segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Ao aniversário da nação... não que eu seja patriota!!!

Há algum tempo atrás achei um soneto em um jornal da cidade do Recife, nesse época eu estava pesquisando e no emaranhado de vida que ficou registrado nos jornais do longooooo século XIX encontrei o soneto "Ao aniversário da nação"... que não tem nada de especial em si, ao não ser o fato de que celebrava a Independência do Brasil no ano de 1829, inicio do século XIX, primeiros anos da nação Brasil que surgia no horizonte...

Uma nação não é algo que nasce do nada, não nos enganemos, toda nação é algo que, como tudo na vida, se constroe primeiro através do reino mágico das palavras e apenas posteriormente em ações. 

Uma nação é primeiro pensada, e nessa poesia agente percebe como a nossa nação começou a ser pensada, como se deseja que ela seja, o que se desejava festejar no 7 de Setembro... O soneto não carregava junto a si o nome do autor, ou eu não vi... copiei apenas o texto e guardei na intenção de usa-lo em uma aula de história da vida, essa aula de história ainda não chegou (Chegará, queira Deus!) então resolvi nesse nobre aniversário aqui deixar essa pérola do patriotismo, verdadeiro culto cívico onde a divindade maior é a pátria, essa entidade quase mística que existe no nosso imaginário e não encontra expressão na realidade (ou encontra e eu é que não vejo?).

 Pátria, Pedro Bruno, Museu da Republica.

Ah, e se você ler o que eu escrevo e consegue compreender, apesar das distâncias (e da minha capacidade de cometer erros absurdos de ortografia), é porque temos uma língua oficial na qual escrevemos, muito embora essa língua varie de região para região, lemos, escrevemos e falamos em português, temos a idéia de que no final das contas somos brasileiros com pontos em comum, nos identificamos com o verde e o amarelo, em época de copa falamos de futebol, seja para enaltecer ou reafirmar nosso desgosto, comemos arroz e feijão e tantas outras coisas que atestam que temos em nós, apesar das inúmeras diferenças regionais, essa noção tão "alta, nobre e lúcida" de que somos um único povo e consequentemente o sucesso do projeto dos intelectuais do século XIX que idealizaram a ideia de NAÇÃO BRASILEIRA, aos trancos e barrancos esse ideal deu certo, para nosso azar ou sorte.

Ah, não é que tudo que nos contaram seja mentira... é que toda verdade é uma construção discursiva, o que achamos verdadeiro, alto, nobre, interessante e bom para ser ensinado a nossas crianças hoje não é a mesma coisa que esses homens e mulheres que viveram e morreram antes de nós pensavam ser bom, nobre, lúcido e mesmo o que os homens e mulheres que viverão por aqui daqui a 200 anos não será a mesma coisa que pensamos ser bom hoje... as concepções mudam e não podemos dar uma de Juiz, promotor e júri dos que aqui estiveram antes de nós.

Quando se olha para o passado, para o ontem, é sempre bom ter em mente o  que escreveu Mary Shelley em seu Frankenstein "O amanhã jamais igualará o ontem; Nada, exceto o mutável, pode perdurar!" (adoro essa frase, um dia desses tomo vergonha na cara e leio o livro, por enquanto aproveito que existem amigos que parecem ter lido todos os livros possíveis e imaginados e estão dispostos a falar a respeito). Da mesma forma como algo a duzentos anos atrás parecia bom e hoje não é tão legal assim, o que é legal hoje poderá não ser legal amanhã, é bom ter cuidado.

Enfim, cá está o soneto, copiado da mesma forma que estava no jornal... Feliz feriado para todos! 

Ao aniversário da Independência


Brasileiros!... de novo o dia assoma
Natalício feliz da Independência!
Mais fausto, mais brilhante, e de excellencia,
Que os aureos dias que viu Grecia, e Roma!

Cessou da escravidão males sem soma
Cessou de Lysia injusta e prepotente
E da Gloria exaltada a suma essencia
Hoje na Patria, por Pedro o septo toma.

Briozos da ventura que gosamos,
Distintos na virtufe, e lealdade,
Somos livres! He quanto dezejamos!

Ferros não mais, avulte a Integridade!
Prosperem nossos fados, defenda-mos,
A Lei, o Throno, a Patria, a Liberdade.


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Referencia:

Diário de Pernambuco, nº 161, pg. 1, 7 de Setembro de 1829.

4 comentários:

  1. Oi pandora,
    respondendo sua pergunta lá no Cantos de Congo:
    A congada é um produto urbano por excelência, uma vez que necessita de igrejas para ocorrer.
    As congadas, assim como outros rituais de origem negra, constituem verdadeiros autos de resgate da identidade dos povos negros dominados pela cultura branca ocidental. A congada se constitui em sua essência pela espiritualidade advinda de religiões africanas, como os candomblés e a umbanda. Até os instrumentos usados pelos congos também são comuns ao candomblé e à umbanda, sendo todos basicamente instrumentos de percussão. Surgida no Brasil com a vinda forçada de povos africanos de origem banto, oriundos das regiões do Congo (daí o nome congada), Moçambique, Angola, entre outras, a congada é uma manifestação característica da cultura afro-brasileira, que encontrou no sincretismo religioso um meio de resistir ao domínio e à imposição etnocêntrica dos valores culturais e religiosos do homem branco. Com expressões como a congada, os povos negros africanos sustentaram sua fé e sua cultura com a manutenção de seus rituais religiosos e culturais.

    Bjs.

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  2. Gostei do texto! Têm passagens que são muito siginificativas...mesmo não sendo patriota, no sentido lato da palavra, eu consegigo apreciar o entendimento que as suas palavras querem revelar...

    Parabéns pelo post!

    bjoxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

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  3. Beesha , eu jurava que te seguia faz tempo , aí fui por teu blog no blogroll e descobri que não.
    Tô aqui com cara de pinto....chocada.
    Mil beijos.

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