Pois é, há algum tempo eu me achava a rainha dos gostos desconexos, nada na minha vida combina com nada. Gosto de coisas que muitas vezes são tão opostas que chegam a dar indigestão. E essa caracteristisca nem sempre é legal, as vezes é uma coisa muita chata. Mas, porém, no entanto, todavia, nem tudo está perdido, recentemente conheci a Mariana Mansur do Blog da Mariana Mansur, ela é igualmente desconexa em seus gostos e adoçou minha vida com um texto onde fala sobre o tema que, claro, trago para a minha Caixa, com todo o orgulho do mundo.
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SOBRE GOSTOS DESCONEXOS
Mariana Mansur
Quando eu era adolescente, há praticamente dez anos, eu estudei em colégios que pareciam verdadeiros shoppings. As pessoas, então, pareciam protagonistas de filmes.
Por muito tempo, eu desejei ser assim, exatamente como essas pessoas. A vida alheia me parecia muito convidativa e bem, bem melhor que a minha.
Por muito tempo, eu desejei ser assim, exatamente como essas pessoas. A vida alheia me parecia muito convidativa e bem, bem melhor que a minha.
Imaginei como seria estar naquela festa, naquela viagem. Como seria vestir aquela roupa, frequentar aqueles lugares.
Inevitavelmente, o tempo passou. E eu me dei conta de que essas pessoas eram exatamente como muitos outras aí fora, que gostam do que todos gostam, frequentam os lugares que todos frequentam, dizem as coisas que todos dizem. E que, para se identificar com uma delas, não era necessário um esforço para ser - era preciso, justamente, não ser. Não ter opiniões próprias, não ter nada a acrescentar. Era como estar em alto mar e não nadar, deixar-se ir conforme a maré.
Descobri, então, algo melhor ainda: eu gosto de gostar dos filmes que eu assisto, gosto de gostar das músicas que eu ouço, das bandas em que eu vou a shows, gosto de gostar de escrever. Gosto de ter em mim esse conjunto de características que formam quem sou hoje, e que passa bem longe da grande massa de pessoas que desejam apenas uma coisa todos os dias: ser igual a todo mundo.
"A mediocridade refugia-se na padronização" - Frederick Crane