domingo, 19 de agosto de 2012

Sobre a cidade...

Agora a pouco me peguei folheando um do livro que tenho por aqui, chama-se Gota de Sangue, e apesar de ser um romance dito policial, um dos gêneros que menos gosto, é um livro pelo qual tenho afeição.

Acho que o Lúcio, o detetive da história, deve ser o investigador policial mais reflexivo já visto na história da literatura policial, mas é apenas achismo porque eu realmente não li muitos livros nesse estilo, ele deve ter algum parentesco, ou no minimo um ancestral primitivo comum, com o Alec Leamas de "O espião que saiu do frio" ou com o Tomas de "A Insustentável Leveza do Ser".

Imagem daqui

A parte isso, no inicio do livro Lúcio vislumbra o amanhecer na cidade de São Paulo, na primeira vez que li essa descrição eu grafei e agora transcrevo:

"Mendigos, putas, policiais, drogados, bandidos, miseráveis, bêbados e doentes esticando a noite pelas calçadas, bares, cortiços, cines pornôs, puteiros e hotéis baratos. Vendedores, secretárias, advogados, PMs, funcionários públicos, lojistas, office-boys e donas de casa afirmando a fronteira do dia desde as primeiras horas. A guerra é por território, nada mais. A noite se estica sob as marquises das lojas fechadas, nos bancos das praças, nos bares infectos, nos cinemas mofados e no bafo quente da ventilação nas calçadas. O dia avança pelas avenidas, descendo dos ônibus, emergindo do metrô, abrindo portas, fazendo barulho, gritando ofertas, ocupando as calçadas e marchando em compras. A noite recua e se esconde nas ruas menores, nas esquinas modestas, nos hotéis, teatros explícitos e moradias caóticas enquanto o dia sobe pelos prédios e se espalha pelas ruas armado de gravatas, pastas, bolsas e sacolas. Afronta-se por doze horas até o dia bater em retirada no desespero do transporte e do transito. Noite novamente. Os molambos retomam suas posições no deserto de portas fechadas e nas ruas sujas da refrega."
(Gota de Sangue_Fábio Brazil_ p. 14-15)

Lembro que grafei essa passagem porque achei que nela o Fábio incluiu sujeitos que usualmente costumam ser ignorados das descrições literárias e descreveu um capitulo do cotidiano da cidade comum a quase todas as cidades. Quando li tive aquela sensação de que a realidade plausível caiu de repente sobre mim.

A cidade descrita nessa passagem foi São Paulo, mas eu acho que podia ser Recife e talvez pessoas de outras cidades também possam traçar paralelos com a sua realidade... O ano no qual se passa a história é 1985 e não é que a pesquisa do autor não foi bem feita ou haja anacronismos no livro, mas francamente, eu tenho a impressão que nos ultimo 27 anos pouca coisa mudou no cotidiano da cidade, nos sujeitos da cidade, na forma como o dia sucede a noite e para piorar as semelhanças, 2012, assim como foi 1985, é ano de eleição...


E curiosamente, as eleições municipais colocam em evidencia que é hora de pensar na cidade, hora de pensar nos diversos sujeitos que formam a cidade, os que aparecem na descrição feita pelo Fábio e os mais que eu e você podemos vim a lembrar e que não foram incluídos.

É hora de pensar no que será de nós e nossas cidades nos  próximos 4 anos, que terão direito a Copa e Olimpíadas diga-se de passagem...

Eu confesso que as vezes o processo eleitoral no Brasil me desanima, os caminhos da politica me deprimem e a forma como nós dialogamos com isso tudo me frustra as expectativas de um futuro melhor... E para piorar enquanto pesquiso uma imagem mais ou menos para essa postagem encontro um site/blog todo trabalhado na proposta de uma propaganda politica vitoriosa.


Ai!!! Cansei!!! E olha que ainda nem começou a palhaçada!!! Eu já começo a concordar com o Lúcio: "Distintos empresários manipulando a cidade, distintos políticos sugando a cidade, distintos engenheiros destruindo a cidade, distintos doutores matando pela cidade." (Gota de Sangue_Fábio Brasil_ p. 16).

Só que a cidade não é deles, ou melhor, a cidade não é apenas deles. A cidade é minha e de todos os que vivem e morrem nela e sendo assim também é responsabilidade nossa.

Talvez não apenas os assuntos de nossa sala, cozinha, banheiro e vida afetiva sejam de nossa alçada, mas os assuntos da cidade inteira... Todo dia é dia para pensar na cidade, mas acho que na época das eleições é hora de decidi algo em relação a cidade, a saber: quem será responsável pela gestão dela pelos próximos 4 anos.

Nos cabe lembrar quem farrapou, quem não cumpriu promessas, o que fizeram e não fizeram os prefeitos e vereadores... Os ditos e os não-ditos... Avaliar propostas de gestão dos bens públicos... Isso tudo me cansa só de pensar quer dirá de votar.

Mas, eu desconfio que enquanto os muitos sujeito que são a cidade, entre eles eu, não começarem a si sentirem na obrigação de cuidar da cidade pessoalmente em todos os sentidos ela continuará sendo manipulada, sugada e assassinada cada dia um pouco mais...

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Os 7 Pecados, não os Capitais, mas os Literários!!!


Engraçado, eu leio a Bíblia desde pequena, devido a minha orientação religiosa (tem gente que ler por outros motivos), mas nunca vi na Bíblia nenhuma referencia a esses pecados... Deu até vontade de saber a história de como surgiu essa lista. Se alguém souber me conta?!?!

O que vi de mais próximo encontro de sete pecados de difícil perdão são os listados em Provérbios cap. 6 vers. 16 ao 19:

“Estas seis coisas o Senhor odeia, e a sétima a sua alma abomina: (1) Olhos altivos, (2) língua mentirosa, (3) mãos que derramam sangue inocente,(4) O coração que maquina pensamentos perversos, (5) pés que se apressam a correr para o mal, (6) A testemunha falsa que profere mentiras, e (7) o que semeia contendas entre irmãos.”

Mas, esse post não é sobre os Sete Pecados Capitais e sim sobre Os sete Pecados Literários, um meme que vi no blog do Luciano o PontoLivro.

A brincadeira consiste em responder a algumas perguntas relativas aos nossos hábitos literários baseadas nos sete pecados capitais. Vamos lá!!!

Ganância: Qual seu livro mais caro? E o mais barato?

O livro mais caro que comprei foi o meu "Sandman, edição definitiva vol. 1", comprei a vista, tinha acabado de receber meu decimo terceiro, estava me sentindo muito rica e só de olhar para ele sei que foi um dinheirinho bem gasto \o/ Adoro parar, encostar na estante e dar uma olhadinha nele!

O mais barato são os Sabrinas da Nova Cultura, geralmente eu ganho eles, toda vez que começo a negociar o preço dos livros no Sebo que frequento a anos e o dono ver que estou irredutível na luta pelo desconto ele faz um desconto menor e dispara "Fica por esse preço e te dou dois romances?" Geralmente eu aceito o arranjo!!!

Ira: Com qual autor(a) você possui uma relação de amor/ódio?

Nietzsche e Freud, dois velhos rabugentos e implicantes!!


Quase me esquecia dela, a Emily Bronte!
Sim, vivo eternamente entre o amor e o ódio com O Morro dos Ventos Uivantes!


Gula: Qual livro você devorou sem vergonha?

Difícil... Porque eu sou uma leitora sem vergonha por natureza, minhas amigas do Twitter que o digam a julgar pelo espanto que fizeram quando descobriram a minha ultima leitura, mas, vou citar o "A Guerra dos Tronos", volume 1 dAs crônicas do Gelo e Fogo. Martin tem uma narrativa tão envolvente que a gente não ler, devora, é pior que droga pesada para viciar uma alma desavisada.

Preguiça: Qual livro você tem negligenciado devido à preguiça?

A Crítica da Razão Pura de Kant, já comecei a ler, tenho vontade de ler, mas sinceramente... Basta começar para dar uma preguiça terrível!!!

Orgulho: Qual o livro que você tem orgulho de ter lido?

"Memórias Póstumas de Brás Cubas" de Machado de Assis. Me orgulho de todos os livros que li dele. Ele é o melhor autor em língua portuguesa que conheço.


Luxúria: Quais atributos você acha mais atraentes em personagens masculinos e femininos?

Inteligência, pensamento critico, sarcasmo e capacidade de ser passional quando se percebe amando alguém.

Inveja: Quais livros você gostaria de ganhar de presente?

Eu gostaria de ganhar qualquer livro que eu não tenha. E não, isso não é bondade de meu coração, se a pergunta fosse "Quais livros você gostaria de poder comprar?" eu teria resposta assertiva, mas presente a gente não escolhe especialmente se tratando de livros, nesse ponto sempre é melhor deixar o outro a vontade para escolher!

É isso, esses são meus pecados literários!!!
Ah, a gente pode indicar alguns amigos blogueiros para responder ao meme...
Mas, eu vou deixar isso em aberto, quem quiser pode responder e se responder me avisa para eu conferir \o/

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Quando a gente fica repetitiva...

Pois é, eu acho que depois de algum tempo postando você vai ficando repetitivo... Voltando a assuntos já tratados e quando dar por si começa a fazer surgir as séries de postagens.

Por exemplo, sem querer querendo eu vi surgir nesse blog a série: "Sonhos são esquisitos, idiotas e me apavoram.", que a julgar pela bagunça que anda meu mundo onírico só tende a aumentar.

Bem, minha teoria é que todo mundo é meio repetitivo, todo mundo conta as mesmas histórias mais de uma vez e as vezes até troca um detalhe ou outro... Particularmente não tenho problema em ouvir a mesma história duas vezes, especialmente quando gosto da história.

Depois de 4 anos blogando fico me perguntando o que existe na minha vida sobre o que já não tenha falado. Meu pai, meus irmãos, minha profissão, solteirice, animais de estimação, minhas preferencias literárias... Caraca... tudo isso já virou tema de postagem... Para falar de algo novo só me apaixonando, coisa que nos últimos quatro anos não aconteceu...

Agora me ocorreu, como seriam minhas postagens apaixonada ein?!?!? #Medo

Agora eu tava olhando minha postagem da semana no Em Quantos... e vi o quanto ela está semelhante a postagem sobre a Dignidade dos Gatos... Acho que nasceu mais uma série essa vai ser "Falando de Animais".

Se a moda pega daqui a pouco eu vou falar do zoológico inteiro nesses blogs rsrs... Dessa vez o bicho escolhido por mim foi o danado do Corvo qualquer dia desses eu vou falar da angustia que me dar olhar nos olhos do macaco, eles parecem tão humanos!!!

Enfim, já que acabei falando do Em Quantos, vou deixar o link da postagem e o titulo para quem quiser conferir:

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Blogagem Coletiva: Presentes que Desejei e nunca ganhei...

Ah, que eu zapeando pelos blogs cai no blog do Christian, Escritos Lisérgicos, e vi essa blogagem proposta pela Patricia do Café entre Amigos. Achei legal e resolvi embarcar na brincadeira e pensar naqueles presentes que eu desejei e não ganhei.


Vamos lá!!!

O primeiro presente que me vem a mente é aquelas pulseiras de molas coloridas. Todo mundo tinha eu achava demais e queria muito uma. Pedi a Painho, mas ele era meio averso a esses brinquedos da moda, filho de uma família evangélica meio louca via tudo que era muito colorido, popular e aparecia na televisão como coisa do diabo. Ele  me enrolou com outros brinquedos e nunca comprou a pulseira de mola. Foi triste porque eu era difícil de esquecer as coisas.

Outro presente que eu sempre quis e nunca ganhei foi um patins. Frustração mega reforçada de uma vida inteira. Sentiu o drama? Pois é, imagina quando Painho disse o redondo NÃO há 16 anos atrás!!! Oxeee, vcs não tem noção do que pedi, chorei, implorei, chorei mais, emburrei por dias, chorei mais ainda, fiz cara de nojo quando ele chegou de viagem com um brinquedo lá do Maranhão (nessa época ele era motorista de ônibus interestadual), chorei mais um pouquinho e nada.

Ele disse, gritou, que o patins era perigoso e muitas crianças ficavam seriamente machucadas com eles. Eu ainda apelei para meus tios e minha avó, mas aos 11 anos eu tinha um alto índice de quedas com meus pés no chão e ninguém me apoiou a tentar as rodas. #MundoCruelSanguinolento

Outro grande presente que eu quis muito e nunca ganhei, foi o tal do discman!

Esse eu pedi como presente de  15 anos e foi o mesmo sistema do patins: pedi, recebi o não e comecei a sequencia choro, mais choro, cara feia, bico, apelação, exposição de argumentos, busca de apoio familiar.

Painho novamente foi irredutível com o Não. Aliás eu acho que NÃO é a única palavra que meu pai conhece até hoje.

Meu pai disse, na verdade ele gritou, que o discman fazia mal aos ouvidos, que eu já havia tido dor de ouvido na infância (eu nem lembrava mais disso) e meu ouvido já havia estourando e podia voltar a estourar e era NÃO MESMOOO, papo encerrado.

Pois é... pois é... pois é... Como eu fui uma criança sofredora!!! Buaaaa... Como meu pai era mau e sanguinolentoooo!!!! buaaaaaaaa...


Pausa para questão existencial profunda:

"Qual criança na face da terra nunca teve um probleminha ou outro no ouvido, uma dor, uma inflamaçãozinha de nada???"

Aaaah, mas claro que quando eu comecei a trabalhar uma das minhas primeiras compras foi um MP4, na minha opinião uma evolução do discman. Custou caro para o meu salário de professora iniciante, mas a sensação foi ótima, compensou cada centavo. Meu mp4 era lindo, dava para ver videos, tinha 2G de memória e só não fazia chover e mais linda e perfeita foi a sensação de estar desafiando e vencendo meu pai!!!

É claro que não demorou muito para meu ouvido inflamar... Lembro que quando as pessoas me perguntavam: "Como foi isso?" Eu tinha vontade de responder: "Praga de pai! Sabia que elas também pegam?" (Na verdade eu dizia mesmo!).

Acho que esses foram os três presentes que eu mais quis ganhar e não ganhei! Claro, houveram outros, mas acho que esses foram os mais significativos. Ironicamente, apesar da frustração que geraram, lembrar deles foi até divertido. Eu amei escrever essa postagem.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Sobre o PontoLivro e um livro de fantasia muito realista...

PontoLivro é o nome do blog do Luciano, lá ele conseguiu construir um espaço no qual podemos falar sobre literatura com a maior tranquilidade do mundo. Eu gosto, outras pessoas também, mesmo quando ele nos desafia a descobrir "Qual é o livro?" e nós não conseguimos.

Como eu já falei algumas vezes por essas páginas, o Luciano me convidou a ler O clã dos Magos, o primeiro livro da Trilogia do Mago Negro. Uma leitura que tinha tudo para ser apenas mais do mesmo e no entanto se mostrou algo bem diferente do que nos últimos tempos tem sido lançado em matéria de livros de fantasia.

Li que Trudi Canavan buscou inspiração para escrever seu livro em textos que falavam a respeito das pessoas sem teto que em Barcelona foram sendo encurraladas e movidas para fora da cidade um pouco antes dos Jogos Olímpicos de Barcelona em 1992, uma fonte de inspiração no minimo curiosa que deu um tom muito social e realista para uma narrativa fantástica.

Sua narrativa começa assim:

"Dizem que em Imardin o vento tem alma e chora lamentosamente pelas ruas estreitas da cidade porque se entristece como o que encontra por lá."
(O clã dos Magos, p. 11)

Hoje minhas opiniões a respeito desse livro estão disponíveis lá no .Livro e a titulo de registro deixo o link aqui, quem quiser conferir minhas ideias a respeito desse livro sinta-se a vontade para clicar e conferir também!!!!

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Luiz Gonzaga, um grande de seu tempo.


O ano do Centenário de Luiz Gonzaga está gerando uma sequência de merecidíssimas homenagens, ao menos aqui no Recife. O sacal nessas situações são os chavões. Os dois que, como historiador, mais me irritam são "homem à frente de seu tempo" e "obra atemporal". Essas expressões tão repetidas partem da premissa absurda de que é possível escolher se você quer fazer parte do seu tempo ou não. Ou ao menos que os gênios têm esse poder.

Uma coisa é ouvir a inigualável música de Bach e se comover com sua beleza eterna. Outra coisa é você ignorar todos os sinais óbvios de que é uma obra indissociavelmente ligada à primeira metade do século XVIII, em especial das áreas protestantes da Alemanha.

O mesmo vale para Machado de Assis. Ler seus romances é excelente, mas tanto pelas convenções do romance realista como pela tematização obsessiva da crise da sociedade senhorial, são muito claramente obras do fim do século XIX brasileiro.

Essas obras não são "atemporais" e não estavam "à frente de seu tempo". Eram tão brilhantes e geniais que, a despeito de todo os seus aspectos datados, continuam tendo muita coisa a dizer para pessoas que vivem em contextos espaciais e temporais muitíssimos diferentes, o que é totalmente diferente.

Luiz Gonzaga era totalmente filho de seu tempo. Foi para o Rio como tantos jovens da época, tentando ser cantor romântico. Não conseguiu, mas percebeu que poderia tentar se destacar no nicho regionalista. A aposta foi certeira. Era o tempo em que a cultura de massas se segmentava, abrindo espaço para manifestações mais particularistas. E também era o tempo em que se cristalizava uma identidade "nordestina", separada de uma identidade "nortista" mais geral.

Ele foi filho desse contexto. Consolidou de forma irresistível o padrão sonoro e visual do que seria a identidade nordestina. Apresentou esse conceito de "nordeste" a milhões de pessoas que não o conheciam, de uma maneira genérica o bastante para ser aceito sem muitas ressalvas por nordestinos e forasteiros. Associou eternamente seu nome a essa identidade. Tudo isso enquanto cantava músicas absolutamente sensacionais.

Luiz Gonzaga não é atemporal nem estava à frente de seu tempo. Foi totalmente um filho de seu tempo. Um dos mais brilhantes. Ajudou a moldar sua época e deixou uma herança que, tantos anos depois, ainda orgulha profundamente a sua gente. Não tá bom?

terça-feira, 31 de julho de 2012

Eu e o Gonzaga


Quando a Jaci começou a falar do Luiz Gonzaga lá no twitter eu me lembrei de imediato da minha infância, já que minha família é nordestina, sendo assim meu pai gostava, minha mãe adora e meu noivo ama o Rei do Baião!

Quando costumávamos ir à praia meu pai gostava de colocar músicas sertanejas no carro e eu as detestava. A única opção era pedir para colocar alguma do Luiz Gonzaga e assim eu ia feliz me encontrar com os pernilongos e com o sol de rachar!

No entanto, não era só nas minhas idas á praia que Luiz Gonzaga entrava na minha vida, toda festa de fim de ano eu me encontrava com ele novamente, pois antes desse forró moderno ocupar o som dos meus familiares, Luiz Gonzaga nos presenteava com sua música. Por isso, quando me perguntam se eu sei dançar forró eu digo: depende, é Luiz Gonzaga?

Dessa forma, o Rei do Baião sempre fez parte da minha vida e foi com grande alegria que eu descobri que o meu noivo também adorava o Luiz Gonzaga. Isso porque eu devo dizer que esse é o único ponto em comum que nós temos no quesito musical. E assim como noivo, eu gosto dos sucessos mais antigos: “A feira de Caruaru”, “Asa Branca”, “ABC do Sertão”, “Amor da minha vida”, “Assum-preto”, “Baião”, “De Fiá Pavi” (uma das preferidas do noivo), “Forró de Mané Vito”, entre outras.


No entanto, a minha preferida é “Riacho do Navio” e as pernas não ficam quietas quando escuto “Vem Morena” e “O Xote das meninas”.


Luiz Gonzaga, assim como Dominguinhos, marcou a minha infância e agora que o meu pai faleceu é inevitável ouvi-lo e não me lembrar dele.


Michele Lima
Notas de Rodapé
Um pouco de shoujo
____________
P.S.: Como bem lembrou a Ana, o noivo da Mi, agora é Marido, ela escreveu esse texto antes do casamento.

Enfim, como a Ana é cruel na forma como lembra das coisas rssrsrs #MeninaVelhaMáSanguinolenta

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Fora de tempo...



Uma vez um amigo meu ao saber que eu tinha um blog me deu uma receita para bombar na blogosfera, ele me disse que o bom era sempre falar no assunto do momento na hora que ocorria. No dia que ele disse isso eu soube exatamente o que eu estaria sempre evitando de falar no blog, não digo que não seda a tentação de falar sobre os assuntos que viram noticia da noite para o dia, mas evito sim isso, até porque isso é um blog e não um jornal ora...

Mas, apesar dessa determinação não posso ignorar que esse ano é o ano do centenário de Luiz Gonzaga e me deu vontade de falar sobre os fios que me unem ao Velho Lua, filho de Januário. Uma vontade nada original visto que até escola de samba falou dele esse ano e ele também foi o tema do São João de Pernambuco sendo por isso abordado por várias Quadrilhas Juninas.

Eu, como boa nordestina, também tenho tenho minhas histórias, preferencias e tudo o mais com o velho Lua, ele é quase uma unanimidade. Eu nunca vi ninguém dizer que odeia Luiz Gonzaga, mesmo entre meus colegas de Escola Bíblica Dominical encontrei fãs dele, um dos meus amigos até biografia tinha. Então, depois de considerar isso, de repente me deu vontade de contar/registrar um pouco disso nesse blog.

O plano era fazer algumas postagens sobre elem então acabei convidando a Michele Lima, uma das pessoas mais orgulhosas de sua origem nordestina que conheço, para falar sobre Luiz Gonzaga e pedi ao Tiago do 171nalata para me emprestar a postagem que ele fez a "500 anos" sobre o Velho Lua e resolvi dedicar essa semana a Luiz Gonzaga meio fora de tempo mesmo.

Espero que haja quem curta essa homenagem meio fora de tempo. Eu curti ler os textos da Michele e do Tiago assim como curto escrever o meu.



segunda-feira, 23 de julho de 2012

Da dignidade do Gato!!!

Ontem eu terminei de ler O clã dos Magos, livro que me foi enviado pelo Luciano do .Livro, ai mexendo na net vi uma foto de uma moça que colocou uma toalha em cima da cachorrinha dela e tirou uma foto junto com o mini-mago e o livro pra combinar...

Eu achei a foto e a ideia muito fofa (clique aqui para conferir) e entre mim e "mim mesma" comecei a planejar fazer o mesmo com meu lindo gato Batatinha Rafael Clemente.

Bem, ele ficaria lindo de Mago Negro, mas vamos e venhamos, é claro que isso nunca daria certo!!! Batata é qualquer coisa menos um animal dócil que se deixa apanhar para brincadeirinhas minhas néh?!?!

Mas, o legal, foi que antes mesmo que eu começasse a sequencia "caça ao Batata", Rafaela me chegou no computador com a seguinte imagem:


Desconfio que pode até existir animal tão digno quanto, porém, no entanto, todavia, mais digno que esse felino é difícil. Bem já disse Terry Pratchett:


"Nos tempos antigos os gatos eram adorados como deuses, eles não se esqueceram disso até hoje."
(Terry Pratchett)

Reza a lenda que os egípcios realmente adoravam a Bastet, a deusa gato, associando-a ao sol, a fertilidade e a gestação... Ainda segundo conta a lenda, com passar dos séculos e o crescimento do Império Romano Bastet passou a ser associada/misturada a Ártemis ficando definitivamente ligada a Lua, noite e derivativos.


Na minha época de graduanda li um livro chamado "O grande massacre dos gatos" e nele tem um capitulo que discute como a imagem do gato associada a feminilidade, a sensualidade e ao perigo foi sendo construída ao longo do tempo. Talvez por essas associações, reze outra lenda que uma bruxa sempre tem um gato preto por perto, o que me leva novamente a Terry Pratchett e suas bruxas.


Uma das bruxas desse autor é a Tia Ogg, ela tem um gato chamado Greebo, depois de Garfield, Greboo é definitivamente meu gato preferido da literatura.



"Para Tia Ogg, Greebo era o gatinho fofo que corria atrás de novelos de lã pelo chão.
Para o resto do mundo, era um gato enorme, um pacote de forças vitais incrivelmente indestrutíveis dentro de um couro que não parecia pele de animal, mas um pedaço de pão deixado num lugar úmido durante quinze dias.

Os estranhos sempre ficavam com pena dele porque suas orelhas não existiam e sua cara dava a impressão de que um urso acampara em cima dela. Não sabiam que ela era assim porque, por uma questão de orgulho felino, tentava violentar ou brigar com absolutamente qualquer coisa, incluindo uma carroça para transporte de toras puxada por quatro cavalos. Cães ferozes gemiam e se escondiam debaixo da escada quando Greebo passava pela rua. Raposas mantinham-se distantes da aldeia. Lobos davam meia-volta.

Era provavelmente o único gato que conseguia ronronar com escárnio."
(Terry Pratchett- Quando as bruxas viajam)



E claro, se estamos falando de gatos não podemos esquecer do gato de Cheshire que em Alice no País das Maravilhas é autor de uma das tiradas mais inquietantes da literatura:


"- Gatinho de Cheshire (...) Poderia me dizer, por favor, que caminho devo tomar para ir embora daqui?
- Isso depende muito de para onde quer ir - responder o Gato.
- Para mim, acho que tanto faz... - disse a menina.
- Nesse caso, qualquer caminho serve - afirmou o Gato.
- ... contanto que eu chegue a algum lugar - completou Alice, para se explicar melhor.
- Ah, mas com certeza você vai chegar, desde que caminhe bastante.
- Mas eu não quero me meter com gente louca - ressaltou Alice.
- Mas isso é impossível - disse o Gato. - Porque todo mundo é meio louco por aqui. Eu sou. Você também é.
- Como pode saber se sou louca ou não? - disse a menina.
- Mas só pode ser - explicou o Gato. - Ou não teria vindo parar aqui."
(Lewis Carroll)

Em síntese, eu não tenho coragem de fazer traquinagens com Batatinha!!!! A dignidade e o orgulho felino que atribuo a ele se confunde com o orgulho e dignidade que eu mesma procuro construir em mim.



Sem contar que eu sempre lembro de Sandman vol. 18, do Sonho de Mil Gatos e de uma Gata informando-nos que podemos mudar o mundo!



E por fim, já que para nossa alegria e pena é segunda-feira novamente, só me resta concluir esse post com o Garfiel: