Por ocasião do meu 24 aniversário, algumas das minhas pessoas preferidas no mundo acabaram desafiando o mito que é meu celular e ligaram para mim, por incrível que pareça, e quem costuma me ligar sabe que é incrível mesmo, eu atendi a maior parte das chamadas, não atendi todas pq preciso manter meu mito néh ?!?!?(na verdade não atendi pq não ouvir o celular tocando e pq no inicio do dia ele estava descarregado).
Pois é, até aqui, meu celular tem sido um mito. Existe, mas não funciona e segundo Suzana, se ele ao menos tocar quem ligou já pode ficar feliz, normalmente ele nem chega a tocar pq está perdido e descarregado e embora as pessoas gostem de me esculhambar, pense comigo "como eu vou achar um celular que está descarregado?". O geito é esperar que alguém ache em algum lugar, que pode variar desde a minha bolsa velha do primeiro evento de estudante que participei ao armário da cozinha passando pela sapateira do meu quarto, e assim é essa lenda das comunicações.
Ah, escrevo sobre meu celular e sua lenda pq vai que daqui a cinco anos eu me torne uma pessoa aficcionada por celular, que não pode viver sem ele?!?! Quero salvar a memória de que um dia fui uma pessoa suficientemente chata para ter um celular que não funciona e que tinha amigas e amigos suficientemente chatos e implicantes para continuar ligando para mim rsrsrs....
Mas, enfim, não é sobre o celular que eu quero falar... "foco mulher, não fique tagarelando sobre bobagens!"
A questão foi uma das ligações que recebi e atendi o que ela me fez pensar.... é que a maior parte das minhas amigas está noiva, casada ou para noivar e até com filhos ao colo, até minha irmã mais nova tem um namorado e no domingo uma das meninas me conduziu pelos seguintes caminhos do pensar:
"Pocha vida ainda ontem nós eramos tão adolescentes começando o Ensino Médio, terminando o ensino médio, lutando para entrar na facul, comendo o biscoito mais barato do mercado, pedindo R$1,00 a painho e hoje, sem ter nem pra que já chegamos a casa dos 20 nos 24, eu não me vejo como uma pessoa de mais de 20 anos, parece que foi ontem que eu pensava que minha mãe aos 32 anos era velha e uma pessoa de 24 anos era alguém extremamente adulta, pocha eu não sou tão adulta assim... Pocha, nós já estamos virando donas de casa, esposas, mães....
EPAAAAAAAAA PERA Ai.....
Nós não, que eu nem namorado tenho e filhos só se for o dos outros e quanto a ter uma vida adulta, bem, ainda preciso negociar muitas coisas com meu rabugento, truculento e chato pai, afinal moro na casa dele e devo "dois ou três favores" a ele, sem contar minha mãe que também não deixa a coisa correr tão solta... Enfim, ao concluir 24 anos ter uma vida adulta para mim não significa casar e ter filhos, não tenho na minha manga previsões nem para uma coisa e nem para outra.
Porém, o que mais surpreende em tudo isso é que a pessoa que me conduziu pelos caminhos da reflexão em vermelho era há quatro anos atrás uma das feministas mais truculentas que eu já conheci, briguenta, runhenta, pregando aos quatro vento que a mulher deveria se emancipar, buscar ter uma vida mais independente de pai, marido e filhos, que as nossas possibilidades iam além da maternidade e do matrimônio e que deveríamos romper fronteiras ideológicas em busca de um mundo diferente deste que nos é apresentado.... A pessoa que eu conheci tinha um projeto de vida tão diferente do habitual matrimônio/maternidade que me assustou.
Se sinônimo de maturidade e vida adulta for um casamento e um filho ou filha então eu descobrir pq painho da a peste e não me inclui entre as pessoas que ele considera adultas, esse projeto está atualmente tão distante de mim quanto o sol da lua. Hoje vida adulta para mim significa ter uma profissão, um emprego e independência financeira, não significa matrimônio e maternidade, para minha amiga também era assim, mas ela mudou e eu nem vi.
E agora, enquanto me ocupo noite adentro de minha carreira profissional aumentando consideravelmente minhas olheiras e meu cansaço eu me pergunto se no final das contas minha amiga em suas reflexões não esteja certa, se no frigir do ovos meu projeto de vida é que está meio trocado, que talvez eu devesse sair mais e ler menos, madrugar menos, cuidar dessas drogas dessas olheiras, fletar mais, levar a vida menos a sério, curtir, sei lá, me ligar emocionalmente a alguém do sexo oposto, planejar uma família, investir em casamente e filhos... o discurso de "ser uma mulher independente" é algo fácil se falar, mas eu sei que é difícil de se executar e que a solidão angustia muito...
Aiaiaiai.... Quantos ais na minha cabeça!!! Quantas dúvidas, mas quer saber, na dúvida eu vou seguindo com os meus projetos, vou aumentando minhas olheiras, vou lendo meus livros... vou vivendo minha vida adulta a meu modo, pouco a pouco (pouco mesmo) sinto que meu pai vai entendendo que marido e filhos é algo que ele não pode me acontecer ou não e vai aceitando (aos poucos e com muita briga) minha independencia e liberdade e eu tenho descoberto uma forma de "ser mulher" sem "ser mãe e esposa", isso me deixa feliz e triste também. Estranho néh...
Me pergunto como eu serei aos 34 anos... será que ainda serei uma mulher que vara a noite se dedicando a sua vida profissional ou vararei a noite trocando fraudas??? Será que esse blog ainda vai existir para que eu possa ler essa postagem e pensar na jovem mulher que eu fui??? Como serão as coisas???
Bem, não sei... ninguém sabe ao certo... mas vou vivendo o meu momento atual e vendo onde isso vai dar...