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segunda-feira, 17 de julho de 2017

"Mitologia Nórdica" de Neil Gaiman


Quando descobri que Neil Gaiman escreveu um livro sobre mitologia nórdica eu tinha todos os motivos do Multiverso para ler.

Por um lado, tenho um fraco por narrativas mitológicas. Gosto da forma como elas são resilientes, como mostram a força da oralidade para passar conhecimento, elas antecedem a ciência e sobrevivem a ela, mesmo não possuindo mais o status de verdade, ainda encantando e instigam. E claro, quando tudo em uma aula de história falhar, e muita coisa pode falhar em uma aula de história, uma narrativa mitológica pode salvar a lavoura.

sábado, 28 de setembro de 2013

Época das Crianças - Parte 1: Cosme e Damião

Era uma vez, há muitos séculos atrás em um lugar fértil e feliz do grande continente hoje conhecido como África dois irmãos muito sapecas, inteligentes e extremamente amados por seus pais e por todos os outros membros da aldeia como todas as crianças devem ser. Eles eram chamados de ibejis, por nasceram os dois juntos em uma noite estrelada da qual ninguém jamais esqueceu.

Em uma tarde de primavera, os dois irmãos decidiram tomar banho no rio próximo a sua aldeia. Pediram a sua mãe para lhes acompanhar, ela não pode pois muitos eram os seus afazeres; recorreram ao seu pai, ele também não pode assim como suas tias e até mesmo seus coleguinhas cujo sol diminuía muito o desejo de percorrer a distancia entre a aldeia e o rio correndo o risco de serem duramente advertidos por seus pais quando voltassem.

Contrariados com aquelas negativas os dois irmãos decidiram segui o caminho do rio sozinhos e assim fizeram. Com satisfação venceram aquele caminho e se deleitaram nas águas refrescantes do riacho brincando como só as crianças sabem e podem fazer até o momento no qual uma catástrofe ocorreu: um dos meninos se afogou.

O outro, imediatamente após o ocorrido mergulhou em busca de seu irmão, mas para seu desespero já era tarde demais... Seu irmão já habitava o corpo, sua alma partira rumo ao desconhecido, seu irmão morrerá e ele conheceu pela primeira vez em sua curta vida a terrível dor da solidão e em meio a agonia recém descoberta ele ergueu a sua voz e pediu a Ólorum piedade, que ele não lhe separasse de seu irmão.

Ólorum, do alto do Orum, via silenciosamente todos os acontecimentos experimentados pelos homens, mulheres e crianças no Aiê e resolveu atender ao pedido do menino. Imediatamente transformou os corpos das crianças em estatuas de madeiras enquanto a essência de ambos eternamente cristalizada em sua infância transformou em algo maior conhecido, festejado e amado até os dias de hoje por quem conhece e não conhece essas história.


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Essa história é toda baseada no Itan "Os Ibejis são transformados numa estatueta" contado no livro "Mitologia dos Orixás" do Reginaldo Prandi. Eu li no livro, mas vocês podem ler nesse LINK.

Escolhi conta-la pois não sei, porém suspeito ser a festa dos santos gêmeos "Cosme e Damião" esse grande acontecimento ligado a infância resultado direto da força cultural incrível dos homens e mulheres vindos da África. Reza a lenda que os Ibejis já no período colonial, foram no Brasil associados aos santos Cosme e Damião, médicos mortos por volta de 300 d.C.

Gente no ano 300 depois de Cristo nem pediatria tinha, para mim está claro que a gente só oferece doces a crianças nessa data por causa dos Ibejis. Se eu não me engano, faz parte do cerimonial dos cultos de matriz africana oferecer as divindades - orixás - comidas.

Acredita-se que em troca da comida as divindades oferecem aos homens o axé, a força da vida. Cada orixá tem sua comida especifica, a comida dos orixás crianças é doce, guloseima e claro, nas festas além das divindades as pessoas também comem. Pierre Verger em seu livro "Orixás" apresenta a hipótese do culto a essas divindades derivar do culto a ancestral primitivos, os quais anualmente recebiam ofertas de comida.

Bem, eu não sei até que ponto a hipótese do francês fofo se confirma hoje, mas acho muito legal essa ideia de seres humanos transformados em divindade através de traumas emocionais, amo os itans e se Cosme e Damião em outro lugar do mundo também for comemorada com doces me conta porque ai minha hipótese pode não ser tão acertada.

E essa é a primeira de uma série de 6 postagens sobre "criança e a infância" em comemoração do que a Aleska chamou de "época das crianças", o período de 27 de setembro a 12 de outubro... Pronto, mais uma ideia da Ideia da Aleska posta em prática.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Divindades da mitologia "indígena" "brasileira"

Um dos meus interesses de vida é conhecer um pouco mais sobre diferentes mitologias e em especial as mitologias nascidas aqui no Brasil. Tanto as derivadas do contato entre "índios", europeus e africanos, tanto as dos três povos separadamente.

Abri esse post para divulgar algo que vi sobre a mitologia indígena, não creio que exista apenas uma mitologia "indígena", aliás mesmo o nome "indígena" é discutível em minha opinião. Acho que chamar de índios os povos que habitavam o território conhecido hoje como Brasil um tanto inadequado, um amigo meu disse que na Argentina os povos nativos preferem o nome "primeiros habitantes", eu acho isso mais digno.

Enfim, voltando ao foco, a questão é que as mitologias indígenas brasileiros padecem de uma infantilização terrível. Os primeiros habitantes do Brasil tem sido constantemente representados como crianças e seu conjunto mitológico descrito como coisa quase infantil.

Como, além de professora de ser história, tenho um nome que faz referencia a um mito indígena vem lá vem cá estou procurando informações sobre essa mitologia. Fiquei feliz quando a um tempo atrás fiquei encontrei uma imagem na qual algumas divindades indígenas brasileiras apareciam adultas, pensei: "Uau, eles cresceram!" E postei sobre isso em outro blog, o blog acabou decidi repostar aqui.


Eles cresceram...


Tupã é o autor do trovão e dos relâmpagos, sendo o criador do raio, tal onipresença celeste confere a este um poder significativo na mitologia Tupinambá.

JACI, a formosa deusa Jaci, a Lua, a Rainha da Noite que traz suavidade e encanto para a vida dos homens.

No início de todas as coisas, Tupã criou o infinito cheio de beleza e perfeição. Povoou de seres luminosos o vasto céu e as alturas celestes, onde está seu reino. Criou então, a formosa deusa Jaci, a Lua, para ser a Rainha da Noite e trazer suavidade e encanto para a vida dos homens. Mais tarde, ele mesmo sucumbe ao seu feitiço e a toma como esposa. Jaci era irmã de Iara, a deusa dos lagos serenos.

Guaraci ou Quaraci na mitologia tupi-guarani é a representação ou deidade do Sol, às vezes compreendido como aquele que dá a vida e criador de todos os seres vivos, tal qual o sol é importante nos processos biológicos. Também conhecido como Coaraci. É identificado com o deus hindu Brahma e com o egípcio Osíris.

Yorixiriamori - Esse deus deixava as mulheres encantadas com seu canto,o que despertou a inveja nos homens,que tentaram matá-lo. O deus fugiu sob a forma de um pássaro. É um personagem do mito “A Árvore Cantante”, dos Ianomâmis. Essa árvore desapareceu depois da fuga da divindade.

Anhangá - Deus do inferno e inimigo de Tupã.Pode se transformar em vários animais, e quando aparece para alguém, é sinal de má-sorte.

Ceuci - Deusa protetora das lavouras e das moradias, seu filho Jurupari, mesmo nome de um peixe brasileiro, nasceu do fruto da Cucura-purumã, árvore que simboliza o bem e o mal na mitologia Tupi-guarani.

Akuanduba - Divindade dos índios araras, tocava a sua flauta para por ordem no mundo.

Wanadi - Deus dos iecuanas,ele criou três seres para gerarem o mundo. Os dois primeiros cometeram um erro, e criaram uma criatura defeituosa,que representa os males do mundo. O terceiro concluiu o ato da criação.

Yebá Bëló - Conhecida também como “A mulher que apareceu do nada”, é uma divindade do mito de criação dos índios dessanas.Segundo eles,os seres humanos surgiram das folhas de coca(ipadu), que ela mascava.
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P.S.: Publiquei esse post no EmQuantos, na época uma moça chamada  Marina M. M. fez um comentário super interessante, tentei acha-la para pedi permissão a ela para postar o comentário... Marina se você aparecer por aqui saiba que ainda quero publicar seu comentário.

A proposito, sem querer me gabar e já me gabando, parabéns para mim que tenho a Lua no nome 
\o/


sábado, 22 de outubro de 2011

Sobre Esperança...


"Enganoso presente de Pandora, a esperança então neutraliza o objeto de interesse, tornando impossível refletir sobre ele. Em vez disso, leva as pessoas a agirem segundo considerações de outro tipo, tais como deuses, justiça ... todas elas... presumivelmente menos poderosa que a natureza humana, e em especial numa crise."
(SAHLINS, Marshall. História e Cultura: apologia a Tucídides. pg. 118)
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Se eu pensasse que a vida segue uma lógica racional, se eu acreditasse em uma Natureza Humana,  se eu não fosse uma romântica incorrigível... talvez eu concordasse com essa idéia.

Como não, faço como Sahlins e cito a idéia apenas para dizer que não gosto dela e continuo achando que a Esperança não é um presente enganoso é apenas aquilo que dia após dia nos faz levantar da cama e seguir vida a diante uma vez que seguramente não sabemos que surpresas nos trará o dia.

Como diria o lendário Rei Davi:

"Um dia faz declaração a outro dia, e uma noite mostra sabedoria a outra noite."
(Salmo: 19, 02)

Sonho Impossível - Maria Bethânia

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domingo, 9 de outubro de 2011

Cronos...

Cronos - Brenand, 2011.

A mitologia grega nos conta que Cronos, o Tempo, foi o primeiro Titã, filho do Céu, Úrano, e da Terra, Gaia. Temeroso de ser vencido um de seus filhos comia cada um deles sempre que nasciam. Talvez os gregos pensassem ser o tempo um assassino em potencial!

Os judeus também nos contam sobre O Tempo, dizem ser ele uma criação divina e o livro de Gêneses em seus primeiros versículos se encarrega de contar como no Principio Deus criou o tempo:

"No principio, criou Deus os céus e a terra. E a terra era vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas. E disse Deus: Haja luz. E houve luz. E viu Deus que era boa a luz; e fez Deus separação entre a luz e as trevas. E Deus chamou à luz Dia; e às trevas Noite. E foi a tarde e a manhã: o dia primeiro."
(Gêneses 1; 1 ao 5)

Neil Gaiman, um dos meus autores favoritos, uma vez escreveu algo sobre ele que nunca esqueci:

"... foram felizes juntos. Não para sempre, pois o Tempo, esse ladrão, acaba levando tudo para seu deposito empoeirado..."
(GAINAN, Neil. Stardust: O mistério da Estrela, pg. 224.)

O tempo é um ladrão com um grande deposito empoeirado onde guarda a infância dos jovens e a juventude dos velhos.

Os historiadores adoptaram para si a ampulheta como símbolo e um historiador famoso, cujo nome eu não lembro, disse/escreveu certa vez que:

"A história é ciência que estuda os homens no tempo."

O tempo seria o lugar onde ocorre a História, onde os homens nascem, crescem, morrem, casam, amam, sonham, sofrem, constroem e colocam a baixo casas, cidades, nações, civilizações. Algumas vezes do dia para noite com os Norte americanos na Segunda Guerra, como os Romanos enquanto construíam seu poderoso Império, como eu e tantos mais em sonhos...

Há os que temem esse titã que nos leva a juventude, os que não gostam de pensar em quão rápido ele passa, no tanto de coisas que leva consigo, há também os que gostam de observar sua passagem e acumulam a tão louvável (e útil?) experiência.

Talvez nada na vida seja de graça, talvez tudo tenha um preço, talvez o preço da maturidade seja a juventude que se escoar como areia na ampulheta de Cronos. A maturidade deve ser aquilo que preenche o vazio deixado pela areia que cai rapidamente da ampulheta do velho titã.

Navegando pelo Em Quantos, esse espaço que a Sônia me ensinou a amar, reencontrei a postagem da Lúcia sobre o Tempo... Essa foi a postagem que me fez pensar sobre o tempo.


"O tempo nos traz à vida.
O tempo determina nossa idade, nossas rugas.
O tempo nos traz o amor.
A inexorabilidade da morte.
O tempo pode ser cruel ou amigo.
Passar devagar, ou depressa demais."
(Lúcia Soares) 

Vale a pena conferir a postagem da Lúcia é só passar lá no
Em quantos...

Oração ao Tempo
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Como prometi, cáh está o resultado do sorteio do livro "Snoopy: assim é a vida", realizado entre os que comentaram e manifestaram o desejo de participar do sorteio lá no Post do Em quantos: "A sorte das pipas"



Dessa vez a colaboração foi do meu irmão do coração, Renato!


Parabéns Cacá!!! Obrigada aos que participaram, amigos queridos que viajam nas minhas viagens e voam comigo pelo caminhos do pensar! :)

sábado, 6 de agosto de 2011

Pandora...

Por esses dias a Cris do Cris Style® , cruzou com uma imagem de Pandora e lembrou de mim, achei isso tão fofo que não resisti a tentação de abrir uma postagem para essa imagem.

Pensei em escrever algo a respeito dessa história, afinal gosto desse mito. Quando o escolhi para me nomear nessa aventura da virtualidade lembreo que queria um nome diferente do meu, então procurei em minhas memórias por algo clássico, na busca pensei que se era para ser um nome clássico tinha que ser grego e se era para ser grego só podia ser PANDORA e assim foi, me juntei a multidão de pandoras que habitam a net e cáh estou sabe Deus até quando.

Só que, pensando em escrever algo sobre Pandora lembrei das palavras do Dilso lá do CRONUTOPIA no post onde nos conhecemos, acho que elas são mais que perfeitas para esse momento e essa imagem.



"A palavra PAN, em grego, significa tudo/todos/todas...; e DORA, também em grego, significa dons. O resultado dessa equação seria AQUELA QUE POSSUI TODOS OS DONS. A história encontra-se na obra do dramaturgo helênico Ésquilo em seu "Prometeu Acorrentado" (mas não vou contá-la aqui...) O importante é que o irmão desse deus acorrentado, Epimeteu (EPI, que quer dizer depois; e METIS, que pensa, ou seja o QUE PENSA DEPOIS) recebeu um presente dos deuses olimpianos... Conceberam uma mulher cuja essência recebeu um dom de cada um deles, sendo que Hermes/Mercúrio lhe doara algo próximo a curiosidade, daí a explicação de ela ter aberto a caixa que recebeu seu nome, pois foi criada e trazida junto com ela ao mundo dos homens. Isso foi um martírio tanto para Prometeu (PRO, que quer dizer ANTES; METIS, que pensa= O QUE PENSA ANTES) e para seu irmão Epimeteu, que ingenuamente recebera e se apaixonara pelo estratégico presente dos deuses."
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P.S. [1]: Valeu Cris \o/ Obrigada pela lembrança!
P.S. [2]: Dilso, espero que vc não se incomode de eu ter usado seu comentário no post \o/
P.S. [3]: E sim, eu adoraria parecer com essa Pandora, sou tão sem sál nem pimenta... Aaaahhhh.... Todos os dons já é demais, mas bem que queria ter alguns dos dons da Pandora, especialmente os  ofertados por Afrodite.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Um lenda indigena: Rudá, Guaraci e Jaci.

Rudá, Guaraci e Jaci 



No começo havia a escuridão. Então nasceu o sol, Guaraci. Um dia ele ficou cansado e precisou dormir. Quando fechou os olhos tudo ficou escuro. Para iluminar a escuridão enquanto dormia, ele criou a lua, Jaci. Ele criou uma lua tão bonita que imediatamente apaixonou-se por ela. Mas, quando o sol abria os olhos para admirar a lua, tudo se iluminava e ela desaparecia. Guaraci criou, então, o amor, Rudá, seu mensageiro. O amor não conhecia luz ou escuridão. Dia ou noite, Rudá podia dizer à lua o quanto o sol era apaixonado por ela. Guaraci criou também muitas estrelas, seus irmãos, para que fizessem companhia a Jaci enquanto ele dormia. Assim nasceu o céu e todas as coisas que vivem lá.

Outra versão:

JACI, a formosa deusa Jaci, a Lua, a Rainha da Noite que traz suavidade e encanto para a vida dos homens.


No início de todas as coisas, Tupã criou o infinito cheio de beleza e perfeição. Povoou de seres luminosos o vasto céu e as alturas celestes, onde está seu reino. Criou então, a formosa deusa Jaci, a Lua, para ser a Rainha da Noite e trazer suavidade e encanto para a vida dos homens. Mais tarde, ele mesmo sucumbe ao seu feitiço e a toma como esposa. Jaci era irmã de Iara, a deusa dos lagos serenos.
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Sei que existem outras lendas indígenas que explicam o surgimento da lua, mas recentemente uma amiga me lembrou essa  história em especial,  fiquei encantada com o gesto dela e pensei comigo mesma: "como pude esquecer essa história tão linda?! Não esquecerei novamente!". Desde já, vou tentar lembrar sempre não só de Jaci, a Lua como "o que a lua reflete"!

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Deixo ainda uma poesia linda, onde essas três divindades aparecem para contar uma história:


Alma de índia triste
Márcia de Sá

Peço a Guaraci que me ajude
que me proteja de tamanha dor
e que Jaci de noite me rodeie
que insone vago neste mar de açoite
e já não sei onde olhar por mim...

Rudá não viu...deixou que ele se fosse...
levando assim meu coração com ele
e desde então o dia virou noite
e meu suplicio vaga mansamente

Meu coração,arrancado do peito...
cortou os céus nas garras de uirapurú
foi dado então a Anhangá
pelos olhos verdes cores deste mar 
que deu a Caapora pra esconder na mata

Ainda sinto o coração bater
ele era meu,mas ja não posso ter
está plantado no peito da estrada
onde ninguem jamais poderá ver

ja enchi lagos,cachoeiras,rios
de minhas lagrimas,sempre a rolar
ja chorei tanto por este peito frio...
que fiz o mundo de Boiúna.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Sobre o mito de Pandora!!!!

Na verdade eu tenho um grande afecto por todo e qualquer conjunto de mitologia, desde a diabolizada Mitologia Yorubá a exaltada Mitologia Grega, compreendo os mitos como representações a cerca da realidade vivida, sonhada e pensada pelo homem... E sinceramente... como não se fascinar pelo homem, em suas fragilidades e forças????

Mas, de todos os mitos, os que giram em torno da figura feminina me chamam mais a atenção, e entre os mitos que giram em torno da mulher o que me chamam mais a atenção certamente é o de Pandora e sua caixa onde se escondia todas as desgraças do mundo é o que mais me fascina...

Pandora foi, segundo a mitologia grega, a primeira mulher,criada pelos deuses e por eles dotada com todos os encantos possíveis, foi dada de presente ao irmão de Prometeu, Epimeteu, que guardava consigo uma caixa onde todos os males do mundo estavam guardados. Os deuses entregaram essa mulher cheia de dádivas a ele, pois tinham a intenção que ela realmente fizesse o que fez: abrir a dita caixa. De fato, foi o que ela fez, Pandora foi até a caixa e a abriu: soltando todos os males; mentira, doença, inveja, velhice, guerra e morte saíram da caixa de forma que quando ela percebeu o que fez e fechou a caixa a única coisa que ficou nela foi o mal que acaba com a esperança, ou seja a presciência o conhecimento prévio daquilo que está por vir.

Mas ainda não é o mito de Pandora contado e recontado inúmeras vezes na História da Humanidade e sim o sentido que vejo nele, o mito de Pandora revela o profundo e constante medo que o sexo masculino e a sociedade possuem da mulher, Pandora grega, Eva judaico-cristã... é incrível como o homem teme a mulher e como o mito mostra esse medo...

A nossa capacidade de gerar a vida, o sangue que sai de nosso corpo mais não nos mata, a fidelidade que os filhos devotam a mãe no início da vida, a capacidade de seduzir, o desejo de nos ter que os homens nutrem, a incapacidade de aprisionar nossas almas que eles sentem, a crença antiga de que temos algo a mais que eles não possuem e que não entendem... Os homens criam lendas para culpa a mulher pelo mal, os homens nos culpam sempre que podem... o próprio Adão questionado por Deus a cerca de seu pecado disse: "Foi a mulher que tu me deste..."

Enfim... tais coisas são ou não para intrigar??? No mais... também é interessante como o homem mesmo culpando a mulher pelos males, reconhece, e uma vez mais o mito de Pandora nos ajuda a enxergar isso, que sem algo ofertado pela própria mulher não seria possível sobreviver... pq no final quem salva a esperança é a própria Pandora, ao conseguir manter a presciência dentro da caixa.

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Recife, 26 de Junho de 2011. (Domingo).

Hoje um comentário interessante chegou a meu blog, não resisti a tentação de adicionar esse comentário a essa postagem... É sempre muito interessante saber um pouco mais sobre o Mito de Pandora!

Dilso J. dos Santos disse sobre Pandora:

"Confesso que seu nome me atraiu (sei que é um epíteto de Blog), pois seu significado é algo muito bacana. Vejamos: A palavra PAN, em grego, significa tudo/todos/todas...; e DORA, também em grego, significa dons. O resultado dessa equação seria AQUELA QUE POSSUI TODOS OS DONS. A história encontra-se na obra do dramaturgo helênico Ésquilo em seu "Prometeu Acorrentado" (mas não vou contá-la aqui...) O importante é que o irmão desse deus acorrentado, Epimeteu (EPI, que quer dizer depois; e METIS, que pensa, ou seja o QUE PENSA DEPOIS) recebeu um presente dos deuses olimpianos... Conceberam uma mulher cuja essência recebeu um dom de cada um deles, sendo que Hermes/Mercúrio lhe doara algo próximo a curiosidade, daí a explicação de ela ter aberto a caixa que recebeu seu nome, pois foi criada e trazida junto com ela ao mundo dos homens. Isso foi um martírio tanto para Pormeteu (PRO, que quer dizer ANTES; METIS, que pensa= O QUE PENSA ANTES) e para seu irmão Epimeteu, que ingenuamente recebera e se apaixonara pelo estratégico presente dos deuses. Interessante!!!!!"