segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Sobre uma pequena viagem ao interior de Pernambuco

Tenho a impressão que boa parte das pessoas residentes em Nova Descoberta são naturais de alguma cidade do interior de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e derivativos ou mesmo são descendentes de pessoas oriundas desses lugares. Minha família funciona dessa forma, talvez por isso vez em sempre tem alguém indo a alguma cidadezinha do interior visitar parentes e outros até acabam comprando um pedaço de terra para voltar depois da aposentadoria.

No entanto, apesar da frequência de visitas dos meus vizinhos e da minha própria família, oriunda do interior do estado da Paraíba, já fazia um bom tempo desde minha ultima ida ao interior. Tanto tempo que quando minha vizinha, movida por uma saudade desesperada misturada a um desejo maluco de comer comida de milho, pediu ao meu pai para leva-la a casa dos pais dela em São Caetano das Raposas para uma estada de apenas um fim de semana eu me convidei para ir junto.

Na estrada!
Para mim ir ao interior é uma mistura de experiencia existencial e busca de fortalecimento de raízes. Sem contar que há poucos meses foi a vez de minha irmã ir e quando ela voltou trouxe notícias duras da seca, e nós queríamos ver como tudo ficou depois da chuva. E uau, bastou um pouco de chuva para a terra ficar verdejante novamente, cheia de vida, de flores e vários roçados em muitos pontos.


Na casa da mãe de minha vizinha reinava um contentamento e verdade seja dita: ninguém sabe ser mais acolhedor que as pessoas do interior, fazia muito tempo que eu não era tão bajulada gratuitamente em minha vida e em três tempos eu me senti tão bem como se estivesse na casa de Voinha. Aliás, fiquei com a impressão que quando as pessoas se mudam para a cidade, elas carregam na sua mala o estilo de vida do interior e basta apenas se instalarem aqui para fazer valer tudo isso.

Acho que está com a mãe de Maria foi como está novamente com voinha. Rapidamente nós ficamos intimas de vida inteira, rapidamente eu já estava na cozinha mexendo panela, picando cebola e lavando pratos enquanto ela dizia para eu não fazer nada e ao mesmo tempo ia me acolhendo em seu espaço... enfim... Foi muito legal!!!! E olhando assim, começo a pensar que a Aleska está certa, eu gosto mesmo é de "pegar intimidade" com as pessoas rsrsrs...

E falando de intimidade, Maria costuma dizer que minha casa parece uma casa de farinha na época de fazer farinha, então um dos primeiros espaços que ela fez questão de me mostrar foi justamente a danada da Casa de Farinha. Não estava em funcionamento, mas eu aproveitei assim mesmo para tirar fotos do maquinário simples, porém eficiente com o qual a mandioca é transformada em farinha de mesa, massa para bolo, papas e tapioca.

Casa de Farinha vista do lado de fora.






Além da casa de farinha, outra coisa que adorei foi ter contanto com tantas flores... Poxa fazia tanto tempo desde a última vez que estive em um ambiente verde.





E ainda teve a tal da comida de milho, que eu não como porque milho me da uma coceira terrível. Mas confesso, fazer a comida é uma emoção associada ao melhor da minha infância maluca, da nostalgia ver alguém ralando o milho, o coco, misturando tudo do jeito certo e pondo para cozinhar.

O caldeirão!

O que tem dentro: pamonhas!!!

Só de olhar me coço!

Claro, ajudar a mexer a canjica é sempre... sempre... sempre significativo.


É claro que não posso deixar de pontuar a dificuldade da vida no interior de Pernambuco: no sítio dos pais da minha vizinha não há internet, sinal para celular é difícil e a seca castiga... Ser sertanejo não é uma tarefa nada suave. É preciso ser disciplinado e organizado para não passar fome ou privações piores e adquirir essa disciplina tem preço, um preço muito alto, as vezes alto demais na minha opinião. Não a toa em meio a um de nossos momentos de intimida conversativa dona Iraci olhou para mim com sua enxada incrivelmente amolada e falou uma coisa difícil de ser esquecida: "Minha filha, essa é minha caneta. A única caneta que me deram. Você pensa que eu não choro? Eu choro, eu queria ter estudado...".

Enfim, complicado, mas nem sempre infeliz e para não terminar esse post com melancolia compartilho uma imagem feliz da irmã da Maria, a Fana trazendo um jerimum da orta dela. Um presente para nossas humildes pessoas o qual ainda não foi aberto, mas vai deixar nosso feijãozinho uma delicia quando for.



E também uma imagem minha com minha mãe... Eu meio sem querer tirar a foto todo malamanhada e ela meio que mandando o Dario tirar a foto mesmo assim. #NadaDemocrática - Ah, essa cacimba - reservatório de água ao lado - é incrivelmente funda e estava totalmente esvaziada a seis meses atrás, assim como toda essa paisagem verde estava simplesmente seca de morrer.


P.S.: A imagem da Fana eu pedi para colocar na net e ela deixou.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

O Rey paulista


Com meus 10, 11 anos, meu maior encanto na biblioteca era a Série Vagalume. Não sosseguei até ler todos. Se não li todos da série, li quase todos. Até que um dia comecei a reparar no autor dos livros que mais gostava e, pra minha surpresa, havia um nome na maioria deles: Marcos Rey.

Nunca esqueci, apesar de ter abandonado aquela estante da biblioteca da escola por já não haver nada novo. Anos depois, quando comecei a trabalhar voluntariamente na biblioteca de uma escola, entre livros a serem encapados encontrei “O caso do filho do encadernador: romance da vida de um romancista”. O que era? Uma autobiografia de Marcos Rey. Capa nada atrativa, livro pequeninho, mas meu encanto passado me fez pegar para ler.

Confesso que foi uma leitura devagar e não empolgante, mas mesmo assim fiquei feliz de tê-la feito. Descobri como Edmundo Donato virou Marcos Rey, como começou a escrever e, especialmente, como chegou na série Vagalume. Me surpreendi ao saber que ele começou escrevendo livros adultos e que, inicialmente, recusou escrever livros infanto-juvenis. Mudou de ideia ao saber o número de vendas dos livros. Acabou se tornando o principal autor da série e, acredito, seu nome ficou marcado por ela.

Claro, depois disso fui atrás dos livros adultos dele. Não me arrependi. Li primeiro “Memórias de um gigolô”, que virou filme e série, e depois “Malditos paulistas”. Ainda tenho que buscar outros títulos dele, como “Café na cama”, seu primeiro livro e primeiro sucesso – chegou entre os mais vendidos.

Confesso que me surpreendi com a leitura. Histórias com a malandragem brasileira e a boêmia paulista. Aliás, antes dos livros de Rey, nem sabia ao certo o que imaginar da tal boêmia. Acabei me encantando. Uma leitura leve, de entretenimento, com um humor encantador. Voltei a me apaixonar por Rey. E fiquei com vergonha e pena de mim.

Vergonha por não ter descoberto esses livros antes. Pena por não vê-los à venda nas prateleiras. Marcos Rey é mais um nome que foi deixado de lado. Um autor nacional fantástico que é conhecido pela série Vagalume e nada mais. Pelo menos no sul, onde vivo. Talvez em São Paulo seu nome seja mais lembrado. Espero que sim.

Meu conhecimento sobre autores nacionais é pouco, mas se me pedissem uma indicação, daria Rey. Uma leitura impossível de não agradar, uma leitura pra ser feita entre um livro complexo e outro, uma leitura pra descobrir outra visão da tumultuada e caótica São Paulo. Ah, ok, é uma São Paulo antiga, mas talvez essa seja a graça. A verdadeira São Paulo boêmia.

Agora cá me xingo mais uma vez. Ainda preciso catar livros dele para por na minha prateleira. Então vão atrás dos livros de Marcos Rey, leiam sua simples e encantadora autobiografia, mas deixem alguns exemplares pra mim. Esse é, definitivamente, um nome que eu quero ter à disposição na minha coleção.

Site com frases, títulos e biografia dele: http://www.marcosrey.com.br/home.htm

Ana Seerig
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Nota da Pandora: Reza a lenda que sou implicante e arengueira, tá talvez não seja lenda, mas vejam bem: eu pedi a Ana para escrever sobre literatura brasileira, ela podia ter falado do Érico Veríssimo, do Sabino, do Simões Lopes Neto de outros tantos pelos quais ela tem paixão... Porém, no entanto, todavia, ela escolheu falar justamente sobre o Marcos Rey e da Série Vagalume sabendo da minha falta de apego e implicância com ambos. Tão vendo que não sou a única a provocar?!?! hahah...

Enfim, obrigada a Ana por ter se proposto a escrever, não tenha duvida que amei a sua escolha, e adorei descobrir um pouco mais sobre o Marcos Rey. Apesar de não ser fã, a série Vagalume também faz parte de minha trajetória como leitora, o livro "Sozinha no mundo" e a querida Pimpa sempre vão fazer parte de minha memória afetiva literária. #ProntoConfessei

A Ana Seerig escreve no Alguma coisa a mais para ti ler, porém em 2013 ela pode ser lida mesmo é no Blogário de Au Pair.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Fique em pé quando você estiver no chão

"Fique em pé quando você estiver no chão" é o nome de uma música, para ser exata a música chama-se "Steh auf, wenn du auf Boden bist", faz parte do álbum "Auswärtsspiel"  publicado/lançado em 2002 pela banda alemã Die Toten Hosen. Foi a Ana Seerig que me apresentou essa canção, a banda e todos os derivativos.

Ou melhor, em março quando eu estava simplesmente acabada, meio morta e quase entrando em estado de decomposição ela fez a tradução da canção do alemão para o português e me enviou por e-mail com os seguintes votos: "... pensei mesmo que ela poderia te trazer algum bem, como às vezes as músicas fazem, quando nos dão ânimo ou mesmo desabafam por nós.".

Enfim, quando liguei meu computador para conferir as coisas antes de ir ao trabalho vi que a Ana legendou o vídeo da música e disponibilizou no YouTube. Sinceramente, acordar com essa música na cabeça é uma dádiva, mostra que música realmente tem algo de divino. Então, eu compartilho ela com todos os meus companheiros de virtualidade com os desejos de que consigamos "ficar em pé quando estivermos no chão", "nos controlar quando estivermos sozinhos" e "quanto uma tempestade nos deixar de joelhos" Deus nos de força para que simplesmente possamos "virar o rosto para onde sopra o vento".


Bom Dia a todos e todas!!!


Fique em pé quando você estiver no chão
Steh auf, wenn du am Boden bist – Die Toten Hosen

Quando você estiver consigo mesmo no final
E simplesmentente não querer nada mais
Porque você apenas se pergunta
Porquê e para quê e o quê deve viver

Controle-se, também quando você está sozinho
Controle-se, não jogue agora tudo pro alto
Controle-se, e qualquer dia você entenderá,
Que isso de vez em quando acontece.

E quando uma tempestade te deixa de joelhos,
Apenas vire o rosto para onde sopra o vento
Não importa se nuvens negras estão sobre você
Em algum momento elas passarão

Fique em pé quando você estiver no chão
Fique em pé quando você estiver caído
Fique em pé, de algum modo isso já vai passar 

É difícil não se perder no seu caminho
E pelas regras e leis daqui
Sem traição uma vida se direciona
O homem ainda se respeita

Se os indícios estão todos contra você
E ninguém quer apostar em você
Você não precisa provar nada
A menos que seja pra você mesmo
Sem pânico, não será tão ruim assim
Não mais do que arrancarem sua cabeça 
Venha e veja o que acontece

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

O que tem na nossa estante + resultado do sorteio...


Eu confesso: junto com todas as criticas possíveis e imagináveis tenho também um fraco pelas princesas Disney e pela Bela Fera muito mais... Ela é fofa, querida, corajosa, gosta de ler e ainda dança aquela valsa... Aiii.... Não resisti a tentação de abrir esse post com ela, pois quando criança uma dos meus maiores sonhos era ter uma biblioteca como a que a Fera oferece a Bela. 

Bem, ainda não cheguei na biblioteca dos sonhos... dificilmente vou chegar porque não tenho mais a intensão de acumular tantos livros.... Mas, uma estante sempre quero ter... Como já contei aqui, a minha primeira prateleira de livros foi um presente de meu tio Zé e a atual também... Como se não bastasse ser o lugar no qual eu guardo o meu patrimônio mais querido, minha estante/prateleira também é um símbolo do apoio de uma das pessoas que admiro. Talvez pelo peso simbólico, talvez por dividi-la com minha irmã caçulinha pokemom ela fique mais em ordem.

Minha Estante
Fora a prateleira ainda tenho uma estante de aço que vive em eterno estado de bagunça... Vivo tentando arrumar, mas ela tem uma implicância terrível com a ordem... Terrível, faz até vergonha mostrar!

Enfim, a parte a tumultuada e afetiva relação que construo com a estante, de fato ela guarda muitas coisas além de livros, a saber: músicas, filmes, lembranças de viagens longas e curtas, dos chás de bebês de sobrinhos adotivos de coisas que foram e que serão, dos sonhos e realizações... Enfim, quando a Michele Lima - Mi para mim pois sou intima - solicitou minha cumplicidade para a criação de um blog no qual o assunto é o conteúdo de nossas estantes eu simplesmente abracei a ideia de coração, pâncreas, rins, figado e derivativos abertos.

Parte da Estante da Mi
Cá estou eu lá... ou melhor estarei em breve... ainda não consegui postar nada... Todavia as meninas já estão ativas por lá fazendo o blog andar, preenchendo as páginas em branco com as histórias saídas de nossas estantes eternamente em franco crescimento.

Estante da Aleska!
Então, escrevo esse post para registrar essa nova aventura bloguistica e para convidar a quem interessar possa a conhecer:


Ah, além disso também tenho que anunciar o resultado do sorteio dos livros. Cada pessoa que disse que queria recebeu um número e o sorteio foi feito pelo RandomOrg


Luciano - 01
Mãe de Três - 02
Lane Lee - 03
Ana Paula - 04
Erica Ferro - 05

Parabéns ao Luciano!!! Espero que ele goste da leitura!!! :p

sábado, 24 de agosto de 2013

As paredes do banheiro


Quando conheci o inevitável
Passei a aceitar
Às silenciosas ofertas de proteção e cumplicidade
Contidas nas paredes do meu banheiro.
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