domingo, 12 de setembro de 2010

O que me faz feliz!

Bem, eu tenho um fraco por Blogagens Coletivas e também tenho um fraco por convites... então a Sandra do blog Curiosa resolveu me convidar para celebrar como ela o aniversário do blog participando de uma blogagem coletiva, e bem... eu não resistir néh???? Não posso me fazer de rogada e cá vou eu em mais uma aventura!



Bem... a ideia é falar sobre O QUE ME FAZ FELIZ!

Então digo logo, ser convidada a participar de uma festa me faz muito feliz... participar ainda mais... me faz feliz acordar e sentir o sol no meu rosto, subir a escadaria e ver o mar e o horizonte sentindo a brisa que chega até aqui... me faz feliz chegar no trabalho e ser recebida por abraços e beijos dos meus bebés, me faz feliz as minhas alunas aguniadas (aguniadas com u mesmo, que é para da ênfase) me abraçando, me beijando e me chamando de tia Jaci e depois se arrependendo e dizendo só Jaci... Me faz feliz ter amigos próximos e distantes, mas amigos, me faz feliz olhar meus irmãos (os de perto e de longe) e saber que posso confiar neles em tempos de sol e de chuva, me faz feliz encontrar nas paginas amarelas dos livros centenários as histórias das pessoas que viveram e morreram nessa cidade, me faz feliz receber dinheiro no fim do mês, me faz feliz ter um nome limpo, me faz feliz poder abrir minha Bíblia e ter fé em algo, me faz feliz ter um Deus a quem pedir, agradecer e conversar...

E Sandra, me faz muitoooo, mas muito feliz mesmoooo, te desejar felicidades e participar da sua festa!!!!

Que venha muitoossssssss, mas muitossssssss mesmo, aniversários para o Curiosa e todos os seus blogs, e não esqueça de me convidar para todas as festas...

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Queima não pastor, da esse Alcorão para mim!!!

Qual não foi minha surpresa quando a meia hora atrás vi no noticiário que tem um pastor dizendo que vai queimar o Alcorão... Não acreditei... Como alguém pode ter coragem de queimar um dos livros mais importantes, mais lindos, mais líricos escritos até hoje pelos homens????? 

"Queima não pastor!!! Dá esse Alcorão pra mim, eu guardo pra você!!!"

Falando sério, eu já estava pensando há algum tempo em escrever algo a respeito do Alcorão, mas eu estava com vontade de escrever sobre ele por causa de Simbad, que é um dos meus personagens favoritos, eu li muito  uma edição das "As aventuras de Simbad" entre os 9 e os 12 anos e ultimamente estava com saudades desse livro, aliás ainda estou com saudades, pq usei tanto que estraguei o coitado, mainha jogou fora junto com meu Ivanhoé, uma crueldade sem tamanho! Simbad e Ivanhoé foram meus heróis de fim de infância... era louca pelos dois, queria casar com Ivanhoé e ser Simbad, esse adorador de Alá  marcou fundo, acho que é por causa dele que adoro viajar.

 Essa não é a capa do livro que li, mas serve de ilustração!

Voltando ao assunto: Fala sério!!! Queimar um Alcorão já seria um pecado gravíssimo, imagina queimar um monte??? Pocha vida!!! Isso é loucura, é ignorância, não tem nome.

Antes de queimar, censurar, destruir é preciso entender que esse livro tem um papel essencial em grande parte de diversos acontecimentos em todo o mundo, no Oriente Médio tantos  os grandes chefes de estado  que tem a cabeça no lugar, como os Reis da Arábia Saudita e do Marrocos,  quanto os  mais agitadinhos  do juízo lançam mão dele para justificarem suas atitudes. Esse livro, hoje, é reverenciado como sagrado por um sexto de toda a raça humana como um milagre, como sabedoria máxima, como verdade absoluta e só isso já seria argumento suficiente para fazer qualquer um de nós pobres mortais que jamais escreveremos algo tão alto, tão nobre e tão... tão... morrer-mos de vontade de ler as 114 suras (capítulos) que formam o livro...


MAS, não é só isso!!!

O livro todo na verdade é um grande (na verdade imensoooo) poema!!! É a maior expressão da poesia árabe, uma pérola, um sobrevivente de um mundo que não se comunicava através da escrita, de um mundo onde as pessoas gravavam suas crenças em versos que eram recitados e repetidos de pai para filho, ele foi escrito em pedra, em madeira, em peles de cabras, omoplatas de camelos, folhas de tamareira, pergaminhos, até chegar por fim ao papel, sobreviveu a séculos e séculos e chega até hoje... O livro é poético!!! É muito absurdo tratar uma obra prima da humanidade com tamanho desrespeito...


Alguém que tem coragem de jogar poesia na fogueira... bem não devo julgar!!! Se existem lideres que fazem mal uso do texto sagrado isso realmente não é culpa do livro, muitos cristãos usaram o texto da Bíblia como argumento para roubar, torturar e matar milhares de pessoas ao longo da história e isso não torna a Bíblia um livro ruim ou capaz de orientar mal uma pessoa, pelo contrario a beleza dos Cânticos de Salomão continuam encantando gerações (minhas alunas que o digam), os Provérbios continuam sendo um guia pratico para viver bem e o Pentateuco, os Livros Históricos e etc.. uma fonte valiosa para entender o Mundo Antigo!

E eu me arrepio toda toda vez que leio:

"Recita em nome do teu Senhor que criou,
Criou o homem de sangue coagulado.
Recita. E teu Senhor é o mais generoso,
Que ensinou com a pena,
Ensinou ao homem o que não sabia."


Esses são os primeiros versículos do Alcorão e eu me arrepio pq sinto o peso dessas palavras, o peso de uma crença que atravessa o tempo, que move homens e mulheres, que cria pesadelos e sonhos, essas palavras tem força e merecem ser estudas e protegidas para que outras pessoas as estudem, as persigam e não queimadas em uma fogueira... o fogo não tem subjetividade suficiente para entender poesia, amor, morte, dor, sonhos, medo e tristezas... nós temos...

Ah, para os que acham que o livro sagrado do Islamismo ensina a intolerância, não é bem assim que as coisas são não viu.



"A boa ação e a má ação não são iguais. Repele o mal da melhor maneira, e verás aquele que era teu inimigo agir como se fosse teu amigo leal." 
(Surra 41:34)

Ele ensina generosidade:

"Nos vossos bens, que haja sempre um quinhão para o pobre e o deserdado" 
(Surra 51:18)

"E aqueles que vencem a própria avareza, são eles os vitoriosos." 
(Surra 59:09)

Ele ensina de um Deus justo:

"Naquele dia, os homens comparecerão, debandados, para ver suas obras:
Quem tiver feito um bem do tamanho de uma formiga, o verá. 
E quem tiver feito um mal do tamanho de uma formiga, o verá."
(Surra 99: 8)

Ele ensina de um Deus misericordioso:

"Quem dentre vós cometer um mal por desconhecimento e se arrepender e conciliar, Deus é clemente e misericordioso."
(Surra 6: 54)

Ah, toda essa paixonite pelo livro, eu nem tenho uma edição, no máximo uma edição baixada da net, que tristeza!!! Também não sou muçulmana, nem pretendo vim a ser, minha ideia de paraíso não é um lugar onde  há para cada homem sete virgens, se para cada mulher houvesse sete negros lindos eu podia pensar em uma possível conversão... e ouvir dizer que o pastor desistiu de seu projeto, não sei, sou péssima em acompanhar a mídia televisiva... Mas, amei falar do Alcorão... e me sinto devendo menos uma a mim mesma.. agora só falta falar de Ivanhoé e da Idade Média de Walter Scott.

Por fim, deixo ao pastor uma mensagem:

"Pastor, já que o senhor vai queimar tudo mesmo, o senhor não podia me doar um... só um?"

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Ao aniversário da nação... não que eu seja patriota!!!

Há algum tempo atrás achei um soneto em um jornal da cidade do Recife, nesse época eu estava pesquisando e no emaranhado de vida que ficou registrado nos jornais do longooooo século XIX encontrei o soneto "Ao aniversário da nação"... que não tem nada de especial em si, ao não ser o fato de que celebrava a Independência do Brasil no ano de 1829, inicio do século XIX, primeiros anos da nação Brasil que surgia no horizonte...

Uma nação não é algo que nasce do nada, não nos enganemos, toda nação é algo que, como tudo na vida, se constroe primeiro através do reino mágico das palavras e apenas posteriormente em ações. 

Uma nação é primeiro pensada, e nessa poesia agente percebe como a nossa nação começou a ser pensada, como se deseja que ela seja, o que se desejava festejar no 7 de Setembro... O soneto não carregava junto a si o nome do autor, ou eu não vi... copiei apenas o texto e guardei na intenção de usa-lo em uma aula de história da vida, essa aula de história ainda não chegou (Chegará, queira Deus!) então resolvi nesse nobre aniversário aqui deixar essa pérola do patriotismo, verdadeiro culto cívico onde a divindade maior é a pátria, essa entidade quase mística que existe no nosso imaginário e não encontra expressão na realidade (ou encontra e eu é que não vejo?).

 Pátria, Pedro Bruno, Museu da Republica.

Ah, e se você ler o que eu escrevo e consegue compreender, apesar das distâncias (e da minha capacidade de cometer erros absurdos de ortografia), é porque temos uma língua oficial na qual escrevemos, muito embora essa língua varie de região para região, lemos, escrevemos e falamos em português, temos a idéia de que no final das contas somos brasileiros com pontos em comum, nos identificamos com o verde e o amarelo, em época de copa falamos de futebol, seja para enaltecer ou reafirmar nosso desgosto, comemos arroz e feijão e tantas outras coisas que atestam que temos em nós, apesar das inúmeras diferenças regionais, essa noção tão "alta, nobre e lúcida" de que somos um único povo e consequentemente o sucesso do projeto dos intelectuais do século XIX que idealizaram a ideia de NAÇÃO BRASILEIRA, aos trancos e barrancos esse ideal deu certo, para nosso azar ou sorte.

Ah, não é que tudo que nos contaram seja mentira... é que toda verdade é uma construção discursiva, o que achamos verdadeiro, alto, nobre, interessante e bom para ser ensinado a nossas crianças hoje não é a mesma coisa que esses homens e mulheres que viveram e morreram antes de nós pensavam ser bom, nobre, lúcido e mesmo o que os homens e mulheres que viverão por aqui daqui a 200 anos não será a mesma coisa que pensamos ser bom hoje... as concepções mudam e não podemos dar uma de Juiz, promotor e júri dos que aqui estiveram antes de nós.

Quando se olha para o passado, para o ontem, é sempre bom ter em mente o  que escreveu Mary Shelley em seu Frankenstein "O amanhã jamais igualará o ontem; Nada, exceto o mutável, pode perdurar!" (adoro essa frase, um dia desses tomo vergonha na cara e leio o livro, por enquanto aproveito que existem amigos que parecem ter lido todos os livros possíveis e imaginados e estão dispostos a falar a respeito). Da mesma forma como algo a duzentos anos atrás parecia bom e hoje não é tão legal assim, o que é legal hoje poderá não ser legal amanhã, é bom ter cuidado.

Enfim, cá está o soneto, copiado da mesma forma que estava no jornal... Feliz feriado para todos! 

Ao aniversário da Independência


Brasileiros!... de novo o dia assoma
Natalício feliz da Independência!
Mais fausto, mais brilhante, e de excellencia,
Que os aureos dias que viu Grecia, e Roma!

Cessou da escravidão males sem soma
Cessou de Lysia injusta e prepotente
E da Gloria exaltada a suma essencia
Hoje na Patria, por Pedro o septo toma.

Briozos da ventura que gosamos,
Distintos na virtufe, e lealdade,
Somos livres! He quanto dezejamos!

Ferros não mais, avulte a Integridade!
Prosperem nossos fados, defenda-mos,
A Lei, o Throno, a Patria, a Liberdade.


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Referencia:

Diário de Pernambuco, nº 161, pg. 1, 7 de Setembro de 1829.

sábado, 4 de setembro de 2010

Vertigem... Milan Kundera


"O que é vertigem? Medo de cair? Mas porque temos vertigem num mirante cercado por uma balaustra sólida? Vertigem não é o medo de cair, é outra coisa. É a voz do vazio debaixo de nós, que nos atrai e nos envolve, é o desejo da queda do qual nos defendemos aterrorizados."

(Milan Kundera)

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Frase interessante!!!

Navegando pelos mares da Net encontrei a história de Virginia Woolf e algumas citações e afins... Duas me chamaram a atenção e deixo por aqui uma com a qual concordei em amplo grau...

"A vida é como um sonho; é o acordar que nos mata."
Virginia Woolf.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Um video muito fofo!!!

Sabe como é, cá estava eu, usando o tempo que eu não tenho para navegar pela blogosfera e eis que vou parar no site do GREEN NATION FEST, mais especificamente no vídeo do Acacio Alves, um vídeo de 2 minutos... Fiquei encantada... que robozinho mais lindinho, e feito todo com sucata... não resistir e trago o video e o robozinho para cá. Não posso deixar de me dar ao luxo de adicionar esse fofo a minha caixa!!! Essa coisa de trabalhar com animação tem todo um tom de mágica para mim, acho lindo demais, sem contar com a mensagem que a história trás!!!



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Ah, pelo prazer de assistir a essa animação agradeço a Mari Amorin do blog Mari Amorin Brincando com a Rima, ela indicou o vídeo pq ele está concorrendo no GREENNATIONFEST, um festival de vídeos com temática ambiental e ela indicou para quem quizer ver e votar, deixo o linck também para quem gostar do curta e quiser votar nele.

domingo, 29 de agosto de 2010

O que é Buriti???

Pergunta de fácil resposta essa, se você não sabe é só ir no grande pai google, aquele que tudo sabe e digitar a palavra, ele te enviará em resposta um linck para a Wikipédia e ela te dirá que:

"O termo buriti é a designação comum a plantas dos gênero Mauritia, Mauritiella, Trithrinax e Astrocaryum, da família das arecáceas (antigas palmáceas). Contudo o termo pode e referir ainda à Mauritia flexuosa, uma palmeira muito alta, nativa de Trinidad e Tobago e das Regiões Centro e Norte da América do Sul, Venezuela e Brasil, predominantemente nos estados da região norte, em especial no Pará, Maranhão, Roraima e Rondônia, mas também encontra-se nos estados do Piauí, Bahia, Goiás, Tocantins, Distrito Federal, Minas Gerais, Mato Grosso, Acre e São Paulo. É também conhecida como coqueiro-buriti, buritizeiro, miriti, muriti, muritim, muruti, palmeira-dos-brejos, carandá-guaçu, carandaí-guaçu."

Legal, Buriti é uma planta... É, mas não é só isso, se você trocar o i pelo y e escrever Burity, você não terá o nome de uma planta e sim o nome de uma parte do Recife, o nome do Alto do Burity, eu não moro nesse alto, mas acabei me familiarizando com ele durante a época em que estava fazendo meu curso de graduação na UFRPE. A melhor opção de transporte para mim era o linha Burity/Macacheira, uma linha cheia de problemas, que conta com pouquissimos ônibus, uma verdadeira provação para quem precisa dela, e que tem um percurso tão ingreme, mais tão ingreme que o grupo que usava essa linha para ir e vim da UFRPE e da UFPE batizou o ônibus carinhosamente de avião.

Eu peguei o avião por quatro anos e meio e foi, a despeito dos atrasos, dos problemas de percurso e de tudo o mais, uma experiência ótima, a demora do ônibus e a falta de outra opção de transporte favorece o estabelecimento de laços de amizade entre as pessoas que pegam esse ônibus e o resultado é que a gente acaba colecionando boas recordações dentro desse transporte, com direito até a comunidade no orkut. Se esse ônibus falasse contaria muitas histórias, histórias de violência, de medo, de opressão, de necessidade, de falta de responsabilidade do poder publico para com a população das áreas elevadas da cidade, histórias de gente que luta, que brinca, de ler, que ora, que quer vencer, que trabalha duro, que supera desafios, que conquista espaços melhores, histórias de vitórias e derrotas, histórias de vida e morte.

E o que me incomoda é que quando pesquiso sobre esse alto, esse lugar, só encontro as histórias de morte de violência e derivativos... O todo poderoso Google não tem todas as respostas. Ele não responde satisfatoriamente a pergunta "O que é Burity em Recife-PE?", mas tenta e até consegue dá alguma luz a quem se interessa por perguntar a ele...

Na tentativa descobri um video que mostra parte do percurso do ônibus... uma verdadeira aventura, já que as ruas são estreitissimas, esburacadas e movimentadas por pessoas, carros e derivativos, se bem que as 11 quando eu voltava para casa esse problema não existia e o motorista fez já fez o percurso Integração-Terminal no tempo recorde de 05 minutos \o/... Os motoristas são verdadeiros artistas, porém se você tem o coração fraco eu decididamente não aconselho, especialmente Dema (apelido carinhoso de um dos motorista, o nome dele ninguém sabe), ele é o pior, o mais louco, insano, perfeito para aquele dia que vc sai de casa atrasada e precisa fazer o percurso na metade do tempo e também para aquele dia que vc chega atrasada na parada e o ônibus tá saindo é só acenar desesperadamente se ele te ver ele espera... independente da distância que vc tiver. Ah, achei ótimo o menino dizendo "Acuda Senhor!" rsrsrsrsr...


Outra coisa interessante sobre o transporte para quem vive nas áreas elevadas de Recife foi a serie de portagens do JC online "Ônibus no morro: o transporte publico em lugares difíceis de chegar", a reportagem fala do Morro da Conceição e é interessante (desde o ano passado reuno material para falar sobre a devoção no Morro da Conceição, mas nunca consigo posta por, preguiça, falta de tempo... aff...). Achei a proposta dessas reportagens interessante e necessária, já que o transporte urbano por aqui é de da raiva, mas isso acontece em toda cidade... e acabamos sendo mais um grupo de moradores queixosos...  E existe aquele tratamento dual do poder publico em relação a todos nós, se por um lado nos ignoram devido a nossa baixa renda e etc e tal, mas também somos numerosos, um formigueiro humano votante e  na época de eleição somos os primeiros ser-mos lembrados e ocorre uma verdadeira invasão domiciliar de candidatos ansiosos por votos em nossas casas... E sim, eles sobem e descem ladeira, corrego, beco e favela atrás de nossos preciosos votos na maquininha...


O que os preciosos políticos esquecem, e que os jornais e derivativos não se preocupam em debater, é  que esses  operários, pedreiros suicidas, migrantes da zona da mata e de estados próximos a Pernambuco, pessoas que lutam pela vida em sub-empregos não são pessoas desprovidas de inteligência ou estratégia de sobrevivência e planejamento de futuro...

Após as seis e meia da noite esse ônibus que pela manhã transporta os moradores do bairro para seus empregos, sub-empregos e derivativos, abre espaço para os filhos desses homens e mulheres e os filhos se encaminham para as Universidades da cidade (UFPE/UFRPE), para a escola técnica federal da cidade e mesmo para as faculdade pagas, afinal com todas as mazelas o Pro-Uni é uma coisa que nós usamos em alta escala por aqui... Na falta de espaço dentro dos centros de conhecimento o ônibus virou nosso lugar de debate, e como a gente debate, o lugar onde a gente revive o eterno duelo entre as ciências humanas e as ciências da natureza, onde os cientista sociais e historiadores em formação debatem sobre seus autores e sobre os conceitos de suas ciências, onde os estudantes dos pré-vestibulares recebem estimulo e trocam figurinhas com aqueles que já passaram pela experiência do vestibular, onde formados ajudam graduandos, onde livros são trocados... em meio aos solavancos do ônibus existe vida intelectual em um exemplo de resignificação do espaço.

Se imagina todo o tipo de coisa quando se pensa em uma linha de ônibus em um morro desses, mas você imaginaria entrar em ônibus, em um subúrbio de uma grande cidade e encontrar alguém conversando sobre Teoria do Caos, ou sobre filosofia da história, os livros que Fernando Henrique Cardoso, taxonomia, Química Industrial, Relatórios do Tribunal do Santo Oficio, Direito Civil, o trabalho dos biólogos  na transposição do Rio São Francisco etc e tal??? Não, reveja seus conceitos!!!

Ah, essa semana fui novamente a Rural pela manhã, estava com a câmera na mão, resolvi tirar umas fotos do percurso, como vcs podem ver, a despeito de realmente os subúrbios das grandes cidades serem violentos, ninguém sai roubando alguém a troco de nada, o rapaz gravou o percurso do ônibus e ninguém deu uma "botada" na camera dele, eu tirei minhas fotos tranquilamente e ninguém mexeu comigo, peguei esse ônibus a noite durante 4 anos e meio e nunca fui roubada ou coisa do gênero... Se bem que existe alguns probleminhas sim de segurança, com alguns jovens desocupados e galhofeiros... E tudo bem, existem GRANDES PROBLEMAS... mas, não é só de problemas que nós vivemos...

Realmente em todos os lugares do Brasil a gente encontra um lugar para jogar futebol, era bom uma biblioteca também!

Do alto eu vejo: mais altos!!!

Esse é meu conceito de formigueiro...


quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Sobre o que os homens temem...

Eu não ia realmente escrever sobre isso, ou fazer essa citação por aqui.... Mas, porém, no entanto, todavia eu me encontrei com uma figurinha tarimbada em minha vida e não consigo resistir ao impulso de deixar aqui um trecho de Ecce Homo:

"... a mulher completa arrebenta, quando ela ama... Eu conheço essas nêmades amáveis... Oh, que predadora sutil, perigosa, subterrânea, baixa! E é tão agradável ao mesmo tempo!... Uma mulher é indizivelmente mais má do que o homem, e também mais esperta... "
(Nietzsche, Ecce Homo, pg. 79)

É, de fato, os homens temem as mulheres e os filósofos afirmam e reafirmam isso a torto e a direito, nem mesmo um filosofo que rompeu com tantos paradigmas quanto Nietzsche consegue fugir disso... Ora... ora... Isso me faz pensar que eu poderia ser mais amena com algumas pessoas do sexo masculino que me enervam até os ossos.

Só que, uma coisa é aceitar que existe esse sentimento em relação as mulheres, que esse sentimento é antigo, tão antigo quanto a Eva cristã ou a Pandora  grega,  outra coisa é reconhecer que essa imagem de mulher condiz com a realidade.

Penso que essas são apenas representações sobre o "ser mulher" e que antes de falar de uma realidade sobre "o que é ser mulher" falam sobre a forma como os homens percebem a mulher e, por mais que isso pareça ser repetitivo, não posso deixar de reafirmar que os homens são tão vingativos, tão cruéis, tão capazes de arrebentar, tão perigosos quanto qualquer mulher.

Ponha vida!!! Kierkengaard, Nietzsche... quem mais vai exaltar a capacidade feminina de ser má??? Vou te contar ein: ISSO ENCHE MINHA PACIÊNCIA!!! Será que os homens nunca crescem??? Mesmo os filósofos que dividem a história do pensamento, que constroem pensamentos altos, nobres e lúcidos sobre Deus e o mundo quando se propõe a falar sobre mulheres parecem adolescentes estabanados que tremem diante de um par de peito... Freud deve explicar... Vou ler mais as ideias dele... e confesso que não vou me surpreender se eu me ver novamente diante de um  homem que teme as mulheres... e que tece representações pouco elogiosas a seu respeito...

Pq sim, uma pessoa que adjetiva "o outro" da forma que Kierkegaard, Nietzsche, Adão e outros mais adjetivam a mulher só pode morrer de medo dela tanto quanto uma criança teme a repreensão de sua mãe e um adolescente teme os peitos de uma mulher adulta, teme e ama!!!

E falando em temores masculino, lembrei de uma coisa: quando trabalhei com duas turminhas de Fundamental 1, uma terceira e uma segunda série, observava que era mais fácil tratar com os pais do que com as mães, os pais pareciam crianças encurraladas quando eu começava a falar... Homenzarrões, donos de casa... encurralados por um metro e meio de insolência... Tudo bem, eu me aproveitei um pouquinho disso enquanto trabalhei com as crianças, porém já é hora de começar a repensar essas representações e começar a tecer outras...

Já é hora de parar de temer e começar a respeitar, amar, valorizar e entender que homens e mulheres são diferentes mas tão diferente que são igual. Somos apenas seres humanos com medos, traumas, angustias, fragilidades, desejos, sonhos, angustias novamente pq isso é o que sobra nos seres humanos

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Quero dormir por cem anos, mas...

Pois é, estou seriamente necessitada de descanso. Se eu pudesse, se meu dinheiro desse, eu dormiria um sono encantado de 100 anos e ai do príncipe enchirido que viesse perturbar meu sono... Mas, como não posso dormir por 100 longos anos decidi me dar folga e peguei aquela edição comprada a quatrocentos anos atrás de Ecce Homo de Nietzsche para ler, o livro não é longo, a edição tá em letras toleraveis... e eu já estou acabando \o/ Foi uma boa escolha no final das contas...

Pois é [2], triste isso, você está morrendo de vontade de dormir por cem anos e então decide ler Nietzsche... é, eu acho que preciso de terapia e também de fisoterapia (minha burcite está  deixando meu braço podre de dor) e tantas outras coisas que se eu fosse listar não acabaria esse post ainda nessa encarnação e nem trabalharia ou pagaria minhas contas...

Mas, enfim, entre as loucuras dessa homem nada digestivo, um alemão que fantasiava ser polonês e que a cada 10 palavras que diz 11 contém alguma critica ao cristianismo (11 mesmo, porque uma ele pensou mas não conseguiu falar) eu me encontro diante de um livro que estou gostando (a essa altura gostei), realmente estou me divertindo (ou me divertir) muito com essa leitura... o que não é surpreendente uma vez que o próprio homem disse que "os cristãos mais sérios sempre foram ponderados em relação a mim" (Nietzsche, ECCE HOMO, pg. 39). Acho que afinal sou uma cristã ponderada.

Ah! Não, eu não pretendo resenhar esse livro por aqui, não tenho gabarito para tal... Talvez na próxima encarnação... Ops, não existem reencarnações (bem, eu ao menos não acredito que existam).

Ah [2]! Uma das meninas me perguntou... "Sim ,se você quer dormir  por 100 anos e ainda dispensa o príncipe pq decidiu ler um livro?" Pois é, sempre me perguntam isso, tenho esse hábito chato de diante de um stresse ler um livro e para essa pergunta constante em minha vida encontro em Nietzsche a resposta: 

"No meu caso, faz parte de minha recreação ler tudo: conseqüentemente, ler aquilo que me livra de mim mesmo, que me deixa passear em ciências e almas desconhecidas - aquilo que eu não levo mais a sério. Ler me relaxa de minha própria seriedade... Ao tempo do trabalho e da frutificação segue o tempo do recreio: vinde, pois, vós, os livros agradáveis, espirituosos e argutos! ..."

(Nietzsche, ECCE HOMO, pg.51)

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Uma coisa que faz sentido...


"Nós, historiadores, sendo a nossa profissão uma tentativa da maior aproximação possível da verdade e de suspeição perante tudo o que pode deformar o testemunho, sentimo-nos pouco à vontade diante de quem quer que seja que nos interrogue.
Sei muito bem que a minha memória é muito infiel, muito flutuante, e que há perguntas que me fazem e que eu faço a mim próprio às quais não posso responder com precisão.
Que dizer então? Uma impressão?
(...) Chamo a atenção para isso: quando se tenta contar a própria vida, fica-se enredado na vontade inconsciente de se valorizar e dizem-se muitas coisas falsas. Estamos muito menos aptos a criticar o nosso testemunho do que o dos outros".

George Duby
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Referencia: Paixões Comuns (conversas com Philippe Sainteny)