Fim de domingo e inicio de segunda-feira, como grande parte dos meus companheiros de virtualidade sabem, é um momento pra lá de tenso para mim... Não tem jeito, me da arrepios pensar que mais uma segunda tá chegando com a aurora...
Porém eu já percebi que reclamar não ajuda, apenas agrava, então, por hoje, decidi pensar e escrever sobre algo diferente, algo agradável.
Decidi pensar em coisas positivas, ter um momento Pollyana. Nesse esforço acabei recordando um desejo antiquíssimo, anterior até mesmo ao meu velho desejo de dormir uma noite de 100 anos: o velho e bom desejo de voar!!!
Quem nunca sonhou em ganhar os céus, mergulhar nas nuvens e descobrir surpreso e sem prantos que elas são feitas de algodão doce e que os livros de geografia estão errados, pois o azul do céu é infinito?!?! Eu tenho certeza que cair pra cima não deve doer nada e se voar for coisa restrita apenas ao sonho eu me apego as palavras de um dos meus poetas prediletos e grito ao mundo que não faz mal:
"Um pouco mais de sonho para aquecer a alma,
Para alegrar os abismos do espírito.
Para dar à meia-noite as cores de uma tarde quente,
Enquanto não cessa o cortante hálito gelado do inverno.
De todo modo, vou optar por cair pra cima..."
Sim, eu confesso sem culpa nenhuma que tenho inveja dos pássaros. Afinal, são capazes de romper os limites da gravidade, ganhar o infinito, ir além e depois voltar a terra para cantar suas canções.
Sempre que vejo um pássaro em uma gaiola tenho vontade de abrir tudo e deixa-los voar. Há algo de perverso em pássaros engaiolados. Eu nunca aprendi a voar e está presa no chão já me sufoca, imagina os pássaros que nasceram com o azul por destino?!?!?!
Pássaros só tem lirismo quando rompem os limites da terra e ganham o céu voando em revoada, e já disse
Salgado Maranhão:
"Os pássaros quando voam
Não deixam sequer rastro ao vento
Porque não voam com as asas
Apenas com o sentimento...
Os pássaros em revoada
Não buscam tão simplesmente
O ninho de algum lugar
Porque já estão pousados
No próprio ninho do ar."
Bem, mas falando em pássaros eu começo a considerar que é certo, aos seres humanos foi negado as asas. Contudo, talvez não nos tenha a Providencia negado o direito a voar.
Quem sabe haja na arte a possibilidade de vencer os limites da gravidade? Quem nunca voou com um bom livro, canção ou apreciando um quadro de Van Gogh?
Não sei... sei apenas que nesse papo de pássaros, não posso deixas de citar um "pássaro gente coisa linda", ou seja, o César Passarinho, cantor gaúcho querido que a Seerig me apresentou, escuto sua voz agora, ele canta as coisas que quer pra si, e só para jogar o desanimo de segunda longe eu me junto a ele:
"Eu quero ser gente igual aos avós
Eu quero ser gente igual aos meus pais
Eu quero ser homem sem máguas no peito
Eu quero respeito e direitos iguais
Eu quero este pampa semeando bondade
Eu quero sonhar com homens irmãos
Eu quero meu filho sem ódio nem guerra
Eu quero esta terra ao alcance das mãos
Que sejam mais justos os homens de agora
Que cantem cantigas, antigas e puras
Relembrem figuras sem nada temer
Procurem um mundo de paz na planura
E encontrem na luta, na força e na raça
Um novo caminho no alvorecer"
E ponderando sobre o velho desejo de voar ouvindo, ouvindo a voz do gaúcho soando baixinho pelo meu quarto, já um tanto quanto sonolenta, decido tatuar pássaros na alma enquanto começo a pensar no dia de amanhã com seu Sol, nuvens brancas e todo azul do céu...Vou dormir.
Quem sabe ao acordar eu não me descubra possuidora de asas?!?!