As vezes me sinto tão velha. Todas as pessoas nadando no mar da sua trigésima década de vida, com ou sem pandemia, se sentem assim? As vezes toda essa sensação de velhice e experiência de vida parecem meras ilusões de ótica, prepotência sobrevivente da adolescência que não nos abandona nos vinte anos e parece voltar a vida nos trinta. As vezes toda essa sensação de velhice e experiência de vida parecem direitos naturais das sobreviventes de suas próprias loucuras dos vinte anos.
terça-feira, 19 de janeiro de 2021
Longuíssimo Balanço Emocional
terça-feira, 12 de janeiro de 2021
Joana D'arc: Médium de Leon Denis [40 Livros Antes dos 40/1]
domingo, 3 de janeiro de 2021
40 LIVROS ANTES DOS 40 ANOS
01. O grande massacre dos gatos: e outros episódios da história cultural francesa - Robert Darnton.
02. A Enxada e a Lança: a África antes dos portugueses - Alberto da Costa e Silva.
03. Villete - Charlotte Bronte.
E, no entanto...
Para quem, como eu, saiu da vida de estudante para a vida de professora, passar um ano sem as quatro unidades, cadernetas empilhadas, avaliações por todos os lados, cansaço incrível, Pascoa, São João é uma coisa tão despropositada.
Eu acreditaria mais facilmente no fim do mundo causado pelo impacto do um cometa errado do que numa vida sem o cotidiano escolar e, no entanto, desde março não piso numa sala de aula concreta. Minha vida pelo avesso, a falência momentânea do eixo no qual minha vida se organiza. Não sei nem como sobrevivi a esses meses.
sábado, 6 de junho de 2020
Barricadas...
terça-feira, 26 de maio de 2020
Cheguei aqui em uma noite de fim de verão
Cheguei aqui em uma noite de fim de verão, ainda estava quente, o céu estava estrelado, não havia Lua. Nunca vi um céu tão estrelado, não sabia que existia céu estrelado em noites permeadas por tanto medo e incerteza.
Diante da imensidão me sinto reconfortada, livre como alguém que pode se mover sem ser percebida e assim pode ir para onde desejar.
O pequeno me intimida mais: bebês de colo, a pequena infância, crianças, pré-adolescentes, animais de outra especie, objetos pequenos, anéis, livros. Se deixar caí quebra. Se derrubar pode morrer na queda. Com facilidade se fere. Basta uma palavra mal colocada para decepcionar. Podem chorar até passar mal.
O imenso impõe admiração. O pequeno exige atenção, dedicação, tempo, espaço, prudência.
Nossa! O que estou falando? É um tempo no qual o invisível se misturou ao visível, matou milhares em questão de meses e sitiou o mundo inteiro. Nós, talvez, sejamos uma geração compreensiva em relação a como coisas pequenas são opressivas e exigentes e perigosas.
O céu estava estrelado, me senti minúscula tive a sensação de poder ficar uma vida inteira ali, diante do céu imenso, o chão frio nas minhas costas, a noite quente me cobrindo, ouvindo o som baixíssimo de uma voz suave cantando em um idioma quase extraterrestre... Foi apenas um momento, um momento infinito.
domingo, 17 de maio de 2020
Estação Atocha, Super Junior e o Triunfo do Irreal.
"Esforcei-me para pensar nos meus poemas, ou em qualquer poema, como maquinas de fazer eventos acontecerem, de mudar os governos, a economia, ou apenas a sua linguagem, e o conjunto das suas funções sensoriais, mas não consegui imaginar isso nem me imaginar imaginando todas essas outras coisas sobre a poesia, quando imaginava - pressentimento terrível - um mundo privado até mesmo dos pretextos mais idiotas para escrever poemas que permanecessem fiéis às possibilidades virtuais do meio, privado dos rituais absurdos como aquele do eu tinha participado naquela noite, então eu intuía uma perde inestimável, uma perda não de obras de arte, mas da própria arte, e portanto infinita, o triunfo total do real, e me dei conta de que em um mundo assim eu engoliria uma cartela inteira de comprimidos brancos." (Ben Lerner, Estação Atocha, pg. 55).