domingo, 24 de abril de 2011

Palavra de professor.

Como os textos se avolumam sobre minha mesa, reservei o feriadão para ficar em casa de frente para o computador organizando a vida, lendo, fichando e digitando...  De maneira que cá estou eu em pleno sábado a noite curtindo a companhia do Profº Rogério Fernandes, um português, professor da Universidade de Lisboa, que morreu de ataque cardíaco no ano passado com 78 anos.

O fato que ele foi um pioneiro na área de pesquisa em História da Educação não garantiu a ele destaque no Jornal Nacional nem derivativos no Brasil, em Portugal eu já não sei... O que sei que ele é velho conhecido meu e que me deu um trabalhão trazer para minha estante "Os caminhos do ABC."


Mas, não é esse livro que me fez abrir esse post, embora esse livro seja um clássico, leitura recomendada para qualquer pessoa que queira começar a entender o que é educação em Portugal e em todos os lugares que fizeram parte daquele imenso Império que foi o Português, tão grande e rico que um certo historiador francês disse que o século XVI foi o século Ibérico da mesma forma que o século XX foi o século americano.

Voltando ao assunto... estive lendo essa noite o artigo "Da palmatória à Internet: uma revisitação da profissão docente", ele escreveu esse artigo para o número 11 da Revista Brasileira de História da Educação, está disponível inclusive para download aqui, nele se reflecte, como o titulo sugere, sobre os diversos métodos didaticos já utilizados nas salas de aula de Portugal, é, junto com todos os livros e pesquisas que este professor construiu, uma herança para cada um de nós, afinal quer história mais imbricada com a portuguesa que a nossa???

E sim, em meio as reflexões sobre as praticas educativas ele também fala sobre a Internet e os blogs  algo que realmente é palavra de professor que vale a pena não só escutar como gravar na memoria para tentar aprender a administrar cada dia melhor essa louca experiência que é a vida virtual.

Nos diz ele:

"Graças ao ciberespaço e ao universo cognitivo da Internet, professores e alunos, graças a esse aparelho, poderão investigar os temas que lhes interessam, obtendo informações rápidas. Serão elas fiáveis? Além disso, graças a existência de blogs emanados de comunicadores entusiastas, o computador, mediante o acesso à Internet, permite alargar a comunicação. Todos sabemos, contudo, que nem sempre a comunicação via Internet se inscreve em propósitos transparentes, podendo, ao invés, servir para enredar numa teia prejudicial aqueles que se deixam envolver por falta de advertência."
(Rogério Fernandes_2006)

Ah, quase esqueci: Feliz Páscoa!

Imagem daqui!
 

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Páginas Coladas

Desde que eu dominei a tecnologia da escrita que narrar o que vivo faz parte da minha rotina, ganhei meu primeiro diário quando tinha sete anos, eu adorei a novidade e mergulhei mesmo na escrita. Obviamente ninguém me avisou que os cadeados dos diários são frágeis demais e o que vc escreve possivelmente vai virar motivo de chacota para sua família.


Pois é, nem assim eu desisti da experiência de narrar o que eu vivia, minha rotina, minhas brigas com as primas, com Júnior, com painho, as angustias da minha infância, eu gostava de escrever, escrevia errado que da até pena (ainda escrevo errado de da pena) e uma letra tão pequena que hoje até eu sinto dificuldade em decifrar, mas era legal, ganhei meu ultimo diário de tia Neide, depois disso eu passei a escrever em cadernos escolares pequenos até que me rendi a tecnologia do blog.

Narrar o que vivo de toda forma é importante para mim, viver e narrar é minha forma de equilíbrio, de superar os problemas corriqueiros do dia-a-dia, de colocar para fora essas angústias  ridiculamente comuns que me assolam vez ou outra e seguir em frente rumo a sabe Deus onde. Na escrita eu sinto que encerro e recomeço os ciclos da minha vida.

Mas, nessa brincadeira de viver e narrar, eu descobrir uma coisa bem cedo: existem coisas que  existem, vivem, porém não podem ser escritas, ditas e pensadas livremente, e tanto não podem como não são ditas, escritas e preservadas que os historiadores dão nome a isso, eles chamam, se eu não me engano, de "silêncios da História", eu chamo de páginas coladas.

Calma, eu explico!

A primeira vez que encarei "aquilo que deveria ser dito" foi quando Mainha abriu meu diário de adolescente, um dos últimos que ganhei, ela me chamou para conversar, uma conversa difícil e travada que terminou assim: "isso não pode ficar aqui, apague"

Eu não tinha a mínima vontade de apagar nada, tudo que escrevi foi a verdade, ao menos a minha verdade, sobre o que estava acontecendo, minha opinião sobre os fatos, não entendia porque deveria ser apagada e escrevi isso no meu diário, a conversa e a minha impossibilidade. De fato, eu não apaguei nada, a solução foi mais simples, eu simplesmente colei as paginas bem coladas.

A parti daquele momento meu diário passou a ser recheado de páginas coladas, tudo que doía de verdade na alma eu escrevia e colava as paginas, depois eu passei a não escrever  mais sobre aquilo que não era para ser escrito e nos meus diários a partir de 1998-1999 quando o assunto era chato, eu só escrevia pequenas frases, tipo "Só Deus sabe!" ou "Não posso falar!".

Enfim tempo venho, tempo foi e as páginas coladas passaram a ser mais raras para mim, fazia tempo que esse temor não me batia a porta, mas, de repente não mais que de repente, me vejo fazendo isso novamente, escrevo muito, encho paginas em branco, concluo a escrita e no final sou tomada pelo medo do olhar do outro, então colo uma pagina na outra e fecho o caderno.

Hoje o caderno é outro, o destino da escrita também, mas a parte o que mudou de  minha adolescência para cá, as paginas coladas são as coisas que mais me incomodam, colar as páginas é sempre um sofrimento.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Por que eu tenho um blog?


A Vanessa do Fio de Ariadne, um dos blogs que sigo a trocentos anos, reeditou uma proposta de blogagem coletiva e com isso me fez relembrar uma vontade antiga, a de registrar aqui o caminho que me fez virar blogueira. Já que estou vivendo uma temporada de grandes, enormes, mudanças, talvez faça bem balançar os motivos que me trouxeram a blogosfera, a Internet e registrar eles aqui, antes que eu me esqueça, antes que eu deixe para amanhã... antes que tudo isso vire evasão.

Bem, o inicio da escrita desse blog foi o ponto quase final de um processo de recuperação de uma boa, excelente fossa... e eu vou explicar do começo, logo se você chegou nesse blog agora e inventou de  ver  logo esse post, mas não tá com paciência para ler um quilometro de texto, é melhor deixar pra me conhecer outro dia...

Foi assim:

Quando eu tinha uns 17 anos (não faz tanto tempo assim já que agora tenho 24), eu me vi apaixonadinha. Bem o rapaz era (é ainda) um tipo devagar quase parando e eu demorei uns bons anos para conseguir o feito de emplacar um namoro, mas conseguido o namoro, tudo não correu bem... Eu me descobri em uma relação ruim e tinha (tenho) a solida impressão que tudo era culpa minha, me sentia mal e má, tudo dava errado e parecia que tudo era culpa minha (talvez tenha sido mesmo), logo o namoro acabou depois de nove meses e eu fiquei com um sorriso padrão no rosto e uma tristeza enorme na alma... Fui incompetente na arte de cativar a pessoa por quem eu nutria uma paixão antiga e me sentia má pessoa, má cristã, má mulher, uma Pandora que abriu uma caixa de coisas erradas e prejudicou alguém que lhe era muito querido.

Foi uma fase triste de ruim e foi bem ai que painho comprou um pc pq eu estava no inicio do meu curso universitário e precisava mesmo dele, para completar o quadro eu tinha um aluno que vivia em uma lan hause, tanto que quando eu fazia chamada os outros diziam em vez de "faltou", "lan hause"... Me perguntei o que essa criatura fazia na lan e obtive satisfatória resposta: "ele era um orgulhoso usuário de jogos em rede!". Como eu havia acabado de me tornar uma pessoa digitalizada fui descobrir que diabos era isso e assumir pela primeira vez minha identidade de Pandora.


A escolha do nome não foi por acaso, foi muito bem pensada e é por causa dessa personagem que o link do blog é http://elfpandora.blogspot.com. Eu não me sinto uma elfa, estou bem distante desse ideal de beleza, mas essa fase foi importante. Os meninos com os quais passei a jogar me ensinaram a usar a net, orkut, msn, youtube, conhecimentos gerais... tudo data dessa época.  A experiência do jogo em rede foi óptima, fiz bons amigos, me divertir e coloquei para fora todo o meu instinto assassino.

O meu amigo virtual mais antigo data dessa época, ele e as crianças da creche me ajudaram muito em todo o processo de continuar a viver mesmo com dor de cutuvelo e de entender certas coisas que servem para toda vida, tanto que na minha monografia tem um paragrafo inteiro dedicado a ele. Vivemos muitas aventuras virtuais juntos e através desses anos conservamos nossa camaradagem gostosa, por causa dele e da durabilidade de nosso relacionamento virtual é que eu digo que acredito em amizades virtuais duradouras e honestas.

O jogo e a experiencia de ter um amigo virtual abriram um leque novas possiblidades, descobri  o Yahoo Perguntas e Respostas, outra proposta virtual que amo de coração, essa dinâmica de perguntar e responder sem precisar necessariamente mostrar a cara me soou muito convidativa...

Uma vez disse que comecei no Yahoo porque as pessoas já estavam saturadas de mim,  hoje  me pergunto se não era eu que estava cansada de falar com as pessoas e de ouvir apenas o eco de minha própria voz, acho que precisava de novos tipos de dialogo, um tipo em que eu não fosse culpabilizada por ser do jeito que sou de preferencia.

Foi no Yahoo que adquirir coragem para postar minhas ideias, ousadia de falar na net, lá me misturei pela primeira vez as pessoas que vivem uma experiência virtual mais profunda, que passei a sentir vontade de registrar de forma mais fixa as coisas que eu gostava e comecei a considerar com mais afecto colocar meu blog em dia, usar esse espaço, postar realmente, escrever o que penso.

Enfim, tenho um blog por motivos diversos: é algo que faço primeiro para mim, porque eu preciso escrever, porque se não escrever eu surto, porque preciso trabalhar essa ideia de me senti uma pessoa má, porque preciso aceitar o que sou, porque é um bom exercício, pq de repente encontrei pessoas legais na blogosfera, porque esse é meu diario de bordo nesse planeta girante coberto de água que a gente chama de Terra, porque dias melhores vieram, porque alguém me disse que o pior escritor é o que sabe escrever e não escreve e isso mecheu com meu orgulho de muitas formas, porque gosto de ler os blogs dos outros e por fim, sinto que esse espaço reflecte bem o que sou e o que não sou, ele tem minha cara e talvez no final da contas eu tenha um blog porque foi o meio mais eficiente que encontrei de superar uma baita dor de cutuvelo e sair de uma droga de uma fossa emocional que parecia não acabar nunca.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Demanteladamente azul!

Eu tenho um habito terrível, antigo e grande causador de quedas e afins... eu ando de cara para cima! Ou seja, vou contando as nuvens e olhando o céu... Como resido nas áreas elevadas da cidade as vezes também paro e fico olhando o meu horizonte e pensando na vida, se brincar até sento na calçada e tiro uma foto.

Foto tirada da calçada em um dia qualquer.
Não é ruim, tem um vento forte e embora eu costume andar com meus cabelos trançados nessas horas até desfaço a trança e deixo o vento me descabelar a vontade enquanto eu penso na minha vida, na vida dos meus entes queridos e oro por todos nós...

Ah, engraçado que as vezes acontece de alguém passar e me vendo parada parar também e ficar papeando comigo sobre a vida, geralmente pessoas mais velhas, senhoras, senhores também... Olhando os prédios quase sempre a conversa recai sobre o que mudou nos últimos 50 anos no Recife, os prédios que se avolumam em nosso horizonte. Vez ou outra há quem fale também sobre os que moram nos prédios, ex-empregadas domesticas que me segredam os problemas dos vivem do outro lado da cidade.

Foto de um dia abafado qualquer!
Mas hoje não foi dia de papo, hoje eu só encontrei com o céu com umas nuvens tão branquinhas que pareciam ser de algodão e um azul perfeito que entre as muitas coisas nas quais ando pensando incessantemente lembrei de minha irmã dizendo que o Soneto do Desmantelo Azul de Carlos Pena Filho, é o meu soneto, segundo ela é pq essa coisa de "Então pintei de azul os meus sapatos/ Por não poder de azul pintar as ruas" é minha cara rsrs.

Eu não sei se ela tem razão ou não, o que sei é que olhando o céu, no meio dos meus muitos pensamentos, lembrei do Carlos e passei o dia inteiro com esse soneto na cabeça. 

Soneto do Desmantelo Azul
Carlos Pena Filho

Então pintei de azul os meus sapatos
Por não poder de azul pintar as ruas
Depois vesti meus gestos insensatos
E colori as minhas mãos e as tuas

Para extinguir de nós o azul ausente
E aprisionar o azul nas coisas gratas
Enfim, nós derramamos simplesmente
Azul sobre os vestidos e as gravatas

E afogados em nós nem nos lembramos
Que no excesso que havia em nosso espaço
Pudesse haver de azul também cansaço

E perdidos no azul nos contemplamos
E vimos que entre nascia um sul
Vertiginosamente azul: azul.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Os dias de chuva...


Há quem diga que os recifenses não sabem o que querem, se faz sol dizem que a cidade é inferno, Hellcife, se chove a gente também não gosta é ruim e ninguém sabe o que gostamos... No meu caso não existe esse problema existencial, eu posso até dizer que tá muito quente,  que essa coisa de Outono é uma propaganda enganosa, mas pode ter certeza, vc não vai ser  em um tom de tristeza. Eu adoro o Sol do Recife, gosto dos dias quentes e esse céu fechado de dias de chuva me angustia por demais...

O cinza me deixa amuada, me traz lembranças ruins, me faz querer falar de coisas melancólicas, me lembra do que vai mal na minha vida, dos conflitos que não se resolvem, das pressões que aumentam, das traições mesquinhas, dos amores que não vingam, das brigas eternas com meu pai, que só fazem crescer e dia a dia ficam mais e mais difíceis me deixando cada dia um pouco mais encurralada.

Sem calor parece que tudo fica pior e não vem um pensamento que preste em minha cabeça.... queria escrever sobre algo legalzinho, um novo livro infantil que comprei, um outro que li, um episódio curioso, uma história linda vi, de como a barriga da minha amiga tá linda ou do nome que ela escolheu para o bebê, de um aniversário que se aproxima, um acontecimento curioso/atípico... Mas não consigo, embora tenha ensaiado começar...

É fogo, eu só consigo lembrar do que dá errado, do que não foi... e vou desabafando, pq se isso fica dentro é pior... e não é meu estilo ficar guardando as coisas, não sou o tipo que explode, sou o tipo que solta tudo a medida que vem.

Uma vez li em um papelinho que venho em um saquinho de chá que quando você tem um problema te angustiando é bom contar a dez pessoas e ouvir o que elas tem a dizer, quando você falar e ouvir a décima pessoa seu problema vai parecer muito menor, sigo esse principio e tento não guardar angustias, quando elas ameaçam me sufocar falo com um, dois, três, dez...

Depois que falo me sinto mais leve, sempre acho que vale a pena falar, mesmo que isso não faça com que minhas relações familiares melhorem, com que meus problemas afectivos se resolvam, com que as pequenas mesquinhezas sejam desfeitas ou que eu aprenda os fatos óbvios de quem "nem todas as pessoas são legais", "algumas amizades, por mais que você queira, simplesmente não vingam", "pais podem magoar muito", "há uma hora que vc precisa seriamente pensar em sair da casa de painho e mainha, mesmo sem ter casado", "aquele sonho de casar primeiro e sair de casa depois pode não dar certo", "que dias de chuva são tão necessários quanto dias de sol", "traições são normais", "a solidão também é uma companhia", que "todos os conselhos do mundo fazem sentido, eu é que, vez ou outra, não faço sentido algum".
 

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Cavalheiros!

Cavalheiro: Homem de sentimentos e ações nobres.

Poderíamos adicionar a essa definição, sem prejuízo algum do sentido, a expressão: "algo terrivelmente difícil de se encontrar".

Aliás, até hoje eu chegaria até a dizer que cavalheiro só existe naqueles romances açucarados que vende nas bancas e nos sebos e que eu, diga-se de passagem, adoro. Mas cheguei em casa com uma certeza: encontrei no turbilhão urbano de Recife, em meio ao suor e ao caos de um ônibus lotado, um cavalheiro!

E como disse, eu já não acreditava mais que essa espécie de homens existia, pensava que tal ser tinha entrado em extinção, varrida da superfície do planeta por um cometa de grosseria e truculência que caiu sobre os homens, especialmente os que usam o sistema de transporte coletivo em Recife. Mas não é disso que quero falar.

O que queria contar é que provavelmente encontrei o últimos dos cavalheiros da terra!

Não foi nada de muito incrível, sinos não tocaram, pássaros não voaram, eu não estou apaixonada, apenas levemente admirada com o que me aconteceu em no quarto ônibus lotado do dia a uma pessoa devidamente em pé, portando uma bolsa incrivelmente pesada, com um ombro latejando de dor, a irritação misturada com a fome gritando ao pé do ouvido e com um mal humor de dar dor em qualquer criatura, mas que de repente se deparou com uma atitude diferente de um exemplar do sexo oposto.

Inacreditável, mas o rapaz olhou pra mim, de mim para minha bolsa, da minha bolsa para a bolsa dele, parou uns segundos e tascou a sangue frio em minha carne cansada um: "senta aqui!"

Será que alguém acredita se eu disser que recusei a oferta?

Pois é, eu recusei! Mas ele insistiu, quando eu pensei ele já estava em pé, me deu o lugar mesmo, com recusa e tudo!

E eu fiquei tão admirada que demorei uns bons três segundos para pedir a bolsa dele e descobrir porque ele hesitou em se levantar, a bolsa estava infinitamente mais pesada que a minha, por isso ele pensou tanto.

É, afinal de contas, ainda existem cavalheiros no mundo, podem até está em perigo de extinção, mas definitivamente ainda existem e eu encontrei com um desses espécimes raros em um ônibus lotado no meio do frenezi dessa cidade que não conhece o significado da palavra Outono!

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Ah, só para constar! Quase cai para trás quando cheguei em casa e me deparei com a noticia do que ocorreu no Rio de Janeiro com as crianças... Terrível, doloroso, angustiante e tantas coisas mais que no calor da tristeza e da revolta sinto agora, achei melhor escrever sobre algo corriqueiro... Mas, a revolta está aqui comigo e ela não é apenas contra esse demente monstruoso, mas também contra o Estado que não garantiu a essas crianças uma escola segura, sei que se amanhã outro demente acordar com vontade de matar crianças ele vai encontrar um enorme leque de escolas públicas brasileiras sem segurança alguma cheias de "brasileirinhos" e "brasileirinhas" desprotegidos(as). Isso doí no coração!

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Realmente o tempo não para...

O tempo pode até não para mesmo, mas, algumas pessoas conseguem sua cota de imortalidade. Ao menos é o que penso sobre Cazuza, sei que não foi bem um exemplo, mas eu gosto de tudo o que ele produziu, e  escuto as músicas dele dia sim e o outro também.

Segundo meus irmãos são gostos assim que ameaçam meu lugar no céu. Eu não tenho tanta certeza, há uma cota de verdade tão grande no que ele canta que ignorar seria uma temeridade, hoje seria o aniversário dele, então para não deixar a data passar grifo nessa pagina e digo de mim para mim mesma que  "se você achar que eu tô derrotada saiba que ainda estão rolando os dados porque o tempo, o tempo não pára".


domingo, 3 de abril de 2011

As brincadeiras de minha irmã!

Recebi esse texto por e-mail de minha irmã, não sei qual é a graça que as irmãs mais novas vêm em atormentar as mais velhas!!! Vai ver é falta cronica do que fazer, ou chatice, ou um incentivo para que eu entre para a estatistica dos que pulam do Centro de Filosofia e Ciências Humanas UFPE, de toda forma me fez ri e chorar \o/ Então, registro aqui, a "brincadeira" de minha irmã:

Verdade PURA (será?)

O cara termina o segundo grau e não tem vontade de fazer uma faculdade. O pai, meio mão de ferro, dá um apertão:

- Ahh, não quer estudar? Bem, perfeito. Vadio dentro de casa eu não mantenho, então vai trabalhar...

O velho, que tem muitos amigos, fala com um deles, que fala com outro até que ele consegue uma audiência com um político que foi seu colega lá na época de muito tempo atrás:

- Rodriguez!!!! Meu velho amigo!!! Tu te lembra do meu filho? Pois é, terminou o segundo grau e anda meio à toa, não quer estudar. Será que tu não consegue nada pro rapaz não ficar em casa vagabundeando?

Aos 3 dias, Rodriguez liga:

- Zé, já tenho. Assessor na Comissão de Saúde no Congresso, R$ 9.000,00 por mês, prá começar.

- Tu tá loco!!!!! O guri recém terminou o colégio, não vai querer estudar mais, consegue algo mais abaixo...

Dois dias depois:

- Zé, secretário de um deputado, salário modesto, R$ 5.000,00, tá bom assim?

- Nãooooo, Rodriguez, algo com um salário menor, eu quero que o guri tenha vontade de estudar depois....Consegue outra coisa.

- Olha Zé, a única coisa que eu posso conseguir é um carguinho de ajudante de arquivo, alguma coisa de informática, mas aí o salário é uma merreca, R$ 2.800,00 por mês e nada mais...

- Rodriguez, isso não, por favor, alguma coisa de 800,00 ou 700,00, prá começar.

- Isso é impossível Zé!!!

- Mas, por que???

- PORQUE ESSES SÃO POR CONCURSO PARA PROFESSOR, PRECISA TÍTULO SUPERIOR, MESTRADO ETC.... É DIFÍCIL PRA CARALHO...

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Sexta-feiras....

Antigamente, em um passado distante, a sexta era o meu dia preferido, já acordava pensando: fim de semana \o/!!

Porém, sinto que nos últimos meses a sexta vem se transformando no Dia Internacional da ressaca moral!

E sim, sinto-me uma vez mais obrigada a concordar com Terry Pratchett e admitir que:

"A luz acha que viaja mais rápido que tudo, mas está errada. Não importa quão rápido a luz viaje descobre que a escuridão sempre chega antes e está a sua espera."

Mas, esperemos! Como tudo na vida, as ressacas morais, creio eu, também passarão...Havemos de ter coragem para não desistir de nada, apesar da ressaca!

Ah, aos não ressacados:


segunda-feira, 28 de março de 2011

"Formação continuada", "papo de Psicologa" e "a questão do abraço"!

Uma das dez coisas mais chatas de se trabalhar em educação é ter que participar de formação continuada! Eu sei que existe toda aquela conversa de que formação continuada é um direito conquistado através de lutas, é uma oportunidade de adquirir novos conhecimentos, de se reciclar, blá... blá... blá...

A teoria realmente é boa, mas na prática a relação dos educadores das redes públicas com o Estado é bastante atritosa e nos incomoda muitissimo ouvir aquele discurso que fala que nossa profissão é super-ultra-mega-super importante na formação e cai no dia seguinte em uma realidade que faz com que nos sinta-mos um lixo desprezado e vil com um salário que deixa muito a desejar. 

Resultado: as formações viram uma coisa super chata, a gente vai praticamente amarrada!

E não, essa não é a questão! A questão é que semana passada houve formação continuada, não para mim, mas para uma de minhas colegas, uma das pessoas mais indispostas para formações, aquele tipo que prefere trabalhar a ir... Porém, ela não só ouviu como na volta compartilhou conosco a experiência.

De maneira que ficamos sabendo que a formadora em questão é uma psicóloga, aff... Esse é o pior tipo... Pq as psicólogas que trabalham com educação tem aquele ar carregado de superioridade, transpiram sapiência... Eita, que parece que nos cursos de psicologia tem uma cadeira especifica para isso, deve ser algo do tipo: "Ar de superioridade 1, 2, 3", "Pratica em parecer ser dona da verdade 1, 2, 3"e claro "Estagio supervisionado em ser esnobe"... Sei lá... e elas tem aquela vozinha controlada e aquele ar de quem pode te dizer como você deve se portar com suas crianças (veja como nós temos um sentido de posse com os filhos(as) dos outros) sem nunca ter enfrentado uma sala com 20 crianças de dois anos na vida (se bem que no meu caso são apenas 11 crianças de 3 anos_estou no céu \o/).

Devem ter aprendido com Freud a ter ar de superioridade!
 É claro que quando a gente detecta "papo de psicóloga" da logo uma dor no ovo, um arrepio na espinha e se desliga o botão "ouvir" ou liga o botão "ouvir para sacanear" ou ainda, faz como eu e liga o botão "ouvir para contestar". Minha amiga prefere a o botão "ouvir para sacanear" e quando eu cheguei na creche tava a maior conversa sobre "a questão do abraço".

A psicóloga falou sobre a questão da "sexualidade na educação infantil" isso dá um buruço triste, Freud é uma pedra no nosso sapato, e sobre a afectividade e ela colocou em algum momento que nós educadoras não podemos chegar e abraçar as crianças, o correto é que nós cheguemos e pergunte-mos a criança se ela quer um abraço, se a gente pode abraça-la, se ela disser que sim, ai nós a abraçamos, caso não, sem abraço. Pq o abraço é uma invasão do corpo da criança e a gente tem que respeitar essa questão e blá...  blá... blá... teorias psicológicas e afins na veia das tias...

E eita... A polêmica estava solta:

Tia 1(eu): "Imagine, pedi um abraço a crianças que mal você chega pulam em você, elas não me pedem abraços, elas atacam!"

Tia 2: "Ah, mas ela falou sobre isso, ela disse que as crianças não pedem pq nós não pedimos..."

E conversa vai, conversa vem... Piadas vão, piadas vem; risos vão, risos vem; ironias prá lá, ironias pra cá; abraços pra um, abraços para outros.

Foi bem no meio de uma ótima ironia que eu lembrei que eu tenho um bom amigo psicólogo e que eu gosto de psicologia, que esta é uma profissão séria, com profissionais sérios e opa! Bateu uma dor na consciência, uma culpa, e no topo do "ironia vai ironia vem" resolvi arriscar, pedi um abraço a uma das crianças mais chatas para carinho que conheci na vida.

Matheus detesta grude, abraço, beijos, tolera um cherinho, mas é UM cherinho, mais que isso e ele diz logo "sai tia, oxe... aiaiaiAIAIAIAIIIIIIIIII!", nada de Felicia com ele!!! Eu fui justamente nele (doida pra a iniciativa não dá certo): "Matheus, me da um abraço?". E eu morri! Sim, ele deixou, ele me deu um abraço, dois, três, descobrir o mapa da mina de abraços do Matheus, pedir abraços virou moda na sala, pedi abraços para todo mundo, gostei da brincadeira, mas isso não foi o que me surpreendeu a ponto de escrever essa postagem.

O que me surpreendeu foi que uma outra criança, igualmente chata para carinhos, a quem pedimos abraços semana passada! Ele chegou e nos pediu um abraço: "Tia me da um abraço!". Uma dos meninos mais agitados, menos dado a afectos, muito afeito a atitudes agressivas, pedindo abraço. Que coisa espantosa! Que coisa linda e gratificante!

E isso me fez pensar que as psicólogas, as vezes, não sempre nem constantemente, sabem o que estão dizendo! Na próxima vez vou lembrar de ponderar melhor o que elas dizem!