quarta-feira, 29 de julho de 2015

O que farei e o que não farei [Citação 011]

"Eu vou dizer-te o que farei e o que não farei. Não irei servir mais aqueles nos quais eu já não acredito, quer seja a minha casa, a minha pátria ou a minha igreja: e vou tentar exprimir-me nalguns modos de vida ou de arte tão livremente quanto possa e durante o tempo que puder, utilizando para minha defesa as únicas armas que me permito usar: - Silêncio, Exílio e Astúcia." (James Joyce - A Portrait of the Artist as a Young Man)

Encontrei há muito tempo essa fala do James Joyce pelos descaminhos da internet em um lugar que, hoje descobri, já não existe mais.

A parte isso, já há muito tempo adotei essa expressão do James Joyce como lema de vida e vou seguindo... Não sou muito boa em astúcia, mas exílio tem se tornado uma especialidade e espero logo aprender as artes do silêncio.

domingo, 19 de julho de 2015

Você já ouviu falar sobre a Síndrome de Möebius?

Você já ouviu falar da "Síndrome de Möebius? Não? Pois é, até conhecer a Erica Ferro eu também não tinha ouvido NADA sobre essa síndrome, mas um belo dia no Twitter eu conheci essa pessoa e descobrir com ela algumas coisas que eu não sabia.

Hoje a Erica escreveu um texto com cara de confissão no qual ela conta sobre a Síndrome de Möebius, me emocionou, fez pensar. Como disse a Erica lá no blog dela, crescemos e nos desenvolvemos ouvindo várias mentiras, tais como:
  • Existe um padrão de beleza que nos torna felizes;
  • Existe um jeito certo de ser;
  • Existe um tal de padrão de normalidade.
  • Se as pessoas não te acham bonita, então você é feia.
A gente escuta tanto essas mentiras que boa parte das pessoas acreditar nelas e vive buscando esse estilo de vida que para mim é um tipo de morte. Porém, muitos não são todos, há aqueles que descobrem as suas verdades sobre beleza, normalidade e formas diferentes de ser... Algumas dessas pessoas prefere se esconder do mundo e viver se achando um floco de neve único, especial e solitário, outros gritam ao mundo suas descobertas, pois sabem que, como diz a Bíblia, quando a gente conhece a verdade pouco a pouco ela vai nos libertando.

A Erica Ferro é esse tipo de pessoa com personalidade e capacidade de gritar ao mundo, ela explica direitinho o que é "Síndrome de Möebius". Só desejo divulgar o texto dela aqui.


Ah, só para constar: pessoas com Möebius são expressivas!

terça-feira, 14 de julho de 2015

Quando me encontrei em um livro...

Encontrar-se consigo mesmo dentro de um livro não é raro para pessoas para as quais a leitura é uma rotina. Vez ou outra estamos lá lendo aquele livro e de repente acontece... e quando acontece não é raro que a gente tenha um momento de catarse emocional.

Há alguns dias atrás, a convite do Alexandre Melo me peguei lendo "A lista" da Cecelia Ahern. Não foi meu primeiro encontro com a autora, então apesar de esperar um bom texto e uma boa história, não esperava esse tipo de encontro.

Engraçado, no meu primeiro encontro com a Cecelia espera muito dela e ela me deu bem menos, nesse segundo encontro não esperava nada e ela me deu uma pequena porção de tudo. Bem, isso me leva a pensar que quando dizemos "todos merecem uma segunda chance" é bom incluir autores nisso.

A história contada em "A lista" me pegado desde o começo, sentir empatia pela protagonista nas primeiras páginas, mas foi o encontro com a história da Eva Wu na reta final a minha grande catarse. A Cecelia me enterneceu e surpreendeu!


Não escrevo nesse blog diariamente, mas esse blog tem mini-pretensões à diário e um diário também se faz de pequenos registros... Esse post foi escrito pela minha necessidade de guardar em um lugar quente e pessoal esse acontecimento, mas se alguém desejar saber um pouco mais sobre minhas impressões a respeito desse livro pode passar lá no blog do Alexandre, fiz a resenha do livro para ele e deixo o link.



sábado, 11 de julho de 2015

Era uma vez uma turminha de crianças...


Era uma vez uma turminha de crianças de dois a três anos de idade, eles amavam livros e leitura.
Todas as tardes, mesmo quando a educadora estava indisposta, eles exigiam seus livros e suas histórias.
Essas crianças amavam tanto as histórias a ponto de serem capazes de contagiar quem estava em volta.
Eles levavam até pós-adolescentes que não leem nem pra si a se debruçar sobre livros.
Todas as tardes essa turminha renova a crença de uma certa educadora em seu trabalho.
Graças a eles todas as tardes a educadora volta a acredita em si, no seu trabalho, em suas escolhas.
Olhando eles agarrarem cada um seu livro preferido ela se sente estranhamente realizada.
As vezes ela não sabe se ri ou chora e na duvida, sendo geminiana, faz os dois.

domingo, 5 de julho de 2015

Top 10: Melhores Livros de 2015.1

Já é tradição, em Julho, seguindo o ideia do Luciano do .Livro, faço a lista dos dez melhores livros do semestre. Segundo ele mesmo disse, essa post é um ode ao "tempo que não para".

Sobre a lista, ela foi feita seguindo a ordem da conclusão de cada livro e não de preferência. Os livros citados aqui se equivalem em questão de qualidade. Como não escrevi resenha para cada um deles, optei por comentar cada um deles.


"Ratos e Homens" de John Steinbeck, o Luciano foi o responsável por colocar John Steinbeck no meu mapa afetivo. Em fins de 2014 vi a resenha desse livros no .Livro, o interesse foi imediato. Steinbeck é um observador atento e um contador de histórias consciencioso, a história de todos os personagens é contada de uma forma ou de outra e no final... no final não tem como não se emocionar. "Ratos e Homens" tem peso emocional, nele conhecemos o cotidiano de trabalhadores rurais temporários, homens que vagam de lavoura em lavoura trabalhando muito para ganhar pouco.


"Universo Desconstruído: Ficção Científica Feminista" é trata-se de uma coletânea de contos de diferentes autores e autoras com uma abordagem feminista. Quem me conhece sabe que sou feminista, consequentemente atormentada consciência de que mulheres são seres humanos plenos em possibilidades de ser e está no mundo. Navegar pelas histórias contidas nesse livro é uma experiencia deliciosa, inquietante, instigante e diferente, devo a ele uma resenha completa, sei disso. Por hora, você podemo conferir a opnião da Sybylla lá no Momentum Saga, o e-book é gratuito.


"Morte: Edição Definitiva" de Neil Gaiman. Morte dos Perpétuos tem sido minha personagem preferida do universo de "The Sandman" desde o primeiro encontro. Foi uma realização pessoal ter em mãos todas as suas histórias em um volume. E sim, a caneca da foto foi um presente do Alexandre. Como não amar pessoas que respeitam meu gosto por essa personagem conscienciosa, empática, amorosa e fiel aos seus princípios e responsabilidades?


"Mentirosos" de E. Lockhart, ganhei esse livro em um evento promovido pela Editora Seguinte aqui em Recife. De cara classifiquei ele como "drama dos muitos ricos" e rejeitei por longo tempo. Mas, um dia o livro chamou o meu nome, respondi e me deparei com uma autora surpreendente. E. Lockhart é uma mestre contadora de histórias, certeira, não desperdiça palavras, nos faz caminhar em sua história sem que sintamos o peso dos passos e então nos oferece um desfecho inacreditável do tipo "só lendo para saber".


"Kiki de Montparnasse" de Catel e Bocquet. Aaah como não amar a história da simpática Kiki de Montparnasse? Só de pensar nessa HQ me vem um sorriso ao rosto. Kiki viveu no inicio do século XX em meio a boemia francesa, foi uma mulher dona de si e de seu corpo com um coração enorme capaz de inspirar vários artistas tanto no terreno da pintura quanto no da fotografia. Ela foi uma mulher livre, viveu segundo suas normas e desfrutou da experiencia de exercer sua liberdade. A forma despretensiosa, quase zombeteira, com a qual ela sustenta a si nos quadros e fotos já me inspirava antes de conhecer sua história.


"Violent Cases" de Neil Gaiman e Dave McKean. Minha coleção de Neil Gaiman só cresce, assim como minha sensação de intimidade ao adentrar nesse mundo despretensioso, porém cativante criado por ele. Em "Violent Cases" um homem rememora um episódio de sua infância onde o osteopata de Al Capone, festas infantis e situações de violência se encontram. A proposito, o produto da soma "Gaiman + McKean" tende a ser algo levemente perturbador.


"Precisamos Falar Sobre o Kevin" de Lionel Shriver: por esses dias um rapaz entrou em uma igreja americana e matou várias pessoas. Tal fato causou comoção, o próprio presidente Obama esteve no velório das vitimas, citou cada uma delas pelo nome, entoou um cântico espiritual com os parentes e amigos das vitimas. Me arrepiou a situação, me arripa a recordação. Situações assim parecem ser dolorosamente comum nos EUA e Lional Shriver se propõe a refletir sobre como esse tipo de jovem é gestado ao contar a história de Kevin Khatchadourian, 16 anos – autor de uma chacina que liquidou sete colegas, uma professora e um servente no ginásio. Quem narra a história é a mãe dele, sempre o réu principal no tribunal social no qual são distribuídas as culpas.


"Azul é a Cor Mais Quente" de Julie Maroh. Pensando nesse livro me pergunto se houve algum momento na história do Ocidente no qual a homoafetividade fosse tão discutida e os homossexuais brigassem com tanta coragem por seus direitos. Uma das personagens de "Azul é a cor mais quente" é militante nessa batalha, mas o HQ não é sobre isso. Ele é sobre amor, solidão, dor, desamparo. Como disse o Rafael, em raro momento de lucidez: "Não é uma história de amor, é um drama!". Mas também não é só drama, é belo, humano, cálido e inesquecível. Obrigada Rafael!


"A Vida Privada das Árvores" de Alejandro Zambra. Pense em um texto no qual não sobra uma misera palavra, virgula ou adjetivo. Pensou? Pois eu também, e a minha resposta imediata foi: "A vida privada das árvores". Esse chileno escreve com lirismo, atenção ao cotidiano e economia de palavras. Em um mundo cada vez mais prolixo, onde é comum usar muitas palavras para dizer "pouco e menos ainda", ler um texto assim é um refrigério para a alma, uma lição de escrita também.


"O Príncipe dos Canalhas" de Loretta Chase, esse livro foi quase um alivio cômico em um "TOP 10" onde reinaram dramas. A Loreta Chase é divertida, tem escrita leve e um pouco fora do comum. Ri muito lendo "O príncipe dos canalhas", me apaixonei pelo Lord Belzebu, estou pedindo mais dessa autora para a minha vida. Como ela escreve bem e é humorada!



Menções Honrosas: nesse primeiro semestre de 2015 tive o prazer de reencontrar dois velhos e queridos amigos. Eles estava com roupas diferentes das usadas em nossos encontros anteriores, mas não menos honrosas. "O Amante" de Marguerite Duras veio em forma de e-book e "Stardust: O Mistério da Estrela" de Neil Gaiman em formata de livro ilustrado. Esses livros são velhos amigos, com os quais é bom reencontrar pois trazem consigo tanto novidades como histórias inesquecivelmente acolhedoras, reler é como reencontrar consigo mesmo em tempos diferentes.

Ponderações sobre as leituras a partir da lista:
  • O kobo me conquistou, possui um grande espaço em minha rotina de leituras. Metade de meu top 10 ser composto de e-books denuncia isso;
  • Neil Gaiman pode não ser meu autor preferido, mas é mais lido. É o único autor com 2 livros na lista;
  • HQs é definitivamente um dos meus gêneros textuais preferidos, dos 5 livos físicos, 4 são HQs; e
  • Nossa como teve drama nesse "TOP 10", ao menos 4 livros tiveram essa pegada, para o próximo semestre mais amor por favor!
Para conferir a lista do Luciano, clique na imagem abaixo!


sábado, 4 de julho de 2015

Saudades [Blogagem Coletiva do 1º Sábado #2]


Em algum momento desse período entre os 25 e 30 [tenho 29 anos agora] ocorreu-me: viver é também acumular saudades. Não sou nem mesmo uma pessoa idosa, mas já acumulo tantas saudades.

Tenho saudades da biblioteca da escola do ensino fundamental 2 e média, mas não a de agora. Meu sentimento é por aquela versão localizada na penúltima e imensa sala do terceiro corredor. Tinha uma árvore na frente dela na sombra da qual um dia a professora Christianne decidiu dar uma aula para uma turma que não era a minha... Por dentro ela era dividida em quatro partes, arejada, com muitos basculantes e ventiladores. Silenciosa, mas permitia ouvir os barulhos de fora. Sem condicionadores de ar. Perfeita... Quando eu preciso de paz, fecho os olhos e volto para lá.

Tenho saudades da Erica, de seu sorriso cujo som lembrava o tinir de sinos... Ela tinha longos cabelos castanhos, era muito magra, alta, falava alto, era conscienciosa com a condição de moradores de ruas... Alegre... Entre os 13 e 14 anos, adorava romances de banca... Quando leio meus diários simplesmente gostaria de não ter desperdiçado o tempo brigando tanto... Eu lamento tanto cada discussão desnecessária. Nós vamos nos encontrar na Eternidade e no entanto, nesse exato momento, gostaria de poder me encontrar com ela nas redes sociais ou na esquina de qualquer rua de Recife... Me pergunto se um dia, vai doer menos encontrá-la na paginas dos diários.

Tenho saudades do meu amigo Felismino, da confiança mutua na opinião um do outro, dos encontros na igreja nas manhãs de domingo, das caminhadas para casa. Nossas conversas eram feitas de planos para o casamento dele, conflitos do meu namoro/não-namoro, experiências de escrita, coisas da docência, família... ternuras... Aquela rotina de fazer acontecer as aulas e as festas de um departamento infantil com cerca de uma centena de crianças sustentado por menos de uma dezena de adultos mal pagos, porém capazes de atitudes de desprendimento sem tamanho. Certos amigos ajudam a construir nosso caráter, são moralmente edificantes, deixam marcas na forma através da qual decidimos quais atitudes tomar diante das situações da vida. Essas amizades só podem ser interrompidas por algo definitivo. São inesquecíveis.

Tenho saudades das sombrinhas com as quais Voinha me presenteava. Sou uma pessoa área e esquecida, completo ano no penúltimo dia de Maio, Junho é tradicionalmente um mês chuvoso em Recife e por isso Voinha sempre me presenteava com sombrinhas. Sinto saudades não só das sombrinhas, sinto saudades do jeito resmungão de Voinha, de como ela comia pouco e ainda xingava a pobre comida, do seu sarcasmo, do seu cheiro, da pele dele... Meu Deus como Voinha reclamava das coisas kkk... Parece uma versão minha 50 anos mais velha... Ou eu sou uma versão dela 50 anos mais jovem? Eu me encontro com ela cada vez mais, enquanto me vejo instintivamente fazendo coisas como ela fazia, especialmente aquelas que me aborreciam profundamente... kkkk...

Me pego descobrindo várias e variadas saudades:

De quando meus tios me colocavam em cima de seus ombros e eu era um gigante;
De dormir com tia Neide;
Da terceira série;
De conviver diariamente com Aline;
Do gosto dos chocolates trazidos por meu pai para mim e meu irmão;
Dos brinquedos vindos dos interiores do Nordeste;
Das enormes barras de doce de leite da minha infância;
Dos litros de mel vindo do Sertão;
Das longas conversas com seu João lá da venda;
Da turma do ônibus dos meus dias de graduação;
Do tom de voz e da forma de se expressar da minha orientadora do mestrado;
Das visitas ao arquivo em minha época de mestrado;
De ir sozinha ao cinema depois de passar a tarde pesquisando no arquivo da Fundação Joaquim Nabuco;
De encontrar a Bella na parada do ônibus, esquecer o cinema e ficar de papo sobre tudo e nada;
Da primeira infância de algumas crianças, hoje na segunda infância;
Da segunda infância de alguns adolescentes;
Da terrível adolescência (quem diria?) de algumas mulheres e homens agora adultos...

Quanto mais me concentro, mas penso nas coisas das quais sinto saudade... Mas, vejam só, nesse esforço de memória, constato absurdada: saudade não é propriamente sinônimo de falta ou de ausência.

Todas as coisas das quais sinto saudades são coisas minhas... Experiências, pessoas amadas, conversas, realizações, fazes da vida presas no passado, mas não necessariamente perdidas...

Nossa... De repente me pergunto se essas experiencias e pessoas das quais tenho saudades não estão necessariamente perdidas, se elas não estão logo ali ao alcance da lembrança... Embora não possa mais morar com elas, posso visitá-las, cultivá-las, não deixar que se percam.

Lembrar talvez seja uma eterna forma de resgate.

Saudade talvez seja um sinal de vida; espaços preenchidos; sonhos sonhados; experiências vividas, desejos realizados...

Talvez sentir saudade não seja, como estive pensando até um momento atrás, um tipo de estranha coleção de ausências. Talvez, seja o contrário, talvez saudade seja um conjunto de inúmeras presenças.

Quem sabe saudades não é a soma das pessoas e experiências marcantes ao ponto de não poderem ser esquecidas ou ignoradas, mesmo quando fazem parte de um passado impossível de ser recuperado por qualquer caminho além do oferecido pela memória.
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Esse texto faz parte da Blogagem Coletiva promovida pela Ana Paula e pela Tina Bau Couto.
Para conferir as outras participações basta ir lá no "Lado de fora do coração".

quarta-feira, 24 de junho de 2015

TAG Neil Gaiman

Há algum tempo encontrei no .Livro a "Tag Neil Gaiman". A primeira coisa que pensei quando vi foi: "Isso é coisa da Lu!" e a segunda: "É obvio que vou responder!". Realmente era coisa da Lu, lá no "Aceita um leite?" é possível conferir as respostas dela e aqui vão as minhas.



1 - Coraline - Coraline: Aquela vez que você precisou tomar cuidado com o que desejava.

Tentei lembra um momento especifico para contar. Não consegui. Explico: acredito em um "Deus que realiza os desejos do nosso coração" e no poder das palavras (o próprio Deus criou o mundo a partir delas), para completar, sou o tipo de pessoa que leva TUDO a sério... assim... todos os dias tomo cuidado com meus desejos e tenho certo medo deles e onde me levarão.

2 - Richard Mayhew - Lugar Nenhum: Aquela vez que você se sentiu em casa longe de casa.

Em uma paráfrase descarada: Basicamente em São Paulo.

A parte isso, sempre que abro um livro de um autor querido me sinto em casa, por isso independente do destino levo a Bíblia, o Kobo e um livro físico comigo.

3 - Shadow - Deuses Americanos: Aquela vez que você se viu rodeado de pessoas incríveis.

Quando estou com os irmãos da minha mãe, eles são meus heróis de infância.

4 - Wednesday - Deuses Americanos: Aquela vez que você precisou batalhar por si mesmo.

Quando precisei conquistar uma profissão para chamar de minha. Uma coisa é desejar ser uma coisa, outra é conseguir ser, há todo um caminho a percorrer: conquistar uma vaga no pré-vestibular, conseguir a inscrição (na minha época era paga, cara e eu não queria pedir a ninguém #orgulhosa), o nome no listão, todo o processo da graduação, o emprego...

5 - Anansi - Os Filhos de Anansi: Aquela vez que o mundo foi seu parque de diversões.

Naqueles momentos no quais consigo envolver as crianças/adolescentes nas atividades propostas e a aula flui... Nesses momentos o mundo é um carrossel de parque de diversão... Eu rio alto e sinto o sabor do vento enquanto galopo no cavalo de madeira azul.

6 - Timothy Hunter - Os Livros da Magia: Aquela vez que você descobriu os próprios poderes.

Quando soube que meu nome estava no listão dos aprovados na seleção do "Pré-Acadêmico da UFRPE". Sentir a distancia entre mim e meus sonhos diminuir ali.

7 - Orquídea Negra - Orquídea Negra: Aquela vez que você precisou mostrar os seus poderes.

Abril de 2014, foi um mês tenso e houve dois momento, um para cada instituição na qual trabalho, nos quais todos os super-poderes foram revelados.

Foi assustador, empolgante e surpreendente colocar tudo para fora e nunca me senti tão exposta, frágil e forte. Foi épico! Houve quem dissesse "é mais macho que muito homem". Ganhei repeito, amores e ódios, alguns dos quais perduram até o momento.

Há bem e mal em mostrar seu modulo 100%,  mas todo mundo devia mostrar seus super poderes uma vez na vida, só pelo prazer de se sentir protagonista da história.

8 - Destiny - Sandman: Aquela vez que você percebeu que não dava para lutar contra a corrente.

Em novembro de 2013 meu mantra era: "A gente não pode consertar o mundo sozinha!", me sentia sufocada, caindo, desaparecendo, me afogando. O jeito foi me deixar levar pela corrente. No momento me sentir vencida, mas agora, nesse exato momento, isso não é uma metáfora, entendo o quanto parar de brigar com a corrente me fez ser capaz de reunir a energia necessária para a catarse de abril de 2014.

9 - Death - Sandman: Aquela vez que você precisou dar uma lição em alguém.

Se eu disser que agora mesmo tenho uma lista de pessoas com as quais vou ter uma conversa séria vocês acreditam? Sou professora e irmã mais velha de um cara "mala sem alça", é parte constitutiva da profissão dar lições.... hohohoho Por isso amo a Death, ela faz o trabalho dela porque é o trabalho dela e ainda se importa a ponto de se encontrar com a pessoa e dar lições.

10 - Dream - Sandman: Aquela vez que você aprendeu uma grande lição.

Quando eu vi Mainha cuidando do pai do meu pai - Voinho - durante a convalescença dele diariamente. Voinho foi um ótimo avó durante toda minha vida, mas nem sempre foi um ótimo sogro para minha mãe. E isso não fez diferença no julgamento dela. Ela me deu a maior lição de cristianismo.

domingo, 21 de junho de 2015

Volume 1 de "Os miseráveis": Fantine

Honestamente, preferia não comentar "Os miseráveis". Apenas o exercício de ler o livro em si já é doloroso, escrever então é sofrível. Chego a me contorcer contemplando a página em branco, maaaasss faz parte das regras do jogo, ou do "Projeto Victor Hugo" escrever sobre a leitura e cá estou eu. O livro é dividido em 5 volumes, os quais são: Volume I: Fantine; Volume II: Cosette; Volume III: Marius; Volume IV: Idílio da Rua Plumet e epopeia da Rua Saint-Denis; Volume V: Jean Valjean. Como o titulo do post anuncia, aqui vou falar sobre o vol. 1 "Fantine".

Segundo consta Victor Hugo levou 40 anos para escrever esse livro e se ele escreveu sem pressa é melhor ler sem pressa também. Como o livro já tem lá seus 153 anos é fato publico e notório ser a trajetória de Jean Valjean o coração da obra e senti uma enorme ansiedade pelo encontro com ele, porém minha ansiedade foi devidamente trabalhada, para não dizer martirizada, pisada, oprimida e assassinada, até o ponto de definhar e morrer.

Antes de conhecer Jean Valjean, somos apresentadas ao Bispo Myriel, Dom Bienvenu. Cristão consciencioso, ele é capaz de transforma a confortável casa paroquial em hospital, doar a maior parte de sua renda para os pobres, jamais fechar a porta da sua casa, viver unicamente para servir e servir para viver. Fica claro o porquê desse homem ser capaz de abrigar Jean Valjean, então um "mal elemento" recém saído de um carcere de 19 anos anos, com tendencia a violência, ares de louco, fedegoso e desesperado.

Assim como a trajetória do Bispo Myriel, a vida de Jean Valjean é descrita longa e detalhadamente. Nenhum ponto é ignorado: sua vida dura como irmão de uma mulher com muitos filhos e nenhum marido, o fatídico episódio do roubo de um misero pão, o castigo desproporcional e desumano como trabalhador forçado galés por 19 longos anos, as fugas, a dolorosa consciência de ser vitima de injustiças, a construção da brutalidade no coração daquele homem e transformação que ocorreu após o seu encontro com o Bienvenu.

Amo a Fantine da Anne Hathaway 
Só depois de vislumbrar a vida desses dois sujeitos, e o seu encontro, nos é dado a conhecer a trajetória da moça Fantine.  Um moça órfã, de origem desconhecida, que se envolve com um mauricinho rico e prepotente e herda dessa relação uma filha sem pai. Mãe conscienciosa, ela faz todo tipo de esforço possível e imaginável para manter essa filha... quando não tem mais o que vender para manter a menina Fantine vende a si e encontra a degradação... É no meio da degradação assim como Jean Valjean encontrou a benevolência do Bispo Myriel ela vai encontrar a dele.

Uma velha máxima diz: "Todos possuem uma história.", tal máxima parece que a força motriz de Victor Hugo ao escrever. Em sua narrativa nenhum caráter fica descoberto ou descrito superficialmente, todos os personagens a entrar na história tem sua trajetória contada em detalhes. Não há pontas soltas ou detalhes não revelados. Os pobres, os ricos, os oprimidos, os opressores... as misérias humanas são exploradas enquanto os miseráveis levam suas vidas até o seu limite.

Não canso de contemplar absurdada a atualidade dessa história, como em 153 anos o Ocidente caminhou tão pouco na direção da diminuição das desigualdades sociais, da miséria humana, da fragilidade da infância, da hipocrisia dos que possuem muito.

A miséria humana denunciada no século XIX é atual no século XXI.

E no Brasil a comissão Câmara dos Deputados que discute a maioridade penal aprovou no ultimo dia 17 o relatório do deputado Laerte Bessa (PR-DF) que reduz de 18 para 16 anos a idade penal para os crimes considerados graves.

Por favor me belisquem, me acordem, eu estou tendo um pesadelo terrível. O "momento presente" é uma distopia, o texto escrito por Victor Hugo continua sendo necessário e eu gostaria que não fosse.
"Enquanto, por efeito de leis e costumes, houver proscrição social, forçando a existência, em plena civilização, de verdadeiro infernos, e desvirtuando, por humana fatalidade, um destino por natureza divino; enquanto os três problemas do século - a degradação do homem pelo proletariado, a prostituição da mulher pela fome, e a atrofia da criança pela ignorância - não forem resolvidos, enquanto houver lugares onde seja possível a asfixia social; em outras palavras, e de um ponto de vista mais amplo ainda, enquanto sobre a terra houver ignorancia e miséria, livros como este não serão inúteis." (Victor Hugo, Hauteville-House, 1862).

Esse texto pertence ao "Projeto Victor Hugo"


sábado, 13 de junho de 2015

A leitura da vez [Blogagem Coletiva do Sábado]

A Ana Paula e a Tina, propuseram uma vez por mês, nos sábados, um dia meio parado na blogosfera, a realização de uma "Blogagem Coletiva". Funciona mais ou menos como se a blogosfera fosse um varal no qual as pessoas interessadas podem pendurar coisas nele. Essa semana é a primeira experiencia, para ela a ideia é pendurar "A leitura da vez".

Não costumo ler um livro só por vez, leio alguns livros ao mesmo tempo. Então vou citar aqui apenas os livros que monopolizaram minha atenção durante essa semana.

Os infantis foram "Tem bicho que sabe..." de Toni & Laíse e o "Meu coração é um Zoologico" de Michael Hall.


Ambos pertencem ao acervo da creche na qual trabalho e foram lidos e relidos durante essa semana. Confesso, enjoo dos livros primeiro que as crianças, aos dois anos elas gostam muito de repetição, eu também gosto, mas... essa semana vou para uma temática nova. [Mentira, quando as crianças lembram de uma história a ponto de saber pedir com clareza, fico tão emociona e reconto. #Molenga]

Quanto aos adultos os lidos durante essa semana foram:


"Noites sem fim" do Neil Gaiman, trata-se de uma coletâneas de contos sobre os cada um dos Sete Irmãos Perpétuos (Death, Sandman, Delirium, Destino, Destruição, Desejo, Desespero). Para mim o Gaiman é um autor amigo, sempre tenho um livro dele não lido na estante para quando eu preciso de um ombro amigo e nessa semana precisei.

"Cordeluna" da Élia Barceló é uma aventura na qual presente e passado se encontram por meio de magia. Parte dela se passa na Península Ibérica na época das Guerras das Reconquistas e parte dela na Espanha atual. Solicitei ele através da parceria do "O que tem na nossa estante" como a Editora Biruta justamente por essa jogada da autora.

"Os miseráveis" do Victor Hugo está sendo lido a trocentos anos atrás devido ao meu projeto com o Alexandre do #DoQueEuLeio. Essa semana finalmente desatolei de Waterloo. O livro é dividido em 5 volumes, o "Volume 1: Fantine" é sofrido, mas tem uma história cativante do inicio ao fim. Já o "Volume 2: Cosette".... Noooooossaaaaaa... O Victor Hugo começa esse voluma com uma narrativa densa e quase espiritual da Batalha de Waterloo. Gente, não estudei "História da Educação" por amar narrativas de guerras! Foi sofrido ler sobre Waterloo, mas finalmente vou avançar na história. #Aleluias
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Essa foi minha participação, se você quiser participar pode pendurar sua leitura, a forma é livre, nas palavras da Ana Paula é:
"Tudo livre e leve, feito vento a balançar o varal - vale resenha, foto do livro, revista, frase, motivo da leitura, o que você quiser. Sob o sol da blogosfera, vamos espiar os comentários, chamar um vizinho a participar!"
E se não deu para participar hoje,  no primeiro sábado de julho tem mais. No dia 04 de Julho o tema será comida.

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Projeto Victor Hugo 2015


No inicio de 2015, livrarias acima... livraria abaixo... eu e o Alexandre atinamos de falar dos clássicos da literatura universal... Conversa vai conversa vem decidimos ler "Os miseráveis" de Victor Hugo, virou nosso projeto pessoal e, depois de uma ou duas protelações aqui e ali, acabamos chamando a nossa experiencia de "Projeto Victor Hugo 2015".

Esse projeto tem se revelado uma verdadeira aventura literária, uma Odisseia literária particular e agradável na qual estamos descobrindo a velha novidade desse autor francês tão comprometido com os problemas sociais e as possibilidades de resolução para eles. Nós nos encantamos a cada capitulo e faze da história e talvez por isso de repente nos vimos na iminentes necessidade de partilhar com o mundo nosso entusiasmo.

E o Alê resolveu convidar os nossos companheiros de virtualidade a ler conosco, fez um banner e me convidou a escrever com ele sobre essa viagem. O nosso post em dupla está disponível no blog dele #DoQueEuLeio

E a proposta eu roubo as palavras do Alê para explicar
"A proposta não é que você pare de ler todos aqueles maravilhosos livros que você já está lendo ou pretende ler e focar só em Os Miseráveis, muito pelo contrário, decidimos fazer uma leitura lenta, degustando a narrativa, e claro, intercalando com outros livros que por acaso deseje ler...
SE você não tem Os Miseráveis, não tem problema, é só uma sugestão. Pode ler outro do autor. E então, escolheu um livro? Ou já está lendo algum desses? Posta no teu Intagram uma foto do teu livro com a hashtag #ProjetoVictorHugo2015 , mas se você já leu, então conta aqui pra gente sua experiência com esses clássico, e se quiser participar dessa jornada com a gente, é só começar. " 
Endossando as palavras dele, deixo aqui o meu convite aos companheiros de virtualidade a encarar essa experiencia.

Em tempo, preciso dizer, tenho consciência de que ano de 2015 não tem sido frutífero em experiencias de escrita aqui nesse blog. Sempre fui uma blogueira sem muita pressa para escrever sobre as coisas, sem agenda fixa, amante da slow blog, mas tenho a impressão de está levando esse descompromisso as rais da loucura... Desculpem as ausências amigos!