Sempre dedico mima primeira semana de férias aos meus pais, fico na casa deles, converso com Mainha, brigo com Painho, revejo meus irmãos, fico com Lion, me atualizo dos assuntos que estão mobilizando meus tios e tias no momento. As vezes a experiência é boa, as vezes é terrível, também pode ser traumática ou até amena, a única constante é a intensidade. As famílias, com raras exceções, não sabem ser amenas. Cada dia passado na casa dos meus pais, para mim traz a sensação de ser uma vida INTEIRA.
Esse ano, além de fins de tarde na piscina, das visitas dos tios, dos almoços em família, das conversas intermináveis resolvi propor um passeio com Mainha e minha irmã mais nova, Rafaela, pelo Recife Antigo ainda com as luzes de Natal para iluminar os caminhos. Foi um episódio muito bom desse inicio de 2025 e decidi deixar por aqui algum registro.
O Bairro do Recife, Recife Antigo, além de oferecer várias atrações culturais como Museus, Igrejas Centenárias com guia para explicar a História do lugar, exposições de arte, Centro de Artesanato é um lugar muito bonito de se vê e de se estar em qualquer fim de tarde. Nunca me arrependi de largar qualquer coisa incomoda e ir tomar um gelato no Marco Zero e indico a qualquer pessoa essa experiência a começar por uma visita a Livraria Jaqueira.
A Livraria Jaqueira além de ter uma árvore enorme já na sua entrada, é aquele espaço aconchegante com livros por todos os lados, várias referencias a cultura nerd, lanches, cafés diferenciados e especiais, um pastel de nata divino entre outras coisas. É muito aconchegante, lembra a Livraria Cultura em seu tempo áureo. Minha mãe que sai pouco de casa, adorou; minha irmã que já tem costume também gosta muito do espaço.
Dessa vez encontramos a icônica moto futurista do Shotaro Kaneda do mangá e anime "Akira" do Katsuhiro Otomo.
É claro que não perdi a oportunidade de tirar uma foto simulando dirigir esse ícone da cultura pop e do universo das pessoas apaixonadas por animações japonesas e mangás.
Também encontramos o guarda-roupa mais famoso das Histórias Infantis criados por C. S. Lewis em no vol. 2 das "Crônicas de Nárnia", o livro "O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa". Aliás, tem até agasalhos dentro desse guarda-roupa sensacional. Quem teve a ideia de colocar ele nesse cantinho abaixo da escada merece um prêmio.
Bem ao lado da Livraria Jaqueira a gente encontra a "Igreja da Madre de Deus" fundada em 1689 pela Congregação do Oratório de São Filipe Néri. Sou apaixonada por esse prédio centenário, cheio de histórias que antes de ser vizinho de uma livraria era vizinho de um caberé de luxo, o Chanteclair.
De todas as imagens contidas nessa igreja antiguíssima que recebe a anos os casamentos das figuras mais ricas do Recife, a minha favorita é da de Santa Maria do Egito, também conhecida como Santa Maria Egipcíaca.
Maria do Egito foi uma mulher que viveu entre o século IV e o inicio do V, ganhou a vida como prostituta até o dia em que deixou tudo e tornou asceta, andarilha pelo deserto. Ela é a patrona das patrona das mulheres penitentes, seu dia é o 1º de Abril. Sou apaixonada por essa imagem pela languidez enfadada com a qual o artista a representou, por esse cabelo que se derrama pelo corpo, por essa postura relaxada enquanto segura um crânio, símbolo da morte. Anos atrás, a Igreja da Madre de Deus sofreu um incêndio durante a celebração de um casamento, quem socorreu as pessoas impedindo que um desastre maior acontecesse foram as mulheres que trabalhavam no Chanteclair, elas eram devotas de Santa Maria Egipcíaca.
Porém, atualmente, a santa de maior devoção contida nessa igreja centenária é a Nossa Senhora das Cabeças.
Visito a Madre de Deus há mais de uma década, realmente gosto muito dela, me sinto bem no espaço, por isso sei que a devoção a essa imagem de Nossa Senhora das Cabeças não era tão ostensiva antes da Pandemia. Foi a partir de 2021 que os ex-votos começaram a se acumular cada vez mais ao redor dessa pequenina. Com o desmonte das políticas públicas de saúde mental no Brasil, Nossa Senhora das Cabeças, Rogai por nós.
A Madre de Deus tem muita história e eu tenho muitas histórias com ele, qualquer dia desses escrevo um post inteiro só sobre ela para botar para fora todo o amor que tenho por esse templo. Porém esse ainda não foi o ponto final do meu passeio familiar. Depois disso ainda demos uma passada no Marco Zero que em fim de tarde é maravilhoso.
Na Galeria 1, no térreo, estava a "PEBA: afrobrasilidade de Pernambuco e Bahia", que reúne imagens de 30 fotógrafos pernambucanos e baianos que registraram vários aspectos da cultura afro-brasileira.
Na Galeria 2, primeiro andar, estava a World Press Photo 2024 que reúne 129 fotografias, de 25 países diferentes premiados pelo concurso anual da World Press Photo falando sobre migração, família, meio ambiente e as guerras em Gaza e na Ucrânia.
Depois de tudo, quando anoiteceu, nós fomos desfrutar da iluminação natalina da cidade com aquela alegriazinha de uma tarde bem vivida.
Esse foi um daqueles passeios ótimos, que deixam a gente feliz, o coração satisfeito e com a sensação de estou vivendo essa vida que me foi dada para viver.
Registros gostosos 💖
ResponderExcluirsempre é bom reabastecer perto da família. lindas fotos. beijos, pedrita
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