"Na palavra faz-se a criatividade humana: o encontro entre nossa capacidade de ler o mundo que aguarda nossa leitura. Na linguagem concebemos, conhecemos, compreendemos.
A palavra é adensadora de sentido. Na palavra, desenhamos o perfil dos âmbitos de realidade que são, a princípio, difusos. Antes de dizer "eu te amo", o amor é esboço, possibilidade talvez remota, talvez ilusória. O vínculo interpessoal ganha densidade no momento em que expresso o amor que pressinto e sinto (e que desejo sentir como reposta por par parte de quem amo). Na frase "eu te amo" torna-se patente para mim e para quem eu amo que o amor não é mero propósito, quem sabe irrealizável. O campo amoroso entre mim e a outra pessoa precisa ser explicitado, patenteado, comprovado. Os sentimentos, nebulosos, querem definir-se na palavra viva e convincente, ativa e ativadora.
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A palavra literária é autenticamente palavra quando, trazendo luz verdades fulminante, livra-nos do vazio abissal, do tédio mortal, da encapsulação, da asfixia existencial, desse nível infracriador a que somos rebaixados, e no qual passamos a ser, menos do que pessoas: objetos, e objetos de não amor."
(PERISSÉ. Gabriel. Literatura e Educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2006, pág. 14, 15 e 18.)
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P.S.: Estava lendo esse Literatura e Educação, pensei nos meus livros... pensei em suas histórias tão amadas... Em como são um lugar onde encontrar refugiu... Pensei também na blogosfera, talvez os nossos blogs sejam nossa literatura, aquele espaço onde guardamos nossas palavras... E por isso sejam sempre tão importantes não só para que possamos sobreviver, mas para que possamos viver nesse mundo que tantas vezes nos parece tão estranho, tão cheio de objetos de não amor!