Dois Romances de Época: "O Destino de Sophie" de Kate Silver & "Um Duque Para Diana" de Sabrina Jeffries

Romances Históricos são uma grande paixão de minha vida leitora, chego a fazer estoque de volumes desse gênero literário tanto no formato físico quanto em e-books. Gosto deles para quando estou feliz e quero permanecer assim e também quando estou triste e quero encontrar alguma leveza.

Hoje em dia diversifico estilos de livros que leio, mas já passei por momentos onde só lia esse tipo de livro e não tenho nenhum arrependimento por ter sido assim. Quando leio romances de época sou feliz e sei. Por esses dias li "O Destino de Sophie" da Kate Silver e "Um Duque Para Sophie" da Sabrina Jeffries. Dois livros ótimos a ponto de me fazer sentir vontade de escrever sobre eles.

Em "O Destino de Sophie", Kate Silver entrega um romance de época bem acertado, divertido, levinho onde os personagens trocam farpas e afetos enquanto vão se conhecendo e se apaixonando. Kate Silver é uma autora inteligente e sagaz, talvez por ser fã do Lord Alexandre Dumas, ela optou por ambientar sua história dentro da realidade do livro "Os Três Mosqueteiros" e se prontificou a usar o clima divertido, improvável e cheio de reviravoltas digno do universo de Dumas.

A história começa com Sophia, nossa protagonista, enfrentando uma tragédia familiar. Ela perde toda sua família para a peste e fica com ódio do Richard Lamotte, o amigo do seu irmão gêmeo com o qual tinha um casamento arranjado para consumar. Ela passa um longo ano esperando o Richard Lamotte aparecer para cumprir as promessas feitas a seu irmão, quando ele não apare nossa protagonista pega as roupas de seu irmão e vai a Paris atrás de vingança.

O irmão de Sophie era um Mosqueteiro do Rei, assim Sophie também entra para a ordem, ajuda o fato dela sempre ter sido uma moça apreciadora de cavalgadas, caçadas e esportes masculinos e como é para ser divertido e rocambolesco, digno de uma novela mexicana, o puro suco de Lord Dumas, logo ela se torna amiga de Lamotte e entre aprimoramento de suas técnicas de esgrima, confusões e derivativos segredos e mal entendidos vão sendo revelados entre os dois.

São 317 páginas de um romance onde acontece de tudo e a história vai virando e se revirando em várias direções diferentes. Lamotte e Sophie descobrem-se, apaixonam-se, se metem em uma missão em nome do Rei, passam por experiências de quase morte, se tornam grandes companheiros, brigam horrores. Na maior parte do tempo é muito divertido acompanhar os dois, só fica menos divertido quando o Lamotte esbanja machismooooo. Ele é tão machista que se a Sophie não fosse uma protagonista que se impõe e que através dessa experiência de viver como um homem ampliou sua visão de mundo seria muito difícil acreditar no final feliz desse livro.

"Sophie balançou a cabeça. Era sempre melhor desconfiar. Gente confiante demais morria cedo" (pág. 242)

A Sophie é uma personagem apaixonante, assim como a própria escrita da Kate Silver. A autora, em meio a toda montanha russa que é esse livro, através de sua personagem nos conduz a muitas reflexões pertinentes.

"A lealdade por si mesma não continha nenhuma virtude. Lealdade só era um mérito quando a obediência servia a um proposito superior.

[...]

Não tinha vontade de lutar pelo simples prazer da luta. Sentia necessidade de lutar pelo que era certo, por um propósito, pela honra, pela glória, pela justiça."

O Lamotte é um tonto machista, cujo mérito maior é amar a Sophie. Como eu também amei a Sophie e ela amou ele, achei o final feliz e aceitável. Além da nossa protagonista, somos apresentadas neste mesmo volume a outras moças infiltradas e disfarçadas na Companhia dos Mosqueteiros do Rei. Os romances dessas damas estão por aí e se eu encontrá-los terei o maior prazer em ler. Estou muito apaixonada pela escrita divertida e reflexiva de Kate Silver.

Em "Um Duque Para Diana", Sabrina Jeffries também se propõe a escrever um livro divertido e leve, mas partindo de uma situação menos dramática que a abordada pela Kate Silver. Neste vol. 1 somos apresentadas as Três Irmãs Harper: Diana, Eliza e Verity. Quando as conhecemos elas estão passando por um mal momento pois sua mãe resolve abandonar seu pai e o escândalo as torna praticamente párias sociais. Depois desse escândalo as chances de um casamento vantajoso para as jovens fica praticamente arruinada, então, para sobreviver a essa situação traumática, elas acabam, com a ajuda de coincidências felizes, criando uma empresa de promoção de eventos e mentoria de jovens debutantes.

Das três irmãs, a Diana é a mais pragmática. Ela não é sonhadora, não vive no mundo da Lua ou constroi Castelo em Nuvens. Ela percebe muito bem a realidade na qual vive e as potencialidades das irmãs dela e dela mesma nesse mundo. Com boa educação, com talento e trabalho duro, junto com as irmãs uma empresa "Ocasiões Especiais" e um belo dia é surpreendida pelo aparecimento surpreendente de Geoffrey Brookhouse, um engenheiro que acaba de herdar o título de duque com uma irmã mais nova, Rosy, que precisa de ajuda para debutar na sociedade londrina com sucesso.

Diana e Geoffrey se sentem atraídos um pelo outro desde o primeiro momento e enquanto vão arrumando os detalhes do baile de Rosy vão também se apaixonando perdidamente. Os dois formam um casal deliciosamente divertido de se acompanhar, dei muitas risadas com os dois, o final feliz de ambos me deixou com a cabeça leve.

Ao longo da história fica claro que Geoffrey guarda um segredo dramático que tenciona um pouco a vida dele, quando esse segredo é descoberto o pragmatismo lúcido da Diana entra em cena e conduz a situação de uma forma muito bonita. Gostei tanto desse livro que fico até com medo de ler os próximos dois volumes da série e não gostar tanto.