domingo, 26 de outubro de 2014

Uma História de Abraço [Coração 010]

Ele só queria.
Ele só queria alguém que se importasse com ele.
Alguém que lhe desse um abraço.
Alguém que lhe aquecesse.
Ninguém queria.
Quando eu te abraço no escuro, o escuro não vai embora.
Coisas ruins continuam a existir lá fora.
Os pesadelos ainda caminham.
Quando eu te abraço não é mais seguro, mas é melhor.
"Tudo bem", a gente sussurra.
"To aqui amor".
E mentimos: "Nunca vou te deixar".
Por apenas um instante o escuro não é assim tão ruim.
Quando te abraço.
(Neil Gaiman, Abraço, pg. 24 In: Dias da Meia-Noite, pg. 100)
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Sexta-feira passada, para não variar, foi mais um dia cansativo. Cansativo o suficiente para me fazer abrir mão de meu orgulho de educadora capciosa. Decidi não fazer com as crianças a jornada do primeiro andar para o térreo e oferecer o lanche na sala mesmo. Consequentemente precisei subir  e descer a rampa com a bandeja do lanche.

Foi no momento da descida, um pouco antes de depositar na cozinha a enorme bandeja do lanche, que impede minha visão de qualquer coisa abaixo da altura do peito, que fui surpreendida pelo abraço do L.

O L. tem quase 4 anos agora, é um magricela enorme, de ossos agradavelmente pesados e carinha de criança bem nutrida. Nós nos apaixonamos a primeira vista. Ele sorriu para mim, eu sorri para ele e BUM, fez-se um mundo! Aliás, quando agarrou minhas pernas a bandeja também quase fez bum no chão com pratos, copos e restos de bolo. Por um golpe de sorte tudo se equilibrou e como em um fleche o L já estava nos meus braços para abraçar, cheirar, beijar e morder com amor, pois todos sabem que mordidas de amor não doem e fazem as crianças se derreter em sorrisos.

Abraços não resolvem os problemas do mundo, mas fazem tudo tudo tudo mesmo valer a pena.

Hoje, acordei mais cedo do que de costume para um domingo e me peguei lendo a edição de "Dias da Meia-Noite" que o Rafael me enviou. Como já disse outras vezes, Neil Gaiman é um amigo com o qual posso sentar no meu canto favorito do sofá, agarrada com minha cuia de chimarrão para conversar longamente. Foi dessa forma que eu ouvi uma emocionante história de abraço, mesmo que o assunto do momento seja "As eleições Presidenciais", simplesmente precisava escrever essa minha história de abraço.

Ah, Rafael, não se gabe muito, mas talvez você esteja certo: "Tudo o que as pessoas precisam é de um abraço!".

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Um pequeno registro, só para não esquecer!

Tem coisas nessa vida feitas para não serem esquecidas.
São justamente dessas coisas que tenho medo de esquecer e por isso escrevo.

Então ontem, quando cheguei em casa do trabalho, encontrei uma caixa em cima do sofá. A caixa me foi enviada pelo Rafael e nela estava uma das coisas mais lindas incríveis e tudo o mais que já vi na vida!

Eu ainda estou fora de mim de contentamento!!!
Não consegui tirar os olhos dela nem para a foto, minha irmã se abusou e ficou assim mesmo!!!


Obrigada Rafael!!!


E sim, agora mesmo estou abraçando o lindo "Dias da Meia-Noite", olhando para meu marcador de papiro, não consigo me separar dele... Abraços quentinhos nunca são demais, assim como balas de café!!!

domingo, 12 de outubro de 2014

Estatuto da Criança e do Adolescente

Outro dia li um texto no qual o facebook era chamado de "besta do apocalipse". Confesso: ri muito e cheguei a concordar um pouco. Mas, como toda geminiana bem sabe, nada e ninguém é uma coisa só, todas as coisas possuem lados divergentes e convergentes, capacidade para a ternura e fúria, malefícios e benefícios e as redes sociais também tem disso.

O facebook tende mesmo a se comportar como uma besta do apocalipse sedenta de sangue e caos. compartilhando as indiscrições alheias. Mas, também tem seu lado A, seu lado bom.

Por exemplo, hoje encontrei nos descaminhos do "quase sempre insuportável" face a pagina do "Conselho Superior da Justiça do Trabalho". Na "Semana do Dia das Crianças" eles resolveram destacar alguns artigos que servem como premissa para o combate ao trabalho infantil" e, na minha opinião, para outras coisas também.

O Brasil e os brasileiros são criaturas que em geral pouco se importam com a infância, ou melhor, pouco se importam com a infância pobre e a pequena infância carente. O "Bolsa Família" garante a frequência escolar de milhares de crianças em todo território nacional, porém é apelidado carinhosamente de "Bolsa Esmola"; a escola pública não é prioridade e quando se fala em creches as pessoas defendem que a creche é "importante para as mães que trabalham" e não para as crianças.

Para as crianças pobres e a pequena infância carente tem sobrado o pior pedaço do bolo dos recursos públicos. Quem se compromete em lutar pelos direitos deles costuma ouvir coisas como: "Seu trabalho não tem futuro!"

Como educadora coleciono pequenas derrotas diariamente. Para cada passo dado a frente muitas vezes é preciso dar dois para trás. Me pego imaginando o quanto as pessoas que me antecederam também sofreram derrotas em suas lutas.

Mas, como nem só de derrotas vivem os que batalham por um mundo no qual a infância seja respeitada, nós temos o "Estatuto da Criança e do Adolescente" (ECA), lei nº 8.069 de 1990, um conjunto de normas que tem como objetivo a proteção integral das crianças e adolescentes.

Muita gente se recente dele, muita gente desconhece ele, muita gente luta contra ele e clama por "Redução da Maior Idade Penal" antes de clamar por "Respeito ao Estatuto", "Respeito aos Direitos das Crianças". Combater o menor infrator nunca vai produzir um mundo mais pacifico, combater aquilo que produz o menor infrator já é outra história.

Compartilho, guardo, aqui os artigos destacados pelo "Conselho Superior de Justiça do Trabalho" com a esperança de que cada um de nós consiga fazer algo a respeito cada vez que ver uma criança em estado de fragilidade social. Que possamos travar pequenas lutas a favor das crianças diariamente e que junto com as muitas derrotas venham também vitórias tão grandes quanto a construção e aprovação do ECA foi em 1990.

Ah, deixo também meu obrigada a cada cidadão que militou em favor do ECA, se a vida das crianças já é dura com ele, imagina sem!





sábado, 11 de outubro de 2014

Os dez melhores filmes da Sessão da Tarde [ #ListasRápidas 2]

O Luciano criou uma tag/meme chamado "Listas Rápidas" no blog dele .Livro, eu gostei da ideia e resolvi aderir a lista dOs 10 melhores filmes da Sessão da Tarde, pois até o presente momento eu ainda não consegui cansar do meu Top 10 desses filmes.

Boa parte deles fiz questão de adquirir em DVD para ter "na minha estante" e a outra estou em processo de ter, pois vivo eternamente procurando eles por ai!


Os dez melhores filmes da Sessão da Tarde!


01. Curtindo a vida adoidado
02. Os Trapalhões e o Mágico de Oróz
03. Dirty Dancing - Ritmo Quente
04. De Volta a Lagoa Azul
05. Elvira: A Rainha das Trevas
06. Gost: do outro lado da vida
07. Mudança de hábito 1
08. Os Fantasmas se Divertem
09. Família Buscapé
10. A.I. Inteligencia Artificial
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Pequenas Notas:

* Quando estava na graduação confessei aos meus amigos que chorava muito quando assistia "A lagoa Azul" e eles me sacanearam com isso durantes 4 anos e 6 meses, literalmente até o ultimo dia de curso. Então agora eu não choro mais vendo como duas pessoas conseguem ficar em uma ilha a vida toda e só aprendem como fazer menino kkkk.

** "Curtindo a vida adoidado" é um dos meus filmes preferidos no multiverso até hoje a música "Twist And Shout" ainda está em meu celular. Em 2011 eu tive uma turma de "Grupo 2" que simplesmente A.M.A.V.A essa música. Eu colocava para dançar com eles quase todos os dias!

*** Nunca entendi como uma evangélica pode gostar tanto de filmes espiritas como eu gosto de "Gost" e derivativos. Poderia encher um oceano com as lágrimas que choro assistindo.

****Eu amava os filmes dOs Trapalhões nos quais apareciam, por ordem de apreciação minha  Mussum, Zacarias, Dede e Didi!

Confiram também a lista do Luciano "Os 10 melhores filmes da Sessão da Tarde"

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Uma pequena nota sobre a educação pública!

De repente o teto da sala pode cair.
Você pode chegar e encontrar sua turma desconfortavelmente instalada no refeitório.
Um curto-circuito pode ocorrer na cozinha e você ter que sair do refeitório para o patio externo, afinal na sua cidade a primavera é verão e sem ventilador não dá!
No patio externo você pode se pegar tirando uma barata das mãos de uma de suas crianças.
Quando você pensar que não, de repente pode chover e ai é correr com todas as crianças de volta ao refeitório - graças aos céus a luz foi religada.
Mas, ai descobre que o banheiro está entupido novamente e, antes de dar um jeito naquilo, se pergunta: "Isso é um banheiro ou uma fossa?".
De repente você se pegar deixando as crianças assistirem episódios de "Peppa Pig" como se não houvesse amanhã, enquanto vai executando com as estagiarias o ritual do banho individual.
Para não variar, sua equipe é a última a largar, porque um terço dos pais de seus alunos fazem absoluta questão de chegar exatamente no último minuto da tolerância estabelecida pela instituição.
E você precisa escrever esse desabafo, afinal amanhã tem mais e você não pode surtar, pois surtar não conserta teto ou instalação elétrica, limpa patio, desentope banheiro, conscientiza pais e mães a respeito do fato de que você larga as 18:00 horas e não as 18:05, 18:10 ou 18:15 ou faz com que os administradores da cidade-estado-país olhem com olhos de amor para a escola pública!

Em resumo:

"Quando você pensa que já viveu o pior, acredite em mim, você está sendo muito otimista!
Quando o assunto é educação publica em Recife-PE-Brasil, nada pode está tão ruim que não possa piorar!"

sábado, 4 de outubro de 2014

Pausa não intencional!

Eu não estava pretendendo dar pausa na escrita desse blog - quase diário. Amo escrever, amo a dialética viver e narrar, narrar e viver. Mas, aconteceu, já faz mais de um mês que não sento para digitar/contar nada por aqui....

E para minha surpresa, mesmo hoje, mesmo agora, a vontade de escrever não vem...

Poderia dizer que é falta de tempo, ideia, excesso de trabalho, problemas e derivativos, mas honestamente enquanto se está vivo precisa-se trabalhar e enfrentar problemas então sei que não é isso.

Enfim, sem blá... blá... blá... Só passei para registrar que desde Agosto e agora em Setembro esse blog tem vivido uma pequena pausa. Honestamente espero que não dure, afinal há os desafios da Lu sobre os quais preciso falar e talvez hajam outras coisas mais...

Abraços, beijos e cheros aos transeuntes da internet que por aqui passam e até nosso próximo encontro, aqui ou em qualquer parte!

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Blogagem Coletiva: Livros que Marcaram a Minha Infância


Quando a @Sybylla_ do Momentum Saga propôs a ideia de blogar a respeito dos "Livros que marcaram a infância" eu abracei de cara. Sim, eu sei que esse blog anda um pouquinho monocromático em relação a temáticas e eu tenho falado demais de livros... livros... livros... Mas gente, eu gosto tanto de falar de minhas leituras que não cair na tentação é impossível.

Enfim, a primeira grande marca literária de minha infância foi causada pela Bíblia, talvez por isso eu seja tão fascinada por literatura fantástica. Ela foi meu primeiro livro de leitura, claro a interpretação e acesso ao texto bíblico era mediada por uma versão infantil com linguagem mais acessível e pela presença de Voinho. Seu Pedro foi um avô carinhoso e excelente contador de histórias.

Para adultos, cujo pensamento é muito arraigado a logica e possuem uma cota de magoas significativas com os cristãos, a Bíblia pode não ter fascínio nenhum, mas para crianças o Velho Testamento tem seu charme. Ali encontramos um mundo criado em seis dias, Dilúvio, Torre de Babel, Jacó, José, Rebeca, crianças resgatadas do Nilo, pragas, nuvens de fogo, água fluindo da rocha, pão brotando da areia, pastor de ovelhas vencendo urso, leão e gigante para virar Rei. Talvez Davi tenha sido meu primeiro amor e decepção literária gritante, digo talvez pois mesmo agora não me sinto a vontade para admitir o meu amor infantil por ele. Demorei anos para perdoa-lo, minhas questões com ele eram capazes de azeda as pregações mais eloquentes kkkk

E bem, fora a Bíblia minha família não me colocava diretamente em contato com outros textos literários. Eu mesma costumava me colocar em contanto com os livros didáticos do meu tio. Livros didáticos de português são especialmente rico em diversos tipos de texto. E além disso eu dei a sorte de encontrar logo na primeira série a "Tia Shelly", quanto mais penso nela mais percebo o quanto ela era genialmente maluca. Tia Shelly falava sobre a necessidade das mulheres terem independência financeira com crianças de sete a oito anos, gritava muito e pedia desculpas por gritar muito, era meio barraqueira, fazia jogos de leitura e costumava nos levar para a biblioteca da escola nas sextas-feiras com permissão para levar 1 livro para casa, na próxima sexta nós devolvíamos e assim ia.

Foi graças a Tia Shelly que mergulhei no maravilhoso mundo de Hans Christian Andersen, Perraulte, Irmãos Grimm. Pois é, realidade não era o meu forte mesmo. Meu negocio era o mundo da fantasia. De todos os autores infantis o meu preferido sempre foi e continua sendo o Andersen. Chorei, sorrir e refleti com os textos dele! Amo a "Pequena Sereia" e seu amor resiliente e generoso, me inspiro no "Patinho Feio" para superar adversidades, me revolto com a continuidade da existência da "Pequena Vendedora de fósforos" em noites de Natal, me apaixono pelo "Soldadinho de Chumbo" e "O sino" continua sendo minha história favorita. Basta ouvir o sino da igreja tocando as seis horas que eu lembro e não consigo deixar de sorrir e ficar melancólica.

Depois da colaboração da Tia Shelly, eu contei com a ajuda da minha  tia Neide, irmã da minha mãe que me presenteou com duas edições de compilações de contos infantis das "Mil e Uma Noites" e dos Irmãos Grimm tão amada que não sobreviveu a minha infancia.

Também contei com a ajuda básica da minha vizinhança para manter meu habito de ler. Aqui em Nova Descoberta privacidade é algo que não existe, todo mundo sabe que amo ler, e quando o patrão de minha vizinha deu a ela um bom acervo de livros dos filhos dele ela me emprestou e com a ajuda de Glauce conheci a mala sem alça do Monteiro Lobato, Ivanhoé, amoooo demais, e Simbad, eu ainda quero ser Simbad.

Apesar de não morrer de amores por Lobato e odiar a Emília sobre todas as coisas, "Saci" e "Os 12 trabalhos de Hércules" foram leitura importantes para minha pessoa. Eu amo o Saci e Mitologia Grega e Monteiro Lobato foi brilhante ao transformar todas as histórias de Saci que ele conhecia nesse conto infantil, me introduziu no universo da mitologia grega, tão caro a mim, e eu amo o Visconde até hoje.

Ah, não posso deixar de citar "Ulisses entre o amor e a morte" do O. G. Rego de Carvalho. Esse livro fala de memórias de infância e adolescência em uma prosa poética emocionante, não é um livro infantil, embora fale de infância. Eu tinha nove anos quando roubei ele da bolsa de trabalho do meu pai, naquela época ele fazia a linha "Recife - São Luiz do Maranhão", alguém presenteou ele com o livro, meti corretivo na dedicatória, assinei meu nome e ele se tornou meu melhor amigo por anos.

Já disse que não fui uma criança cuidadosa?

Fica também a menção honrosa ao belíssimo "Entre a Espada e a Rosa" da Marina Colasanti, conheci esse livro na biblioteca da segunda escola na qual estudei, essa biblioteca nem existe mais, porém continua sendo meu lugar preferido no mundo o lugar no qual fui mais feliz. Ano passado reencontrei esse livro e quando volto a ler suas histórias é como se eu estivesse novamente nesse lugar de paz e luz do sol no qual eu consigo respirar.


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Esse post pertence a Blogagem Coletiva "Livros que marcaram a minha infância" proposta pelo Momentum Saga  outros posts podem ser encontrados nesse link 

Fran, Sybila, desculpem o atraso na postagem, eu passei o dia todo selecionando mentalmente as coisas que iria escrever, o post ficou enorme, eu sou prolixa, o texto deve está repleto de erros, depois revisarei tudo e linkarei todos os posts :)

sábado, 23 de agosto de 2014

Escreva [Citação 009]

"Estou pedindo que escrevam cartas, que incluam acontecimentos, coisas que tenham percebido, como a mudança das estações afeta vocês ou o cheiro das flores. Imaginem morar na Índia com um macaco. Expressem a alegria de beber uma simples limonada em um dia quente. Finjam ser estranhos em sua própria casa, onde acabaram de notar uma rachadura no teto. Seria uma passagem para um cômodo oculto? Escrevam cartas para alguém que vocês viram em um restaurante. Talvez uma pessoa famosa, viva ou morta. Ou talvez para seus personagens favoritos de um livro ou filme! Perguntem coisas sobre a vida deles, as escolhas que fizeram... Sejam curiosos e libertem a sua mente de abreviações."

(Professor Wistler, Claros Sinais de Loucura, p. 34, Karem Harrington)


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Não consegui evitar de da um pulo aqui madrugada a dentro e registrar as palavras do Professor Wistler. Também escrevo, amo escrever, gosto do que escrevo e  faço minhas as palavras dele.

"Claros sinais de loucura" da Karen Harrington, tem uma pegada de literatura infantil terna, delicada, sensível. A protagonista é a Sarah Nelson, menina de 12 anos com um passado delicado. Ela escreve diários, gosta de ler, de procurar o significado das palavras no dicionário e ocasionalmente criar seus próprios significados para as palavras, enquanto procura em si mesma sinais de loucura.

Me identifico muito com ela, aos 12 anos também costumava procurar em mim sinais de loucura. Hoje procuro sinais de sanidade, mas continuo escrevendo diários, gostando de ler, de procurar palavras no dicionário e criar meus próprios sentidos para elas.

domingo, 17 de agosto de 2014

"As crônicas do Gelo e Fogo" ou "Livros com cara de Inverno" [Desafio Calendário Literário]

Seguindo firme e forte pelo caminho do "Desafio Calendário Literário" proposto pelo blog "Aceita um Leite?", Julho foi o mês no qual a lei seria ler um livro no qual o Inverno ocupasse um lugar central. Seguindo firme e forte pelo caminho do relaxamento só agora, no meio de Agosto, eu consegui reunir forças para falar a respeito da minha leitura de de Julho, a saber os volumes 4 e 5 da celebrada e sangrenta série de George R. R. Martin "As crônicas do Gelo e Fogo".


Venho lendo essa série desde 2002, o volume 1 e 2 foram um sopro, uma leitura rápida e agitada durante a qual muitas paixões foram despertadas por meio mundo de personagens. Como  não amar os Starks de Winterfell, Tyrion Lannister, Jon Snow, Daenerys Targaryen e todos os outros? Martin conta sua história de maneira a enfatizar as forças quantos as fragilidades dos personagens, deixando um e outro entrarem e saírem de destaque, mostrando e escondendo o que há por trás dos atos de cada um deles tornando muito difícil para o leitor não se envolver afetivamente com um e com outro. Mas, com o avanço da história, pouco a pouco a parte épica das crônicas vai se perdendo em um oceano de sangue, dor, agonia e mortes horrendas.


Terminar de ler "A tormenta das espadas", vol. 3 da série, foi um tormento enorme e quase desistir do livro. Mas, quando a chuva começou a cair em Recife... Bem, sei lá. Em Recife não existe inverno, aqui é a "Terra do Sempre Verão", um lugar onde no máximo chove e o suave resfriar produzido pela chuva é chamado de frio... e em meio a esse falso inverno o barulho da chuva pareceu me fazer um convite a voltar a esse mundo no qual o Inverno pode ser, e comumente é, fatal.

Foi uma decisão acertada!

A leitura do "O festim dos corvos" se mostrou agradável, o Martim já se tornou um companheiro de caminhada cuja voz e o estilo eu conheço e tenho afeição, adquirir uma quase confiança na capacidade do velho sanguento de me oferecer uma boa história. Amo a forma como ele faz as ideias de Maquiavel, Rousseau e companhia dançarem diante de meus olhos. Gosto também de como ele trabalha com a ciência "História". Como ele prende seus personagem dentro de um limite de veracidade, mesmo quando dialoga com algo como magia, afinal nunca foi consenso que magia, milagres, deuses não existem. E quero casar e ter filhos com Martin quando ele fala sobre a escravidão, o quanto ela é lucrativa, o quanto é complicado abolir a escravidão e o quanto é absurdo esse regime de trabalho do ponto de vista humano.


As pessoas esquecem, ou fingem esquecer, mas o Brasil é um país cujas bases econômicas-sociais-politicas mais antigas foram construídos através da escravidão. O comercio sangrento fez a fortuna de muitos homens e mulheres dos dois lados do Atlântico. A Princesa Izabel perdeu sua coroa quando cedeu aos altos clamores, muito altos mesmo, da população pela Abolição. E nós ainda não nos livramos da escoria que fomentou e se alimentou desse regime de trabalho. Senadores, deputados, ricos proprietários em sua maioria são herdeiros de proprietários, comerciantes e traficantes de escravos. Passaram-se pouco mais de cem anos depois daquele 13 de outubro de 1888 e ainda temos muitos "Sábios Mestres Yunkaitas" a vencer em disputas politicas.

Amei muito e mais ainda ouvir a Dany dizer:
"Escravidão não é o mesmo que chuva. Já tomei chuva, e já fui vendida. Não é o mesmo. Nenhum homem quer ser propriedade de alguém." (George R. R. Martin, A dança dos dragões, p. 243).
Obviamente não posso negar o quanto esse malvado é prolixo. Alguns autores escrevem de forma a não deixar nem uma pobre virgula sobrando, Martin deixa o alfabeto latino, árabe, japonês e chines inteiros junto com todo os sistemas de pontuação já inventados sobrando, se espremer todas as palavras que ele deixa sobrar de cada livro da para escrever mais dois. Bem, eu sei, sou a ultima pessoa que devia criticar isso no mundo, em meus posts reina a prolixidade, mas quem resiste a uma dose de veneno?!?!? hsuausah

Eu tenho vontade de comentar a respeito dos eventos de "O festim dos Corvos" e da "A Dança dos Dragões", mas eu não sou uma mega blogueira que escreve para milhares de pessoas no mundo, metade das pessoas que leem meu blog ignoram lindamente a obra de Martin a outra acompanha apenas a série da HBO "Games of the thrones" e seria pura sacanagem dar spoilers, então vou ficando por aqui.

Só faço questão de registrar aqui meu amor por Jon Snow, Tyrion e Jayme Lannister, Daenerys Targaryen, Missandei, Brienne de Tarth, Asha Greyjoy, Verme Cinzento (#AmoEsseUm), Sor Barristan Selmy, por Dorne, pelas "Serpentes de Areia" e todo "Povo Livre".
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Esse post faz parte do "Desafio Calendário Literário",
proposto pelo blog "Aceita um leite?".

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Irmãos [Citação 008]

"Irmãos são capazes de fazer aflorar a criança de 8 anos que vive em nós." (Julia Quinn, "Os segredos de Colin Bridgerton")

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A Julia Quinn é uma autora cujos livros, do inicio ao fim, leio com um sorriso no rosto. Me divirto muito e mais ainda lendo seus textos, especialmente quando ela me faz lembrar de como a convivência entre irmãos pode até amadurecer, mas a infância sempre fica conosco.