quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Culpa de carnívora...

Não sei como ou porque nos últimos tempos ando sendo atormentada por um estranho sentimento de culpa por ser carnívora. Uma culpa capaz de se manifestar nos mais diversos e inusitados momentos.

A ultima manifestação dela foi suficientemente inquietante para merecer um post. Ela ocorreu depois do livro "Flop - a História de Um Peixinho Japonês Na China" com as crianças na creche.


A história contada através de imagens por  Laurent Cardon em Flop fala sobre a amizade de um garoto e um peixe e como as vezes o verdadeiro amigo precisa aprender a abrir mão de algo para deixar o outro ser feliz. A partir do livro a gente fez roda de conversa e alguns trabalhos no que eu chamo de "oficina criativa".


Como minha casa é lar de muitos peixinhos dos mais diversos tipos e estágios de desenvolvimento [tanto Rafael pai quanto Rafael Jr criam peixes] para concluir as discussões nascidas da leitura do livro eu pedi a meu irmão para me deixar levar um dos muitos peixes dele para mostrar as crianças. A presença do novo amiguinho gerou uma série de novas questões por parte das crianças. Coisas como:

"Ele é bonzinho tia?"
"Tia ele escuta?"
"Ele come o que tia?"
"Ele gosta da gente tia?"
"Onde ele mora tia?"
"A mãe dele gosta dele tia?"
"Ele é feliz tia?"
"Ele sente dor tia?"
"Tu vai deixar ele voltar para os amiguinhos dele néh tia?"

Enquanto as questões eram respondidas por mim e pelas próprias crianças envolvidas no momento me ocorreu um medo atroz e inquietante das crianças perguntarem algo do tipo "Se ele é bonzinho, sente dor e tem amigos, tia por que a gente mata e come ele ?".

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

De como fui a IX Bienal do Livro de Pernambuco, meti o pé na jaca literária e ganhei a coleção de mangás da Sakura.

Para pessoas como eu, apaixonadas pelas histórias velhas e jovens contadas nos "papeis pintados com tinta" conhecidos popularmente como livros, a Bienal do livro é O EVENTO. Eu já aprendi ano passado a não esperar muito dela, mas ainda assim fui a ela bem motivada. Afinal, além de tudo havia a promessa do bônus dos educadores oferecido pela prefeitura e governo do estado de Pernambuco. Mas, no final das contas não foi nada do que deveria ter sido.

Tive a impressão que rolou um grande boicote a bienal por parte do insuportável do Eduardo Campos e dos seus capachos prefeitos das cidades vizinhas a Recife. Os professores do estado não receberam o dito bônus, como nas bienais anteriores, várias cidades vizinhas também não deram ou só disponibilizaram o dinheiro, como fez Recife, nos últimos dias dificultando para os professores gastarem o dinheiro com livros na Bienal.

Confesso que só gastei na bienal porque é de meu habito gastar com livros, se tivesse esperado pelo bônus não teria ido pelo simples fato do centro de convenções fica muito distante mesmo da minha casa, o bônus só saiu no dia 11 em dinheiro e é mais fácil e barato comprar nos sites e na Estante Virtual [mesmo com frete]. E sim, reconheço haver algo de incomodo com educadores que só se mobilizam para ir a um evento assim quando recebem incentivo do estado, mas há algo de mais incomodo ainda em um estado que tem consciência disso e tira o incentivo dos professores boicotando a feira do livro.

Mas, apesar da distancia considerável, da ausência do bônus e derivativos eu fui a IX Bienal do Livro de Pernambuco na companhia do Alexandre e não foi uma experiencia das piores não.

Eu estou muito gordaaaaaaaa!!!

Não houve boas promoções, a exceção da EDUSP que estava com 50% de desconto, tinha menos livreiros que no bienio passado, mas a companhia do Alexandre fez valer pelo passeio e como sou consumista literária deu até para sapecar alguns livros interessantes.


Destaco dessa compra os quadrinhos feitos a partir de clássicos da literatura brasileira "O cortiço" e "Memórias Póstumas de Brás Cubas". Esse livro sobre as "Escolas Republicanas" de São Paulo custa coisa de R$ 100,00, mas comprei por R$ 54,00 valeu muito a pena, os livros sobre culinária e o quadrinho de Joaquim Nabuco foram presentes da Fundação Joaquim Nabuco.



Porém o livro que me fez feliz mesmo foi a primeira Hellcife, uma coletânea de quadrinhos publicada pela Livrinho de Papel Finíssimo reunindo divers@s desenhistas e ilustrador@s da cidade. Nessa edição muitas das histórias girou em torno do calor da cidade e os seus efeitos sobre as pessoas e eu me identifiquei com muitos dos personagens. Com outros nem tanto, mas tudo o que foi expresso no texto desse livro é possível ver nas ruas e nas gentes de Recife e considero legal ver isso ocorrer em um livro.



Então, como se pode supor por essas criticas, não foi devido a Bienal de Pernambuco que meti o pé na jaca literária. Estimulada pelo bônus depositado em minha conta eu resolvi realizar alguns sonhos literários antigos e mergulhei no consumismo adicionando seis títulos a minha estante de uma vez só.


Contudo, alguns estavam em promoção e outros como "Os livros da Magia" e "A casa de Hades" eram aquisições essenciais a minha vida de leitora. Não podia viver sem eles... Tá, eu podia, mas a tentação foi maior, apesar do frete não ser zero. Para piorar eu ainda comprei uns dvds...


Enfim, já tinha comprado livros na Bienal, somando os custos pendentes de meu fim de semana em São Paulo com outras imprevidências eu fiquei mais falida que o falida pode ser. Meti o pé na Jaca e estou sentindo calafrios só de pensar em quando a fatura chegar. Vou pedi a Deus para meu pai não está por perto quando eu for abrir, porque meu amado pai não paga minhas contas e nem abre os documentos que chegam, mas pergunta quanto estou devendo, sabe quando eu mito, porém quando digo a verdade passa incrivelmente rápido de preto para verde Hulk.

Lembra dessa foto Mi? hahah

E por fim, depois de tanto "lero lero" chegamos ao melhor acontecimento dos últimos dias, finalmente o bookcrossing blogueiro está chegando, a Luma como sempre está puxando o primeiro fio do movimento. No blog dela já consta um post explicando como funciona, no face já tem uma página dedicada ao evento e eu já estou me organizando para participar. E inspirado pela ideia do libertar um livro o inesperado ocorreu na minha vida.


Acontece que o Alexandre [que também tem blog "Do que eu quero"] resolveu praticar o desapego me doando toda a coleção de mangás da Sakura Card Captors dele. Quando ele me disse eu nem acreditei. Que coisa mais inacreditável! Como ele está de casamento marcado, descobriu não ter espaço na nova casa para acomodar essa coleção e decidiu me oferecer a guarda da coleção. Os mangás vieram assim para minha estante voando como uma Carta Clow! A doação do Alexandre me deixou em alfa, omega, delta.... enfim... eu nem mereço um presente tão legal. Mas agradeço! Realmente todas as minhas teorias estavam certas, ser amiga do noivo é muito mais fácil que ser amiga da  noiva.


E sim, além de desapegar de sua coleção, o Alexandre com todos os seus TOCs ainda fez um tipo de box de colecionador para minha pessoa:



E para concluir deixo a imagem dentro do box, o Alexandre disse que foi para ele, mas serve para todos os colecionadores de livros do mundo!

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Leituras simultâneas...

Como sempre estou lendo dois ou mais livros ao mesmo tempo... Embricada entre vários mundos paralelos ao meu. Sim, eu já tentei ficar no meu presente vinte quatro horas por dia, sete dias por semana, todos os dias do mês... o ano inteiro com pretensões de seguir pela vida e então eu acordava, olhava em volta "e o mundo era a terra inteira,  mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido" e eu voltava a precisar dos meus chocolates literários.

Atualmente as leituras que mais chamam minha atenção são velhos moradores de minha estante: "O príncipe e o mendigo" do Mark Twain, "Eu, robô" do Isaac Asimov e "A tormenta das espadas" do George R. R. Martin... Os três juntos formam uma sopa em minha cabeça e me deixam anestesiada desse "sono íntimo do que cabe em mim".

O Mark Twain, autor do século XIX, tem me surpreendido muito em sua excursão pelo século XVI. Tenho a impressão que ao enveredar pelo passado ele conseguiu falar muito bem sobre seu presente. Muito interessante o retrato da pequena infância carente pintado por ele. A família do Tom, o mendigo que por uma série de coincidência vai usurpar por um tempo o lugar do Príncipe de Gales, é um retrato pouco romântico e bem realista de uma família pobre do século XIX, ele me lembra muito "A Situação da Classe Trabalhadora na Inglaterra" de Friedrich Engels.

Outro autor cuja lembrança me vem a mente quando leio "O príncipe e o mendigo" é o Lord Dumas. De alguma forma acho a escrita de ambos parecida, cada capitulo tem uma história que fecha em si mesmo com um final antevendo reviravoltas prendendo o leitor. Por outro lado a visão que os autores possuem da realeza é completamente oposta. 


Twain ver príncipes e reis com certa generosidade exaltativa [essa palavra existe?], Dumas com uma ironia zombeteira. O príncipe de Twain é um menino culto, falante de vários idiomas, preparado para governar, sua corte é como um corpo do qual ele é a cabeça e sem ele nada funciona. O Rei de Dumas é um homem cujo comportamento lembra um menino mimado, caprichoso, infiel, um boneco de sua corte guiado pelo cardeal ou por outras pessoas. Eu adoro o humor zombeteiro de Dumas, eu amo o retrato do lado b de Londres criado pelo Twain.

Já o "Eu, Robô" do Asimov é um livro carregado de ternura. Uma leitura que flui como um rio. Cada página lida gera um encantamento diante da genialidade desse autor. Ele não é nada menos que MARAVILHOSO. Consegue ser brilhante, generoso e divertido. Estou curtindo muito essa leitura.

Talvez pela breve introdução esclarecedora do Jorge Luiz Calife, para mim tem sido impossível não pensar muito no monstro de Frankenstein. Eu sou totalmente fã do "Mostro" é um dos seres mais carentes de amor, desamparados e injustiçados por seu próprio pai já inventados dentro e fora da literatura. Acho o doutor Victor Frankenstein simplesmente asqueroso.

Apesar de achar a Mary Shelley incrível e sempre me impressionar em como já tão jovem ela era tão culta, brigo com ela em cada linha na qual ela exalta "as boas qualidades" do Dr. Frankestein e as vezes me pergunto se todas as virtudes dele não são boas ironias. A única coisa de boa no Victor Frankestein é sua cultura, seu conhecimento cientifico e criatividade impressionante.


Em síntese, os robôs de Asinov me provocam a mesma ternura que o "Mostro", eles amam a humanidade e querem se aproximar dela enfrentando sempre a dureza do preconceito, da incompreensão e do medo. As vezes tenho a impressão que Asimov tinha um sentimento semelhante ao meu em relação a criatura de Frankenstein e seus robôs queridos recebem o reflexo desse amor através das três leis da robótica. Pena que a humanidade não consegue confiar nas maquinas que ela mesma criou e condena suas criaturas a fins trágicos.

Por fim, sobre o terceiro livro de minha atual saga por outros mundos, o "A tormenta das espadas", volume 3 das "Crônicas do Gelo e Fogo" do sacana do George R. R. Martin, preciso dizer: através dele tenho me reconciliado com a Daenerys. Ela tem sido tão humana em suas decisões! Tão justa! Tem saído do lugar de menina de boa vontade para mulher de boas decisões e ações. Até aqui ela me incomodava em vários momentos, mas agora me pergunto se meu sentimento por ela não tinha um que de magoa pelo Drogo.

Além da Dani, continuo morrendo de amor pelo Tyrion, além de ser o único personagem intelectualizado capaz de se interessar francamente por mulheres comuns, demonstrou misericórdia pela Sansa Stark... E, além dele, o Jaime Lannister também anda ganhando espaço em meu coração... Nunca pensei que isso fosse possível, não tenho nenhum fraco por loiros de olhos azuis,  mas... o Jaime está mudando... está virando um homem de verdade.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Pausa para um desabafo fútil!

Pois é, eu abri esse post para fazer um registro fútil o qual não pretendo explicar... Sim... esse tipo de registro fica mais adequando em diários fechados e coisas do gênero... mas me deu vontade de fazer o registro aqui mesmo por motivos de "estou chatiada" e claro: o blog é público, mas também é meu "diário de bordo" e eu posso fazer um desabafo bobo vez ou outra.



Enfim, roubando as palavras do querido Felix, eu devo ter salgado a Santa Seia ou jogado chiclete na cruz... Só atos assim explicam a quantidade de homens com a inteligencia emocional de uma criança de três anos que eu sou capaz de atrair.

domingo, 29 de setembro de 2013

Desapegando...


Relendo sua passagem favorita
Ponderou
Respirou fundo
Buscou coragem
Chegara hora de libertar o livro
Ele iria ao encontro do próximo leitor


_____________

P.S.: Sim, eu até liberto livro da prisão da minha estante, mas é sempre um momento difícil. Atualmente decidi desapegar de três livros de uma vez só lá no "O que tem na nossa estante", apesar de realmente ter achado o fim da história de Eragon bem dãh, não tá sendo fácil desapegar. Me pego paquerando os bichinhos com saudades antecipadas.




sábado, 28 de setembro de 2013

Época das Crianças - Parte 1: Cosme e Damião

Era uma vez, há muitos séculos atrás em um lugar fértil e feliz do grande continente hoje conhecido como África dois irmãos muito sapecas, inteligentes e extremamente amados por seus pais e por todos os outros membros da aldeia como todas as crianças devem ser. Eles eram chamados de ibejis, por nasceram os dois juntos em uma noite estrelada da qual ninguém jamais esqueceu.

Em uma tarde de primavera, os dois irmãos decidiram tomar banho no rio próximo a sua aldeia. Pediram a sua mãe para lhes acompanhar, ela não pode pois muitos eram os seus afazeres; recorreram ao seu pai, ele também não pode assim como suas tias e até mesmo seus coleguinhas cujo sol diminuía muito o desejo de percorrer a distancia entre a aldeia e o rio correndo o risco de serem duramente advertidos por seus pais quando voltassem.

Contrariados com aquelas negativas os dois irmãos decidiram segui o caminho do rio sozinhos e assim fizeram. Com satisfação venceram aquele caminho e se deleitaram nas águas refrescantes do riacho brincando como só as crianças sabem e podem fazer até o momento no qual uma catástrofe ocorreu: um dos meninos se afogou.

O outro, imediatamente após o ocorrido mergulhou em busca de seu irmão, mas para seu desespero já era tarde demais... Seu irmão já habitava o corpo, sua alma partira rumo ao desconhecido, seu irmão morrerá e ele conheceu pela primeira vez em sua curta vida a terrível dor da solidão e em meio a agonia recém descoberta ele ergueu a sua voz e pediu a Ólorum piedade, que ele não lhe separasse de seu irmão.

Ólorum, do alto do Orum, via silenciosamente todos os acontecimentos experimentados pelos homens, mulheres e crianças no Aiê e resolveu atender ao pedido do menino. Imediatamente transformou os corpos das crianças em estatuas de madeiras enquanto a essência de ambos eternamente cristalizada em sua infância transformou em algo maior conhecido, festejado e amado até os dias de hoje por quem conhece e não conhece essas história.


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Essa história é toda baseada no Itan "Os Ibejis são transformados numa estatueta" contado no livro "Mitologia dos Orixás" do Reginaldo Prandi. Eu li no livro, mas vocês podem ler nesse LINK.

Escolhi conta-la pois não sei, porém suspeito ser a festa dos santos gêmeos "Cosme e Damião" esse grande acontecimento ligado a infância resultado direto da força cultural incrível dos homens e mulheres vindos da África. Reza a lenda que os Ibejis já no período colonial, foram no Brasil associados aos santos Cosme e Damião, médicos mortos por volta de 300 d.C.

Gente no ano 300 depois de Cristo nem pediatria tinha, para mim está claro que a gente só oferece doces a crianças nessa data por causa dos Ibejis. Se eu não me engano, faz parte do cerimonial dos cultos de matriz africana oferecer as divindades - orixás - comidas.

Acredita-se que em troca da comida as divindades oferecem aos homens o axé, a força da vida. Cada orixá tem sua comida especifica, a comida dos orixás crianças é doce, guloseima e claro, nas festas além das divindades as pessoas também comem. Pierre Verger em seu livro "Orixás" apresenta a hipótese do culto a essas divindades derivar do culto a ancestral primitivos, os quais anualmente recebiam ofertas de comida.

Bem, eu não sei até que ponto a hipótese do francês fofo se confirma hoje, mas acho muito legal essa ideia de seres humanos transformados em divindade através de traumas emocionais, amo os itans e se Cosme e Damião em outro lugar do mundo também for comemorada com doces me conta porque ai minha hipótese pode não ser tão acertada.

E essa é a primeira de uma série de 6 postagens sobre "criança e a infância" em comemoração do que a Aleska chamou de "época das crianças", o período de 27 de setembro a 12 de outubro... Pronto, mais uma ideia da Ideia da Aleska posta em prática.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

O dia das crianças...

É engraçado, mesmo agora que estou próxima dos trinta a proximidade do dia das crianças ainda me deprime... Que coisa estranha néh?!?!? Estando solteira há tanto tempo o mais correto seria me deprimi com o dia dos namorados, mas esse nem faz nem cocegas no meu modulo tristeza - embora o sábado a noite as vezes faça. Obviamente o fato de que completo ano no penúltimo dia de maio e os primeiros dias de junho sempre terem sido preenchidos pelos presentes dos meus tios, tias e avós tenha um papel nessa minha ignoração do dia dos namorados.

Mas o dia das crianças não, por muitos motivos diferentes o dia das crianças tem peso no meu calendário afetivo... Apesar de não ter sido uma criança infeliz todo adulto tem uma ou outra magoa da infância, não sou diferente. #QuePena Nenhuma criança deveria ser magoada em tempo algum, mas como adulta que cuida de crianças já aprendi o quanto é difícil não magoar ou frustar os corações de passarinho das crianças.


Enfim, quando a Aleska se propôs no blog A Menina das Ideias fazer entre os dias 27 de Setembro ao dia 12 de outubro uma sequencia de postagens sobre a infância eu abracei com os dois braços e o corpo inteiro.

Segundo a Ideia da Aleska as postagens devem seguir essa ordem:

1 - São Cosme e Damião - 
2 - Conto (ou mini conto) sobre a infância - 
3 - Brincadeiras de infância - 
4 - Inocência - 
5 - Programas de tv -
6 - Dia da Criança - 

Como não se trata de uma blogagem coletiva, se alguém por aqui quiser ir junto da uma passada lá no blog dela e confere esse post: Uma novidade a ser proposta e um poema. Talvez venha a ser muito legal reviver através da memória coisas  boas da infância!!!

sábado, 21 de setembro de 2013

Literatura de Cordel, Conan Doyle e questões de bairrismo.


Uma das coisas mais características da cultura nordestina é a tal da literatura de cordel, ou seja, os benditos textos escritos em versos, sextilhas, impressos em papel comum, cuja capa quase sempre é uma xilogravura - figura feita na madeira - e vendidos nos mercados públicos pendurados em uma cordão. Reza a lenda que o nome cordel deriva justamente do fato deles serem vendidos pendurados em cordões.

Ainda "segundo a lenda" os cordéis podem ser considerados sobreviventes, pois surgiram no século XVI quando relatos orais passaram a ser transpostos para a o terreno da escrita. Eles existiram com nomes diferentes e características semelhantes em vários lugares da Europa - Holanda, Itália, França, Portugal e Espanha - e quando os europeus atravessaram o Atlântico vieram com eles e cá estão até hoje, firmes e fortes como uma forma de contar todo tipo de história no Nordeste do Brasil.

Como boa nordestina, tenho minha coleção de cordéis abordando desde "As ignorâncias de Seu Lunga" até a "Revolução Francesa", o "Mito da Caverna" entre outros. Considero esse tipo de narrativa um mega-plus-ultra sobrevivente. Houve um tempo no qual as pessoas ditas eruditas pensavam que existia uma cultura popular inferior a cultura erudita e constantemente em crise e correndo o perigo de sumir. O cordel é uma prova de que a cultura popular não é inferior e é mega resistente, ele sobreviveu a passagem dos europeus pelo Atlântico, a rígida política de censura as letras característica da administração colonial portuguesa, a industrialização e ao raio que o parta.

Pois é, mas levando em conta o titulo do texto, vocês podem me perguntar: "O que raios isso tem  haver com o autor de Sherlock Holmes?".


Bem, não é segredo para as pessoas com as quais compartilho experiencias de leitura o meu desagrado para com os romances policiais e derivativos. Então, no ultimo sábado quando estava na Livraria Cultura na companhia da Michele e da Aleska me deparei com uma edição mega especial do livro "Um estudo em vermelho"  no qual Conan Doyle apresentou ao mundo lá pelas voltas de 1887 o seu brilhante Sherlock Holmes. Eu, com toda a minha chatice, olhei para o livro e ignorando tudo o que há de especial nele disparei:


"Hum... Romance policial tem uma formula tão batida!".

E a Dona Prefeita Michele respondeu com um golpe mortal:


"Então Dona Jaci o cordel é um sobrevivente e o romance policial uma formula batida... Quanto bairrismo!!!"

Juro que não me aguentei!!! Na hora eu ri, lembrando agora to rindo novamente! Realmente eu sou uma criatura muito bairrista e como tal, parcial em minhas analises! #ProntoConfessei #MeJulguem Não a toa, depois dessa pisa verbal da Michele peguei a edição do "Um estudo em vermelho" e resolvi trazer para a minha estante. Não tinha como não comprar, apenas a visão dele já me leva a recordar a situação e repensar minha visão de mundo. E sim, apesar de não acreditar em signos, sou geminiana demais para resistir a uma possibilidade de repensar qualquer coisa.

E falando em bairrismo, impossível não citar o último podcast das Meninas dos Livros, o tema foi "Personagens com os quais nos identificamos", eu escolhi falar da Elizabeth Bennet do livro "Orgulho e Preconceito"; mas também falamos sobre a Lou Calabrese personagem do “Ela foi até o fim” da Meg Cabot; da Daenerys Targaryen do “As Crônicas do gelo e fogo” e do Floriano Cambará personagem do livro “O Arquipélago” de  Érico Veríssimo. Nesse cast eu não resistir a tentação de alfinetar o bairrismo gaúcho e tal alfinetada rendeu um debate quase sem fim no face. No final das contas, entre mortos e feridos salvaram-se todos e eu aproveito o ensejo para deixar o link do cast por aqui caso alguém queira ouvir a nossa tagarelação.



quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Quando passei um fim de semana em São Paulo

Não, esse não é um diário de viagem... Mas, sim, eu andei batendo perna no Sudeste nesse fim de semana e deixar de registrar essa experiencia aqui é uma coisa assim impossível de ser feita, pois esse é o sentido do blog para mim: viver e narrar; narrar e viver... Quando vivo algo novo, inquietante, assustador, belo ou cômico tenho necessidade existencial de narrar! Tenham paciência comigo porque esse post pode ficar grande, prolixo e cheio de imagens a respeito das quais talvez nem todos os que cruzam os caminhos e descaminhos desse blog tenham interesse.

Enfim, fazia um bom tempo (coisa de mais de ano) que a Mi - Michele Lima para os não-íntimos - convidava a mim e a Aleska, a "Meninas das ideias" e  do blog "Entre Livros e Sonhos" para conhecer a casa dela em São Paulo e nós adiávamos por vários motivos, então de repente em um lapso de loucura ou sanidade eu e a Aleska compramos as passagens e decidimos ir no dia 13 de setembro para voltar no dia 16.

Se você me conhece e sabe que painho é o Hulk, eu posso te contar um segredo: ele ficou sabendo com menos de 15 dias de antecedência pela boca do meu avô, me faltou coragem para falar, e quase colocou a casa abaixo. Painho ficou verde, vermelho, azul, branco e negro de novo... Fez um escândalo suficientemente grande para a vizinhança perguntar o que raios eu tinha aprontado e a mãe da Michele teve que conversar com a minha mãe via skape - com ele conferindo cada palavra atrás da parede.

Passado o drama, embarquei para uma das melhores aventuras dos últimos vinte sete anos, senão a melhor. A família da Michele, em especial a mãe dela, é incrível; conhecer pessoalmente companheiras de virtualidade é um prazer sem limites; São Paulo é uma cidade monstruosamente geminiana.

Se minha cabeça fosse uma cidade seria São Paulo!!! O MASP protegendo telas do Van Gogh; a Av. Paulista e seus artistas de rua; toda aquela diversidade afetiva; o metrô com portas ante-suicídio; as cafeterias em cada esquina; a livraria cultura com seu dragão de madeira; o bairro da Liberdade; as coisas de otaku; a melona, picolé de melão de todos os sabores; o moço que ajeitou minha melona como se eu fosse uma criança e sorriu para mim de forma doce; os nordestinos; a moça tocando Mozart no violino próxima ao frenesi de um mercado oriental; as meninas e meninos de cabelos coloridos; o show da Beyonce no Morumbi e o corintiano sorrindo para mim faltando apenas uma parada antes do fim da viagem de ônibus...



Degustando a Melona!!!

Avenida Paulista em fim de tarde!

Avenida da Liberdade - Japão em São Paulo.

MASP de costas!

Portas para evitar que as pessoas cometam suicídio. 

Michel não morreu mesmoooo!!!

Maquinas para comprar livros!

Dragão na livraria Cultura.

Museu da Língua

Pinacoteca

Quem disse que não há estrelas em São Paulo!

A Lua em São Paulo.

A proposito, apesar da minha curta estadia ter sido suficiente para construir com essa cidade um vinculo afetivo, apesar de ter identificado na sua diversidade a própria essência do que sou... Preciso não esquecer de pontuar: São Paulo é uma cidade cinza, o azul do céu é cinza, o verde das árvores é cinza, as pessoas... as pessoas sobem a escada rolante correndo no sábado a tarde... Ela faz os homens cinzentos ladrões do tempo das pessoas do livro "Momo e o Senhor do Tempo" do Michael Ende parecerem reais, não a toa Criolo cantou "Não existe amor em SP".

Voltando as coisas boas, o melhor das viagens sempre são encontros... E essa foi uma viagem de encontros memoráveis e inesperados! Conhecer, cheirar e morder as meninas foi ótimo... Como é bom desvirtualizar!!! Todo mundo devia fazer isso vez ou outra!!!

Aleska divertida demais \o/

Mi, em momento velhinha!

Aleska, madura e humilde como disse a mãe da Mi \o/





Ainda no terreno das desvirtualizações, eu estou aqui procurando uma forma de descrever o encontro que tive com a Rebeca, filha da Di do blog "Mãe Bipolar, Filha Jacaré". Eu acompanho o blog da Di, desde antes do primeiro aniversário da Rebeca... Li a Di contando das venturas e desventuras de sua maternagem, de como enfrenta seus desafios, seus alentos e desalentos... E sim, ouvi/ler as histórias de uma pessoa cria vínculos afetivos, e sim, eu sonhei ter a oportunidade conhecer a Rebeca mais de uma vez... Me emocionou profundamente conhecer a Di, e sua família. O Taz - que é super simpático, fácil conversar com ele; a Di, super corajosa indo me ver - afinal eu sempre posso ser uma psicopata néh?; e a Rebeca, uma aprendiz de bruxinha lindaaaaaa e cativante!!! Só faltou a foto...

Bem, eu tirei umas fotos da Rebeca comendo com a ajuda do pai, mas não pedi a Di para publicar ainda. Mas publico a foto dos Cupcakes com os quais ela nos presenteou... Pense em um doce delicado, deliciosamente delicados, divinos! Super indico o Cup*Di*Cakes.


E por fim, porque ninguém aguenta mais meu blá... blá... blá... tenho que falar das coisas fofas que trouxe para casa!


Sim, eu ganhei presentes, comprei mais livros, botons, chaveiros, cartões postais legais, lembranças do MASP e da Pinacoteca e mais moradores para minha estante além dos que a Aleska me presenteou!


A Meg foi a Aleska, a Mônica a o DVD do Castelo Animado da Mi.

Já fui alojando a turma nova na estante: o Minion e os dragões foram presentes da Aleska... E sim, os dragões tem nome, o primeiro é Haku, em referencia ao filme "A Viagem de Chihiro; o segundo é o Drogo, em referencia as Crônicas do Gelo e Fogo.


E sim, também pude realizar o sonho de trazer dois dos meus personagens preferidos de todos os tempos para minha estante: a Sakura Card Captors e o Wolverine... O Wolve não é como a da Vaneza, mas já consola!


Acho mesmo que fui longe demais com esse post... Então vou parar por aqui... contar todas as coisas ocorridas é missão impossível, talvez seja melhor abraçar a ideia de que, assim como a História e a Memória, o blog é feito de lembranças e esquecimentos... Agora, talvez, eu só precise mesmo lembrar de não esquecer de uma vez mais agradecer a Michele e a mãe dela pela hospitalidade, a Aleska pelo favor do encontro e a Adriana - Di - por além de ter me dado um abraço carinhoso ter compartilhado comigo a sua tão amada família. Me sinto tão, mais tão, mais tão honrada por ter estado com vocês!!! Deus abençoe a vocês!!!
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P.S.:

A Aleska também escreveu sobre sua experiência pessoal em São Paulo, assim, se vocês quiserem conferir o lado dela da aventura, basta clicar aqui: Conhecendo São Paulo no Fim de Semana.

A Mi, também falou um pouco sobre nossas aventuras aqui: Minhas novas aquisições!