissos no trabalho e me preparar para enfrentar o inevitável, ou seja, os planos do meu pai. Ele quer nos levar a uma festa na praia com o resto da família... Isso me desanima totalmente... talvez eu consiga fazer com que ele mude de ideia e deixe de considerar uma ofensa mortal o fato de que eu prefiro dormir. Se eu fosse do tipo que bebe, acredite o dia 31 seria uma data digna de um grandisssimo porre é a época do ano em que eu mais tenho vontade de encher a cara de cachaça que é bebida forte!

De toda forma que venha 2011 com o que tiver que vim... 

Que todos possamos desfrutar do afeto, da amizade, da companhia e do amor dos nossos entes queridos em dias de sol e dias de chuva... Que não nos falte uma palavra doce nos momentos amargos e um bom conselho nos momentos de duvida... Que no fim do túnel sempre tenha uma luz, que na mesa sempre tenha pão e que para o trabalho cotidiano sempre haja força em nossos braços!!!!

Cheros a todos e todas que passarem por aqui... e vamos que vamos que mesmo sendo cristã e acreditando que o tempo é linear, com começo (a Criação do Mundo e o Pecado), meio (a vinda de Cristo) e fim (a Volta triunfal de Cristo), desejo a todos um bom recomeço... pq essa visão cíclica do tempo é uma coisa tão antiga na nossa culturas que por hora é melhor se render e pensar em reabastecer e recomeçar!


sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Feliz Natal!

Que seu presente seja a realização de seus melhores sonhos!

 
Que a inocência dos que sonham habite em sua casa!


E que não te falte amigos para compartilhar os bons momentos da vida e os ruins também!!!


quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Absurdo pouco é bobagem: sobre aumento salarial dos parlamentares!

Não é novidade para ninguém que nossos parlamentares aumentaram abusivamente seus salários e que isso é absurdooooooooo...

Mas como absurdo pouco é bobagem quando abri o Jornal hoje de manhã quase cai para trás, sabe aquela leitura que faz teu sangue subir para a cabeça e você ter vontade de torcer o pescoço de alguém??? Pois é, foi esse o caso.

Ela falava sobre o fato dos parlamentares daqui (Recife-PE) se reunirem para aprovarem seu fabuloso aumento salarial de 75% e a doação de terrenos para a instalação da Fiat e da Companhia Siderúrgica de Suape (CSS), até ai nada de choques terríveis afinal qual meio de comunicação não noticiou isso a torto a direito nos últimos dias?

O que me chocou foram as palavras do juiz aposentado, atual  presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco, o deputado Guilherme Uchoa (PDT):

“Alguém imagina que um deputado sobreviva com R$ 8 mil? Ah! Porque o trabalhador vive com R$ 600. Mas se formos nos nivelar por baixo... Tem que ser uma coisa justa. Encaro com  naturalidade. Se querem alguém honesto, tem que dar independência”,

Ah filho da... e ele ainda admite que não é um trabalhador e sim um aproveitador! Aiiiii... me dá ódio só em pensar que essa mesma criatura entrava nos subúrbios da cidade há pouquíssimo tempo atrás prometendo mundos e fundos... E sem contar que ainda admite a falta latente de honestidade dos nossos parlamentares e justifica elas com o "baixo salário", "baixo salário" isso é uma piada??? Baixo é o meu salário de educadora infantil, baixo são os salários dos meus vizinhos, baixo é o salário mínimo e a aposentadoria de milhares de brasileiros... 

Pela fala do deputado eu começo a pensar que o trabalhador tem que ser honesto ganhando uma miséria que mal da para pagar luz e água e compra o leite dos pirralhos e ele não pode ser honesto com o seu salário atual, ele precisa de 75% e o trabalhador comum não. E isso é justo. É justo que o salário mínimo aumente uma miséria todo ano e até um real que lhe é acrescido cause debates calorosos  e o dos parlamentares  75%. Meu Deus, é melhor ler isso que ser cega!

Isso é tão absurdo, abusivo, fora de propósito...

Ai que ódio... que ódio... que ódio duplo... triplo... Isso é uma droga de insulto!!!! Eu me sinto insultada, violentada, e não, o bonito ainda não acabou, ele ainda disse mais:

“Ninguém está achando ruim o aumento. Pelo menos, a mim não reclamaram”

Como assim ninguém achou ruim???? É, de fato, realmente, claro que ninguém achou ruim, eu não achei ruim, a população não achou ruim!  

EU ACHEI PÉSSIMO, A POPULAÇÃO ACHOU PÉSSIMO, TODOS ACHAMOS PÉSSIMO!!!

Alguém que por acaso passar por aqui me diga se acha isso bom, bonito e barato a seu bolso por que assim eu vou conhecer alguém que tenha achado isso bom e a fala do deputado terá enfim algum sentido, pq até aqui eu não vi uma única alma que tenha achado essa pouca vergonha uma coisa boa!

Ah o titulo da matéria foi "Reajuste na pauta extraordinária: parlamentares estaduais devem aprovar o próprio aumento salarial hoje" saiu na Folha de Pernambuco e vc pode ler a matéria completa aqui.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Uma poesia entre o começo e o fim...

Essa semana para mim é um começo e um fim, é um começo pq sinto que a partir de já começo uma nova fase em minha vida e é um fim pq é a última semana do ano letivo e eu já começo a sentir falta dos meus bebês... 

Da disposição frenética de Kelly para passar todo o tempo brincando, pulando e se agarrando em mim até me dáh uma bela dor nas costas e nos braços, do jeito de Matheus dizer que é um power ranger; do jeito carinhoso de Ray, das peripécias das amigas inseparáveis Adriana e Vanessa, da sintonia poderosa dos gêmeos Kaio e Kaillane, do jeito particular de Iran que faz uma traquinajem a cada cinco segundos e chora de se acabar para não ir para casa, de Vitor com seus sorrisos e inteligencia afiadas... Todos competentes falantes da língua portuguesa, todos altamente independentes, carinhosos, brincalhões, crianças felizes ao menos no tempo que passam com a gente!

E no meio de tudo isso... penso que nada melhor para selar essa semana de começos e fins que uma poesia e destaco a poesia de Johnny Nogueira pq sinto que ao longo desse ano e por toda vida "nos equilibramos no peso em cada asa" e que  "essa tormenta que nos aflige não é fraqueza,/ é em muitas vezes a musa que nos liberta".

 A matéria do ambiente abstrato

Poderíamos mudar o mundo, ganhar troféus, ficar milionários,
Poderíamos voar, inventar, liderar, explodir,
Mas somos poetas demais para viver assim,
Ou vivos demais para se importar com isso,
Não poderíamos jamais construir igrejas,
Nossas palavras ainda que não rimadas seriam incompreensíveis,
Em qualquer cubo fechado de memória apática,
Somos para aqueles que orquestram ao ar livre,
Seja erudito na alma ou vil no coração,
Como um nome que é lembrado, mas em essência esquecido,
Poderíamos sentir felicidade e nunca tristeza,
Melancolia e nunca alegria,
Mas nos equilibramos no peso em cada asa,
Houve aqueles que se perderam é claro,
Como outros que se cortaram,
Mas essa tormenta que nos aflige não é fraqueza,
É em muitas vezes a musa que nos liberta,
Não poderíamos jamais nos limitar a isso,
Nem mesmo a nossa hipocrisia seria tão indulgente,
Como o tédio que se encontra nesse circulo longínquo
Como a metamorfose dessas células mórbidas e inconscientes...

sábado, 18 de dezembro de 2010

Pegando meu cartão de Natal...

A Georgia deixou um cartão de Natal aos amigos no Saia Justa, fui lá pegar e eis que vejo essa imagem:



Neve, neve de verdade!!! Deve táh um frio de enrijecer os ossos, enquanto aqui está um calor de cozinhar qualquer osso e chegar a fritar a medula. Em Dezembro Recife  ferve no calor e no frenesi das festas natalinas, os super mercados são um inferno, as lojas são um inferno... tudo é quente e os condicionadores de ar podem até sunir alto, mas conseguem apenas amenizar o calor, é um Natal tropical!


Peguei meu cartão, obrigada Georgia, com neve de verdade e tudo e não espuma como a gente vê por várias partes da cidade nas decorações natalinas... Deus te ajude nesse frio, pq pelas minhas poucas experiências como as temperaturas baixas sei que frio só é poético nas fotos... 

E a todos meu Feliz Natal e Prospero Ano Novo que os céus abençoem a todos... Esse foi um grande ano cheio de grandes experiências e sonhos realizado e que 2011 seja muito melhor, que Deus nos ajude, nos dê força e nos ensine a perceber cada dia mais a diferença entre o certo e o errado e que possamos ter sempre a opção de agir da maneira certa e esses são meus votos a todos que passam por aqui.

Quando o sono não vem...

Pois é!!!
Cáh estou eu totalmente sem sono...
Catando coisas para fazer sem sucesso...
Não consigo ler... não consigo dormir...
Não consigo uma série de coisas...
Meus nervos a mil por hora...
Respiro fundo, penso com sem clareza nenhuma em mil coisas ao mesmo tempo...
E não resisto a tentação de fazer essa postagem nada haver...
Coisa de se colocar em diário mesmo...
Quando pego meus diários de outrora vejo várias paginas com esse tipo de anotação de gente com insônia, mas tão cansada que não consegue fazer nada de útil, nobre ou prestável...
Aff...
Vou tentar conciliar o sono...

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Falando um pouco mais sobre Bullying!


Não é a primeira vez que me aventuro a falar sobre esse assunto, houve há algum tempo atrás uma postagem coletiva puxada pelo Mãe é tudo igual que se propunha a falar sobre bullying dizendo "Chega de Bullyind". Nessa ocasião o assunto foi bem tratado, bem debatido, mas não esgotado.

Podemos falar e falar sobre esse tema e ainda teremos muito o que dizer, pq  bullying, fala de coisas que estão extremamente costuradas em nosso cotidiano, acontecem corriqueiramente e por mais que se fale a respeito ainda precisamos falar mais para que de uma vez por todas possamos entender que não é normal xingar, maltratar e violentar uma pessoa por qualquer motivo que seja, onde se incluir cor, tamanho, condição financeira etc...

E já que a  Elaine do  "Um pouco de mim" me convidou, através desse selo que está ai em cima, a uma vez mais tratar desse assunto aqui vou eu novamente.

A começar falando que a questão do Bullying na escola passa pela questão dos problemas que a nossa sociedade enfrenta diariamente, é como a Jussara do Palavras Vagabundas escreveu quando falava sobre o livro "Bolofofos e finifinos de Fernando Sabino": 

"Hoje, cada vez mais, o mundo se torna intolerante e preconceituoso e isso sem medida, vale tudo. Violência contra mulher, gays, negros, gordos e porque não vesgos, gagos e só escolher a categoria. Aí saímos nós a criar campanhas contra bulling, contra a violência, dia de conscientização negra, parada de orgulho gay, dia da mulher, dia de paz no trânsito e tantas outras. Isso é necessário?  Lógico que sim..." 

Penso muito de acordo com o que a Jussara disse ao falar sobre o livro do Fernando Sabino, o mundo realmente é um lugar cada vez mais intorelarante é incrível como se olhar-mos ao nosso redor vamos vêr todo tipo de preconceito imprimindo sua marca no nosso dia-a-dia. É como se estivessemos na foz do rio da História e todos os preconceitos e tabus construídos nos últimos séculos caíssem sobre nós dolorosamente.

Rapazes são espancados e humilhados na rua em plena luz do dia apenas por serem homossexuais, mulheres sofrem violência domestica a cada minuto em nome da honra masculina, pessoas que não tem o perfil magro são motivos de chacota, homens e mulheres são tratados mal apenas pela cor de sua pele e isso acontece tão corriqueiramente que há quem ache normal que as coisas sejam assim. Bem, em uma sociedade que se move assim não é surpreendente que a experiência escolar seja marcada por situações de violência simbólica e, como disse um amigo meu outro dia, seja quase sempre traumática.

Lembro que quando participei da blogagem coletiva proposta pela Vanessa vi um comentário onde ela dizia que as pessoas que participaram colocaram na sua fala muito de sua experiência, lembro também que fme impressionei com a quantidade de pessoas que passaram por  situações violêntas na escola, violências dos mais diversos tipos e que deixam marcas dolorosas.

Seria assustador se não fosse tão coerente com a realidade na qual estamos imersos... A escola é um espelho da realidade social, é um espelho do que acontece em casa, do que vemos na televisão, do que vivemos diariamente. Ela é um espelho onde a sociedade vê seu rosto, ou seja, é um lugar chocante para se estar, aquela escola modelo Malhação/Múltipla Escolha não existe, a escola real é marcada por agitação, caos, agonia e muitas situações difíceis de administrar tanto em escolas públicas quanto em escolas privadas.

Os equilíbrios e desequilíbrios de nosso tempo estão impressos nos bancos escolares, no corpo de nossos alunos e nas atitudes deles para com eles mesmos e para com os professores. E sim, nós, professores, também somos vitimas de bullying, é como a Vaneza com Z (acho tão chic esse nome assim) do Balzaquiana com z comentou por aqui: 

"... é difícil o dia a dia... muito difícil... se você me perguntar se eu sofri bullying na infância ou adolescencia eu vou dizer que sofri... mas nunca sofri tanto enquanto adulta e já educadora. Todo o dia tenho que lidar com isso... com alunos que formam turmas para criticar os professores... se juntam aos bandos... e falam da sua roupa, do seu modo de andar de tudo. Gritam com você... certa vez um levantou a voz pra mim e como se não bastasse se levantou e me desafiou. E eu te pergunto: cadê a lei que funcionário público não pode ser destratado no seu local de trabalho? Ela não funcionada com adolescentes? Pelo visto não."

Quantas e quantas vezes nós nos vemos obrigadas a agir com rudesa com nossos alunos, com nossos pais de alunos? Infinitas vezes... Educar não é uma tarefa fácil, também não é uma tarefa para uma pessoa ou instituição social só. Não é uma tarefa que a escola possa fazer sozinha, a família é responsável tanto quanto a escola pela educação dos pequenos e dos "não tão pequenos" e não pode negligênciar isso de forma alguma.

O comportamento de nossos jovens e adultos é moldada pelo conjunto de saberes que eles aprendem tanto na escola como em casa, na rua, na televisão, nos livros, na Internet e cabe aos pais administrarem isso com atenção sem negligenciar os pequenos detalhes, afinal a vida e a personalidade das pessoas são moldadas por detalhes e detalhes bem pequenininhos. Ser pai e mãe não é fácil, mas nada na vida realmente é fácil e tudo requer trabalho, observo que inúmeras vezes os pais negligenciam o trabalho de educar seus filhos, jogam a carga nas costas da escola, uns pq pagam outros pq pensam ser a escola o único lugar do mundo onde é possivel educar alguém.

Sei que desde o século XVIII que a educação escolar é vista como uma chave para resolver os problemas da sociedade e o conhecimento que a escola se propõe a oferecer as pessoas algo capaz de iluminar os caminhos e solucionar problemas dos mais diversos tipos. Mas, porém, no entanto, as coisas não são assim tão fácil e essa é uma crença ingênua, a escola sozinha nada pode e todos os indivíduos de uma sociedade precisam está comprometidos na árdua tarefa que é educar os mais jovens.

E sim, educar para o respeito a diversidade não é fácil para ninguém, nem para a família nem para a escola,  só que é um desafio cujo enfrentamento é necessário agora, já, para ontem. Quando família e escola estiverem comprometidos em fazer da educação para o respeito a diversidade em todos os sentidos um projeto de todos nós penso que talvez esse se torne um sonho que saia do reino do idílico e chegue se não ao reino das coisas que existem ao menos faça parte do reino das coisas possíveis ou em construção.

Penso que os preconceitos da mesma forma que são construídos historicamente podem ser desconstruidos, é uma questão de existir pessoas comprometidas com essa desconstrução, pessoas que queiram se importar, que não fiquem caladas quando estão diante de uma situação de violência simbólica, que corrijam os erros dos pequenos, que alinhem as árvores, que se ocupem em dar exemplos corretos,que passem do reino do sonhar para o reino do realizar.

E citando novamente a Jussara:

"... seria tão melhor que educássemos nossos filhos para aceitar e apreciar o diferente! Porque com certeza todos nós somos diferentes, eu sou baixa, alguém é alto, outro gordo, fulano magro, sicrano vesgo e o sujeito gago, guri de olhos azuis, meninas loiras , homem careca, mulher de olhos puxados...  esta é a beleza do gênero humano. " 

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Deixo o selo para quem desejar falar um pouco mais ou muito mais sobre o assunto e agradeço a Vaneza com Z e a Jussara por terem me sedido suas palavras para que eu as colocasse por aqui! E sim, eu acho que me entusiasmei um pouquinho e acho que fugir um pouco do assunto Bullying em si e acabei falando das causas do Bullying!