quinta-feira, 8 de julho de 2010

Reta final nos preparativos da EBF

Correria geral, sai do trabalho corre para a casa das meninas, reunião... reunião... reunião, faz material, refaz materia... escreve, recorta, cola... corre mais... meus dedos estão quase todos cortados, eu cortei minha mão com papel, isso mesmo o papel cortou meus dedos... Isso parece mentira, mas sempre corto meus dedos com papel e com meu próprio cabelo... É uma coisa séria!

Na reta final estamos fazendo a faixa de divulgação:

E outros cartazes mais:

Cartaz para para a sala dos meninos e meninas de 09 a 10 aninhos.

Cartas para a sala dos pimpolhos e pimpolhas de 07 as 08 aninhos.

Minha música!!!

Ontem a conversa de meus irmãos entrou novamente madrugada a dentro, eu confesso que não acompanhei, estava com sono demais para isso... mas peguei uma parte da conversa, a parte em que os meninos falavam de musicas que os caracterizavam, em certo momento rindo um pouco, eles disseram que a musica que me caracterizava era Negue.

Fala sério!!! Eu não sou tão assim, embora eu ainda esteja achando engraçado que meus irmãos tenham me dado essa canção e seja ainda capaz de grava o registro desse momento... de duas uma ou eles vão me ver de outra forma posteriormente ou eu vou perseber que eles estão certos... enfim, eu não sei qual das duas opções é mais correta... no mais não aguentei terminar a noitada conversando e não sei direito para onde a conversa foi... Fica a música e o video de Maria Bethania arrasando (na minha opinião) cantando essa música feita para roer!!!

Negue
Adelino Moreira/Enzo de Almeida Passos

Negue seu amor, o seu carinho
Diga que você já me esqueceu
Pise, machucando com jeitinho
Este coração que ainda é seu
Diga que meu pranto é covardia
Mas não se esqueça
Que você foi meu um dia
Diga que já não me quer
Negue que me pertenceu
Que eu mostro a boca molhada
Ainda marcada pelo beijo seu

Cazuza!

Hoje acontece mais um aniversário de morte de um de meus poetas preferidos, dessa vez o anivessariante é Cazuza...

No meu imaginário Cazuza aparece muito mais como poeta do que com cantor, uma vez que tive primeiro contato com as letras de suas canções escritas, lidas em livros didáticos e afins. Só depois de bem crescida, quando dominei a tecnologia do computador conheci o Cazuza cantor, o que aconteceu pq eu não era uma adolescente muito dada a escutar músicas, não era mesmo meu forte, eu gostava mesmo era de ler, nunca fez muita diferença o que eu escutava, muito diferente do que eu lia, isso sim fazia toda a diferença.

E sempre que eu achava uma música de Cazuza ela se fixava a minha memória, lembro que eu costumava recitar Exagerado para Rafaela, minha irmã caçula, eu dizia a ela: "Amor da minha vida, daqui até a eternidade..." e realmente ela é o amor da minha vida... minha irmã é linda, é a coisa mais linda do mundo e enquanto era criança gostava dessas leseras...

Também gostava de Malandragem, li a letra dessa canção em algum lugar e adotei: "Quem sabe ainda sou uma garotinha..." eu gostava dela pq sempre esperava o ônibus da escola sozinha e durante um tempo ir para a escola me deixava melancólica, eu rezava baixo mesmo pedindo perdão por meio mundo de coisas más que eu pensava e coragem... Depois eu passei a caminhar da minha casa até a escola, mas não parei de pensar nessa música, fui descobrindo Cazuza aos poucos nos meus momentos de melancolia... depois conheci aquela música "Minha flor meu bebê" que conta tão bem uma história altamente boba que eu vivi. 

Houveram outras canções associadas a uma critica social e a conteúdos de história das quais eu gosto muito, porém para concluir deixo aqui, como forma de marcar a memória desse dia e não como forma de celebração, a letra de "Todo amor que houver nessa vida" que, na  minha opinião- que não é isso tudo, ficou perfeita na voz de Maria Bethania.

Todo amor que houver nessa vida
Composição: Frejat/ Cazuza

Eu quero a sorte de um amor tranqüilo
Com sabor de fruta mordida
Nós na batida, no embalo da rede
Matando a sede na saliva
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum trocado pra dar garantia
E ser artista no nosso convívio
Pelo inferno e céu de todo dia
Pra poesia que a gente não vive
Transformar o tédio em melodia
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum veneno antimonotonia
E se eu achar a tua fonte escondida
Te alcanço em cheio, o mel e a ferida
E o corpo inteiro como um furacão
Boca, nuca, mão e a tua mente não
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum remédio que me dê alegria
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Ah, até pouco tempo atrás todos os meus autores preferidos formavam um celebre batalhão de mortos,  não tinha um vivo sequer, esceto os que se relacionavam a minha vida profissional!! Recentemente adicionei a essa galeria estranha alguns autores vivos, e o curioso é que muitas vezes eu me pego sentindo um estranhamento enorme em  gostar da produção de autores vivos enquanto não sinto nenhum estranhamento em gostar da produção de um  Cazuza, que viveu de uma forma tão constantemente condenada por meus pares dentro da sociedade.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Antiga anedota Alemã narrada por Freud


"Os habitantes de um vilarejo chamado Schilda possuíam um cavalo. Mas não estavam satisfeitos: ele consumia aveia demais e esta era cara. Resolveram corrigi-lo pouco-a-pouco. Todos os dias diminuíam a ração em alguns grãos, até que fizeram com que ele se acostumasse abstinência quase completa. Por um tempo tudo correu às mil maravilhas. O cavalo já estava comendo apenas um grãozinho. No dia seguinte iria certamente trabalhar sem alimento algum. Entretanto, o que ocorreu não foi isso: no outro dia, o cavalo amanheceu morto. Os cidadãos de Schilda não souberam explicar por quê."
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DAVID, Sergio Nazar. Freud e a Religião. Rio de Janeiro: Zahar, 2003. p. 45.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Chega de Bullyng


Enfim chegou o grande dia, o dia da postagem proposta pela Vanessa do Mãe é tudo igual. Uma postagem na qual venho pensando a algum tempo, ponderando o que vou ou não escrever a respeito desse tema tão polêmico, tão constante e tão presente no cotidiano escolar dentro e fora das paredes da escola, hoje o bullyng que acontecia dentro do universo escolar e que no máximo chegava aos espaços que estão em torno da escola, rompe fronteiras e chega até mesmo na net, a Nova Escola da Editora Abril em sua edição Junho/Julho por exemplo, abordou o Cyber Bullyng como matéria de capa mostrando o quão latente é esse problema no cotidiano escolar.

Fico muito reçabiada de dar minha opinião nesse caso, mas vamos ao que eu penso a respeito:

O que ocorre é que a escola, tanto quanto a Internet, são espelhos da sociedade, o que acontece na escola nada mais é do que o acontece em sociedade e a sociedade em si é preconceituosa, homofóbica e despreparada para conviver com as diferenças.

Negros, Gays e pessoas que fazem uma opção por viver um estilho de vida diferente do habitual podem contar milhares de casos e situações em que passaram por constrangimentos e afins por não serem "iguais" a maioria das pessoas.

Só para dar um exemplo de como diferentes são tratados no Brasil, no site do Grupo Gay da Bahia  nós vemos o resultado de um relatório que fala que em 2009 foram assassinados no Brasil  198 homossexuais,  pessoas que foram assassinadas por viverem sua sexualidade de forma diferente, um dado que não deixa de ser alarmante.

E o que falar da situação do negro? Rita de Cássia Fazzi tem um trabalho impressionante que fala sobre a situação da criança negra na escola "O drama racial das crianças brasileiras – socialização entre pares e preconceito" onde, baseada em uma solida pesquisa cientifica, a autora, professora do departamento de Ciências Sociais da PUC/MG, mostra entre outras coisas como a instituição escolar e os próprios educadores são cheios de preconceitos em relação as crianças negras.

Quanto a pessoas que vivem um padrão de vida diferente, paltado por exemplo por uma forma de religiosidade mais ortodoxa, bem ai eu posso falar por mim que sou evangélica e congrego em uma igreja conservadora com costumes bem rígidos que vão desde um cabelo que não deve ser cortado a tipos específicos de roupas. Por exemplo, eu só uso saia e camisas com manga e adulta já passei por diversas situações super chatas por carregar essa estética evangélica, assim como amigos meus que são do candomblé passaram e passam por situações humilhantes por carregarem sua estética sendo chamados até de filhos do diabo, algo que acho muito forte de se dizer de qualquer um.

A sociedade é preconceituosa e esse preconceito vai invariavelmente parar na escola, não tem jeito. O bullyng, que pode ser descrito como ato de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo ou  grupo de indivíduos com o objetivo de intimidar ou agredir outro indivíduo ou grupo de indivíduos incapazes de se defender, é um reflexo da nossa situação social, da nossa falta de habilidade de lidar com o diferente, com aquilo que nos assusta, que nos causa muitas vezes repulsa ou que achamos anormal, quadrado ou antiquado.

As crianças e adolescente (e essa é minha opinião como educadora) refletem na escola o que presenciam em casa, o que os pais fazem veladamente as crianças fazem descaradamente em público. Pais homofóbicos produzem crianças violentas contra homossexuais, pais racistas produzem crianças que vão chamar o coleguinha negro de nomes feios e pais que gostam de ridicularizar a religião dos outros vão produzir crianças capazes, por exemplo, de tascar chiclete no cabelo de uma irmanzinha, e isso não foi ninguém que me contou, eu vivi isso.

Quando eu estava na 4ª série vivi um inferno na escola pelo simples fato de assumir uma estética diferente da maioria das crianças de minha sala, era ridicularizada, xingada e cheguei até a ter meu cabelo recheado de chiclete, algo que foi extremamente dolorido para mim porque tive que corta-lo e as mulheres de meu grupo religioso se caracterizam por manter o cabelo grande. Uma colega minha do candomblé levou um murro na sua cabeça quando teve que fazer um ritual de iniciação que exigia que ela raspasse seu cabelo. Outra colega cigana passava por um grande constrangimento sempre que sumia algo na sala, a bolsa dela era a primeira a ser aberta pela professora.

A mim parece que para que a escola se transforme em um ambiente onde os diferentes possam conviver em  paz o mundo precisa se tornar um ambiente onde os diferentes possam conviver em paz! Enquanto o macrocosmo da sociedade for marcado por relações perversas de exclusão o microcosmo da escola vai continuar sendo um local marcado por violências simbólicas e concretas de todo tipo.

Claro, educadores sempre precisam está preparados para enfrentar esse tipo de dificuldade, eu e minhas amigas passamos por todas essas situações abusivas, e isso é uma leitura minha, pq nossas professoras não estavam preparadas para mediar as relações entre nossos colegas e nós..

Minha professora da 4ª série é uma pessoa ótima, mas não conseguia lidar bem com a turma, não conseguia nem mesmo tratar do processo de ensino o que se dirá das relações entre alunos sem estrutura familiar nenhuma, altamente violentos até mesmo com ela, e uma criança que se vestia de forma deslocada no tempo (eu me vestia como minha avó literalmente falando, ela sempre fazia vestidos iguais aos dela para mim). A professora de minhas duas amigas cujos exemplos citei não eram mais preparadas que ela para administrar essas "situações problema", e claro nós sofremos com isso, não poderia ser diferente. O bullyng só pode ser combatido quando a instituição escolar na figura de seus educadores estão preparados para lidar com essas situações e mediar os conflitos que são naturais.

No mais, acho que nós que somos comprometidos com a construção de uma escola que acolhe crianças e adolescentes respeitando suas singularidades estamos dando passos adiante na construção dessa escola ideal, passos lentos, mas estamos dando, assim como a sociedade da passos decisivos para essa construção, especialmente quando se mobiliza em torno de um debate sobre o bullyng como esse proposto pela Vanessa e que tantas pessoas participam com os mais diversos tipos de textos.

Debater é sempre o primeiro passo, não o único, mas o primeiro, e toda grande caminhada, já diz um ditado conhecidissimo, começa com o primeiro passo. O segundo passo é se despir dos preconceitos, tentar entender o outro e não julgar, excluir, condenar ou violentar. Se os adultos começarem a se construir como pessoas menos preconceituosas certamente as crianças vão se construir como pessoas melhores, afinal nós nos construi-mos a partir do outro.

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E bem, essa é minha opinião pessoal sobre o tema, com muitos erros ortograficos e excessos como sempre, eis também minha colaboração ao debate!!!