segunda-feira, 12 de abril de 2010

Alice no País das Maravilhas


Pois é, eu também li esse livro... Ooooh, como essa história está na moda muitas outras pessoas também devem está lendo e como é um clássico da literatura universal tantas outras devem ter lido em momentos anteriores, logo eu serei apenas mais uma a dizer de uma forma ou de outra que essa história é excelente.

Alice em sua caminhada para o país das maravilhas atrá de seu coelho branco nos conduz em uma aventura um tanto maluca, mas decididamente instigante, entre minha infância e adolescência li esse livros umas cinco vezes (e olha que eu era o tipo que lia livros emprestados da biblioteca) e ainda acho que foram poucas vezes e que não entendi tudo o que a história conta, lembro que foi uma leitura que ninguém me indicou eu apenas me encantei com o a capa do livro (essa que está ai em cima) e com as primeiras linhas da história e no final das contas me deparei com um livro é fantastico que me despertou pela primeira vontade de aprender outra língua para poder ter acesso a um livro em sua língua original (uma vontade que ainda não transformei em realidade por preguiça ou falta de tempo...).

Decididamente essa é uma a história que merece ser lida e relida, contada e recontada, comentada e recomentada e sem dúvida vez ou outra se torna a melhor forma de falar a respeito de algo importante, o que me faz lembrar de algo que recentemente um amigo me falou a respeito da eterna busca humana pela verdade, algo semelhante a jornada de Alice atrás do coelho branco, uma busca na qual é boa idéia fazer tal como Alice e seguir o coelho branco, sem deixar de eventualmente parar e tomar um chá com um chapeleiro maluco.

Na verdade desde o Natal de 2008 e o inicio de 2009 que eu penso em escrever algo sobre essa história, foi que uma amiga me perguntou o que eu queria ganhar de presente de aniversário e eu falei nesse livro, mas coisas aconteceram e mesmo ela sendo uma boa amiga acabou que fiquei sem o presente rsrsrsrsrs... que tristeza imensa rsrsrs... hoje me deparei com a promoção do Fio de Ariadne, um dos blogs que acompanho... e decidi que já era hora de transformar minha experiência com esse livro no tradicional amontoado incompleto de palavras que são minhas postagens.

E a proposito das aventuras de Alice, não posso ou quero esquecer de deixar aqui um dos textos mais lindos com o qual me deparei nos descaminhos da net, é um texto de Paulo Mendes Campos, um texto belissimo diga-se de passagem, que ai vai.

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Para Maria da Graça


Este livro é doido, Maria. Isto é: o sentido dele está em ti.

Escuta: se não descobrires um sentido na loucura acabarás louca. Aprende, pois, logo de saída para a grande vida, a ler este livro como um simples manual do sentido evidente de todas as coisas, inclusive as loucas. Aprende isso a teu modo, pois te dou apenas umas poucas chaves entre milhares que abrem as portas da realidade.

A realidade, Maria, é louca.

Nem o Papa, ninguém no mundo, pode responder sem pestanejar à pergunta que Alice faz à gatinha: “Fala a verdade, Dinah, já comeste um morcego?”

Não te espantes quando o mundo amanhecer irreconhecível. Para melhor ou pior, isso acontece muitas vezes por ano. “Quem sou eu no mundo?” Essa indagação perplexa é o lugar – comum de cada história de gente. Quantas vezes mais decifrares essa charada, tão entranhada em ti mesma como os teus ossos, mais forte ficarás. Não importa qual seja a resposta; o importante é dar ou inventar uma resposta. Ainda que seja mentira.

A sozinhez (esquece essa palavra que inventei agora sem querer) é inevitável. Foi o que Alice falou no fundo do poço: “Estou tão cansada de estar aqui sozinha!” O importante é que ela conseguiu sair de lá, abrindo a porta. A porta do poço! Só as criaturas humanas (nem mesmo os grandes macacos e os cães amestrados) conseguem abrir uma porta bem fechada, e vice-versa, isto é, fechar uma porta bem aberta.

Somos todos tão bobos, Maria. Praticamos uma ação trivial e temos a presunção petulante de esperar dela grandes conseqüências. Quando Alice comeu o bolo, e não cresceu de tamanho, ficou no maior dos espantos. Apesar de ser isso o que acontece, geralmente, às pessoas que comem bolo.

Maria, há uma sabedoria social ou de bolso; nem toda sabedoria têm de ser grave.

A gente vive errando em relação ao próximo e o jeito é pedir desculpas sete vezes por dia: “Oh, I beg your pardon!” Pois viver é falar de corda em casa de enforcado. Por isso te digo, para tua sabedoria de bolso: se gosta de gatos, experimenta o ponto de vista do rato. Foi o que o rato perguntou à Alice: “Gostarias de gatos se fosses eu?”

Os homens vivem apostando corrida, Maria. Nos escritórios, nos negócios, na política, nacional e internacional, nos clubes, nos bares, nas artes, na literatura, até amigos, até irmãos, até marido e mulher, até namorados, todos vivem apostando corrida. São competições tão confusas, tão cheias de truques, tão desnecessárias, tão fingindo que não é, tão ridículas muitas vezes, por caminhos tão escondidos, que, quando os atletas chegam exaustos a um ponto, costumam perguntar: “A corrida terminou! mas quem ganhou ?” É bobice Maria da Graça, disputar uma corrida se a gente não irá saber quem venceu. Se tiveres de ir a algum lugar, não te preocupe a vaidade fatigante de ser a primeira a chegar. Se chegares sempre aonde quiseres, ganhaste.

Disse o ratinho: “Minha história é longa e triste!” Ouvirás isso milhares de vezes. Como ouvirás a terrível variante: “Minha vida daria um romance”. Ora, como todas as vidas vividas até o fim são longas e tristes, e como todas as vidas dariam romances, pois o romance é só o jeito de contar uma vida, foge, polida mas energicamente, dos homens e das mulheres que suspiram e dizem: “Minha vida daria um romance!” Sobretudo dos homens. Uns chatos irremediáveis, Maria.

Os milagres sempre acontecem na vida de cada um e na vida de todos. Mas, ao contrário do que se pensa, os melhores e mais fundos milagres não acontecem de repente, mas devagar, muito devagar. Quero dizer o seguinte: a palavra depressão cairá de moda mais cedo ou mais tarde. Como talvez seja mais tarde, prepara-te para a visita do monstro, e não te desesperes ao triste pensamento de Alice: “Devo estar diminuindo de novo”. Em algum lugar há cogumelos que nos fazem crescer novamente.

E escuta esta parábola perfeita: Alice tinha diminuído tanto de tamanho que tomou um camundongo por um hipopótamo. Isso acontece muito, Mariazinha. Mas não sejamos ingênuos, pois o contrário também acontece. E é um outro escritor inglês que nos fala mais ou menos assim: o camundongo que expulsamos ontem passou a ser hoje um terrível rinoceronte. É isso mesmo. A alma da gente é uma máquina complicada que produz durante a vida uma quantidade imensa de camundongos que parecem hipopótamos e de rinicerontes que parecem camundongos. O jeito é rir no caso da primeira confusão e ficar bem disposto para enfrentar o rinoceronte que entrou em nossos domínios disfarçado de camundongo. E como tomar o pequeno por grande e o grande por pequeno é sempre meio cômico, nunca devemos perder o bom humor.

Toda pessoa deve ter três caixas para guardar humor: uma caixa grande para o humor mais ou menos barato que a gente gasta na rua com os outros; uma caixa média para o humor que a gente precisa ter quando está sozinho, para perdoares a ti mesma, para rires de ti mesma; por fim, uma caixinha preciosa, muito escondida, para as grandes ocasiões. Chamo de grandes ocasiões os momentos perigosos em que estamos cheios de dor ou de vaidade, em que sofremos a tentação de achar que fracassamos ou triunfamos, em que nos sentimos umas drogas ou muito bacanas. Cuidado, Maria, com as grandes ocasiões.

Por fim, mais uma palavra de bolso: às vezes uma pessoa se abandona de tal forma ao sofrimento, com uma tal complacência, que tem medo de não poder sair de lá. A dor também tem o seu feitiço, e este se vira contra o enfeitiçado. Por isso Alice, depois de ter chorado um lago, pensava: “Agora serei castigada, afogando-me em minhas próprias lágrimas”.

Conclusão: a própria dor deve ter a sua medida: É feio, é imodesto, é vão, é perigoso ultrapassar a fronteira de nossa dor, Maria da Graça.

CAMPOS, Paulo Mendes. Para Maria da Graça in Para gostar de ler. São Paulo: Ática, 1979.



sábado, 10 de abril de 2010

Noites eternas e Abdicações...


ABDICAÇÃO

Toma-me, ó noite eterna, nos teus braços
E chama-me teu filho... eu sou um rei
que voluntariamente abandonei
O meu trono de sonhos e cansaços.

Minha espada, pesada a braços lassos,
Em mão viris e calmas entreguei;
E meu cetro e coroa - eu os deixei
Na antecâmara, feitos em pedaços

Minha cota de malha, tão inútil,
Minhas esporas de um tinir tão fútil,
Deixei-as pela fria escadaria.

Despi a realeza, corpo e alma,
E regressei à noite antiga e calma
Como a paisagem ao morrer do dia.


Fernando Pessoa, 1913
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Esse, decididamente é um dos poemas que mais gosto. Li esses versos pela primeira vez em um jornal que um tio meu comprou. Caraca isso faz um tempão! Foi amor a primeira vista.

Não resisti, automaticamente peguei a tesoura de costura de minha avó e recortei o poema do jornal. O que não foi um ato ilegal, minha avó deixou eu cortar o jornal, era velho mesmo e ia para o lixo, menos um pedaço não ia fazer falta!

Desde então, vez ou outra lembro dessa poesia, desse desejo enorme de ser tomada nos braços da noite tal como uma filha que voluntariamente abandona os cançasos nos braços de uma mãe afetuosa...

Penso que de certa forma, todo mundo já quiz abdicar de seu trono, seu lugar seguro na vida onde vc tem a plena consciência de que é REI, seu elemento primordial que é feito de força, certeza, alegria, vaidade e também de tristeza, cansaço, pesadas armaduras, grossas e inúteis cotas de malha e tantas coisas fúteis.... quem nunca quis largar tudo e se entregar ao nada... ou ao menos a alguma coisa mais leve, calida, menos rude e pesada... alguma coisa tão eterna e constante e antiga quanto a noite... eu não faço questão de ser excessão a regra alguma, me enquadro entre os que sentem vontade de despir-se da realeza de corpo e alma e encontrar a noite antiga e calma.

O problema é que sempre tenho o triste e fatal habito de lembrar que a calma da noite é um disfarce macabro, não existe calma na escuridão... A aparência tranquila é um engodo, dentro da escuridão silenciosa da noite borbulham e queimam milhares de vidas, milhares de movimentos... a noite é antiga, mas não é calma... talvez o dia seja mais calmo que a noite...

Quantos animais perigosos não escolhem a noite para caçar, quantos pesadelos tenebrosos não separaram a noite para tornarem-se realidade, quantos desvarios não saíram de mentes tão grandiosas quanto tenebrosas enquanto as sombras cobriam a terra com seu véu negro???

OOoooohhh.... Que triste a vida de alguém que não consegue se render nem mesmo a um de seus mais antigos desejos infantis sem antes questiona-lo!!!

Sim... pode até ser meio triste, mas é claro que alto-piedade não consta entre os meus atributos... ainda não é hoje que vou me render a minha antiga vontade de ABDICAR de meu espírito (metaforicamente e concretamente) a noite é eterna ela não precisa de mim e se quer tanto meu sangue para se importar a ponto de me tentar a verte-lo com tanta constância e desde tão cedo pode esperar mais um pouco... talvez tenha que esperar o tempo de uma vida inteira... podemos nos encontrar tarde, muito tarde... quando não houverem mais cetros e coroas a serem feitos em pedaços...

Além do mais, abandonar não está em mim... Não abandono nem mesmo espadas, mesmo as mais pesadas; cetros e coroas, que ficariam bem melhor feitos em pedaços; cotas de malha, que já foram feitas inúteis; ou mesmo esporas de tinir fútil... deixar pela escadaria não faz parte de meus hábitos... E mesmo quando fazem parte de algum plano, é um plano que já nasce morto...

Minha Abdicação sempre e sempre é adiada... mas enquanto a noite é eterna a minha carne foi feita para morrer... certamente me encontrarei com a noite em algum lugar... e se meu espírito é eterno ele se irmanara a essa noite e seremos um só... penso como esperança que um dia meu espírito regressará a "essa noite antiga e calma como a paisagem ao morrer do dia"!

P.S.: A julgar pela hora em que escrevi isso... deve ter tanto erro ortográfico... rsrsrsrs... depois corrijo com calma!!!
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Realmente haviam muitos erros de escrita... minha pérolas!!!

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Muleque, Solano Trindade

Muleque
Solano Trindade

Muleque, muleque
quem te deu este beiço
assim tão grandão?

Teus cabelos
de pimenta do reino?

Teu nariz
essa coisa achatada?

Muleque, muleque
quem te fez assim?

Eu penso, muleque
que foi o amor...

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Pessoalmente acho esse poema encantador, mas eu lembrei de colocar esse poema aqui, pq ele é especial para uma pessoa que amo muito, um amigo meu que costuma dizer que esse poema é dele... e sinceramente deve ser mesmo, pq ele é a figura viva desse muleque feito de amor.

terça-feira, 23 de março de 2010

Menina Bonita do Laço de Fita... Ana Maria Machado.

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Uma das minhas maiores paixões é a literatura infantil. Pocha vida, literatura infantil bem feia termina com um texto muito gostoso de se ler em qualquer idade, e sempre tem aquelas autoras que arrasam o quarteirão inteiro: Ana Maria Machado, Rute Rocha, Marina Colasanti e Ligia Bonjuga, estão entre tantos outros nomes que eu poderia citar.

Ah, não esqueci do todo poderoso "Monteiro Lobato", apenas não cito ele pq não gosto dele, não é que ele escreva mal, só é que acho que o texto dele é cheio de preconceitos e a forma como Emília trata Tia Anastácia não é algo que eu aprove... não sou ninguém no jogo do bicho para criticar Lobato, mas tenho minha opinião e isso ninguém pode me tirar, embora possa criticar...

No lugar de Emília prefiro a "Menina bonita do laço de fita" de Ana Maria Machado, uma garotinha que vive junto com um coelho uma história linda que vou postar aqui (não acho que haja algo de mal nisso, uma vez que eu peguei a história inteira em outro blog), trata-se de um conto lindo que tem que ser divulgado mesmo e guardado na memória.


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Menina Bonita do Laço de Fita

Era uma vez uma menina linda, linda.
Os olhos dela pareciam duas azeitonas
pretas, daquelas bem brilhantes.
Os cabelos eram enroladinhos e bem negros, feito fiapos da noite. A pele era
escura e lustrosa, que nem o pêlo da
pantera negra quando pula na chuva.

Ainda por cima, a mãe
gostava de fazer
trancinhas no cabelo dela
e enfeitar com laço de fita colorida. Ela ficava parecendo uma
princesa das Terras da África, ou uma
fada do Reino do Luar.

Do lado da casa dela morava um
coelho branco, de orelha cor-de-rosa,
olhos vermelhos e focinho nervoso
sempre tremelicando. O coelho achava
a menina a pessoa mais linda que ele
tinha visto em toda a vida. E pensava:
- Ah, quando eu casar quero ter uma
filha pretinha e linda que nem ela…

Por isso, um dia ele foi até a casa da
menina e perguntou:
- Menina bonita do laço de fita, qual
é teu segredo pra ser tão pretinha?
A menina não sabia, mas inventou:
- Ah, deve ser porque eu caí na tinta
preta quando era pequenina..
O coelho saiu dali, procurou uma lata
de tinta preta e tornou banho nela.
Ficou bem negro, todo contente. Mas
aí veio uma chuva e lavou aquele pretume, ele ficou
branco outra vez.

Então ele voltou lá na casa da menina
e perguntou outra vez:
- Menina bonita do laço de fita, qual é
teu segredo pra ser tão pretinha?
A menina não sabia, mas inventou:

- Ah, deve ser porque eu tomei muito
café quando era pequenina.
O coelho saiu dali e tomou tanto café
que perdeu o sono e passou a noite toda fazendo xixi. Mas não ficou nada
preto.

Então ele voltou lá na casa da
menina e perguntou outra vez:
- Menina bonita do laço de
fita, qual é teu segredo pra ser tão
pretinha?

A menina não sabia, mas inventou:
- Ah, deve ser porque eu comi muita
jabuticaba quando era pequenina.
O coelho saiu dali e se empanturrou de jabuticaba
até ficar pesadão, sem conseguir
sair do 1ugar. O máximo que
conseguiu foi fazer muito cocozinho
preto e redondo feito jabuticaba.
Mas não ficou nada preto.

Por isso, daí a alguns dias ele voltou lá na
casa da menina e perguntou outra vez:
- Menina bonita do laço de fita, qual
é teu segredo pra ser tão pretinha?
A menina não sabia e já ia inventando
outra coisa, uma história de feijoada, quando a mãe dela,
que era uma mulata linda e risonha, resolveu se meter e disse:
- Artes de uma avó preta que ela tinha…

Aí o coelho - que era bobinho,
mas nem tanto - viu que a mãe da menina
devia estar mesmo dizendo a verdade, porque
a gente se parece sempre é com os pais, os tios,
os avós e até com os parentes tortos.
E se ele queria ter uma filha pretinha e
linda que nem a menina, tinha era que procurar uma coelha preta para casar.

Não precisou procurar muito.
Logo encontrou uma coelhinha escura
como a noite, que achava aquele
coelho branco uma graça.

Foram namorando, casando e tiveram
uma ninhada de filhotes, que coelho
quando desanda a ter filhote não pára mais.

Tinha coelho pra todo gosto: branco,
bem branco, branco meio cinza,
branco malhado de preto, preto
malhado de branco e até uma coelha
bem pretinha. já se sabe, afilhada da
tal menina bonita que morava na casa
ao lado.

E quando a coelhinha saía, de laço
colorido no pescoço, sempre
encontrava alguém que perguntava:
- Coelha bonita do laço de fita, qual é
teu segredo pra ser tão pretinha?
E ela respondia:
- Conselhos da mãe da minha
madrinha…

Referência:

MACHADO, Ana Maria. Menina bonita do laço de fita. Editora Ática.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Esperemos, Solano Trindade.

Esperemos
Solano Trindade

Eu ia fazer um poema para você
mas me falaram das crueldades
nas colônias inglesas
e o poema não saiu

ia falar do seu corpo
de suas mãos
amada
quando soube que a polícia espancou um companheiro
e o poema não saiu

ia falar em canções
no belo da natureza
nos jardins
nas flores
quando falaram-me em guerra
e o poema não saiu

perdão amada
por não ter construído o seu poema
amanhã esse poema sairá
esperemos.

Referencia:

TRINDADE, Solano. O poeta do povo. São Paulo: Editora Ediouro: Editora Segmento Farma, 2008. Pg. 85.
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Solano Trindade, foi um grande intelectual do século XX, sua poesia, trouxe uma nova visão sobre a História e a memória Afro-descendente, foi um verdadeiro mediador cultural, poeta, escritor, teatrólogo, ator, pintor, pesquisador das tradições populares e acima de tudo um homem ousado, capaz de falar o que precisava ser dito sem medo de ser feliz ou infeliz em suas escolhas. Acho que a musa de Solano foi seu ideal de uma sociedade mais justa para todos, especialmente os afro-descendentes e não apenas para os que possuem dinheiro e podem compra-la.

Ah, esse poema, que eu decidi postar porque não achei ele em nenhum outro lugar da net, se encontra, conforme consta na referencia no livro "O Poeta do Povo", que foi lançado em 2008 em comemoração ao centenário do nascimento do poeta, nele encontramos o conjunto de toda obra literária já publicada dele, além de vários poemas inéditos.

Na minha opinião, e outras pessoas concordam comigo, o título do livro foi muito adequado e trinta e quatro anos depois da morte de Solano, ele continua incrivelmente vivo como só os artistas conseguem ser... suas idéias tem o dom da imortalidade!


terça-feira, 16 de março de 2010

Quando o Amor Chega...



Quando o Amor Chega...

Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração parar de funcionar por alguns segundos, preste atenção: pode ser a pessoa mais importante da sua vida.

Se os olhares se cruzarem e, neste momento, houver o mesmo brilho intenso entre eles, fique alerta: pode ser a pessoa que você esta esperando desde o dia em que nasceu.

Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante, e os olhos se encherem d'água neste momento, perceba: existe algo mágico entre vocês.

Se o primeiro e o último pensamento do seu dia for essa pessoa, se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça: Deus te mandou um presente divino - o amor.

Se um dia tiverem que pedir perdão um ao outro por algum motivo e em troca receber um abraço, um sorriso, um afago nos cabelos e os gestos valerem mais que mil palavras, entregue-se: vocês foram feitos um pro outro.

Se por algum motivo você estiver triste, se a vida lhe deu uma rasteira e a outra pessoa sofrer o seu sofrimento, chorar as suas lágrimas e enxugá-las com ternura, que coisa maravilhosa: você poderá contar com ela em qualquer momento de sua vida.

Se você conseguir, em pensamento, sentir o cheiro da pessoa como se ela tivesse ali do seu lado...

Se você achar a pessoa maravilhosamente linda, mesmo ela estando de pijamas velhos, chinelos de dedo e cabelos emaranhados...

Se você não consegue trabalhar direito o dia todo, ansioso pelo encontro que esta marcado para a noite...

Se você não consegue imaginar, de maneira nenhuma, um futuro sem a pessoa ao seu lado...

Se você tiver a certeza que vai ver a outra envelhecendo e, mesmo assim, tiver a convicção que vai continuar sendo louco por ela...

Se você preferir morrer, antes de ver a outra partindo: é o amor que chegou na sua vida.

É uma dádiva. Muitas pessoas apaixonam-se muitas vezes na vida, mas poucas amam ou encontram um amor verdadeiro.

Ou as vezes encontram e, por não prestarem atenção nesses sinais, deixam o amor passar, sem deixá-lo acontecer verdadeiramente.

Por isso, preste atenção nos sinais - não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem cego para a melhor coisa da vida: O amor...


Carlos Drummond de Andrade
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Não tem jeito, eu sempre gosto desses textos românticos, sempre acho essas palavras lindas, mesmo lendo-as pela centésima vez...

AiAi!!!

Vai ver minha mãe está certa quando diz que sou uma "gordinha romântica" rsrsrsrs!!! Minha mãe é tão má!!! rsrsrs!!!

sexta-feira, 12 de março de 2010

Compaixão, nas palavras de Milan Kundera...

"Nas línguas derivadas do latim, a palavra compaixão significa que não se pode olhar o sofrimento do próximo com o coração frio; em outras palavras: sentimos simpatia por quem sofre. Uma outra palavra que tem mais ou menos o mesmo significado é piedade (em inglês pity, em italiano pietà, etc.), que sugere mesmo uma espécie de indulgência em relação ao ser que sofre. Ter piedade de uma mulher significa sentir-se mais favorecido do que ela, é inclinar-se, abaixar-se até ela.

É por isso que a palavra compaixão inspira, em geral, desconfiança; designa um sentimento considerado de segunda ordem que não tem muito haver com amor. Amar alguém por compaixão não é amar de verdade.

Nas línguas que formam a palavra compaixão não com o radical passio, sofrimento, mas com o substantivo sentimento, a palavra é empregada mais ou menos no mesmo sentido, mas dificilmente se pode dizer que ela designa um sentimento mau ou medíocre. A força secreta de sua etimologia banha a palavra com uma outra luz e lhe dá um sentido mais amplo: ter compaixão (co-sentimento) é poder viver com alguém qualquer outra emoção: alegria, angústia, felicidade, dor. Essa compaixão (no sentido de soucit, wspolczucie, Mitgefänsla) designa, portanto, a mais alta capacidade de imaginação afetiva - a arte da telepatia das emoções. Na hierarquia dos sentimentos, é o sentimento supremo."

Referencia:

KUNDERA, Milan. A insustentável leveza do ser. São Paulo: Círculo do Livro, 1984.
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Gosto muito de Milan Kundera, do estilo dele, do jeito como ele escreve, sempre problematizado tudo, dialogando com o leitor, explicando o que ele quer dizer de maneira clara, confiando que o leitor vai entender o sentido de suas palavras. Ele é um dos meus autores favoritos e consegue traduzir em palavras coisas que me são familiares, Kundera me faz ri e chorar, me toca profundamente o coração desde sempre.

A partir desse texto eu entendi o que sinto por algumas pessoas que me cercam e parei de me questionar sobre o motivo que me leva a apoiar pessoas que fazem coisas que tantas vezes não considero corretas, é o co-sentimento, é como se fosse comigo, então não há o que fazer, como posso não apoiar as pessoas que amo independente de qualquer coisa? Eu as vezes só gostaria de amar pessoas mais "normais", mas será que existem pessoas "normais" no mundo???

Também gostei desse texto pq assim eu posso me justificar diante do espelho por não dizer as palavras moralmente corretas, pelo silêncio, pela compreensão e por esconder quando é preciso que assim seja feito. Mas é que o amor é forte como a morte, não há retorno, não posso trair o amor que sinto, o amor é meu kitsch, aquilo que exclui do campo visual tudo o que existe de essencialmente inaceitável e enquanto eu digo isso eu sinto que só agora entendo plenamente o que é kitsch (quando li no livro não entendi direito, eu acho...)!!!

Enfim, acho que por hoje é só... só espero que haja quem me entenda também...

Cantares cap. 8, vers. 6

"Poe-me como selo sobre o teu coração,
como selo sobre o teu braço,
porque o amor é forte como a morte,
e duro como a sepultura o ciúmes;
as suas brasas são brasas de fogo..."

segunda-feira, 8 de março de 2010

Chico Science: Pra a gente sair da lama e enfrentar os urubu!!!


Ah, que para mim Chico Science é o cara... Achei essa desenho entre os arquivos da da TCPQZ (me pergunto até hoje que diabos significa TCPQZ, me parece um segredo que essas pestes vão levar para o túmulo)... ou seja, os arquivos dos meus irmãos, um consanguineo e um de coração, não sei ao certo qual deles desenhou, mas sei que ambos compartilham uma paixão latente pela música produzida por esse homem genial que foi o Chico.

Meus irmãos me ensinaram a amar a música do mangueboy, maloquero e intelectualmente inquieto que misturou sons, temas, formas e cores para cantar o mundo que o cercava, que nesse caso foi o Recife, nossa história, nossa geografia, nossos problemas sociais entre outros temas.

E já que ultimamente ando falando muito sobre os desenhos não tão famosos do Recife, nada mais adequado que uma das músicas que mais gosto de Nação Zumbi para fechar esse ciclo...

Ah, gosto dessa música especialmente por esses versos: "Eu vou fazer uma embolada, um samba, um maracatu/ Tudo bem envenenado, bom pra mim e bom pra tu/ Pra a gente sair da lama e enfrentar os urubu" É bem esse o espírito de quem tenta navegar pelos mares da educação em qualquer lugar do mundo: fazer uma embolada que permita aos nossos educandos saírem da lama para enfrentarem os urubus, mostrando que não somos vitimas de uma carnificina, mas sim sobreviventes, não somos carne morta e sim espíritos vivos prontos para mais uma batalha e mais outra e quantas foram necessárias...

A Cidade
Nação Zumbi
Composição: Chico Science

O sol nasce e ilumina as pedras evoluídas
Que cresceram com a força de pedreiros suicidas
Cavaleiros circulam vigiando as pessoas
Não importa se são ruins, nem importa se são boas
E a cidade se apresenta centro das ambições
Para mendigos ou ricos e outras armações
Coletivos, automóveis, motos e metros
Trabalhadores, patrões, policiais, camelôs

A cidade não pára, a cidade só cresce
O de cima sobe e o de baixo desce
A cidade não pára, a cidade só cresce
O de cima sobe e o de baixo desce

A cidade se encontra prostituída
Por aqueles que a usaram em busca de saída
Ilusora de pessoas de outros lugares
A cidade e sua fama vai além dos mares
No meio da esperteza internacional
A cidade até que não está tão mal
E a situação sempre mais ou menos
Sempre uns com mais e outros com menos

A cidade não pára, a cidade só cresce
O de cima sobe e o de baixo desce
A cidade não pára, a cidade só cresce
O de cima sobe e o de baixo desce

Eu vou fazer uma embolada, um samba, um maracatu
Tudo bem envenenado, bom pra mim e bom pra tu
Pra a gente sair da lama e enfrentar os urubu

Eu vou fazer uma embolada, um samba, um maracatu
Tudo bem envenenado, bom pra mim e bom pra tu
Pra a gente sair da lama e enfrentar os urubu

Num dia de sol Recife acordou
Com a mesma fedentina do dia anterior

A cidade não pára, a cidade só cresce
O de cima sobe e o de baixo desce
A cidade não pára, a cidade só cresce
O de cima sobe e o de baixo desce

Imagem disponível AQUI! .

sábado, 6 de março de 2010

Sobre a cidade que eu conheço...

Eu não sei se acontece em todas as cidade do Brasil o que acontece em Recife, mas aqui quem mora nos subúrbios quando pretende ir ao centro da cidade, que aqui é o lugar do comércio, sempre diz: "Vou na cidade".

É consenso entre as pessoas que a cidade é o centro e o centro é a cidade, assim quando eu digo vou a cidade, estou dizendo que vou ao centro comercial, que diga-se de passagem é um lugar agitado, quente como o purgatório, barulhento e onde geralmente as pessoas não vivem apenas trabalham... com raras exceções... De dia o centro é o lugar do comercio a noite é o lugar dos ladrões, dos boêmios, daqueles que vagam pela cidade deserta em busca das diversões que a noite oferece! Para a maior parte dos que trabalham durante o dia, a noite a "cidade" é um lugar ameaçador e estranho e eu desconfio que isso seja mais ou menos assim em todas as cidades.

Mas, a questão não é essa... a questão é que a cidade que eu conheço realmente não é essa para onde a gente geralmente vai diariamente quando trabalha no comercio e vez ou outra quando precisa comprar algo, a cidade do Recife que eu conheço é a que nasceu nos lugares elevados do Recife, terrenos de antigos engenhos que na década de 50 do século XX foram ocupados pela população mais carente que foi sistematicamente expulsa do "centro da cidade" por um processo modernizador e por retirantes vindo do interior de Pernambuco e de outros estados próximos, como a Paraíba, por exemplo.

A outra cidade, a das pontes, casarios antigos, casas comerciais, museus, igrejas antigas, praias lindas, arranha céus gigantes, praças e derivados, claro, isso é Recife, mas Recife não é apenas isso.

Recife também é feita de seus morros, suas escadarias, suas ruas tortuosas, que parecem os braços de um polvo ou um rio que passa entre as casas, e isso também tem sua beleza... pq pessoas sobrevivendo dentro do improvável sempre é algo belo.

Outro dia uma de minhas amigas, uma professora primária, resolveu fazer um trabalho com seus alunos sobre a cidade do Recife e suas paisagens, só que ela não queria as paisagens comuns de cartões postais, ela queria algo com o qual seus alunos pudessem se identificar. Na verdade ela queria que os alunos e alunas dela entendessem que a casa deles também fazia parte da cidade, que o bairro deles também era parte do Recife, que o seu bairro tinha história e merecia ser bem cuidado e derivados, com isso ela queria trabalhar várias questões além de história, ela queria levar as crianças se valorizarem enquanto sujeitos e valorizarem também seu bairro (Eu sei, minha amiga é d+++!!!)

Eu me apaixonei pela idéia dela, claro, e lá fomos nós em busca dessas imagens no Google, como nós fomos inocentes... é claro que o Google não tinha imagens dessa cidade do Recife... então nós resolvemos fotografar nós mesmas algumas paisagens, eu mesma fotografei a partir da varanda da minha casa, da escadaria onde moro e também do Alto Treze de Maio, uma experiência legal, decidi fazer essa postagem com algumas dessas imagens e ir nos próximos dias colocando algumas outras, porque estou com medo de perder esse documentos nas sucessivas formatações e reformatassões do meu pc, que diga-se de passagem deve está em seus últimos dias, pobre criança atormentada por três irmãos impacientes e altamente dependentes dele para suas obrigações escolares, o que aliás me faz pensar se não seria boa idéia colocar nele algumas outras coisas que não quero perder...

Meu Deus... desse geito o blog vai passar de diario virtual a arquivo virtual de minha bobagens e afins... mas, o que é um diario senão um arquivo de bobagens e afins??

Ah, é bom lembrar, ou relembrar, que eu não tenho nada de fotografa... sou altamente sem noção para essas coisas, mas esse exercício é bom, acho até que vou tirar novas fotos e ir colocando por aqui, gostei dessa idéia!!!

Foto 1:



Gostei dessa pq nela aparece bem o traçado das escadarias, suas curvas, cada escadaria se conecta em algum ponto com outra escadaria, todas sempre dão em um alto que tem outras tantas escadarias, tudo junto é um verdadeiro labirinto, quem nasceu e cresceu aqui entende facilmente esses labirintos, quem nunca chegou aqui quando se ver dentro desses becos se sente perdido.

Foto 2:



Diretamente do teto da casa do meu visinho... é engraçado como as casas cobrem o morro totalmente formando o que a gente chama de Burity, um morro que virou bairro e que tem nome de fruta...

Engraçado também que todas as fotos de diferentes morros parecem iguais, mas não são iguais e os alunos compreendem isso perfeitamente, até mesmo aqui em casa quando passo as fotos para o pc e meus visinhos pequenos ficam em torno, como eles reconhecem as casas de seus amigos, os pontos de referencia, lembram histórias que ocorreram em determinado local... realmente... eu gostei dessa idéia de utilizar fotos do bairro para trabalhar com história da cidade.

Foto 3:



Gosto dessa foto pq ela mostra a rua principal do meu bairro Nova Descoberta, eu sempre tenho a impressão que essa rua é como um grande rio caudaloso, as escadarias são pequenos riozinhos, as águas são as pessoas... para que mar essas pessoas vão a partir do rio é uma questão que eu já não sei dizer...

Foto 4:



O bairro de Casa Amarela, alguns de seus prédios mais recentes e tantos outros bairros cujo nome eu ignoro...

quarta-feira, 3 de março de 2010

Fullmetal Alchemist

Nos último tempos eu não vinha assistindo nenhum anime, estava com vontade de ver Inuyasha Kanketsu-hen, já que amo esse fofo que é o Inuyasha e me identifico com o gênio terrivel da Kagome (só me falta o corpo em forma dela e um Inuyasha na minha vida rsrsrs)...

Mas, na contra-mão de meus desejos acabei começando a ver Fullmetal Alchemist, os irmãos Edward e Alphonse Elric até aqui estão se revelando um par muito fofo, kawaii...

E, um episódio por dia, vagarosamente, vou descobrindo o que mais essa história reserva para mim, algo melhor que a novela das oito certamente será, e diga-se de passagem, um episódio de anime é muito mais curto que um episódio de novela!!!



P.S: Assim que tiver mais tempo, e uma internet mais decente,verei Inuyasha Kanketsu-hen"

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Um trecho do livro "A Insustentável leveza do ser" de Milan Kundera

"... na verdade, será atroz o peso e bela a leveza?

O mais pesado fardo nos esmaga, nos faz dobrar sob ele, nos esmaga contra o chão. Na poesia amorosa de todos os séculos, porém, a mulher deseja receber o peso do corpo masculino. O fardo mais pesado é, portanto, ao mesmo tempo, a imagem da mais intensa realização vital. Quanto mais pesado o fardo, mais próxima da terra está nossa vida, e mais ela é real e verdadeira.

Por outro lado, a ausência total de fardo faz com que o ser humano se torne mais leve do que o ar, que ele voe, se distancie da terra, do ser terrestre, faz com que ele se torne semi-real, que seus movimentos sejam tão livres quanto insignificantes.

Então, o que escolher? O peso ou a leveza?

... o que é positivo, o peso ou a leveza?

... Uma coisa é certa. A contradição pesado-leve é a mais misteriosa e a mais ambígua de todas as contradições."

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Fotos da minha cidade!!!

Uma coisa que aprendi sobre fotos, é que elas não revelam a verdade, revelam apenas o olhar de uma pessoa sobre uma "verdade". Toda foto é uma produção de quem tira em conjunto com sua máquina, nada mais que um olhar!

Ontem tirei várias fotos, aqui estão duas da que mais gostei e que decidi colocar aqui pq não gostaria que essas fotos se perdessem entre formatações e virus que vez ou outra assolam meu pc... são um recorte, não são a verdade sobre minha cidade, são apenas resultado de meu olhar sobre ela!!!

Fotografar não é bem uma paixão para mim... não é uma coisa que eu saiba fazer ou mesmo entenda, eu até já tentei aprender um ou dois truques para tirar umas fotos mais decentes, mas não deu, não houve lição oferecida pelo meu irmão, ou mesmo por uma professora "caçadora de imagens" que desse geito na minha falta de habilidade.

Mas, a parte isso, essa semana levei a câmera fotografica para meu trabalho, crianças crescem muito rapido e gosto de ter os rostinhos fofinhos delas guardados... esse é um tempo bom que sinto que não vai voltar.

Mas, para além das crianças que eu tanto amo e que nunca vão ser expostas nesse espaço, dessa vez eu senti vontade de fotografar a paisagem que está em torno de nós, os morros do Recife que não entram nos catálogos turisticos, mas que regulam a dinâmica da vida de grande parte da população dessa cidade barulhenta, turbulenta, luminosa que é geralmente associada a suas pontes, mas que também é marcada por seus morros, que nas palavras de uma amiga minha "não são tão charmosos quanto os do Rio de Janeiro, mas também tem sua beleza!".




Ah... outra visão que é eu gosto muito, e que fotografei, é a que se tem quando se chega ao topo do Alto Treze de Maio, que, entre nós, é alto mesmoooooooooo... para chegar ao meu trabalho diariamente subo e desço esse alto, geralmente quando chego ao topo dou uma parada e aprecio a paisagem e o vento enquanto coloco meus pensamentos no lugar.

"O alto" oferece aos que param para ver uma visão singular da cidade, uma visão ampla, fresca, silenciosa, a essa distancia o barulho do trânsito não existe e vc tem a impressão que também não existe as pessoas, a miseria, o calor e a agônia do transito terrivel que preenche as ruas do Recife no horario de pique entre as seis e as sete horas da noite.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Não Vá Embora

Sábado eu estava escutando umas músicas e de repente eu acabei me encontrando com uma música de Marisa Monte, "Não vá embora", eu sou uma droga quando gosto de uma coisa, fico escutando, vendo, lendo e derivados até a exaustão e só tiro a coisa da cabeça quando faço algo com o objeto de minha fixação.

Deixo aqui a dita música:

Marisa Monte
Composição: Arnaldo Antunes / Marisa Monte
E no meio de tanta gente eu encontrei você
Entre tanta gente chata sem nenhuma graça, você veio
E eu que pensava que não ia me apaixonar
Nunca mais na vida

Eu podia ficar feio só perdido
Mas com você eu fico muito mais bonito
Mais esperto
E podia estar tudo agora dando errado pra mim
Mas com você dá certo

(Refrão):
Por isso não vá embora
Por isso não me deixe nunca nunca mais
Por isso não vá, não vá embora
Por isso não me deixe nunca nunca mais

Eu podia estar sofrendo caído por aí
Mas com você eu fico muito mais feliz
Mais desperto
Eu podia estar agora sem você
Mas eu não quero, não quero

(Refrão):
Por isso não vá embora
Por isso não me deixe nunca nunca mais
Por isso não vá, não vá embora
Por isso não me deixe nunca nunca mais (2x)


Como mulher eu nunca fui, vai saber se no futuro eu serei, o tipo que faz de tudo para alguém ficar comigo, levando as coisas até as últimas consequências. Sempre deixei os rapazes que povoaram minha vida se irem na primeira tentativa que fizeram, não me senti tentada a prende-los a mim, talvez por medo de que ao prender alguém a mim eu estivesse me prendendo a alguém e estar presa sempre me assusta.

Como amiga a coisa já flui diferente, já fiz e faço muita coisa para não perder um amigo ou amiga, coisas quase impossíveis e muito desgastantes... E não, não me arrependi, pelo contrário, quando penso o quanto estive perto de desistir de uma pessoa em especial sinto uma certa angústia. Por muito, muito pouco, não desistir de uma amiga incrível, mas por uma sorte do destino na hora H dei um passo para trás. Que sorte!!!

Mas, não é essa a questão. A questão é que essa dita música  me fez postar uma pergunta no Yahoo, várias respostas diferentes, uma impossibilidade de escolher a melhor resposta e quando eu já estava pronta para fechar a pergunta, que foi muito mais longe do que eu esperava, alguém me lembra a primeira pessoa que eu amei e que foi embora.

Mais difícil que deixar os meus amados irem-se ou de suportar coisas muito doloridas para não perder a convivência com uma pessoa querida foi ver a minha tia me explicando que estava namorando um carinha com cara de tartaruga... Que ódio... Ela foi embora...

Taí uma pessoas que eu não quis com todas as forças que não fosse embora... chorei, me escondi para não ouvir explicações, fiquei um tempo sem comer,  fiz resumidamente tudo que alguém pode fazer em matéria de chantagem emocional. Na época me pareceu o maior roubo da história, a maior traição, aliás, uma traição ainda hoje não perdoada.

Não eu não estou exagerando... rsrsrsrs... que drama mexicano... sim, eu estou exagerando, eu perdoei minha tia, tá bom, na verdade não perdoei... aquela tartaruga velha não merecia os melhores anos da juventude dela, uma filha que não era dela também não merecia, mas foi a primeira vez que eu me sentir abandonada na vida e quis dizer: "Não vá embora".

Rememorar esse acontecimento já tão distante, uns dez anos já se passaram, foi super estranho, eu não fui realmente abandonada, minha mãe não era uma incompetente, depois disso ela se tornou minha melhor amiga e começou a prestar mais atenção em mim, isso foi muito bom. Minha tia afinal tinha direito a ter projetos próprios e eu tinha, como tenho, mãe e no final das contas foi bom para todo mundo.

Talvez realmente seja melhor mesmo deixar os que querem ir embora em paz para realizar sua partida e tratar de guardar na memória o tempo em que elas estiveram conosco. Ao menos eu, sempre lembro do tempo que minha tia trançava meu cabelo, me levava para a escola, dormia comigo e me dava doce de goiaba quando eu realizava a gloriosa façanha de comer todo o almoço sem reclamar muito rsrsrs!!!!

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Um poema lindooo!!!

As palavras quando saem da condição de dicionário, possuem o incomodo poder de tocar a alma... Eu não consigo ficar indiferente ao poder das palavras organizadas em versos e os versos em poesia...

A poesia toca minha alma e me faz sonhar com coisas que as vezes parecem idilicas demais para serem reais... enfim, nos descaminhos da net encontrei mais uma poesia que acho que vale a pena colar aqui!!!





Observo-te

Observo-te!... Teu campo, teu domínio
Tua grandeza, tua proporção
Causa em mim, um tal fascínio
Que me entrego à contemplação...

Um oceano negro, salpicado
Reluzindo um brilho desigual
Em cada ponto teu, que é prateado
Há uma incerteza natural

Envolve a Terra com simplicidade
Interfere no comando da razão
Negas ao mundo tua claridade
Pois teu segredo, habita a escuridão

Os astros, súditos de teu reinado
São carícias, em teu revolto manto
Inspiram mistérios velados
Que chagam a causar-me espanto...

Sugere sempre o desconhecido
Incita toda a sensibilidade
Dominas o rumo de quem foi vencido
Pela fraqueza da curiosidade...

Causa-me inquietação
Quase um medo de te conhecer
Receio tua força, tua solidão
Quando te afastas ao amanhecer...

Céu... Infinito... Paraíso!
Quem sabe o que és realmente
Permaneces num ato conciso
Acolhendo este planeta incoerente...

Meus olhos brilham ao observar-te
Porto de almas infantis!
Meu coração deseja revelar-te
O quanto na verdade, me fazes sonhar...


Renato Moura

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

A beira do Rio...

Mergulhada no universo de lirico de várias pessoas diferentes de repente lembrei-me dessa poesia de Fernando Pessoa!!!


Vez ou outra encontro com uma "Lidia" em minha vida e tenho vontade de convidar esta pessoa a se juntar comigo a ver o rio da vida e enlaçar as nossas mãos enquanto apreciamos a visão, mas repentinamente me ocorre o mesmo que ocorreu ao poeta quando escreveu essa poesia... persebo que é melhor não enlaçar as mãos... afinal de toda forma o rio passa e mais vale saber passar socegadamente...

Mas, será mesmo que mais vale ver o rio passar sossegadamente??? Será que não vale a pena se deixar inflamar pelo fogo da paixão, por ódios, amores e sabe Deus o que??? Hummmmm... Vai Saber?!?!?!

A única coisa que tenho certeza é que a vida passa tal como o rio...


Deixo, a quem interessar possa, a dita poesia, do dito Fernando Pessoa:

VEM SENTAR-SE COMIGO LÍDIA, À BEIRA DO RIO

Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlacemos as mãos.)

Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,
Mais longe que os deuses.

Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente
E sem desassosegos grandes.

Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz,
Nem invejas que dão movimento demais aos olhos,
Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria,
E sempre iria ter ao mar.

Amemo-nos tranquilamente, pensando que podíamos,
Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias,
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
Ouvindo correr o rio e vendo-o.

Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as
No colo, e que o seu perfume suavize o momento —
Este momento em que sossegadamente não cremos em nada,
Pagãos inocentes da decadência.

Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-ás de mim depois
Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova,
Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos
Nem fomos mais do que crianças.

E se antes do que eu levares o óbolo ao barqueiro sombrio,
Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti.
Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim — à beira-rio,
Pagã triste e com flores no regaço.

Fonte: www.instituto-camoes.pt

domingo, 7 de fevereiro de 2010

40 coisas que seu filho deve fazer antes dos 7 anos!



1. Brincar, brincar, brincar.
2. Acampar na sala com você.
3. Ter segredos gostosos com o pai e com a mãe, separadamente.
4. Tomar banho de esguicho.
5. Plantar uma árvore ou um pezinho de feijão no algodão, dá na mesma.
6. Fazer biscoito, bolo, comida, se sujando e sujando a cozinha toda. Depois, comer aquela gororoba e ter dor de barriga.
7. E ganhar colinho. Ganhar colinho sempre, mesmo quando o colo fica pequeno. Aliás, existe colo pequeno? Que conversa estranha… Colo é colo!
8. Ter uma festa de aniversário legal – isso não tem nada a ver com gastar dinheiro e, sim, com reunir a família, comemorar e estar feliz.
9. Esperar o coelho da Páscoa. E ver as pegadas dele no chão…
10. Viajar “sozinho” – com os amigos, a escola, o acampamento…
11. Esperar Papai Noel chegar. E entender que aquele presente escondido no armário dos pais é outra coisa, nada a ver com Papai Noel.
12. Fazer misturinha. Sabe o que é? É poder, quando ir ao restaurante, misturar no copo de água tudo que aparecer na mesa: a bebida dos outros, açúcar, sal, pimenta, azeite, farelo de pão…
13. Ir para a escola, ser alfabetizado.
14. Ficar deitado na grama vendo estrelas e o desenho das nuvens
15. Escrever na parede – e levar bronca. Faz parte, mas uma coisa não invalida a outra.
16. Aprender a amarrar o tênis. E se sentir importante por causa disso.
17. Sentir-se importante. Porque, de fato, é.
18. Inventar história. Em todos os sentidos. Inventar.
19. Aprender a comer o básico. Porque o básico é básico.
20. Dormir bem e na hora. Em silêncio, limpinho, na própria cama.
21. Ir dormir tarde de vez em quando, porque é uma delícia.
22. Dormir na cama da mãe e do pai e fazer farra ou esticar a preguiça.
23. Faltar na aula sem motivo, num dia de chuva, por exemplo, e ficar em casa de pijama, brincando.
24. Ir à escola e aprender. Aprender até que faltar na aula é um prejuízo danado…
25. Fazer uma viagem pra longe. Disney. Esquiar. Acampar. Pantanal. Mudar de ambiente. Sonhar, delirar.
26. Descobrir que voltar pra casa é muito bom. E que nossa casa é um mundo, o universo.
27. Aprender a nadar, andar de bicicleta, ficar em pé no balanço.
28. Ter tido, estar pensando em ter ou ter freqüentado uma casinha na árvore. Vale só desejar, também. Aliás, desejar é muito bom, sempre. Motiva.
29. Ter ido a um concerto ou a um balé clássico ou uma ópera. E a um show de rock e a muitas e muitas e muitas peças infantis.
30. Fazer um espetáculo. Aquele de balé, do final do ano. Aquele da escola. Um show com os amigos, improvisado. Valem todos.
31. Ter coleção. De revista, de figurinha, de meleca, de mosquito morto, de minhoca, de carrinho, o que for.
32. Fazer besteira e não contar pra ninguém.
33. Dormir na casa dos avós, curtir com os avós, aproveitar os avós.
34. Ter medo e correr pro colo do pai e da mãe. E descobrir que, assim, o medo passa.
35. Aprender a comer comida japonesa ou thai, ou qualquer uma, assim, “diferente”.
36. Cantar.
37.Ter um amigão ou amigona de verdade, não invisível.
38. Ter falado o que gosta, ouvido o que não gosta, respondido o que não devia e pedido desculpa.
39. Ter conversado muito, muito, com o anjo da guarda.
40. Ter sido criança. Todos os dias. Aproveitando isso. Sem ninguém atrapalhar.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

O amor é um filme!!!

Hoje a tarde eu estava jogada no sofa, tentando estudar, acabei desistindo e resolvir continuar minha leitura do romance de Jane Austen: Razão e Sensibilidade... suspiros poeticos e saudades, enfadei-me do livro e liguei a televisão, na televisão me deparei com "Lisbela e o Prisioneiro", um filme muito terno, com uma trilha sonora linda.



Pronto, Inglaterra do século XIX e um filme ambientado no interior de Pernambuco... fiquei romantica e para completar me deparei com uma música do Cordel do Fogo encantado!!!

Faz tempo que não vivo um amooooorrrr, então fiquei lembrando gostosamente de um amor adolescente, da felicidade, da dúvida, da alegria franca de esperar ele passar todos os dias para que eu pudesse correr desesperadamente a escadaria da minha casa e me encontrar com ele para ir a escola... Que bonitinho... um amor se abuletando em mim... faz uns cinco anos que não vejo esse menino magricela... outro dia ele me mandou um recado pelo orkut, está noivo, isso não me doeu... porque a parte o amor não ter vingado foi tão bonitinho, tão docinho... foi um amor filme: bom de lembrar até aqui!!!

Cordel Do Fogo Encantado - Lirinha - O Amor É Filme

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O Amor É Filme

Cordel Do Fogo Encantado
Composição: Lirinha

O amor é filme
Eu sei pelo cheiro de menta e pipoca que dá quando a gente ama
Eu sei porque eu sei muito bem como a cor da manhã fica
Da felicidade, da dúvida, dor de barriga
É drama, aventura, mentira, comédia romântica

O amor é filme
Eu sei pelo cheiro de menta e pipoca que dá quando a gente ama
Eu sei porque eu sei muito bem como a cor da manhã fica
Da felicidade, da dúvida, dor de barriga
É drama, aventura, mentira, comédia romântica

Um belo dia a a gente acorda e hum...
Um filme passou por a gente e parece que já se anunciou o episódio dois
É quando a gente sente o amor se abuletar na gente tudo acabou bem,
Agora o que vem depois

O amor é filme
Eu sei pelo cheiro de menta e pipoca que dá quando a gente ama
Eu sei porque eu sei muito bem como a cor da manhã fica
Da felicidade, da dúvida, dor de barriga
É drama, aventura, mentira, comédia romântica

É quando as emoções viram luz, e sombras e sons, movimentos
E o mundo todo vira nós dois,
Dois corações bandidos
Enquanto uma canção de amor persegue o sentimento
O Zoom in dá ré e sobem os créditos

O amor é filme e Deus espectador!

"- A gente devia ser como o pessoal do filme, poder cortar as partes chatas da vida, poder evitar os acontecimentos!
Num é?!?!"

domingo, 24 de janeiro de 2010

Mulher Despida




Talvez a verdadeira excitação esteja, hoje, em ver uma mulher se despir de verdade - emocionalmente. Nudez pode ter um significado diferente. Muito mais intenso é assistir a uma mulher desabotoar suas fantasias, suas dores, sua história.
É erótico ver uma mulher que sorri, que chora, que vacila, que fica linda sendo sincera, que fica uma delícia sendo divertida, que deixa qualquer um maluco sendo inteligente. Uma mulher que diz o que pensa, o que sente e o que pretende, sem meias-verdades, sem esconder seus pequenos defeitos - aliás, deveríamos nos orgulhar de nossas falhas, é o que nos torna humanas, e não bonecas de porcelana. Arrebatador é assistir ao desnudamento de uma mulher em quem sempre se poderá confiar, mesmo que vire ex, mesmo que saiba demais.

Não é fácil tirar a roupa e ficar pendurada numa banca de jornal mas, difícil por difícil, também é complicado abrir mão de pudores verbais, expor nossos segredos e insanidades, revelar nosso interior. Mas é o que devemos continuar fazendo. Despir nossa alma e mostrar pra valer quem somos, o que trazemos por dentro.
Não conheço strip-tease mais sedutor.

Martha Medeiros

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Arte de perder

Se equilibrar depois de uma perda é dificil algumas vezes, mas não impossivel, é possivel se equilibrar no meio do caos existencial dolorido, encontrei esse poema por ai, fala sobre a arte de perder, "perder é uma arte?", eu pensei olhando o título e fui ao texto, achei o texto todo adoravel...

Respiro fundo e deixo aqui essa pérola delicada: "Arte de Perder" de Elisabeth Bishop.






Arte de perder


A arte de perder não é nenhum mistério;
Tantas coisas contêm em si o acidente
De perdê-las, que perder não é nada sério. Perca um pouquinho a cada dia.
Aceite, austero,
A chave perdida, a hora gasta bestamente.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Depois perca mais rápido, com mais critério:
Lugares, nomes, a escala subseqüente
Da viagem não feita.
Nada disso é sério.
Perdi o relógio de mamãe.
Ah! E nem quero Lembrar a perda de três casas excelentes.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Perdi duas cidades lindas.
E um império
Que era meu, dois rios, e mais um continente.
Tenho saudade deles.
Mas não é nada sério.

– Mesmo perder você (a voz, o riso etéreo que eu amo) não muda nada.
Pois é evidente que a arte de perder não chega a ser mistério por muito que pareça (Escreve!) muito sério

Elisabeth Bishop

O morro dos ventos uivantes...


"Certo é que ali em cima sopra um ar puro e salubre em qualquer estação. A força com que o vento norte passa por aquele cimo é provada pela excessiva inclinação de alguns enfezados abetos plantados num extremo da casa e por uma aléia de magros espinheiros, que estendem os galhos de um lado só, como se implorassem uma esmola de sol. Felizmente o arquiteto teve o cuidado de fazer uma construção sólida. As janelas estreitas estão profundamente cravadas na parede e as esquinas protegidas por largas pedras salientes." (BRONTE: 1982, pg. 8)

Sempre acho difícil falar sobre esse livro, mas não é difícil dizer que Emily Bronte é brilhante, com sua escrita solida, ela conta uma história densa e complexa cheia de violência, paixão e tragédia com uma carga emocional enorme que chega a assustar, mas que não esquece de cativar quem ler, ou pelo menos a mim cativou.

É um livro que suga o leitor para dentro de si, um livro que das duas vezes que li me tirou do calor do sol e me jogou dentro de uma charneca, no meio do vento, do inverno e do inferno emocional que é a vida de alguns personagens da história desse livro.

Em minha opinião é uma história sem heróis e sem vilões, ou onde o vilão é o herói, sei lá, no meio do texto me pego totalmente condoída pela dor de um homem cruel e sanguinolento como Heathcliff e torcendo para ver o fleumático Linton indo para o inferno, embora também sinta muita pena dele... Meu Deus, a pena é o sentimento mais triste que alguém pode sentir... Sinto pena de Linton e compaixão por Heathcliff e me sinto perdida, enquanto penso onde deixei minha moralidade cristã rsrsrs!!!

Mas, por mais cruel que Heathcliff seja, a mim ele parece eternamente um menino roubado e um homem perdido e isso sempre me deixa triste, não consigo ficar indiferente as dores dele, mesmo achando que ele de coitadinho não tem nada, sendo eu Nely faria o impossível para ajuda-lo e protege-lo até o limite de minha força, acho sempre imperdoável a forma como ela não se liga a ele, mesmo tendo visto ele crescer, tendo cuidado dele durante uma doença. Como alguém pode ser tão indiferente a uma pessoas que ela viu crescer? Se fosse um desconhecido acho que a atitude dela seria facilmente justificada, mas em se tratando de alguém que deveria ser tão próximo penso que ela era uma mulher fria...

Já Catharina, "fala sério!", ela não é poço de virtude, está longe de uma heroína romântica “pálida e pálida, amorosa e mole”, a mulher é o cão, um gênio ruim capaz de atormentar qualquer um, mas ao qual eu também não consigo ficar indiferente. Como poderia ficar indiferente a alguém tão fiel a seus afetos ao ponto de ser capaz de morrer de amor?!?!?!

De resto, a história não tem muito lirismo romântico e, na minha opinião nada especializada, trata-se de um conto um tanto sombrio, complexo, triste, mas que se completa com um final feliz onde um casal, politicamente correto, descobre o lado menos lodoso e sombrio da charneca... aos personagens de moral mais duvidosa resta a morte, o que me lembra que afinal de contas "a única conclusão é morrer"!

Referência:

BRONTE, Emily. O morro dos ventos uivantes. São Paulo: Abril, 1982.
___________

P.S.: Pensei que essa postagem fosse de rosca, já faz mais de dois meses que ela está escrita, havia me esquecido dela, mas fatores externos me trouxeram ela a memória... e lá vai... como não sou especialista em literatura, deixo apenas minha impressão sobre as obras que gosto...

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Avatar... uma aventura incrivel!



Desde julho do recem acabado ano que escuto, ou melhor leio, pelos corredores da net coisas e mais coisas sobre esse filme, eu ouvir tantas e tantas coisas sobre o filme que cheguei a pensar em não ir assisti-lo só por birra... Mas, sabe como é, sempre tem alguém que te conhece de longas datas, sabe que vc adora esse estilo de filme e mal vê o anuncio no jornal e já te convida.

Pois é, minha amiga nem gosta desse tipo de filme hehe... mas ela me chamou para assistir logo a estreia e ora... ora... eu amei!!!

Assistir Avatar foi uma aventura incrível, uau o filme é um milagre da computação gráfica ou seja lá o que for que se chame os recursos utilizados para criar esse filme!!!

Meu Deus!!! O mundo de Pandora é incrível, as texturas são incríveis, os personagens, tudo, não há limites para o cinema, faz pensar que realmente não há mais nada que não possa ser levado com uma alto grau de realidade para a tela dos cinemas.

A década que levou para ser criado, os mais de 400 milhões de dólares que consumiu em produção, pesquisa e desenvolvimento de tecnologia e marketing é como disse Érico Borgo no site Omelete, simplesmente superlativo, “como um triunfo visual e de design”.

O filme é realmente tudo o que diziam que ele seria, tudo o que cerca o mundo de Pandora parece ser surpreendentemente real, cada árvore, cada animal, o conjunto, tudo é tão lindo... feito com tanto primor, os detalhes parecem não ter sido ignorados...

Bem, a história que o filme conta pode até não ser a história mais original de todos os tempos, o desenrolar dos fatos pode também não ser a coisa mais surpreendente de todos os tempos, mas a maneira como a história é contada, bem, ao menos na minha opinião, não deixa nada a deseja, o show visual do filme e a história que o show visual quer mostrar dialogam graciosamente diante de nossos olhos...

Eu amei assistir esse filme, valeu muito a pena, meus olhos ficaram satisfeitos e eu fiquei tão feliz que decidi até pesquisar um pouco sobre esse filme e depois escrever algumas poucas linhas.