Caraca, fevereiro já chegou e eu ainda não terminei de registrar por aqui as minhas aventuras pelo Sul, da até uma vontadezinha de não registrar, mas, apesar do atraso, me nego a deixar em branco essa página. Um diário é feito de lembranças e esquecimentos. Eu sei, mas essa aventura do lado oposto do país é uma página na minha história para ser bem destacada.
Enfim, depois de passar dois dias na casa descobrindo o "Incrível Mundo da Ana", eu peguei o busão e fui para Nova Petrópolis, a cidade que a Tita Hart ama e queria muito me apresentar por vários motivos. Só o caminho que peguei de Caxias do Sul para Nova Petrópolis já mereceu uns cliques.
Afinal, para mim, essa paisagem e tipo de vegetação eram coisas antes vista apenas em livros, filmes e documentários. De certa forma tudo para mim tinha o encanto do novo e o Salomão estava certo: "os olhos não se fartam de ver, nem os ouvidos se enchem de ouvir" (Eclesiastes 1:8).
O primeiro de parada em Nova Petrópolis foi a "Praça das Flores", lugar lindo de morrer e no qual, na minha opinião está a resposta a pergunta: "Se o gaúcho e o recifense são tão bairristas por que o sul é tão superior em desenvolvimento?". Bem, o "Monumento ao Cooperativismo" com seus sete personagens localizado na Praça das Flores responde a pergunta.
Enquanto Pernambuco ainda se contorce nas garras do coronelismo, o qual se sustenta em cima da manutenção da miséria alheia com politicas eternamente paliativas. Enquanto ainda como governador o Eduardo Campos, simbolo máximo das elites agrarias da região, para quem não interessa uma revolução social, o sul optou por pelo por uma filosofia cooperativistas baseada na "adesão voluntária e livre, gestão democrática, participação econômica, autonomia e independência, educação, formação e informação, intercooperação e compromisso com a comunidade". E acreditem, esse ideal funciona lindamente.
Precisa dizer que eu me apaixonei pelo monumento construído pelo artista Gustavo Nagler ou o quanto achei magnifico ter na Praça das Flores de Nova Petrópolis além de flores a reafirmação de uma formula de sucesso para chegar a um estado de bem-estar social?
E sim, além das flores e do monumento, encontrei na praça uma homenagem a Bíblia Sagrada. Nova Petrópolis é uma cidade construída por alemães e, diferente dos italianos, eles são protestantes. E eu adorei ver algo que me é tão familiar em um lugar que me é tão estranho.
|
Lâmpada para os meus pés é tua palavra, e luz para o meu caminho." (Salmos 119:105-106)
|
No entanto, famoso mesmo é o Labirinto do Minotauro Verde, no qual eu me perdi lindamente e precisei da ajuda da Tita, que também se perdeu, para encontrar o centro e depois a saída.
Também foi em Nova Petrópolis que finalmente inaugurei a minha bota. Impossível de ser usada no Recife.
E fui fotografada pela Tita naquelas sequencias de foto que chamei de "Jaci, aos 27 anos". Mas, pessoas que não me conhecem pessoalmente, eu não sou tão fofinha quanto pareço nessas fotos!
Mas, o melhor ainda estava por vim, a saber: a visita a linda Biblioteca de Nova Petrópolis, a qual possui uma bibliotecária dos sonhos chamada Susana Carrasco.
A Susana é show! Ela desenvolve mil e um projetos interessantes, desde bookcrossings com livros repetidos, até "noites do pijama" na biblioteca e muito mais... Além de ser um amor, super organizada e uma multiplicadora do ato de ler. Sabe aquele tipo de pessoa que faz do mundo um lugar melhor? Pois é!
A Susana, me mostrou o acervo da Biblioteca que inclui de livros de gibis da Turma da Mônica, passando por livros pops com vampiros brilhantes, príncipes tigres, historiadores heróis, clássicos, livros infantis em alemão, um acervo de livros em Alemão até chegar ao suprassumo do charme: livros em tcheco.
Aliás, quem se interessar pode se inscrever um curso de Tcheco inteiramente de graça na biblioteca e começar a ler lá mesmo.
Depois de toda aventura na biblioteca foi a vez de ir ao brecho de lá, o qual lindamente estava em queima de estoque com peças a R$1,50. Lá eu me entusiasmei tanto que troquei meu modelito rosa por um vestido de egípcia.
Aliás, eu peguei um calorão terrível no sul, não estava tão quente como Recife, mas também não estava frio, e eu acabei trocando a bota por uma rasteirinha e jogando a meia na mala antes de ir visitar o brecho e chegando no brecho troquei o vestido rosa pelo o que estou vestindo ai em baixo deixando no "Parque Aldeia Alemã".
|
Agora sim, com roupa adequada ao clima. |
"O Parque Aldeia Alemã" foi a reta final de minha aventura com a Tita em Nova Petrópolis, não tirei mais fotos lá porque a bateria da câmera acabou. Mas, o parque é um lugar impressionante, cheio de verde, com várias arvores da flora nativa preservada e que conta com praticamente um conjunto de mini-museus. Ou seja, lá eles tentaram reconstruir uma aldeia alemã nos primeiros tempos da colonização com igreja, casa, escola e outros espaços incluindo cemitério.
|
Igreja alemã |
Os objetos expostos nos espaços são todos doações feitas pelos familiares dos primeiros colonos a chegar no Brasil.
"Uma igrejinha singela como esta aqui,
Edificada com aplicação germânica,
tornou familiar ao 1º imigrante,
pioneiros das matas virgens,
os arredores estranhos.
A velha pátria está para ele perdida,
a nova confiante aqui ele achou,
filhos e netos lhe foram nascidos,
trabalho penoso ao país o legou."
Eu e a Tita amamos história, o que fez do passeio uma oportunidade unica para debater, refletir e aprender. No final eu concluir que o Brasil pode até não ter memória, mas o sul, caros amigos, tem e gosta de mostrar que tem!
Ah, detalhe, para quem mora em Nova Petrópolis a visita ao parque é gratuita [Fica a dica para a prefeitura do Rio de Janeiro/Recife/Bahia/Olinda].