domingo, 11 de julho de 2010

Continuação da EBF...

Na reta final dos eventos da Igreja a gente sempre percebe o quanto falta para terminar. São tantas coisas que faltam ser feita, tantas coisa a se trata. E se a ajuda surge de toda parte, na mesma medida que a ajuda chega, chega também os problemas. Lidar com tantos problemas é um desafio continuo, mas muito gratificante. Não tenho do que reclamar, embora tenha muito com que me preocupar.

Na reta final resta registrar os visuais que estão sendo pintados para a historinha... usei tudo o que tenho, que não é muito: cola colorida, cola relevo, lápis de cera e um lápis de cera que brilha... e vamos que vamos... e se dentro da escola secular a educação é laica, dentro da Igreja essa educação é totalmente direcionada para os valores cristãos, para que as crianças conheçam os preceitos dessa forma de fé, se elas vão querer isso para si ou não é outra questão... O que sei é que amo cada uma dessas crianças e que independente de suas escolhas religiosas elas sempre vão poder contar com essa tia, que não é perfeita, mas que sempre vai fazer o melhor por elas na medida do possível...

Visuais Pintados!!!

Fernando Pessoa_ Alvaro de Campos

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.


Como fui desenhada..

Nos últimos dias tenho mexido bastante nas artes do meu irmão, não que eu não conheça a produção dele muito bem obrigada, mas tem épocas que eu olho mais tem época que eu olho menos... acho que é pq tem época que ele produz mais e época que ele produz menos...

Mexendo eu reencontrei comigo mesma, claro que faz um tempão que eu peço para ele fazer um desenho meu, claro que eu queria um desenho mais parecido com o que ele faz das amigas dele, claro que ele não fez... a principio eu fiquei abusada... mas bem depois eu descobrir que ele tinha feito o meu desenho bem antes que eu pedisse, quando vi estava lá e claro, gostei do titulo, embora eu continue querendo um desenho no qual eu apareça sorridente e tão natural como um copo de  Kisuco, eu me reconheço nessa imagem como não me reconheceria em uma imagem colorida.

Ah, como sou do tipo que considera a arte uma representação da realidade, sempre acho curioso que meu irmão tenha me representado dessa maneira... mas sempre fico orgulhosa de que ele considere o meu desenho o melhor!!!! A gente briga mas a gente se ama...


O melhor (Jaci no paint)

Mechendo nas coisas do meu irmão...

Cê sabe que as canções são todas feitas pra você
E vivo porque acredito nesse nosso doido amor
Não vê que tá errado, tá errado me querer quando convém 
E se eu não tô enganado acho que você me ama também

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Como ele diz: todo mundo gosta da dualidade, então pq eu seria diferente? Gosto dessa dualidade, acho curiosa a forma como os discursos se encontram de uma forma ou de outra... e a arte segue representando as infinitas formas de se viver!!!

sábado, 10 de julho de 2010

Doce Manuela: uma história deliciosa!!!


Júlio José Chiavenato diz algo interessante:

"Abomino esse negócio de literatura "infanto-juvenil". Literatura é ou não é. Existem as gradações, ninguém nasceu Machado de Assis. Mas literatura é ou não é."

Eu concordo amplamente com ele, literatura é ou não é, e Doce Manuel, um pequeno romance escrito por Chiavenato só pode ser classificado com um livro delicioso, me apaixonei por ele a primeira vista, logo na primeira linha: "Nem cravo nem canela. Pretinha." (pg. 7).

Foi amor a primeira vista, em um país onde chamar alguém de negro é ofensa, pq o negro está simbolicamente associado a tantas coisas não tão boas que o próprio negro não gosta de se reconhecer como tal e comumente se embraquece  de várias formas e é muito comum que homens e mulheres de cor prefiram ser morenos e morenas, mestiços, mulatos, qualquer coisa menos negros e negras é muito lindo ver um autor começar a descrever o seu personagem como pretinha e a partir daí construa um personagem incrível, maravilhoso, realmente doce! Realmente é muito dificil colocar defeito nessa obra!

E se já é tempo de desconstruir essa imagem de que o negro é feio e de que ser negro é ruim, tudo bem que se pode dizer que no Brasil a essa altura do campeonato ninguém é realmente preto ou branco, azul ou vermelho, nós somos misturados demais, mestiços mesmo.

Mas, seria hipócrisia gravissima dizer que não existem preconceitos de cor no Brasil,  que não há diferença entre ter a pele negra e a pele branca e a começar por minhas experiências pessoais, passando pelas experiencias de amigos e amigas e terminando com as leituras feitas na area, posso ver claramente que  existe muita diferença entre ser branco e ser negro no Brasil.

E se essa relação entre homens e mulheres negros e negras e homens e mulheres de cor clara é marcada por diversos preconceitos, que começam nos descaminhos da história e culminam com práticas sociais, Chiavenato dá com Manuela mais um passo para desconstruir no Brasil a ideia de que ser negro é ruim. Se homens e mulheres de cor tem uma história de dificuldades, trabalho e sofrimentos junto com essa história de opressão existe uma história de resistência, sobrevivencia, lutas e vitórias nos mais diversos lugares da vida social...

Se houve opressão houve também resistência e entre o Zumbi e o Pai João, homens e mulheres de cor viveram uma história da qual todos podemos nos orgulhar, uma história que a personagem Manuela encarna muito bem, uma história que é de todos nós.

Ao compor sua personagem o que Chiavenato mais faz é fugir de alguns estereótipos, Manuela é inteligente, possui um raciocínio rápido, é determinada, trabalha duro e estuda pesado todos os dias... Ela encara a vida de frente, enchegar uma oportunidade e se esforça para aproveitar essa oportunidade. Ela tem força e ternura e apesar das dificuldade que passa em sua rotina, que não são poucas, vai lutando e conquistando espaços.

Ela estuda em uma escola pública que tem uma caracteristica peculiar, pela manhã estudam na escola os filhos da "burguesia", crianças de classe média, e a tarde as crianças da periferia. Por uma sucessão de acasos e coisas do gênero Manuela acaba indo estudar no horário da manhã, então ela se torna "a negra da manhã" (pg. 18), e ela segue estudando de maneira que "Dez anos depois, com um metro e oitenta e oito, está no segundo colegial. Já não a estranham. Só que Manuela sabe 'Eles me aceitam, tudo bem, mas sou a negra da manhã." (pg. 18). E essa menina, ao contrario do que alguns pensam não é traumatizada, afinal, nas linhas do pensamento da própria Manuela, "Pobreza não é trauma... Se morre alguém, fico triste, mas não me abalo. O que me angustia é viver como bicho. Pior que bicho, tem cachorro que... A miséria é que deprime." (pg. 8,9).

A menina é forte, perdeu a mãe, trabalha para sustentar o irmão, estuda, cuida de uma tia velha, leva a vida como pode, é orgulhosa, firme, mas também se abate e tem um ponto chave da história que a menina leva um tombo da vida e desse tombo nasce uma queda que quase leva nossa pequena heroína de todos os dias a quase desistir, mas não final das contas ela recebe a ajuda bem quista, a ajuda necessária. Ninguém consegue vencer a miséria sozinho, não existem super-humanos e não é o caso dessa heroína, ela não é uma super humana, acima do bem e do mal, se ela não é um Pai João manso e conformado, também não é uma reencarnação de Zumbi lutando com a força dos orixás acima do bem e do mal.

No final das contas, Doce Manuela é um livro escrito por alguém muito antenado com as discussões a cerca da história do Negro no Brasil, da História e Cultura Afro-brasileira e da própria realidade brasileira, muito bem escrito, muito bem pensado, carregado de várias discussões super interessantes, tais como: o papel da escola na vida dos sujeitos, o papel do professor, o peso do discurso jornalistico na sociedade, a importância da prática de algum esporte dentro da escola, as leis, o comportamento do poder publico e etc... tudo isso em um livrinho de 125 páginas... Fiquei tão apaixonada quanto absurdada com essa história... tanto que vale um post, dois, três...

E embora o livro esteja classificado como literatura infanto-juvenil, ele realmente é LITERATURA e faz tudo que um livro tem que fazer, ele nos convida a pensar o mundo que nos cerca, a nossa realidade e o que a sustenta fazendo um convite intelectual a nos posicionar-mos a tentar-mos mudar, nos reinventar... A história de Manuela é a história de tantas meninas e meninos, negros e brancos, é uma história encantadora, não tem o final de novela das oito, não é uma epopeia... é apenas uma história linda, sem fins dignos de princesa da Disney e nem de heroína global, aqui não temos uma Helena.

E sobre Júlio José Chiavenato, sobre o qual eu poderia escrever muita coisa também, que é jornalista,  auto-didata e que escreveu o livro "Genocídio Americano - A Guerra do Paraguai" (Brasiliense), questionando a história oficial do conflito, um livro de 1979, ou seja, já foi amplamente criticado, mas que oferece uma visão alternativa do conflito na qual nós não somos heróis, sobre ele deixo as palavras dele e quem quizer saber mais o linck de uma materia da Folha Online:
"... sou uma Manuela da vida. Apenas não tive a sorte de fechar o set, fazer o ponto final. Taí: é horrível escrever sobre a gente. Deu a entender que espero um vitória, uma conquista. Nada disso.
O que espero é um mundo em que o amor e a esperança vençam. Isso não depende da literatura, nem que eu ou você fechemos o set. Depende de toda uma mudança das estruturas, e tome etc., etc. e etc."
 (pg. 128).

Referencia:

CHIAVENATO, Júlio José. Doce Manuela. São Paulo: Moderna, 2003.

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PS.: Quase esqueci de agradecer a Go por ter me emprestado o livro: Valeu, adorei a leitura!!!

sexta-feira, 9 de julho de 2010

A arte é uma representação da realidade e meu irmão sabe representar a realidade muito bem!!!

No coração das trevas estou
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Sempre admiro a arte do meu irmão, quando ele está com algo na cabeça ele consegue transformar  imagens perdidas em algo encontrado... Incrível... esse desenho nasceu de uma mancha na parede(e de algo mais, na minha opinião pessoal)... Ah, assim que vi essa imagem lembrei de uma música de Nação Zumbi que diz: "o vermelho ainda é a cor que incita a fome", mas  a essência azul que existe em todas as coisas sempre está lá para  equilibrar  as coisas, afinal "ninguém quer saber o gosto do sangue"

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Reta final nos preparativos da EBF

Correria geral, sai do trabalho corre para a casa das meninas, reunião... reunião... reunião, faz material, refaz materia... escreve, recorta, cola... corre mais... meus dedos estão quase todos cortados, eu cortei minha mão com papel, isso mesmo o papel cortou meus dedos... Isso parece mentira, mas sempre corto meus dedos com papel e com meu próprio cabelo... É uma coisa séria!

Na reta final estamos fazendo a faixa de divulgação:

E outros cartazes mais:

Cartaz para para a sala dos meninos e meninas de 09 a 10 aninhos.

Cartas para a sala dos pimpolhos e pimpolhas de 07 as 08 aninhos.

Minha música!!!

Ontem a conversa de meus irmãos entrou novamente madrugada a dentro, eu confesso que não acompanhei, estava com sono demais para isso... mas peguei uma parte da conversa, a parte em que os meninos falavam de musicas que os caracterizavam, em certo momento rindo um pouco, eles disseram que a musica que me caracterizava era Negue.

Fala sério!!! Eu não sou tão assim, embora eu ainda esteja achando engraçado que meus irmãos tenham me dado essa canção e seja ainda capaz de grava o registro desse momento... de duas uma ou eles vão me ver de outra forma posteriormente ou eu vou perseber que eles estão certos... enfim, eu não sei qual das duas opções é mais correta... no mais não aguentei terminar a noitada conversando e não sei direito para onde a conversa foi... Fica a música e o video de Maria Bethania arrasando (na minha opinião) cantando essa música feita para roer!!!

Negue
Adelino Moreira/Enzo de Almeida Passos

Negue seu amor, o seu carinho
Diga que você já me esqueceu
Pise, machucando com jeitinho
Este coração que ainda é seu
Diga que meu pranto é covardia
Mas não se esqueça
Que você foi meu um dia
Diga que já não me quer
Negue que me pertenceu
Que eu mostro a boca molhada
Ainda marcada pelo beijo seu

Cazuza!

Hoje acontece mais um aniversário de morte de um de meus poetas preferidos, dessa vez o anivessariante é Cazuza...

No meu imaginário Cazuza aparece muito mais como poeta do que com cantor, uma vez que tive primeiro contato com as letras de suas canções escritas, lidas em livros didáticos e afins. Só depois de bem crescida, quando dominei a tecnologia do computador conheci o Cazuza cantor, o que aconteceu pq eu não era uma adolescente muito dada a escutar músicas, não era mesmo meu forte, eu gostava mesmo era de ler, nunca fez muita diferença o que eu escutava, muito diferente do que eu lia, isso sim fazia toda a diferença.

E sempre que eu achava uma música de Cazuza ela se fixava a minha memória, lembro que eu costumava recitar Exagerado para Rafaela, minha irmã caçula, eu dizia a ela: "Amor da minha vida, daqui até a eternidade..." e realmente ela é o amor da minha vida... minha irmã é linda, é a coisa mais linda do mundo e enquanto era criança gostava dessas leseras...

Também gostava de Malandragem, li a letra dessa canção em algum lugar e adotei: "Quem sabe ainda sou uma garotinha..." eu gostava dela pq sempre esperava o ônibus da escola sozinha e durante um tempo ir para a escola me deixava melancólica, eu rezava baixo mesmo pedindo perdão por meio mundo de coisas más que eu pensava e coragem... Depois eu passei a caminhar da minha casa até a escola, mas não parei de pensar nessa música, fui descobrindo Cazuza aos poucos nos meus momentos de melancolia... depois conheci aquela música "Minha flor meu bebê" que conta tão bem uma história altamente boba que eu vivi. 

Houveram outras canções associadas a uma critica social e a conteúdos de história das quais eu gosto muito, porém para concluir deixo aqui, como forma de marcar a memória desse dia e não como forma de celebração, a letra de "Todo amor que houver nessa vida" que, na  minha opinião- que não é isso tudo, ficou perfeita na voz de Maria Bethania.

Todo amor que houver nessa vida
Composição: Frejat/ Cazuza

Eu quero a sorte de um amor tranqüilo
Com sabor de fruta mordida
Nós na batida, no embalo da rede
Matando a sede na saliva
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum trocado pra dar garantia
E ser artista no nosso convívio
Pelo inferno e céu de todo dia
Pra poesia que a gente não vive
Transformar o tédio em melodia
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum veneno antimonotonia
E se eu achar a tua fonte escondida
Te alcanço em cheio, o mel e a ferida
E o corpo inteiro como um furacão
Boca, nuca, mão e a tua mente não
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum remédio que me dê alegria
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Ah, até pouco tempo atrás todos os meus autores preferidos formavam um celebre batalhão de mortos,  não tinha um vivo sequer, esceto os que se relacionavam a minha vida profissional!! Recentemente adicionei a essa galeria estranha alguns autores vivos, e o curioso é que muitas vezes eu me pego sentindo um estranhamento enorme em  gostar da produção de autores vivos enquanto não sinto nenhum estranhamento em gostar da produção de um  Cazuza, que viveu de uma forma tão constantemente condenada por meus pares dentro da sociedade.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Antiga anedota Alemã narrada por Freud


"Os habitantes de um vilarejo chamado Schilda possuíam um cavalo. Mas não estavam satisfeitos: ele consumia aveia demais e esta era cara. Resolveram corrigi-lo pouco-a-pouco. Todos os dias diminuíam a ração em alguns grãos, até que fizeram com que ele se acostumasse abstinência quase completa. Por um tempo tudo correu às mil maravilhas. O cavalo já estava comendo apenas um grãozinho. No dia seguinte iria certamente trabalhar sem alimento algum. Entretanto, o que ocorreu não foi isso: no outro dia, o cavalo amanheceu morto. Os cidadãos de Schilda não souberam explicar por quê."
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DAVID, Sergio Nazar. Freud e a Religião. Rio de Janeiro: Zahar, 2003. p. 45.