sábado, 7 de janeiro de 2012

Palavras de Pórtico

 

Seguindo nossa fofa Wikipédia:

"... pórtico é o local coberto à entrada de um edifício, de um templo ou de um palácio" 

Palavras de Pórtico é uma nota solta de Fernando Pessoa, escolhida para iniciar o conjunto de obras dele reunidos por Maria Aliete Galhoz em"O Eu profundo e os outros Eus", que em 1980 já estava em sua 9ª reedição,  e  justamente um dos volumes dessa reedição que está comigo desde 2002.

Vez ou outra eu topo com algum trecho dessa nota de Pessoa aqui e acula e esse encontro sempre me lembra meus dias de adolescente agarrada com esse livro para cima e para baixo, para um lado e para o outro. #BoaLembrança

Já faz uma década desde a minha primeira leitura desse livro e dessas palavras de pórtico... Me pergunto como parece ter passado tanto tempo e tempo nenhum ao mesmo tempo...

As vezes parece que os 25 anos são outra adolescencia, você é novamente velha demais para muitas coisas e jovem demais para tantas outras, está no caminho do meio, nem é a jovem de 20 anos entrando no mundo dos adultos, no início do curso universitário... querendo abraçar a vida com as pernas, trabalha-estuda-trabalha-namora-igreja, nem é a pessoa madura dos 30, que reza a lenda contada por minhas amigas balzaquianas, já sabe o que é e o que não é, o que quer e o que não quer e pode fazer o que quer \o/

A parte isso, em minha nova adolescencia observo as marcas que a velha deixou nesse livro, engraçado como os nossos livros mais antigos e queridos vão juntando dentro de si nossas histórias. Essa edição carrega uma história, não só a dos escritos do Pessoa, mas a minha vida com os escritos do Pessoa, as notas, os rabiscos, alguns marca páginas diferentes, verdadeiros moradores desse livro.

O senhor Koenma de Yu Yu Hakusho, foi feito por um amigo querido, acho que foi da época anterior ao vestibular:


Essa menina fofinha também mora no livro, não lembro dela nem de que anime saiu, mas é fofa néh?!


A flor azul que deve ter saído de alguma decoração da Escola Dominical e marca o Pastor Amoroso e algumas de minhas passagens favoritas:


"O amor é uma companhia"

"Amar é pensar.
E eu quase que me esqueço de sentir só de pensar nela
Não sei bem o que penso, mesmo dela, e eu não penso senão nela."

"Todos os dias agora acordo com alegria e pena.
Antigamente acordava com sensação nenhuma: acordava.
Tenho alegria e pena porque perco o que sonho
E posso estar na realidade onde está o que sonho.
Não sei o que hei de fazer das minhas sensações,
Não sei o que hei de ser comigo sozinho.
Quero que ela me diga qualquer coisa para eu acordar de novo.
"

Tem a marcação de Rafaela, sobre a qual eu nada sei:


E até mesmo a marcação de um amigo querido a quem emprestei o livro:


Possivelmente outras marcações se juntarão a essas, possivelmente outros marcadores/moradores se juntem a esses, espero por eles, que venham se tiverem que vim, que cheguem em tempo, que esse livro seja repleto de histórias, as mais lindas e variadas enquanto eu e os meus nos encontramos e reencontramos com Fernando Pessoa e seus muitos Eus em nossas sucessivas adolescencias... Quanto tempo mais durará esta???

Ah, deixo aqui essa nota solta dele na integra, mesmo não trazendo ela na integra para os pórticos da minha vida, deixo ela inteira porque as pessoas costumam frisar pequenas partes do que em si já é uma pequena parte de algo que a gente nem sabe o que é nem tem como saber ao certo... Essa coisa de citar de pedacinho nem sempre é algo muito justo com a pessoa do Fernando...


Palavras de Pórtico

Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa: "Navegar é preciso; viver não é preciso."
Quero para mim o espirito [d]esta frase, transformada a forma para a casar com o que eu sou: Viver não é necessário: o que é necessário é criar.
Não canto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso. Só quero torna-la grande, ainda que para isso tenha que ser o meu corpo e a (minha alma) a lenha desse fogo.
Só quero torna-la de toda a humanidade; ainda que para isso tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso. Cada vez mais ponho na essência anímica do meu sangue o proposito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir para a evolução da humanidade.
É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Animação japonesa e paternidade: Usagi Drop!


Segundo a Wikipédia a palavra ANIME:

"... tem significados diferentes para os japoneses e para os ocidentais. Para os japoneses, anime é tudo o que seja desenho animado, seja ele estrangeiro ou nacional. Para os ocidentais, anime é todo o desenho animado que venha do Japão."

E esse não é um blog dedicado a animes, mas, como alguns sabem e outros suspeitam eu costumo assistir esse tipo de animação com alguma frequência e ocasionalmente me sinto emocionalmente obrigada a registrar quando isso ocorre aqui.

Usagi Drop é um anime que conta a história de como um homem de 30 anos, Daikichi, se torna pai de uma menina de 6 anos, Rin, de forma muito original e rotineira ao mesmo tempo... Afinal, ao mesmo tempo que é improvavel que alguém descubra que seu avô falecido deixou uma filha de 6 anos, é meio corriqueiro ver homens de 30 vivendo os desafios da paternidade, mesmo nunca tendo desejado ardentemente ser  pai.

Rin e Daikichi se conhecem no velório do avó que o Daikichi  e todo o resto da família não viam ou tinham notícia a anos. Então todos se surpreendem com a pequena Rin e ficam totalmente sem saber o que fazer ou o  destino a dar aquela menina aparentemente tímida, cuja mãe, além de tudo, é desconhecida de todos.

Rin aparece do nada na vida deles e já aparece como uma responsabilidade que ninguém quer assumir, afinal todos sabem o quanto uma criança exige, exceto talvez o herói dessa história rsrsrs...  A decisão da família é levar a menina para um orfanato, mas na hora H o Daikichi, um solteirão de 30 anos que mora sozinho e nem namorada tem, decide adotar a Rin.

Aparentemente do nada ele toma para si essa responsabilidade, sem ter nem ideia do que é cuidar de uma criança e dando inicio a uma história muito linda  cujo nome é "Usagi Drop" e nós podemos acompanhar em 11 episódios muito fofos, com uma estética linda, terna, impecável!!! Sim, eu amei superlativamente falando!!!

Como Daikichi não sabe nada sobre cuidar de crianças é a Rin, os outros pais que ele conhece ao longo da história e os muitos sustos naturais a paternidade que vão ensinando na prática como as coisas são ao nosso nobre herói... Realmente as boas intensões são ótimas para encher o Inferno porque o que deve encher o céus são mesmo as boas ações e como Daikichi é bom em ter boas práticas como pai!!!

É sabido por todos que "ser pai" não é fácil acompanhado, o que se dirá sozinho??? Até eu sei o quanto coisas aparentemente fáceis podem ser muito difíceis e as difíceis podem ser até muito agradáveis, mas não deixam de ser difíceis por isso!


Várias são as descobertas, os desafios, as pequenas coisas a descobrir e realizar quando o assunto é ser pai solteiro. Como por exemplo: arrumar o cabelo da moça, lindo observar como ele aprende pouco a pouco; criar horários para estar junto, Daikichi acaba tendo que trocar de posto na empresa; a adaptação a nova rotina; a constatação de que o pai é um exemplo; o abandono de velhos hábitos pelo simples motivo de fazerem mal a criança;  aprender a pensar nos outros antes de pensar em si; a nova convivência com as crianças; a emoção contida nas festinhas da escola; o valor de uma foto!


O sofrimento com as enormes coisas pequenas tipo doenças infantis; a emoção advinda da simples troca de dentes de leite por dentes permanentes; o valor da vida, a sua vida, afinal se você  é pai você sabe que não pode morrer nem tão cedo, afinal quem vai cuidar melhor que você da pequena? A alegria de ver outro ser humano descobrindo as coisas boas da vida, como uma flor que vai desabrochando na primavera!


Pensando nisso eu constato que nem todos os homens que se vem responsáveis por uma criança conseguem se transformar em pais... Ser pai é algo muito mais complexo do que fecundar um ovulo, registrar uma criança em cartório ou pagar as infindáveis contas que uma criança gera naturalmente.

Para ser pai é preciso se deixar envolver por essa onda que é uma criança, deixar mesmo que ela sozinha, e sem esforço, tome conta da sua vida  inteira, ao menos por um tempo, ser pai é permitir que uma filha ou filho se torne importante.

Eu não sei o que é "ter filho" ou "ser mãe", nunca vou "ser pai" (por motivos óbvios rsrs), mas qualquer pessoa que pare e observe pais e mães verdadeiros vai ver que algo como um filho modifica totalmente a vida de um ser humano, seja ele homem ou mulher, e isso geralmente é muito positivo... A paternidade e a maternidade costumam fazer as pessoas reverem conceitos e se tornarem seres humanos melhores.

Quando uma criança nasce com certeza ela tem muito a aprender sobre esse lugar assustador, lindo, glorioso e cruel que é o mundo, mas tenho a sutil impressão que toda criança também tem muito a ensinar ao mundo a começar pelos seus responsáveis.


Rin ensina ao Daikichi assim como os filhos ensinam aos pais coisas que eu ainda não sei, mas suspeito. Usagi Drop lembra ainda que não existe uma única forma de ser pai ou um pai perfeito... E me faz pensar que talvez existam várias formas de ser pai e nenhuma delas seja a perfeita.

E a proposito disso, só para constar, hoje é aniversário do meu pai... Ele não é o tipo que ler blogs ou coisas do gênero, nós não somos o tipo que vive agarrado um ao outro e coisas do gênero... Na verdade nós costumamos brigar assim, mais ou menos, com pequenas variações disformes e raras, "um dia sim e o outro também", por motivos tão fúteis que chegam a ser irritantes para quase todo mundo a começar por nós dois.


Mas, ainda assim um Pai é sempre um Pai e vale a pena lembrar disso em qualquer tempo e mais ainda no dia do aniversário.

E sim, deixo o meu obrigada a Mi do Notas de Rodapé pela indicação. Obrigada Mi, foi meu último anime de 2011 e a primeira postagem de 2012 \o/

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Seguindo o exemplo da Pers, do Um pouco de Shoujo, deixo o link de onde se pode baixar o anime: Yokai Animes.


segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Depois do Natal, antes do fim do ano...

Hoje é o dia da minha última postagem no Em Quantos... Lá se foram seis meses e eu comecei o texto assim:

"Essa semana que fica entre o Natal e os festejos de fim de ano tende a ser preguiçosa, não dá muita vontade de fazer qualquer coisa, estudar, trabalhar, pensar, sair de casa... escrever... Juro que a vontade que tenho é me largar em um canto da casa e dormir por 100 anos e um dia..."

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Minha nostalgia e votos de Natal!

Não sei porque o Natal me deixa nostálgica, em meio aos votos espalhados pela universidade, familiares, face, e-mail e blogs, lembrei da infância da minha irmã, minha caçulinha pokemon, Rafaela, quando ela estava no primariozinho uma das paresentações de Natal foi feita com uma canção que não me saiu da cabeça nunca mais...

Nem sei se ela lembra, mas enquanto aprendia a canção não queria que ninguém cantasse, dizia que a música era dela que eu não podia cantar, então ai é que eu cantava mesmo, só para implicar... Com o tempo ela esqueceu a música, esqueceu também a situação e eu fiquei com a memória da canção e desse capitulo da infância de Rafaela.

Nostalgicamente deixo meus votos de Feliz Natal, a canção e meus desejos de tudo de bom para todos os meus companheiros e companheiras de virtualidade.


Dom Helder Camara já disse:

"É possível caminhar sozinho. Mas o bom viajante sabe que a grande caminhada é a vida e esta supõe companheiros. Companheiro, etimologicamente, é quem come o mesmo pão."

Que possamos ser criança, curtir a noite de luz, lembrar de Cristo, ouvir os sinos... abrir presentes ou simplesmente estar com os nossos entes queridos tanto quanto nos for possível...


Natal, natal, das crianças
Natal da noite, de luz
Natal da estrela guia
Natal do Menino Jesus


Blim blão, blim blão, blim blão...
Bate o sino da matriz
Papai, mamãe rezando
Para o mundo ser feliz


Blim blão, blim blão, blim blão...
O Papai Noel chegou
Também trazendo presente
Para vovó e vovô

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Quando eu não sabia ler: " A estrela do mar..."


De repente me bateu uma nostalgia da infância... Me peguei lembrando das leituras que Mainha fazia para minzinha antes que eu aprendesse a ler... Lembrei de uma história, que na verdade era tipo uma poesia que contava de um um grão de areia que se apaixonou por uma estrela, essa história não estava em um livro infantil e sim em um livro didático de um dos meus tios, eu tinha adoração por essa história e fazia Mainha lê-la várias vezes seguidas rsrs... Por que criança gosta tanto de repetição ein?

Achava lindo o amor do Pequenino Grão de Areia que se apaixonou por uma Estrela... imaginava mil conversas entre os dois... mil detalhes... mil finais e o encontro, claro... Meu Deus coitada de Mainha que tinha que fica ouvindo minha conversa kkk...

Depois que eu aprendi a ler fui conhecer outras histórias e deixei o pequenino grão e a sua estrela perdido entre memórias, mas hoje nem sei porque lembrei dele... Me deu saudades dele e desse tempo quase perdido nas lembranças.

Eu devia ter demorado mais para aprender a ler...

Ah, claro que eu dei uma procurada pelo texto na net e, por sorte, eu o encontrei e já deixo por aqui:


Estrela do mar
(Marino Pinto e Paulo Soledade)

Um pequenino grão de areia
Que era um eterno sonhador
Olhando o céu viu uma estrela
Imaginou coisas de amor
Passaram anos, muitos anos
Ela no céu, ele no mar
Dizem que nunca o pobrezinho
Pode com ela se encontrar

Se houve ou se não houve
Alguma coisa entre eles dois
Ninguém soube até hoje explicar
O que há de verdade
É que depois, muito depois
Apareceu a estrela do mar